Setenta por cento (REVISADO)

A cadeira de plástico estalou sob mim, o barulho ecoando na quietude estéril do consultório do Dr. Giacherio. Meu coração disparava, batendo como um tambor contra o zumbido suave das luzes fluorescentes acima. O velho moletom azul do Stetson, que ele me emprestou há séculos e nunca pediu de volta, parecia estar me sufocando. Puxei o tecido macio, seu conforto contrastando com o medo gelado que subia pela minha garganta.

Papai estava ao meu lado, sentado rigidamente com o maxilar travado. Silenciosamente, desejei que tudo ficasse bem enquanto lançava um olhar furtivo para ele. Seus olhos azuis brilhantes, geralmente cheios de risos, agora estavam sombreados de preocupação. Pops, por outro lado, estava inquieto na cadeira, seu sorriso alegre habitual desaparecendo. Ele continuava a estender a mão para segurar a de Papai, oferecendo um conforto silencioso.

Dr. Giacherio pigarreou, quebrando o pesado silêncio. Ele segurava uma pasta, e minhas imagens do PET scan brilhavam de forma ameaçadora na caixa de luz atrás dele. Minha respiração ficou presa na garganta. É isso, pensei, sentindo meu estômago se contorcer em um nó apertado. Este é o momento que muda tudo.

A cadeira de plástico estalou sob meu peso enquanto eu estava ali, sentindo a tensão no ar. Puxei o tecido desgastado do moletom do Stetson, seu algodão macio aquecendo contra o frio medo que subia pela minha garganta. Minhas leggings de carvão roçavam na cadeira, um leve desconforto que mal registrava contra a ansiedade esmagadora que crescia dentro de mim. Mudei de posição no assento, as solas dos meus tênis roxos rangendo suavemente no chão de linóleo, um som pequeno que parecia insignificante comparado às notícias pesadas que pairavam sobre nós.

Papai estava ao meu lado, sentado rigidamente com o maxilar tão apertado que um músculo tremia em sua bochecha. Silenciosamente, desejei que não fosse nada sério, lançando olhares furtivos para seu perfil. Seus olhos azuis brilhantes, geralmente cheios de risos, agora estavam nublados com uma preocupação que eu nunca tinha visto antes. Pops, por outro lado, estava inquieto, seu comportamento alegre habitual substituído por uma energia nervosa. Ele continuava a estender a mão para segurar a de Papai, seu aperto um pedido silencioso de apoio enquanto enfrentávamos a incerteza à frente.

Dr. Giacherio pigarreou, quebrando o pesado silêncio com um som que parecia fora de lugar. Ele segurava uma pasta, sua cor branca brilhante destacando-se contra os tons suaves do consultório. Minhas imagens do PET scan brilhavam de forma ameaçadora na caixa de luz atrás dele, lançando uma sombra sobre a sala. Minha respiração ficou presa na garganta. É isso, pensei, meu estômago se contorcendo em um nó apertado. Este é o momento que muda tudo.

Dr. Giacherio começou, seu tom sério e pesado, "Sloane, os resultados da sua biópsia e do PET scan mostram que a massa na sua coxa é cancerosa. É um tipo de câncer ósseo conhecido como sarcoma de Ewing."

O impacto de suas palavras me atingiu como um soco no estômago, deixando-me sem fôlego. Cancerosa. Sarcoma de Ewing. Essas palavras ecoavam na minha cabeça, afiadas e assustadoras, como cacos de vidro cortando meus pensamentos. Minha visão começou a escurecer, e a sala parecia girar. Agarrei firmemente os braços da cadeira, meus nós dos dedos ficando brancos contra o plástico claro.

A expressão de Papai ficou dura, seus olhos azuis cheios de uma mistura de medo e raiva. "Em que estágio está?" ele perguntou, sua voz baixa e tensa.

"Estágio 2," respondeu Dr. Giacherio, mantendo o olhar sério de Papai. "O câncer está localizado, mas é agressivo."

