Capítulo 5 Daniel, espero que você esteja bem.
A grande sala de conferências tinha cerca de duzentos metros quadrados.
Uma longa mesa se estendia pelo espaço, com funcionários-chave de vários departamentos sentados de cada lado.
Jerry estava na cabeceira da mesa, cercado pela equipe principal de negócios, todos cientes das conexões da empresa com a máfia.
Ao apresentar Elsie, ele deixou claro que ela era uma das jogadoras de poder atuais da família Moore.
A sala explodiu em aplausos, uma ovação estrondosa para Elsie, de vinte e quatro anos, que exercia uma influência tão significativa.
Embora a família Moore não fosse mais o que era antes, tendo deixado Emerald City e se retirado do campo de batalha central da máfia, ainda mantinha uma presença formidável, especialmente para as pessoas comuns.
"Vejo todos os seus esforços, e não vou perder tempo com palavras vazias. Comigo aqui, vocês ganharão pelo menos o dobro do que ganham agora. Os que se destacarem podem até receber participação acionária."
"Isso não é uma promessa vazia. Vamos esperar para ver."
Elsie andava pela sala com uma xícara de café na mão, sem se sentar.
Ela observava os presentes, e eles a observavam de volta.
Seu avô, Tate Moore, sempre dizia que, em vez de se esconder nas sombras para observar seus oponentes, era melhor se aproximar diretamente deles. A observação mútua era a estratégia mais direta e eficaz. Se você não tivesse coragem, provavelmente perderia.
Em outras palavras, vá em frente!
E, de fato, algumas pessoas exibiram sorrisos desdenhosos.
Elsie sorriu de volta, caminhou até um deles e olhou para um crachá: Gerente de Vendas - Yves Thomas.
Como esperado, ele era da família Thomas. Que coincidência.
"Você parece ter algo a dizer," Elsie quebrou o silêncio, acenando com a cabeça para Yves.
Yves se levantou, fez uma leve reverência, mas seus olhos percorreram descaradamente o rosto e o peito de Elsie, um sorriso lascivo se espalhando pelo seu rosto.
Elsie permaneceu impassível, examinando os crachás dos outros, todos com o sobrenome Thomas. A família Thomas havia se tornado bastante ousada dentro da empresa.
"Sra. Moore, acreditamos na sua promessa de nos ajudar a ganhar mais, mas..."
"Mas a distribuição de ações deve ser feita pela família Wilson, certo? Eu não tenho voz nisso, tenho?" Elsie interrompeu, sorrindo.
Yves endireitou-se, "Isso mesmo. O Sr. Wilson mencionou que a família Thomas fez um excelente trabalho nos projetos da PAT Marketing Company. Naturalmente, merecemos uma parte das ações. Não há necessidade de você se preocupar com isso. Nossa família Thomas contribui com 98% da receita anual da PAT Marketing Company. Pode-se dizer..."
"Pode-se dizer que a PAT Marketing Company pertence à família Thomas, certo?" Elsie terminou a frase dele, colocando uma mão no ombro dele e dando um leve aperto, quase como uma massagem.
Yves ficou surpreso, pensando que, embora a família Moore pudesse estar em declínio, seus descendentes eram perspicazes o suficiente para reconhecer quem realmente era importante. O perfume de Elsie nublou sua mente, e ele fantasiou sobre seduzi-la, acreditando que, se conseguisse levá-la para a cama, a família Thomas efetivamente tomaria conta da empresa.
Quando ele estendeu a mão para tocar a mão de Elsie, a fúria nos olhos dela brilhou.
"Yves! Saiba o seu lugar!" Jerry bateu na mesa, e Yves retirou a mão relutantemente.
Mas a visão de Elsie lhe parecia familiar, embora ele não conseguisse lembrar exatamente de onde.
"Reitero, aqueles que se saírem bem receberão ações da PAT Marketing Company, entregues pessoalmente por mim," Elsie declarou calmamente, causando um alvoroço entre os presentes.
"Por você?" Yves zombou, mas sua expressão rapidamente se transformou em dor.
A agonia em seu ombro o deixou sem palavras.
"Deixe-me adivinhar, você é da família Thomas, mas não é filho do Kai. Provavelmente seu sobrinho..."
"A família Thomas caiu tão baixo que até um idiota como você pode ser gerente de vendas?"
