Capítulo 3: Marido acorda do coma

POV da Nora

Aquela voz cortou o quarto como uma maldita lâmina. Meu sangue gelou, e o aperto de Robert no meu pulso afrouxou. Nós dois nos viramos rapidamente em direção à cama.

Alexander Claflin estava sentado, seus olhos verdes queimando com uma raiva assassina. Não estava em coma. Não era um vegetal. Estava completamente, aterrorizantemente acordado.

Santo. Deus.

Eu tropecei para trás, meu coração batendo freneticamente contra minhas costelas enquanto o rosto de Robert ficava pálido como um fantasma. Aquela voz—profunda, autoritária e familiar demais—fez meu cérebro girar. Flashes do Vibe me atingiram com força: mãos ásperas, respiração quente, uma presença que eu não conseguia afastar.

“Alexander, você... você está acordado?” Robert gaguejou, suor escorrendo pela testa. “Isso é—isso é um maldito milagre! Eu estava apenas—”

“Tentando estuprar minha esposa,” Alexander completou, seu tom frio o suficiente para congelar o inferno. “ERIC!”

A porta se abriu com um estrondo, e um homem enorme entrou furiosamente. Sem hesitar um segundo, Eric agarrou Robert e o jogou de cara na parede com um baque doentio.

“Você não pode fazer isso comigo!” Robert cuspiu, se debatendo contra o aperto de ferro de Eric. “Eu sou um Claflin! Eu tenho mais autoridade que você, seu pedaço de merda inútil!”

Alexander balançou as pernas para fora da cama, movendo-se com uma graça fluida. “Você não tem autoridade nenhuma nesta casa.” Ele acenou para Eric. “Leve-o para a sala de estar. E chame meu avô aqui. Agora.”

Enquanto Eric arrastava um Robert xingando para fora, eu fiquei ali, paralisada, segurando meu vestido rasgado.

Ele se levantou, imponente sobre mim. A altura, os ombros largos, a maneira como se movia—não pode ser. Minhas costas bateram na parede quando ele se aproximou. Eu recuei quando ele estendeu a mão, mas ao invés de me agarrar, ele puxou meu vestido rasgado para baixo, expondo mais do meu ombro e clavícula.

“O que você está fazendo?” Eu gritei, puxando o tecido de volta para cima.

Seu sorriso era pura, fria malícia. “Deixe assim. Precisamos vender isso.”

“Vender o quê?” Eu exigi, minha voz tremendo de raiva.

“Robert tentou te agredir. Eu acordei bem a tempo de salvar minha linda noiva do meu tio doente.” Ele se endireitou, sua postura já impecável. “Seu vestido rasgado? Isso é prova.”

Eu o encarei, boquiaberta. “Então esse é o seu plano? Me usar como peça no seu jogo de família doentio?”

“Você não é isca,” ele disse, me ignorando como se eu fosse nada. “Você é uma ferramenta. Grande diferença.”

Deus, eu queria dar um tapa naquela cara convencida. Eu o achei atraente à primeira vista, claro, mas não imaginei que ele seria um babaca colossal.

“Vamos,” ele ordenou, indo em direção à porta. “Vamos ver meu avô.”

“Assim?” Eu gesticulei para meu vestido rasgado, incrédula.

Seus olhos escureceram com algo que parecia muito com fome. “Especialmente assim.”

Eu peguei o paletó dele de uma cadeira e o coloquei sobre meus ombros. “Anda. Agora.”


A sala de estar principal da Mansão Claflin parecia uma maldita sala de tribunal. James Claflin estava sentado em uma cadeira de encosto alto, parecendo cada centímetro o rei envelhecido em seu trono, enquanto Victoria andava de um lado para o outro como um animal enjaulado em seus saltos caros.

Quando Alexander entrou com eu ao seu lado, a sala ficou em um silêncio mortal. A boca de Victoria caiu aberta, e James se inclinou para frente, olhos arregalados de choque, como se tivesse visto um fantasma.

“Alexander?” James sussurrou, a voz mal saindo.

O sorriso de Alexander era frio como gelo. “Surpreso, Vovô?”

“Como... quando você...” James gaguejou, claramente abalado.

“Bem a tempo de impedir Robert de agredir minha esposa,” Alexander disse, sua mão apertando meu ombro como um torno. “Parece que acordei para um belo golpe de estado.”