Pops soltou um soluço abafado, cobrindo rapidamente a boca como se tentasse conter o som de seu coração despedaçado. O brilho habitual em seus olhos havia desaparecido, substituído por um medo cru e sem filtro que ecoava o pavor que fervilhava dentro de mim. Ele estendeu a mão para Papai, seus dedos se entrelaçando em um aperto firme, uma conexão desesperada em meio ao caos.

Stetson foi o primeiro a quebrar o pesado silêncio. "Então, o que fazemos agora?" ele perguntou, sua voz surpreendentemente calma, como uma luz constante na tempestade. "Qual é o plano de tratamento?"

Dr. Giacherio assentiu, seu rosto suavizando um pouco. "A boa notícia é que o sarcoma de Ewing geralmente responde bem ao tratamento. Começaremos com quimioterapia para reduzir o tumor, seguida de cirurgia e possivelmente radioterapia."

Meus pensamentos giravam em confusão. Quimioterapia. Cirurgia. Radioterapia. Essas palavras pareciam veneno, uma lista de pesadelos que eu não conseguia compreender totalmente. Senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha, queimando contra minha pele, seguida por outra e depois mais. Eu não conseguia segurá-las, não conseguia parar a onda de emoções que ameaçava me afogar.

A voz de Papai estava carregada de emoção, sua habitual severidade se quebrando sob o peso de seu medo. "Quais são as chances dela?"

Dr. Giacherio fez uma pausa por um momento, seus olhos encontrando os meus antes de voltar para Papai. "A taxa de sobrevivência de cinco anos para o sarcoma de Ewing em estágio 2 é de cerca de 70%. Com tratamento rápido e uma abordagem forte, Sloane tem uma boa chance de superar isso."

Setenta por cento. Parecia um vislumbre de esperança, mas minha mente estava presa nos 30% que não sobreviviam. Imaginei-me desaparecendo, sumindo da minha família, amigos e de tudo que eu amava. Esse pensamento me envolveu como um cobertor pesado, dificultando a respiração.

Pops segurou a mão de Papai com força, a preocupação gravada em seu rosto de uma maneira que eu nunca tinha visto antes, sua voz carregada de emoção. "Faremos o que for preciso," ele murmurou, suas palavras cheias de sentimento. "Vamos lutar juntos."

Papai assentiu, seus olhos firmes e determinados, uma luz feroz brilhando em seu olhar azul. "Você não vai enfrentar isso sozinha, Sloane," ele disse, sua voz forte, como uma rocha sólida contra a tempestade dos meus medos. "Estamos todos aqui por você, a cada passo do caminho."

Stetson se inclinou, seus olhos ardendo com uma determinação que combinava com a de Papai. "Você é uma lutadora, Sloane," ele disse, sua voz firme e reconfortante, me envolvendo como um cobertor quente contra o frio do medo. "Vamos superar isso. Juntos." Ele estendeu a mão, encontrando a minha em um aperto reconfortante.

As palavras deles e o apoio inabalável pareciam uma tábua de salvação no mar caótico de medo e dúvida. Eu me agarrei ao amor deles, à força deles e à crença deles em mim. Naquele momento, uma fagulha de esperança acendeu dentro de mim, uma pequena chama brilhando na escuridão. Talvez, só talvez, com eles ao meu lado, eu pudesse vencer isso.

O caminhão vibrava sob nós, criando um zumbido constante que combinava com o caos na minha mente. Pops estava cantarolando junto com uma música de rock clássico que tocava no rádio, seu habitual clima animado atenuado por um toque de tristeza. Papai estava olhando pela janela, seu maxilar apertado, enquanto a paisagem se misturava em um borrão de verdes e marrons sob o céu cinzento. Stetson tentava chamar minha atenção com um jogo de "Eu Espio", seu tom excessivamente alegre apenas aumentando meus nervos já desgastados.

"Papai," comecei, minha voz mal audível, minha garganta apertada de emoção, "Pops... posso fazer uma festa do pijama hoje à noite?"

