CAPÍTULO 9

Donna levantou cuidadosamente o bule de chá, o vapor subindo graciosamente do bico, formando delicados redemoinhos.

Enquanto ela despejava o chá de hortelã quente na xícara, o vapor perfumado envolvia-a, criando uma atmosfera quente e reconfortante pela primeira vez em algumas semanas.

"Donna." Algo disse.

Para sua surpresa, o bule deu um tranco, e o líquido escaldante espirrou em sua mão. Donna fez uma careta quando o chá quente entrou em contato com sua pele, deixando-a vermelha e irritada quase instantaneamente.

"Merda." Ela xingou.

"Cuidado, uma dama não deveria falar palavrão."

"O que você ainda está fazendo aqui?" Donna perguntou.

"Como você sabe quem é?" A voz disse.

"Eu sei que é você, o que você quer?" Donna respondeu.

"Acho que você deveria se virar e ver, você está prestes a ter uma surpresa selvagem."

Donna se virou lentamente e viu uma criatura roxa e viscosa com tentáculos e olhos de formato estranho.

"Ah!" Ela gritou.

"Eu não sou tão ruim assim. Acalme-se com seus gritos." A criatura disse.

"O que você é? Quem é você?" Ela perguntou assustada, recuando lentamente.

A criatura rastejou lentamente até ela. "Você não se lembra de mim, querida amiga?"

"Socorro! Saia daqui agora mesmo, criatura nojenta." Donna gritou.

"Espere um minuto." A criatura disse.

Donna observou enquanto a criatura começava a mudar de forma. Seus olhos se arregalaram de horror e medo enquanto ela começava a crescer pernas e se transformar em um humano.

"Olá, Donna." A criatura "Lilith" disse.

Donna sentou-se, boquiaberta, enquanto olhava para sua inimiga mortal em sua sala, nua e sorrindo para ela.

"Sou eu, a voz na sua cabeça. É bom finalmente ver você pessoalmente. Achei que você seria mais bonita, mas acho que você é mediana." A criatura disse, acomodando-se em uma das cadeiras.

"Você-"

"Não sou a verdadeira Lilith, mas estou no corpo dela. Sim." A criatura disse.

"Mas..."

"Não tente se confundir mais, querida." A criatura disse.

"Eu sou Azareth, o Ursalaiano, e temos um inimigo em comum, Lilith." Continuou.

Donna parecia chocada com a criatura falando sobre Lilith e comendo seus malditos biscoitos.

"Eu dei uma instrução simples, querida Donna."

"Eu vou fazer!" Ela disse assustada.

"Vou", "Em breve", "Espere". Todas desculpas de uma desculpa patética."

Donna estremeceu.

"É por isso que ninguém te leva a sério, Donna. Você não consegue fazer uma única coisa certa, mesmo para uma tarefa tão mundana, e isso me deixa muito desapontado. Eu tinha expectativas muito altas de você, Donna, mas acho que quando vi como você era, minhas expectativas foram um pouco exageradas." A criatura disse.

"É só que..." Donna começou.

"Silêncio agora. É uma tentação matá-la agora mesmo."

Donna estremeceu visivelmente.

"É por isso que ninguém te quer. É por isso que o homem que você deseja não te quer. É por isso que seus pais te veem como nada mais do que um peão. É por isso que você é uma vergonha para todos que conhece."

"Pare," Donna disse, cobrindo os ouvidos com força.

"Agora, Donna, não estou aqui para falar sobre sua vidinha patética. Estou aqui para passar um aviso." A criatura disse enquanto sua mão se transformava em um tentáculo que se dirigia ao pescoço de Donna.

A sensação viscosa e fria dos tentáculos a fez sentir-se enjoada. O tentáculo apertou.

"Você tem tempo limitado para derrubá-la e trazê-la para mim, entendeu, Donna?"

"Sim..." Donna engasgou, suas mãos tentando segurar o tentáculo que a estrangulava, mas o aperto era muito forte e muito viscoso.

"Da próxima vez que eu vier aqui e ela ainda não estiver morta, você não terá apenas meus tentáculos no seu pescoço, mas também em outros lugares, e acredite quando eu digo que esses lugares não vão se sentir bem, entendeu?"

Ele afrouxou o aperto no pescoço dela, e ela caiu no chão, tossindo.

"Vou me retirar agora, Donna. Faça a tarefa e garanta uma vida tranquila, tchau." Ele disse, voltando à sua forma original e rastejando até desaparecer.

"Desgraçada!" Donna gritou com lágrimas nos olhos.

"Ela é a causa de tudo isso." Pensou consigo mesma.

As portas da sala se abriram de repente quando uma das amigas mais queridas de Donna entrou.

"Minha querida, o que aconteceu com você? Por que seu rosto está todo vermelho e seu pescoço com marcas vermelhas?"

Donna ficou em silêncio.

"Não me diga que você estava se divertindo com algum homem especial e ele te deu chupões que você nem conseguiu cobrir com maquiagem. E se sua mãe entrasse e te visse assim? Esse homem especial é o Kent, por acaso, finalmente..."

"Matilda, você pode calar a boca?" Donna disse com raiva.

"Bem, essa é uma maneira de receber sua amiga que veio te ver depois da sua lua de mel," Matilda disse, sorrindo maliciosamente.

"Eu não fui para uma lua de mel, Matilda. Eu fui dar um passeio de barco com o homem que amo e ele viu uma donzela em perigo, me ignorou, me humilhou na frente da equipe e, não se esqueça, ainda transou com a garota." Donna disse.

"Donzela em perigo? Transou com ela?" Matilda disse, franzindo o nariz.

"Sim, tudo aconteceu no passeio de barco."

"Isso é terrível! Quem é essa garota estúpida? Ela é uma nova debutante? Podemos dar uma surra nela, estragar o rosto dela e ele não terá mais interesse nela." Matilda disse, sorrindo presunçosamente.

"Se fosse tão fácil assim."

"Mas isso não explica as marcas no seu pescoço. Você está escondendo um amante secreto?" Matilda disse, olhando ao redor suspeitosamente.

"Bem..." Donna disse, abaixando a voz.

"Se você disser as palavras que está prestes a dizer, eu a mato e a você agora mesmo," Azareth sussurrou na cabeça de Donna.

"Eu só dormi com um novo cobertor manchado que meu pai trouxe da França, só isso."

Donna engoliu em seco.

"Donna, você está bem? Você está ficando muito pálida agora." Matilda disse, estendendo a mão enluvada para verificar sua temperatura.

Donna se encolheu, afastando-se do alcance dela.

"Estou perfeitamente bem, Matilda, não precisa se preocupar, mas tenho um pequeno problema."

"Qual seria? Eu ajudarei você e estarei com você, não importa o que aconteça."

"A garota que ele trouxe tentou me matar no navio, Tilda," Donna sussurrou.

"Ela o quê?" Matilda perguntou, chocada.

"Ela me empurrou do barco e o Kent apenas ficou lá assistindo, defendendo-a. Ela tentou me estrangular depois que a tripulação me tirou da água e me levou para meus aposentos." Donna mentiu.

"Isso é terrível."

"Temo que ela seja uma bruxa e que Kent esteja sob o feitiço dela," Donna disse tristemente.

"Precisamos fazer algo."

Elas se olharam lentamente, cada uma refletindo os desejos da outra.

"Precisamos matá-la." Disseram em uníssono.

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