Victoria finalmente saiu do seu transe. “Isso é absurdo! Robert nunca—”

“Guarde isso,” Alexander a cortou, afiado como uma faca. “Eric, mostre a eles.”

Eric deu um passo à frente, colocando um pequeno frasco na mesa de centro com um som deliberado. "O veneno encontrado na comida do Sr. Claflin, senhor."

"Isso não prova absolutamente nada!" A voz de Victoria atingiu um tom agudo, quase rachando.

Alexander soltou uma risada sem humor. "O veneno que você comprou no mês passado durante sua 'pequena' viagem ao spa na Suíça? Temos os recibos, as filmagens do hotel e a confissão completa do seu contato."

O rosto de Victoria ficou branco como um lençol. "Você está me incriminando!"

"Se eu estou te incriminando," disse Alexander, calmo como um predador, "então você não se importaria de beber isso, certo?" Ele acenou com a cabeça para o frasco. "Já que, segundo você, claramente não é veneno."

O silêncio dela foi mais alto do que qualquer grito.

"Era o que eu pensei." Alexander se virou para James, seu tom duro. "Victoria me envenenou, esperando me eliminar de vez."

O rosto de James escureceu, a fúria crescendo em seus olhos. "Isso é verdade, Victoria?"

Antes que ela pudesse balbuciar uma defesa, Alexander continuou. "E esta noite, Robert tentou forçar Nora, pensando que eu já estava morto."

Robert, que estava remoendo no canto, finalmente perdeu o controle. "Ela estava implorando por isso! Praticamente se jogando em cima de mim! Ela não passa de uma vadia interesseira!"

Meu rosto queimou de raiva, mas antes que eu pudesse responder, Alexander estalou os dedos. Uma tela desceu do teto, e as filmagens de segurança começaram a rodar. Lá estava eu, verificando o rosto de Alexander, então Robert invadindo, me encurralando, rasgando meu vestido enquanto eu lutava contra ele.

James assistiu, sua expressão ficando mais sombria a cada segundo. Quando o vídeo terminou, ele se virou para Robert e Victoria, desgosto gravado em cada linha do seu rosto. "Isso... isso é uma desgraça para o nome Claflin."

A voz de Alexander era puro aço. "Quero que eles sejam presos. Agora."

"Não," disse James baixinho, e vi um lampejo de surpresa no rosto de Alexander. "Já tivemos escândalos suficientes. Não vou arrastar esta família por mais um."

"Então eles simplesmente vão escapar de uma tentativa de assassinato?" Alexander retrucou, seu tom afiado com raiva mal contida.

James levantou a mão, silenciando-o. "Eles serão confinados à propriedade da Casa do Lago. Sob guarda. Sem contato com ninguém." Ele fixou os olhos em Alexander, seu olhar pesado de intenção. "E você, Alexander, assumirá seu lugar de direito como CEO da Claflin Enterprises. Com efeito imediato."

Eu podia ver as engrenagens girando na cabeça de Alexander, pesando vingança contra poder. Após um momento tenso, ele deu um aceno curto. "Aceitável."

Robert avançou, rosto torcido de desespero. "Isso é um absurdo! Ele armou tudo isso!"

Dois seguranças o agarraram antes que ele pudesse ir longe. James se levantou lentamente, sua voz tremendo com raiva mal contida. "Levem-nos embora. Não quero ver nenhum dos dois novamente."

Enquanto Robert e Victoria eram arrastados, James se aproximou de Alexander, colocando uma mão trêmula em seu ombro. "A partir de agora, Alexander," disse, a voz pesada de exaustão, "os assuntos de família são seus para lidar. Não posso mais suportar essa traição."

Como se o peso de tudo o atingisse de uma vez, James tossiu violentamente, sangue manchando seu lenço. A máscara fria de Alexander escorregou pela primeira vez, preocupação passando por seu rosto enquanto ele gritava por ajuda médica. Médicos correram para dentro, e a sala explodiu em um caos controlado.

Eu fiquei ali, uma completa estranha, assistindo uma dinastia desmoronar e se reconstruir em questão de minutos.

Da noite para o dia, o poder havia mudado. Alexander agora era o herdeiro indiscutível e CEO da Claflin Enterprises. E eu? Eu tinha acabado de me tornar a mulher que todas as socialites da cidade iriam ou invejar ou desprezar.

Tudo por causa de um casamento com um homem que não era o que parecia. Que diabos era a minha vida?

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