Ambos se viraram para me olhar, seus rostos refletindo a tempestade dentro de mim. A testa de Papai se franziu, seus olhos cheios de perguntas não ditas, sua preocupação evidente. Pops, notando o tremor na minha voz, encontrou meu olhar pelo retrovisor, seu brilho brincalhão habitual substituído por uma preocupação genuína. "Uma festa do pijama? Hoje à noite? Por que você quer isso, querida?" ele perguntou gentilmente.

Respirei fundo, me preparando para a conversa que eu temia. "Eu preciso contar aos meus amigos... sobre o câncer," admiti, as palavras quase me sufocando. "E... eu realmente preciso deles aqui. Hoje à noite."

A atmosfera na cabine ficou pesada, o impacto das minhas palavras se assentando ao nosso redor. A expressão de Papai endureceu, seus instintos protetores entrando em ação. "Sloane," ele começou, sua voz tensa, "talvez isso não seja o melhor -"

Mas Pops, mantendo os olhos na estrada, captou o olhar de Papai, uma compreensão silenciosa passando entre eles. "Está tudo bem, amor," Pops disse, seu tom calmo e tranquilizador. "Deixe ela ter os amigos dela."

"Ok, Sloane," Papai disse, sua voz áspera, mas cheia do calor que eu realmente precisava. "Vamos levar você e o Stetson para casa assim que voltarmos. Pops e eu vamos pegar os lanches e bebidas que você quiser para sua festa do pijama."

Uma onda enorme de alívio me atingiu, tão forte que quase me fez chorar. "Obrigada," eu disse suavemente, um sorriso verdadeiro surgindo.

"Qualquer coisa por você, querida," Papai respondeu, seu tom caloroso e reconfortante. "Seus amigos se importam com você. Eles vão querer te apoiar."

Assenti, agarrando-me às suas palavras como se fossem uma tábua de salvação. Talvez ele estivesse certo. Talvez meus amigos pudessem me ajudar a enfrentar os tempos difíceis que viriam. Mas quando olhei de volta para o meu telefone, vendo o nome de Evan aparecer repetidamente, um nó apertado de culpa se formou no meu estômago. Como eu poderia enfrentar todos, sabendo que minha vida estava prestes a mudar tão drasticamente, e que eu poderia perder tudo, até mesmo a chance de um relacionamento adolescente normal?

Um nervosismo torceu meu estômago enquanto eu estava sentada de pernas cruzadas na minha cama, o edredom coral proporcionando um calor aconchegante contra minhas costas. Meus amigos formavam um semicírculo ao meu redor, seus rostos mostrando preocupação. Chandler estava encostado na cadeira da minha escrivaninha, seus olhos azuis brilhantes fixos em mim com uma intensidade que me arrepiava. Noelle, sentada no pufe azul-marinho, brincava nervosamente com uma mecha de seu cabelo dourado, seu habitual clima alegre visivelmente diminuído. Maekynzie estava empoleirada na beirada da minha escrivaninha, seus olhos castanho-mel arregalados de antecipação. Emory tentou aliviar o clima com uma piada boba, mas seu riso caiu no vazio do silêncio pesado que preenchia o quarto. Tinsley, sentada na beirada do banco da minha penteadeira, mordia o lábio, seus olhos verdes refletindo a preocupação que nos cercava. Stetson estava ao meu lado, sua presença um conforto constante em meio à tempestade que se formava dentro de mim.

Caixas de pizza vazias e sacos de batata frita amassados estavam espalhados pelo chão, restos de nossos encontros despreocupados típicos. O jogo Cards Against Humanity estava intocado na minha escrivaninha, seu humor negro contrastando com a atmosfera séria que havia se instalado sobre nós. Uma tigela de pipoca meio comida descansava no meu criado-mudo, o aroma amanteigado fazendo pouco para aliviar o nó no meu estômago.

"Então," Chandler finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e cheia de preocupação, "você vai nos contar o que está acontecendo, Sloane?"

Suas palavras pairaram no ar, a pergunta não feita pendendo entre nós. Respirei fundo, meus olhos saltando de um rosto para outro, cada um refletindo meu próprio medo e incerteza.

