Capítulo 5

"Aurora?" A surpresa de Kane rapidamente se transformou naquele sorriso irritante dele. "Isso é certamente inesperado."

Eu tropecei para trás, tentando recuperar meu equilíbrio e compostura, mas o quarto girava perigosamente ao meu redor. A visão de Kane—todo bronzeado e com músculos definidos—enviou outra onda de calor pelo meu corpo.

Minha loba respondeu com um entusiasmo alarmante, me instigando a me aproximar dele. Balancei a cabeça, tentando clarear a névoa que estava se instalando rapidamente sobre meus pensamentos. "Eu—Eu sinto muito," gaguejei, segurando o batente da porta para me apoiar. "Quarto errado."

A diversão de Kane desapareceu enquanto seus olhos me examinavam, notando minha pele ruborizada e postura instável. "Você não parece bem," ele observou, sua voz perdendo o tom de brincadeira. "O que está acontecendo com você?"

Abri a boca para explicar, mas nenhuma palavra coerente saiu. Minha visão ficou turva novamente, e eu cambaleei perigosamente.

"Calma aí," Kane se moveu com uma rapidez surpreendente, me segurando antes que eu caísse. Suas mãos estavam quentes contra meus braços nus, seu toque enviando correntes elétricas dançando pela minha pele. "Você está pegando fogo."

A clareza momentânea que eu tinha ganhado ao vê-lo estava se dissolvendo rapidamente. Estar tão perto de Kane só intensificava o fogo que ardia dentro de mim. Minha loba estava praticamente uivando agora, exigindo algo que eu não entendia.

"Você não deveria estar na suíte do Raymond?" Kane perguntou, me guiando para sentar na beirada da cama dele. "Afinal, é a noite do seu noivado."

A menção de Raymond trouxe uma nova onda de humilhação sobre mim. Mordi o lábio, incapaz de admitir a verdade do que eu tinha testemunhado.

A expressão de Kane escureceu enquanto ele estudava minha reação. "O que aconteceu? Por que o noivo feliz não está cuidando de você na noite do seu noivado?"

Balancei a cabeça, incapaz de elaborar mais. O quarto estava girando mais rápido agora, meus pensamentos ficando cada vez mais dispersos. Havia apenas o calor, a necessidade desesperada de... algo.

Kane me estudou com os olhos semicerrados, então pegou o telefone do hotel no criado-mudo. "Vou ligar para o quarto do Raymond. Isso é inaceitável, mesmo para ele."

"Não!" Ofeguei, estendendo a mão para impedi-lo. A lembrança de flagrar Raymond e Giana ainda era muito recente, muito dolorosa. "Por favor, não."

Kane ignorou meu pedido, já discando. "Raymond pode ser meu amigo, mas deixar sua noiva nesse estado é além de—"

Eu não ouvi o resto da frase dele. O calor dentro de mim atingiu seu pico de repente, obliterando todo pensamento racional. Minha pele parecia apertada demais, minhas roupas insuportavelmente restritivas.

Sem decisão consciente, meus dedos se moveram para os botões do meu vestido, desesperada por alívio da sensação de queimação. Kane se virou para mim, ainda com o telefone na mão, e congelou. Seus olhos se arregalaram enquanto me observava lutando com minhas roupas.

"Aurora," sua voz era baixa, cautelosa, "o que você está fazendo?"

Olhei para ele através da névoa do que quer que estivesse me consumindo. Mesmo no meu estado alterado, reconheci o desejo agudo que brilhou em seu rosto antes que ele rapidamente o mascarasse.

"Está muito quente," sussurrei, continuando a mexer nos botões. "Não consigo respirar."

Kane rapidamente desligou o telefone e atravessou o quarto até mim. Ele segurou meus pulsos firmemente, interrompendo meus movimentos.

"Você está fora de si?" ele perguntou, sua voz tensa.

Eu não conseguia me concentrar na pergunta dele. Tudo o que eu podia sentir era a pele dele contra a minha, a proximidade tentadora de seu corpo quase nu. Minha loba estava enlouquecida de necessidade, com um instinto que eu nunca tinha sentido antes.

"Eu quero te tocar," eu disse, as palavras vindo de algum lugar além da minha mente consciente. Com a mão livre, alcancei além da barreira da toalha dele.

Kane inalou bruscamente, seu aperto no meu pulso apertando por um momento antes de ele cuidadosamente extrair minha mão. "Aurora, pare. Você vai se arrepender disso amanhã."

Sua rejeição só alimentou meu desespero. Arranquei o telefone da outra mão dele e deliberadamente desliguei, cortando qualquer conexão com o quarto de Raymond.

"Por favor, eu preciso..." sussurrei, minha voz irreconhecível até para mim mesma. "Por favor, me toque. Me satisfaça."

Deixei meus olhos percorrerem o corpo dele apreciativamente, minhas inibições completamente dissolvidas pelo que quer que estivesse no meu sistema. "Você é um playboy, certo? Você tem experiência? Você pode me fazer sentir. Eu só preciso sentir..."

O maxilar de Kane se contraiu, um músculo trabalhando em sua garganta enquanto ele visivelmente lutava por controle. "Você não quer isso," ele disse, embora seu corpo já traísse seu desejo. "Não comigo. Não assim."

