Capítulo 6: A lua de mel
Olhando ao redor do quarto sombrio, senti como se tivesse sido transportada para outro universo. Todas as cortinas estavam fechadas, e a única fonte de luz era o abajur de concha ao lado da cama, onde uma mulher magra e doente estava deitada, conectada por um emaranhado de tubos que sustentavam sua vida e um fraco bip do monitor cardíaco indicava que a paciente ainda estava viva.
Silenciosamente, a voz sussurrada de Jacob flutuou no ar. "Mãe, você está acordada?" Sua abordagem exalava ternura, seus passos deliberados assegurando que não houvesse interrupção nas delicadas conexões que mantinham sua mãe viva. "Mãe, a Lily está aqui." Seus olhos me fixaram no canto do quarto.
Embora eu tenha crescido sem a presença materna, o afeto palpável entre Jacob e sua mãe falava volumes sobre o vínculo deles. Aproximando-me, olhei nos olhos da mulher enquanto ela lentamente abria os seus, e um sussurrado "Olá" escapou dos meus lábios. Sua mão tremia ao se estender em minha direção, e eu a segurei gentilmente. Nesse toque, o calor se misturava com as lágrimas que escorriam por suas bochechas, encontrando consolo em nossa conexão. "Por favor," ela implorou, sua voz trêmula, "não deixe meu filho novamente, Lily."
"Mãe, sinto muito por termos nos casado sem você," Jacob falou suavemente, suas palavras impregnadas de amor, "mas não tema, seu desejo foi atendido. Lily voltou, e em breve partiremos para nossa lua de mel. Ela não me deixará novamente." Seus olhos então se voltaram para mim, um pedido silencioso de conformidade evidente. "Certo, querida?"
"Sim," eu disse, minha voz cheia de compaixão pela mãe sofrida. Uma onda de estranha empatia me envolveu. Em vez do severo Jacob Alvarez que eu conhecia, vi um homem profundamente enraizado no amor de sua mãe.
Seu aperto se intensificou, e um sorriso dançou em seus lábios. O beijo delicado de Jacob em sua testa demonstrava a intimidade deles. No entanto, dentro de mim, havia uma ressonância de uma mãe distante e indiferente—minha mãe—um toque de tristeza que me surpreendeu. Quem quer que ela fosse, minha raiva por ela era intensa. Enxuguei minhas lágrimas descuidadamente. Após uma breve conversa, Jacob se despediu de sua mãe.
Sozinha no meu quarto, os pensamentos sobre a Sra. Alvarez pesavam em minha mente, reacendendo uma necessidade que eu nunca havia reconhecido: a falta do amor materno em minha vida. Assistir Jacob cuidar de sua mãe com tanta ternura, experimentar a profundidade do amor deles mesmo em sua fragilidade, me fez sentir uma inveja agridoce. Não pude deixar de invejar o prazer de Jacob como criança, dotado de uma mãe que o cobria com constante afeto.
"Você está pronta para nossa lua de mel?" Jacob perguntou, quebrando o silêncio enquanto estava parado na porta, seus olhos fixos em mim, expectantes. Sem dizer nada, obedientemente peguei minha bagagem e o segui, meu dever como esposa paga controlando minhas ações. No porão do hotel, a visão familiar da limusine e do motorista nos saudou. Jacob pegou minha mala e segurou a porta aberta, silenciosamente me convidando a entrar.
Quando o automóvel começou a se mover, o silêncio nos envolveu mais uma vez. Jacob se retirou para seus próprios pensamentos, deixando-me sozinha com minhas reflexões silenciosas, uma simples companheira nesta viagem movida pelo dever, em vez de paixão.
Ao entrarmos no porto, tentei me distrair admirando a paisagem da cidade que passava. No entanto, minhas tentativas foram inúteis à medida que nos aproximávamos da beira da água, e a visão da vasta extensão do mar me encheu de uma sensação de inquietação. As ondas batiam contra o quebra-mar, despertando memórias de medos de infância.