A dor clareou a mente de Yves, e ele de repente se lembrou de algo, tremendo enquanto falava, "Você... você é..."
O som de um osso do ombro quebrando ecoou.
Quando Yves abriu a boca para gritar, Elsie enfiou sua xícara de café na boca dele, apertando sua garganta para silenciá-lo.
Em poucos segundos, uma mulher havia dominado um homem adulto na frente de todos.
"Eu declaro que Yves, o Gerente de Vendas da PAT Marketing Company, junto com outros funcionários-chave, estão demitidos por seu comportamento desrespeitoso com o CEO e sua arrogância ao interferir nos assuntos da empresa!"
Vários membros da família Thomas se levantaram abruptamente, mas não sabiam o que fazer, intimidados pela presença de Elsie, especialmente com Yves ainda em seu controle.
A porta da sala de conferências se abriu, e um grupo de pessoas entrou.
Liderando-os estava um homem de terno preto, com cabelo raspado, traços afiados e usando óculos de aro dourado.
Daniel.
Por três anos, além dos pensamentos de vingança, a imagem de Daniel assombrava a mente de Elsie dia e noite.
Ela já havia admirado, amado e respeitado ele como muitas outras mulheres, até se sentindo orgulhosa após seu encontro induzido por drogas.
Mas ela não esperava seu desdém, chamando-a de prostituta, vagabunda, e acusando-a de drogá-lo.
Ela também era uma vítima, não a mentora de tudo.
Ela não conseguia esquecer o olhar de nojo de Daniel, o mesmo olhar que ele lhe dava agora.
Elsie se recompôs.
Atrás de Daniel estava Wren, que os havia entrevistado mais cedo.
Estava claro que Wren havia reconhecido Elsie a partir de suas informações pessoais, confirmando que ela era a mesma Elsie presumida morta em um incêndio há três anos.
Tudo isso fazia parte de seu plano; as informações foram deliberadamente vazadas, e os membros da família Thomas precisavam ser demitidos.
Dada a importância do incidente, Wren inevitavelmente traria Daniel.
Vendo a expressão presunçosa de Wren, Elsie suspirou internamente com sua tolice.
Essa era a primeira vez que ela e Daniel se encontravam em três anos.
Aquela noite foi um escândalo, conhecido apenas por alguns, incluindo Wren.
Após um longo olhar, os lábios de Daniel se moveram, "Você não pode tocá-los."
Ouvir a voz de Daniel novamente mexeu com as emoções no coração de Elsie.
O relacionamento deles não era unilateral; havia duas crianças das quais ele não sabia.
Elsie caminhou calmamente para seu assento, jogou um documento na mesa e disse, "O contrato de aquisição entre a família Wilson e a família Moore afirma que a família Moore tem liberdade absoluta para gerenciar os negócios da empresa, de forma independente e sem restrições."
"O contrato menciona decisões de pessoal?"
"Não jogue com as palavras. As cláusulas de gestão de negócios principais são independentes. Por analogia, outros assuntos relacionados aos negócios também devem ser independentes. No tribunal, eu ainda teria a vantagem. Se você não acredita em mim, podemos resolver isso no tribunal."
Elsie falou sem hesitação, seu tom firme.
Os olhos de Daniel brilharam, surpreso com a transformação de Elsie, que antes era tímida e fraca.
Ou talvez ela sempre tenha sido assim, o que explicaria o incidente de drogas três anos atrás.
Ele sentia uma irritação instintiva e um ódio inexplicável por ela, emoções que ele não conseguia entender.
O olhar de Daniel baixou, e após um momento, ele disse, "Certifique-se de que os pacotes de rescisão sejam tratados adequadamente."
Com isso, ele se virou para sair.
"Sr. Wilson," Elsie chamou instintivamente, "Espero que esteja bem."
Ela não sabia o que dizer ou como se expressar.
Seu primeiro encontro em três anos terminou com uma breve discussão sobre contratos, e ele foi embora. Ela sentiu uma pontada de desapontamento.
Mesmo uma discussão teria sido melhor do que isso, então ela o chamou.
Daniel parou, mas não se virou, "Você ainda me enoja."
Com isso, ele deixou a sala de conferências.
O coração de Elsie afundou.
Um amargor cresceu dentro dela. Então, ela sempre o enojou?