A frustração tomou conta de mim, amplificada pela droga que corria nas minhas veias. "Qual é o problema?" provoquei, desesperada para aliviar a necessidade ardente dentro de mim. "Está com medo? Vamos, covarde."

Aquilo funcionou. Algo perigoso brilhou nos olhos de Kane—uma fome primal que combinava com a selvageria do meu lobo. Seu controle cuidadoso se quebrou visivelmente, sua expressão mudando de contenção para intenção predatória em um instante.

Ele rosnou, o som vibrando através de mim como um toque físico. Ele me encurralou contra a parede, uma mão apoiada ao lado da minha cabeça enquanto a outra inclinava meu queixo para cima para encontrar seu olhar.

"Não me culpe por isso," ele avisou, seu hálito quente contra meus lábios. "Você é quem está pedindo."

Seu beijo não era nada do que eu tinha imaginado—não que eu tivesse me permitido imaginar. Era feroz e exigente, mas surpreendentemente terno. Suas mãos se moviam com precisão confiante, como se ele já soubesse exatamente como me desmanchar.

Eu respondi com igual fervor, meus dedos se enredando em seu cabelo úmido, puxando-o para mais perto. O calor que vinha me atormentando a noite toda encontrou seu foco no toque dele, transformando-se de dor em prazer sublime.

Kane me levantou facilmente, minhas pernas se enrolando em sua cintura enquanto ele me carregava para a cama. A toalha caiu completamente, e mesmo através do meu torpor drogado, eu prendi a respiração ao vê-lo.

"Tem certeza?" ele perguntou, sua voz rouca de desejo, mas seus olhos surpreendentemente claros. "Diga a palavra e eu paro, Aurora."

O fato de ele perguntar, de ele me dar essa escolha mesmo agora, perfurou momentaneamente a névoa na minha mente. Mas meu corpo estava além de decisões racionais.

"Não pare," eu sussurrei, me rendendo completamente.

O que se seguiu foi diferente de tudo que eu já tinha experimentado. Kane se movia com a habilidade de alguém que tinha conquistado sua reputação, mas havia uma ternura inesperada em seu toque que contradizia sua imagem de playboy. Meu corpo respondia a ele instintivamente, como se tivéssemos sido feitos um para o outro.

Cada sensação parecia amplificada, cada carícia enviava um raio de prazer através de mim, até que eu estava perdida em um mar de prazer mais intenso do que eu jamais imaginei ser possível. Meu lobo uivava de satisfação, como se alguma necessidade primal estivesse finalmente sendo satisfeita.

O tempo se confundiu em uma névoa de sensações e libertação. Naqueles momentos, nada mais existia—nem Raymond, nem Giana, nem as ameaças do meu pai ou a cerimônia de noivado. Havia apenas Kane e o fogo que criamos juntos.

Depois, o cansaço me atingiu como uma onda. O calor estranho que me levou àquela loucura gradualmente diminuiu, me deixando esgotada e subitamente lúcida o suficiente para perceber o que eu acabara de fazer.

Eu tinha dormido com Kane—o melhor amigo de Raymond—na noite do meu noivado. O horror começou a se infiltrar na minha consciência, mas eu estava cansada demais para processar completamente.

Minhas pálpebras ficaram pesadas, e apesar dos meus melhores esforços para ficar acordada e lidar com as consequências das minhas ações, o sono me puxou para baixo. A última coisa que ouvi antes da escuridão me dominar foi a voz frustrada, mas de alguma forma impotente, de Kane enquanto ele puxava as cobertas sobre meu corpo nu.

"O que diabos eu devo fazer com você agora?"

Fui acordada pelo barulho do lado de fora—vozes chamando, portas se abrindo e fechando, passos apressados pelo corredor. Quando meus olhos se abriram, a desorientação me atingiu primeiro, seguida pela realização de que eu ainda estava envolta nos braços de Kane.

O corpo dele estava quente contra o meu, um braço drapejado possessivamente sobre minha cintura. As memórias da noite anterior voltaram correndo, trazendo calor às minhas bochechas que nada tinham a ver com a droga que estava no meu sistema.

A comoção do lado de fora ficou mais alta—eu conseguia distinguir meu nome sendo chamado repetidamente. Convidados, a família Alfa, membros da matilha—todos procurando freneticamente pela futura Luna que misteriosamente desapareceu na noite do noivado.

Eu me levantei de um pulo, o pânico me dominando ao perceber o quanto devia estar atrasada. "Eu dormi demais!" ofeguei, procurando freneticamente minhas roupas. "Eles estão me procurando!"

Kane se mexeu ao meu lado, seus olhos se abrindo preguiçosamente. Antes que ele pudesse responder, houve uma batida forte e autoritária na porta. Sem esperar por uma resposta, ela se abriu.

Raymond estava na entrada, sua expressão afiada enquanto escaneava o quarto. Seus olhos ainda não tinham me encontrado—eu estava quase totalmente escondida sob as cobertas, atrás da figura maior de Kane.

"Kane, você viu minha Luna?!"

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