"O que estamos fazendo aqui? Vamos viajar de barco?" Virei-me para Jacob quando a limusine parou.
"Sim," Jacob confirmou, abrindo a porta enquanto o motorista fazia o mesmo do meu lado.
"Eu cuidarei da sua bagagem, senhora," ofereceu o motorista.
"Isso é uma loucura," murmurei, apressando-me para acompanhar Jacob enquanto ele caminhava em direção a um pequeno barco.
"Para sua informação, isso não é apenas um simples barco," ele disse. "É um iate caro."
"Ainda assim, é pequeno, e não me sinto confortável viajando de barco." Comecei a recuar, mas Jacob se moveu rapidamente, agarrando meus braços.
"Para onde eu for, você estará lá, minha querida esposa," Jacob declarou, apertando seu aperto enquanto me puxava para ele.
Antes que eu pudesse protestar, ele me ergueu sobre seu ombro, carregando-me como um saco de batatas. Minhas tentativas de me soltar foram inúteis enquanto ele marchava determinado em direção ao iate, meus protestos abafados pelo som das ondas quebrando.
"Me coloque no chão! Eu nunca estive no mar!" Lutei contra o aperto de Jacob, mas sua força era esmagadora.
"Quando eu disse que você iria comigo, você vai!" A voz de Jacob era firme enquanto ele me empurrava para uma cadeira no iate. Eu queria resistir, mas o movimento do barco e o balanço das ondas me deixaram imóvel.
"Oh não!" Exclamei, fechando os olhos com força enquanto uma onda de náusea me invadia.
"Oh sim!" Jacob pairava sobre mim, seu tom zombeteiro. "Fique quieta antes que eu decida te jogar ao mar." Com isso, ele se afastou para ajudar o motorista com nossa bagagem.
"Vou vomitar," gemi.
"Então vomite," Jacob retrucou, impassível. "Pelo menos você terá algo para limpar enquanto navegamos."
"Para onde você está me levando?" insisti, o desespero tomando conta da minha voz.
"Você é surda? Já te disse, estamos a caminho da nossa lua de mel," Jacob respondeu rispidamente enquanto terminava de carregar a última de nossas bagagens, sinalizando para o motorista partir. Com um movimento rápido, ele ligou o barco, e começamos a nos afastar da segurança do porto.
"Ah não, por favor, volte para o porto! Eu não consigo lidar com isso; vou me afogar no mar," implorei freneticamente, mas Jacob parecia ocupado demais para prestar atenção ao meu desespero. Sua habilidade em navegar era evidente na maneira como ele manobrava o iate com facilidade, exalando calma e contentamento.
À medida que navegávamos para mais longe, o porto ficava menor à distância, e o vento ficava mais frio e forte. Permaneci paralisada de medo, incapaz de me mover, lançando olhares ocasionais para Jacob, que parecia achar graça na minha situação. Seu sorriso me enfurecia. "Você é tão insensível," murmurei, tentando me recompor e recuperar o controle sobre meu medo, sentando-me ereta e esticando os braços.
"Tornar-se insensível sempre tem raízes," Jacob retrucou, seu sorriso se alargando enquanto ele acelerava a velocidade do iate, enviando uma onda de ansiedade através de mim.
"Você está planejando me matar aqui no mar?" perguntei, minha voz tremendo de medo.
"Eu poderia ter feito isso a qualquer momento antes de te trazer aqui. Mas você não vale o trabalho de uma prisão," Jacob respondeu despreocupadamente, seu foco fixo em navegar pelas águas cada vez mais turbulentas.
"Você poderia, por favor, diminuir a velocidade?" implorei, segurando firmemente nas grades do barco enquanto a velocidade aumentava, meu estômago revirando de desconforto.
"Há uma tempestade se aproximando do leste que precisamos evitar. Segure-se firme e não me distraia; caso contrário, todos estaremos em grande perigo," Jacob instruiu, gesticulando na direção das nuvens escuras intermitentemente iluminadas por relâmpagos.
