Capítulo 02.

Ayza

— Praia de areia branca, mar azul e quente, um lugar único e apaixonante; Olha essa foto! — Olga entrega o celular para Lili, eu me contorço na cadeira e olho o que Lili está vendo, é uma foto... E ela está deslumbrante como sempre... — Que legal! Você está linda! — É a única coisa que sai dos lábios de Lili.

— Obrigada!

O olhar de satisfação no rosto de Olga me faz sentir um pouco de inveja, eu queria que fosse tão fácil para mim ganhar dinheiro.

Olga continua a falar sobre suas viagens e sobre os caras com quem ela sai.

E como sempre, eu fico ali, perdida na conversa delas, sem interagir, as únicas coisas que eu digo são: “Nossa! Que legal! Sério?!”

Olga dá mais um gole no seu café e me pergunta, esperançosa.

— E você? Como estão as coisas?

— Tudo na mesma. Me conta mais sobre suas viagens. — Tento não ser o foco.

— Fico feliz em compartilhar tudo isso com vocês! — Ela diz animada. — Me conta mais novidades. — Ela pede para Lili.

— Semana que vem começo em um consultório odontológico.

— Gostei de ver! — Ela diz gaguejando.

Eu franzo a testa e encaro Lili, já que ela não tinha me contado essa novidade.

Percebo que Olga está olhando para algo atrás de mim, arqueio uma sobrancelha esperando alguma resposta sobre o que está acontecendo.

— Olha para trás. Discretamente. Finalmente, ela fala.

— Um cara bonito está olhando para você. — Ela me sinaliza.

— Ah! Não, obrigada.

— Mas você nem viu ele.

— Deixa a Ayza. — Lili me defende.

— Tá bom, eu vou ver.

Eu me viro devagar para dar uma olhada e um homem interessante está me encarando.

— Mas o que isso tem a ver, Olga?

— Arranja um cara!

— Isso não é para ela. — Mais uma vez Lili intervém.

— Tudo bem! O que você sabe?

— Mas olha! Tem outro! Olha esse. Ele é alto, moreno e bonito. Como nos filmes.

— Tá bom, podemos parar agora, Olga, ela não está interessada.

— Ah amiga. Você precisa começar a conhecer mais as pessoas da cidade.

— Eu tenho outros planos.

— Tudo bem. — Olga dá um gole no seu cappuccino diet. — Logo vai ter uma socialzinha na casa do Brendo, vamos?

— O que você acha, Ayza?

— Estou cansada, mas não me importo de ir para casa sozinha.

— Tem certeza?

— Sim.

Ficamos ali por mais alguns minutos, as duas vão para a cozinha social e eu ainda estou ali, terminando meu café.

Estou olhando pela enorme janela da cafeteria, quando um carro preto para, e um homem alto e moreno sai, seu cabelo está todo penteado para trás e sua barba está por fazer, ele estende uma das mãos para dentro do carro e então, sai uma loira, alta, de olhos verdes, o mesmo padrão da Olga, até as roupas, ela usa um vestido vermelho super elegante e um casaco de pele preto, e aquele homem bonito usa uma jaqueta de couro também preta, jeans.

Eles caminham em direção à cafeteria onde estou, e quando percebo, aqueles olhos cor de avelã estão me encarando.

Droga! É o cara do aeroporto. Ele é o homem mais sexy que já vi. Sinto meu rosto corar e desvio o olhar.

Assim que eles passam pela porta da cafeteria, mais uma vez nossos olhos se encontram. Ele me deixou tão envergonhada, parece que ele pode ver minha alma. Ele parece ser um homem frio e gelado.

Pago minha conta e saio apressada.

Volto para a casa da Lili, tomo um banho e caio na cama.

Algum tempo depois, Lili entra no meu quarto.

— Me ajuda a fazer minha mala.

— Como assim? — Sento na cama sem entender nada.

— Tenho uma convenção amanhã.

— Eu tinha esquecido?

— Eu não sabia, meu pai acabou de me mandar uma mensagem. — Lili se deita na minha cama. — Droga!

— Que horas você sai amanhã?

— Às 6 horas.

Pego meu celular e olho para o visor, já passa da 1 da manhã.

— Lili, você viu que horas são?

— Sim. Não vou conseguir dormir.

— Vamos fazer sua mala.

Eu a pego pelo braço e vamos para o quarto dela.


— Ayza, você não precisa ficar assim, eu volto em duas semanas, é só uma convenção. — Legal, meu primeiro dia aqui, e a Lili vai embora e nem me contou que ia trabalhar com o pai dela. — Meu pai disse que eles são chatos. — Ela argumenta e continua arrumando a mala, parecendo completamente desanimada, a mala já está cheia, mas ela continua colocando mais coisas.

— Acho que não cabe mais nada aí. — Lili para e me encara, e finalmente rimos.

— Também acho. — Ela concorda. — Não fiquei chateada.

— Olha, fiquei chateada porque você não me contou que ia trabalhar com seu pai. — Sento na cama dela.

— Ciúmes da Olga? — Ela ri de novo. — Você sabe que eu te amo.

— Por que não me contou?

— Não queria que você ficasse chateada.

— Não, claro que não ficaria, muito pelo contrário, você está na área que sempre quis, não é porque as entrevistas não deram certo que eu não vou ficar feliz pela minha melhor amiga. — Digo.

— Você sabe que se precisar, posso conseguir algo com meu pai.

— Eu sei, só quero tentar sozinha, por enquanto.

— Tudo bem. — Lili me abraça. — Obrigada, agora vai dormir.

— Não quer que eu te leve ao aeroporto?

— Não. Você já fez muito. — Rimos.

Eu sei que ela estava se referindo à Olga.

— Boa viagem!


Acordo com a luz entrando pela janela.

Droga! Esqueci de fechar as cortinas.

Levanto, vou ao banheiro, tomo um banho demorado e lavo o cabelo.

Depois de secar o cabelo, escolho as roupas que vou usar, meu celular vibra, olho para o visor e há uma mensagem de um número desconhecido.

"Dizia que eu tinha uma entrevista em duas horas."

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