CAPÍTULO 7
"A toda velocidade, capitão. Estamos quase no porto." Disse um dos marinheiros.
"Ouvi alto e claro, companheiro. Prepare-se para lançar a âncora." Disse Kent.
"A toda velocidade." Gritou um marinheiro.
"Graças a Deus," disse Beth feliz.
"Por que você está tão radiante?" Lilith perguntou curiosa.
"Vou ver minha família e todos os meus outros amigos. Estou tão feliz." Ela disse com um largo sorriso no rosto.
"Isso parece ótimo." Beth disse com um pequeno sorriso. Seu rosto murchou um pouco porque sentia muita falta de sua mãe e de seus amigos, mas ela tinha que ficar aqui e conquistar seu companheiro.
"Você está bem, querida? Notei que você não parecia tão feliz. É algo que eu disse?" Beth perguntou preocupada.
"Eu estava apenas pensando na minha família e nos meus amigos. Só sinto falta deles um pouco, ou melhor, muito."
"Você vai vê-los em breve. Estamos a caminho de New Ford agora. Não se preocupe."
"..."
"Meu Deus. Sinto muito. Não me lembro do que aconteceu com você. Agora me sinto uma pessoa ruim por falar tanto da minha família."
"Não, está tudo bem."
"Eu... Eu sinto muito, Lilith. Não deveria ter te lembrado disso."
"Às vezes eu só olho para o cais e vejo eles se afogando de novo. Cada vez revivendo aquele incidente." Lilith mentiu suavemente.
"Sinto muito por isso, Lilith, e não consigo imaginar como é para você agora."
A culpa corroía Lilith seriamente. Ela não queria mentir para sua amiga, mas precisava garantir seu bem-estar.
Elas se sentaram em um silêncio confortável sob o pôr do sol.
O sol refletia no rosto de Lilith, fazendo-a parecer etérea. Sua cabeleira dourada brilhava à luz do sol e sua pele lisa. Seus olhos brilhavam intensamente e seu sorriso poderia fazer mil homens se ajoelharem.
"Lilith, por favor, compareça ao escritório do Capitão." Disse um marinheiro.
"Volto já, Beth."
"Sem problemas, querida."
Lilith caminhou até o escritório de Kent, seu coração acelerado de antecipação.
Ela bateu lentamente na porta. "Posso entrar, senhor?"
"Sim." Uma voz profunda soou.
Lilith abriu a porta ligeiramente, entrando devagar e maravilhando-se com o espaço mais uma vez.
Kent estava sentado na cadeira em toda a sua glória. Seu cabelo estava penteado para trás hoje e a leve barba em seu queixo o fazia parecer mais atraente do que nunca. Seus bíceps flexionavam na camisa que ele usava enquanto assinava documentos e escrevia algumas coisas. Lilith olhou com admiração e surpresa.
"Então, Lilith, como você deve saber, estamos indo para New Ford agora e me ocorreu que você está sem-teto e nunca me disse o nome da cidade onde morava," disse Kent, de repente quebrando seu transe.
"Oh, hum..." Ela gaguejou.
"Há algum problema?" Kent perguntou.
"É só difícil dizer todas essas coisas. Continuo tendo flashbacks das coisas horríveis que aconteceram." Lilith mentiu novamente suavemente, colocando o rosto nas mãos, aparentemente chorando.
"Será que essa garota pensa que sou estúpido e não sei que ela está mentindo e tem mentido a semana toda? Ela achou que um naufrágio sem sobreviventes era uma mentira sólida." Kent pensou consigo mesmo.
"Está bem, não chore." Kent a consolou, um pequeno sorriso nos lábios.
Lilith assentiu enquanto limpava suas lágrimas.
"Você ficará na minha residência, já que não tem família para ir, e eu preciso de mais informações para ajudá-la a encontrar onde sua família mora para que você possa voltar para eles," disse Kent.
"Sua residência?" Beth perguntou, seus olhos brilhando.
"Sim, minha residência, como convidada, é claro. Não sou tão mau a ponto de pegar uma vítima e usá-la para trabalhar." Kent olhou para ela divertido com sua reação.
"Obrigada, senhor."
"Senhor, estamos perto do porto." Uma voz gritou do lado de fora.
"Está bem, já vou sair."
"Estamos perto do porto agora e logo estaremos em terra firme."
Beth saiu do escritório de Kent e avistou uma figura observando-a. Era Donna.
O olhar de desprezo e ódio em seu rosto era difícil de ignorar. Lilith fez uma leve reverência e se afastou rapidamente.
"Você não estaria tão convencida em alguns dias, Lilith." Donna pensou consigo mesma, um sorriso maldoso brincando em seus lábios.
Um som alto de buzina soou.
"Chegamos ao porto e lançamos a âncora."
O navio parou enquanto uma escada era colocada para desembarcar. As criadas começaram imediatamente a trazer as malas e pertences, e a tripulação retirou os barris e outros itens.
"Kent, querido, espere," Donna disse, andando rápido para encontrar Kent, que estava supervisionando o descarregamento do navio.
Enquanto ela caminhava até onde ele estava, de repente tropeçou em nada, caindo na frente de Kent.
"Oh! Meu tornozelo." Ela gritou, olhando para Kent com olhos marejados e seu peito subindo e descendo enquanto o olhava afetuosamente.
"Benedict, poderia vir e levantar a Srta. Donna?" Kent pediu, afastando o rosto da mulher que estava aos seus pés.
"Não se preocupe, acho que consigo me levantar sozinha." Ela disse irritada, afastando a mão de Benedict.
"Kent, posso perguntar onde aquela vadia de empregada vai ficar?" Donna perguntou ruidosamente.
"Não sei de quem ou do que você está falando."
"Estou falando da nova empregada, Lilith."
"Duvido que isso seja da sua conta, mas se você precisa saber, ela ficará na minha residência," Kent respondeu.
"Posso ficar na sua casa também? Acho que meus pais estão atualmente sobrecarregados com trabalho. Seria um incômodo ficar com ele e não fazer absolutamente nada." Ela perguntou, piscando os olhos rapidamente.
Kent franziu a testa em desgosto. "Não."
O sorriso no rosto de Donna imediatamente se desfez ao ouvir isso.
"Então você realmente não vai me deixar ficar na sua casa, talvez porque eu vá atrapalhar você e sua coisa?"
"Exatamente." Ele disse com um sorriso caloroso.
Donna rangeu os dentes enquanto começava a gritar no porto.
"Eu disse que queria ir com você. Por que você não me deixa ir com você?" Ela bateu os pés com raiva, seu rosto ficando vermelho.
"Bom dia, Donna," Kent disse, afastando-se dela.
"Kent, por favor, eu te amo e quero estar com você," Donna gritou.
"Sinto muito dizer, Donna, mas você terá que matar sua afeição unilateral. Eu não te amo e nunca vou amar."
Donna ficou em choque, observando as costas de Kent.
"Cocheiro, por favor, leve a Srta. Donna e um de seus funcionários de volta à residência de seu pai. Ela não está em boas condições e peço que cuide bem dela."
"Pode deixar, senhor." Disse o cocheiro.
"Eu farei você e sua vadiazinha se arrependerem de tudo que disseram e fizeram. Marque minhas palavras, Kent." Donna bufou com raiva.
Ela entrou na carruagem, gritando palavrões para o cocheiro e mais ainda para Kent, e palavras indescritíveis para Lilith, que nem estava presente no momento.
"Eu vou fazer você se arrepender disso, Kent." Ela gritou enquanto a carruagem se afastava.

















