"Aquela tempestade está vindo na nossa direção?" perguntei, o medo apertando meu estômago enquanto observava as nuvens ameaçadoras se aproximarem.
"Sim, e se você continuar reclamando, podemos acabar bem no meio dela. Então fique quieta e reze para que passemos em segurança," Jacob aconselhou, sua voz carregada de ansiedade.
A cada onda que batia no iate, o pânico me dominava, e eu não conseguia evitar gritar. Como esperado, o enjoo do mar me venceu, me confinando ao banheiro. Entre os episódios de vômito, eu extravasava minha raiva, xingando Jacob na minha angústia. "Eu te odeio, Jacob!!!" vomitei novamente.
A tempestade rugia furiosamente, sacudindo severamente nossa embarcação—uma dança de desgraça iminente no vasto mar. Para mim, parecia que meu fim estava próximo, mas Jacob via essa turbulência selvagem como algo normal. Ele manobrava o barco com mão firme, mantendo-nos fora do caminho da tempestade até que sua intensidade aumentou e eu vi uma onda gigante vindo em nossa direção. Fechei os olhos e me preparei para o próximo episódio horrível, mas mãos me agarraram e me tiraram da porta aberta do banheiro.
Da próxima vez que abri os olhos, me encontrei envolta no abraço de uma cama confortável, a fúria da tempestade substituída por uma nova tranquilidade enquanto o barco deslizava suavemente pela água. Quando a porta se abriu, Jacob entrou, oferecendo-me um copo de água junto com um comprimido.
"Tome isso," ele instruiu, o comprimido repousando em sua palma estendida. "Por que você não me contou sobre seu enjoo do mar antes?"
"Eu te disse, mas você não ouviu," respondi, aceitando o comprimido com relutância.
Ele zombou, "Achei que você estava apenas exagerando para chamar minha atenção," antes de pegar o copo de água e se retirar em direção à porta.
"Obrigada pela preocupação," murmurei sarcasticamente enquanto ele saía da cabine.
"Certifique-se de se arrumar; você está cheirando mal," ele acrescentou abruptamente antes de desaparecer.
Percebendo a verdade em suas palavras, corri para o banheiro apertado, trocando minhas roupas encharcadas pelo mar por algo mais apresentável. Ao emergir no convés, encontrei Jacob no leme, seu olhar fixo em mim com um toque de zombaria.
"Estamos quase lá," ele afirmou secamente, a monotonia de sua voz traindo qualquer emoção.
À medida que nos aproximávamos da ilha, Jacob guiou habilmente o barco para atracar perfeitamente. Ele me olhou seriamente e disse, "Lembre-se, mantenha tudo o que você vê e ouve para si mesma." Então ele caminhou até um homem rechonchudo em uma camisa havaiana no porto, seu sorriso se alargando.
"Estamos no horário?" Jacob perguntou enquanto eu saía do iate para a plataforma de atracação.
"Absolutamente pontual," o homem jovial respondeu, seus olhos lançando um olhar caloroso em minha direção. "Sua acomodação está toda pronta."
Assim que Jacob se virou para falar comigo, uma voz feminina ecoou, cortando o ar. "Oi, querido, bem-vindo ao nosso paraíso." Sofia Perez, com as mãos acenando entusiasticamente, subiu a bordo e envolveu Jacob em um abraço. "Obrigada por cumprir sua promessa." Ela plantou um beijo em seus lábios, selando seu afeto.
Então, essa era a promessa que Jacob havia feito a Sofia no dia do nosso casamento – uma lua de mel compartilhada nesta mesma ilha. Uma fúria inexplicável surgiu dentro de mim, e a vontade de atacar o rosto sorridente de Sofia me dominou, uma onda de indignação que eu lutava para compreender.









































































































