"Eu... eu nem sei por onde começar," gaguejei, minha voz trêmula.

Noelle estendeu a mão e apertou a minha, seu toque quente e reconfortante. "Apenas nos conte, Sloane," ela disse gentilmente. "Estamos aqui para você, não importa o que aconteça."

Assenti, sentindo um aperto na garganta enquanto as emoções giravam dentro de mim. "Ok," consegui sussurrar, minha voz mal se elevando acima do suave zumbido do ar-condicionado. Meus olhos foram atraídos para o tecido desgastado do moletom do Stetson, aquele que eu basicamente peguei dele, e senti uma necessidade avassaladora de conforto me invadir. "Eu fui ao médico hoje... e eles encontraram um tumor. Na minha perna."

Um suspiro agudo ecoou pela sala, o silêncio quebrado apenas pelo tique-taque constante do relógio no meu criado-mudo. Chandler se endireitou, seus olhos azuis cheios de preocupação enquanto se afastava da cadeira da minha escrivaninha. Maekynzie ofegou, seus olhos castanho-mel arregalados de choque. O comportamento alegre habitual de Emory desapareceu, substituído por uma expressão atônita que fazia suas sardas se destacarem contra sua pele pálida. Até Tinsley parecia momentaneamente sem palavras, seus olhos verdes refletindo o medo que preenchia o ar.

"Um tumor?" Noelle finalmente repetiu, sua voz mal um sussurro.

Engoli em seco, sentindo o nó na minha garganta ficar mais pesado. "É... é câncer," admiti, a palavra parecendo uma pedra pesada no meu estômago.

Maekynzie ofegou dramaticamente, lágrimas brotando em seus olhos. "Oh meu Deus, Sloane! Isso é horrível!"

Emory tentou aliviar o clima. "Bem, pelo menos você vai ter uma cicatriz legal para mostrar," ele brincou, mas sua tentativa de humor caiu no vazio, o riso morrendo antes de escapar.

Chandler atravessou a sala e se ajoelhou na minha frente, segurando minha mão. "Que tipo de câncer?" ele perguntou, sua voz carregada de emoção.

"Sarcoma de Ewing," eu disse, o termo médico soando estranho e aterrorizante até para mim.

"É... é sério?" Tinsley perguntou cautelosamente, seu exterior durão habitual desmoronando.

Assenti, incapaz de olhar nos olhos dela. "É Estágio 2. Eles disseram que é agressivo." Minha voz quebrou, e uma lágrima escorreu pela minha bochecha, deixando um rastro quente.

Uma onda de desespero me atingiu, quase me puxando para baixo com sua força. Mas o aperto de Chandler na minha mão se intensificou, seu toque proporcionando um suporte sólido no caos. "Ei," ele disse suavemente, seu polegar acariciando minha pele, "não se estresse. Você vai superar isso. Estamos todos aqui para você, a cada passo do caminho."

Suas palavras e constante encorajamento pareciam uma tábua de salvação. Travei os olhos com os dele, encontrando força em sua presença. Naquele momento, uma onda de calor me envolveu, lembrando-me dos sentimentos complicados que eu tinha por ele. No entanto, esses sentimentos foram ofuscados por um profundo senso de gratidão e amizade. Eu não estava sozinha. Eu tinha meus amigos, meu irmão gêmeo, minha família. Juntos, enfrentaríamos esse desafio, um passo de cada vez.

O resto da noite se misturou em uma combinação de lágrimas compartilhadas, abraços e tranquilizações silenciosas. Conversamos, rimos e até jogamos algumas rodadas de Cards Against Humanity, o humor negro proporcionando uma fuga muito necessária da realidade que eu enfrentava. À medida que a noite avançava, o choque inicial e o medo se transformaram em um sentimento de unidade, um vínculo fortalecido por nossas lutas. E quando adormeci, cercada por meus amigos, uma mensagem de texto de Evan iluminando meu telefone, senti uma fagulha de esperança na escuridão. Talvez, só talvez, com o amor e apoio deles, eu pudesse superar isso.

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