Capítulo 5: A amante do marido é exposta?
POV de Nora
Três malditos dias neste fingimento de casamento, e eu não tinha visto meu suposto marido desde que ele fez seu show na nossa noite de núpcias, acordando de um coma. Não que eu esteja reclamando. Tenho estado trancada em uma suíte deslumbrante na Claflin Estate, a poucos passos do quarto principal de Alexander.
Eu estava sentada no assento da janela, o laptop balançando nos meus joelhos, rolando pelas vagas de emprego. Meu cursor pairava sobre uma abertura no departamento de P&D da Claflin Enterprises. Perfeito para minhas habilidades, pensei, mas o nome—Claflin—me dava um nó no estômago. Trabalhar para o império do meu marido tornaria essa situação ainda mais complicada?
Uma batida forte na porta me tirou do meu devaneio.
“Sra. Claflin?” perguntou Edward, o mordomo.
“Entre,” suspirei, fechando o laptop com força.
“O Sr. Claflin solicita sua presença no escritório dele. Imediatamente,” ele anunciou, entrando.
Caminhei até o escritório de Alexander—uma sala cavernosa com estantes de livros do chão ao teto, tudo de couro, e uma mesa que provavelmente custava mais do que minha vida inteira. Atrás dela estava meu marido, parecendo o bilionário arrogante que ele era, em um terno cinza-carvão sob medida. Ele nem sequer levantou o olhar quando entrei.
“Você queria me ver?” perguntei, o silêncio se esticando como um elástico prestes a estourar.
Finalmente, Alexander encontrou meu olhar, seu rosto uma máscara fria e impenetrável. Sem uma palavra, ele deslizou um documento pela mesa.
“O que diabos é isso?” perguntei, me aproximando.
“Já que você está aqui, vamos discutir nossa situação,” ele disse, a voz plana, como se eu fosse um incômodo. “Meu avô insiste que mantenhamos este casamento intacto. Por enquanto.”
Peguei o documento. “Contrato de Casamento” gritava em letras garrafais.
“Um contrato? Você só pode estar brincando comigo!” Não consegui esconder a incredulidade na minha voz.
Alexander se recostou, tranquilo como um pepino. “Acabei de recuperar o controle da minha empresa. Não tenho tempo para um circo de divórcio ou para os abutres caça-dotes que vão invadir Kingsley City no segundo em que eu estiver solteiro.”
“Então, o que diabos você está propondo?” Folheei as páginas, cada cláusula torcendo meu estômago ainda mais.
“Está tudo aí. Mantemos as aparências. Você recebe seus cem milhões, conforme acordado com seus pais. Eu posso dirigir meus negócios sem distrações.”
As cláusulas eram frias como gelo, clínicas:
-
Absoluta confidencialidade sobre a verdadeira natureza do nosso casamento.
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Nenhum apego emocional permitido com Alexander Claflin.
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Nenhuma interação privada com outros homens.
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Uso público do título “Sra. Claflin” estritamente proibido.
A lista continuava, cada ponto mais desumanizador que o anterior. Não era um contrato de casamento; era uma maldita coleira.
“E não espere nenhuma ação no quarto,” Alexander acrescentou, como se estivesse me fazendo um favor.
Um estranho sentimento de decepção me atingiu, o que não fazia sentido algum. Por que diabos eu me importaria? Talvez fosse apenas a dor de ser rejeitada tão diretamente.
“Onde eu assino?” perguntei, mantendo minha voz firme como aço.
A sobrancelha de Alexander se contraiu, talvez surpreso por eu não ter lutado. Ele apontou para a última página, e eu assinei com um floreio dramático.
“Quero trabalhar na Claflin Enterprises,” disse, largando a caneta.
Sua risada fria cortou o ar. “A tinta nem secou e você já está ignorando a cláusula de confidencialidade?”
“Eu estava planejando me candidatar antes de essa confusão começar,” rebati. “Não vou desfilar por aí como ‘Sra. Claflin.’ Tenho expertise em formulação de cuidados com a pele—seu departamento de P&D teria sorte em me ter.”
“É mesmo?” O tom dele estava carregado de condescendência.
