Capítulo 7: Desempregado e ferrado

POV da Nora

O sorriso da recepcionista era tão falso quanto uma nota de três reais. “Entraremos em contato, Sra. Frost.”

Ah, tá. Igualzinho às últimas seis empresas desta semana.

Forcei um aceno rígido, peguei minha pasta e saí dali o mais rápido possível. Sétima entrevista em quatro dias, e todas terminaram com o mesmo desprezo. No papel, sou superqualificada—minha fórmula Skynova virou a indústria de cuidados com a pele de cabeça para baixo no ano passado. E aqui estou eu, com a porta batendo na minha cara.

Andei pelo centro de Kingsley City, minha mente uma bagunça completa. Meus pés me arrastaram por vários quarteirões antes que eu percebesse onde tinha parado. A sede do Norton Group se erguia como um dedo do meio para a minha sanidade. Droga. De todos os lugares desta cidade, eu tinha que tropeçar justo no território do Sam? Fiquei tensa, pronta para dar o fora, quando—

“Nora? Caramba, é você?”

Tarde demais. Coloquei o sorriso mais falso do meu arsenal e me virei para encarar Sam Norton, o idiota que passou três anos comigo em Columbia, apenas para sumir no segundo em que o papai dele estalou os dedos.

“Bem, que surpresa,” falei, sarcasmo pingando como veneno. “Sam Norton em pessoa.”

Ele estava bonito, o desgraçado. Terno azul-marinho perfeitamente ajustado, cabelo estilizado de um jeito desleixado o suficiente para parecer natural, aquele sorriso de garoto que costumava fazer meu coração disparar. Agora só me dava vontade de vomitar.

“Faz séculos,” ele disse, os olhos brilhando como se eu fosse algum tesouro perdido. “Você está livre? Tem um café incrível aqui ao lado. Vamos colocar o papo em dia.”

“Tudo bem,” dei de ombros. “Tenho quinze minutos para desperdiçar.”

Sam pediu um latte pretensioso enquanto eu fiquei com café preto, amargo como meu humor.

“Te devo um pedido de desculpas, Nora,” ele disse, a voz baixando, toda séria. “Eu errei. Deveria ter sido mais corajoso, lutado por nós.”

Bebi meu café devagar, ganhando tempo para manter meu tom firme. “Isso é história antiga, Sam. Seguimos em frente.” Então me inclinei, olhos semicerrados. “Ou você esqueceu como me usou? Transando com sua noiva enquanto me levava para clubes como se eu fosse seu segredo sujo?”

Ele piscou, parecendo que tinha levado um tapa. “Do que você está falando? Nora, eu nem—olha, ouvi dizer que você tem feito entrevistas pela cidade. Se estiver procurando trabalho, o Norton Group adoraria ter alguém como você.”

Riquinhos e seus joguinhos. Levantei, a cadeira arranhando alto. “Não preciso da sua caridade, Sam. Vou seguir meu próprio caminho. Adeus.”


Subi para meu quarto, pronta para lavar o estresse do dia. Mas quando empurrei a porta, congelei.

Alexander estava sentado na poltrona perto da janela, um tornozelo cruzado sobre o joelho, parecendo que era dono do mundo. O que, tecnicamente, ele era.

Ele girava um charuto entre os dedos, os olhos verdes frios como gelo. “Acenda isso para mim.”

Fiquei olhando, incrédula. "Com licença?"

"Você me ouviu." A voz dele era um rosnado baixo. "Acenda. Meu. Charuto."

Alguma parte estúpida e teimosa de mim se recusava a mostrar medo. Peguei o isqueiro dourado da mesa, acendi e segurei a chama em direção a ele.

Mas Alexander não se moveu para pegá-lo. Ele apenas observava, com a expressão de pedra, enquanto a chama dançava perto demais dos meus dedos.

"Não recua," ele ordenou quando eu me mexi.

O calor se aproximava, um aviso agudo de dor. Meus dedos tremiam, mas eu mantinha os olhos fixos nele, recusando-me a recuar.

"Onde você estava hoje, Nora?" ele perguntou, casual, como se estivéssemos conversando durante um maldito brunch.

"Entrevistas," eu respondi entre dentes. "Como eu te disse."

"E nada mais?" A chama se aproximava, o metal agora queimando.

A dor mordia meus dedos, aguda e implacável. Ainda assim, eu me mantinha firme, mesmo enquanto meus olhos ardiam com lágrimas não derramadas.

"Não," menti, a voz firme como o inferno para alguém sendo lentamente assada.

"Interessante." Ele finalmente pegou o charuto, acendendo-o. "Porque minhas fontes dizem que você tomou café com Sam Norton hoje."

Deixei o isqueiro cair como se queimasse mais do que realmente queimava. "Você está me seguindo?"

"Em Kingsley City, nada acontece sem que eu saiba, Nora." Ele soprou um anel de fumaça perfeito, arrogante como só ele. "Especialmente quando minha esposa está encontrando o ex pelas minhas costas."

"Ele não é..." me interrompi. "Você não tem esse direito."

"Eu tenho todo o direito." Ele se levantou, imponente sobre mim, a voz um rosnado perigoso. "Quando você aceitou aquele cheque de um milhão de dólares, você se tornou a Sra. Claflin. Esse nome vem com regras. Então me diga, o que Norton ofereceu? Um emprego? Uma saída? Ou você está apenas jogando o papel da vadia traidora?"

"Nada que eu quisesse," retruquei, a verdade cortando minha raiva. "E falando em lealdade, e você e Daisy? Vocês dois pareciam bem íntimos no escritório."

"O que eu faço não é da sua maldita conta," ele rebateu, os olhos escurecendo. "Eu posso fazer o que diabos eu quiser. Você? Nem tanto. Nosso casamento é uma transação, Nora—e você é quem foi comprada."

Algo estalou. Peguei o isqueiro ainda quente e joguei nele. "Você não me possui!"

Ele se esquivou com facilidade, o isqueiro batendo na parede. Seu olhar se tornou letal.

"Você sabe o que acontece com pessoas que me traem?" ele rosnou. "Se eu pegar você se envolvendo com seu ex ou qualquer outra pessoa, você vai desejar nunca ter cruzado meu caminho."

"Então não encontre outras mulheres pelas minhas costas também," eu cuspi, coração disparado. "Da próxima vez, as consequências não serão tão leves para você também."

Ele se virou para sair, parando na porta. "Não me teste, Nora. Você não vai gostar do resultado." A porta bateu, me deixando com os dedos latejando e uma raiva que queimava mais do que qualquer chama.

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