“É sim,” retruquei, imitando o jeito arrogante dele. “Não vou usar nossa... conexão. Vou me candidatar pelos canais normais.”
Alexander se levantou, sinalizando que a conversa estava encerrada. “Tente se quiser. Não há tratamento especial na minha empresa. O processo de entrevista não se dobra para ninguém.”
Na manhã seguinte, eu estava sentada na elegante sala de espera da sede da Claflin Enterprises, cercada por candidatos nervosos segurando currículos como se fossem salva-vidas. Diziam que o próprio Alexander Claflin estava conduzindo as entrevistas para P&D hoje—um movimento inédito que deixou todo mundo apavorado.
“Ouvi dizer que ele fez um PhD de Harvard chorar uma vez,” sussurrou uma mulher com um coque apertado e olhos nervosos.
“Meu primo do Marketing diz que o CEO é um frio desgraçado,” murmurou outro.
Um por um, os candidatos entravam na sala de entrevista e saíam cambaleando, destruídos. Alguns choravam abertamente; outros pareciam que tinham visto um fantasma.
“Ele nem olhou minhas amostras de pesquisa,” lamentou uma ruiva enquanto passava correndo. “Só disse que eu não estava qualificada e me expulsou.”
Minha confiança vacilou, mas endireitei os ombros quando meu nome foi chamado.
Alexander mal levantou os olhos quando entrei em seu escritório.
“Nora Frost,” disse, folheando meu currículo como se fosse propaganda. “Universidade de Columbia. Bacharelado.”
“Sim, com honras e—”
“Normalmente contratamos pessoal de pesquisa com pelo menos um mestrado,” ele me cortou, com a voz fria como gelo.
“Minha experiência prática e portfólio de patentes compensam isso,” retruquei.
Seus olhos verdes fixaram-se nos meus, duros como esmeraldas. “Regras são regras, Sra. Frost. Você não está qualificada.”
“Você está fazendo isso de propósito,” sibilei, a raiva fervendo. “Assistentes de pesquisa não são entrevistados pelo maldito CEO.”
“Eu entrevisto quem eu quero,” ele disse, mais frio que uma tempestade de inverno. “Esta reunião acabou.”
Levantei-me, as mãos tremendo de raiva. “Eu não queria trabalhar na sua preciosa empresa de qualquer maneira!”
Saí furiosa, sem me importar com o quão pouco profissional eu parecia. Babaca arrogante. Ele me armou para falhar.
Perdida na minha fúria, não olhei para onde estava indo. Logo fora do escritório dele, bati com força em alguém, mandando nós dois ao chão em uma bagunça de papéis espalhados.
“Droga, me desculpe,” comecei, então congelei quando passos pesados se aproximaram.
Alexander saiu do escritório, e por um segundo, pensei que ele me ajudaria a levantar. Nem chance. Ele passou direto por mim até a outra mulher.
“Daisy, você está bem?” A voz dele tinha mais calor do que eu ouvi durante todo o nosso casamento ferrado.
Ele ofereceu a mão à loira no chão, ajudando-a a levantar com uma gentileza que eu não achava que ele fosse capaz. Quando ela olhou para cima, meu coração parou. Ela era deslumbrante—traços delicados e, puta merda, olhos verdes brilhantes, exatamente da mesma cor dos de Alexander. Minha mente disparou. Quem diabos é ela?
“Foi só um acidente,” Daisy disse com um sorriso gentil. “Eu também não estava olhando.”
Alexander se virou para mim, todo o calor desaparecido. “Peça desculpas à Sra. Traynor. Agora.”
“Eu estava prestes a fazer isso antes de você aparecer como um maldito cavaleiro,” retruquei, olhos fixos no rosto de Daisy.
“Está tudo bem, de verdade,” insistiu Daisy. “Não houve dano.”
“Já que a Sra. Traynor não está machucada, você pode ir,” Alexander me dispensou, como se eu fosse uma maldita serva.
Cambaleei até os elevadores com as pernas trêmulas, olhando para trás uma vez. Alexander e Daisy estavam em uma conversa profunda, sua expressão mais suave do que eu já tinha visto. Quem diabos ela é para ele? Uma amante? Uma amante?
