Capítulo Seis

Addam e eu encaramos Thelma.

O Sr. Sullivan pigarreia, com a postura de um homem que acabou de ser pego sendo humano na frente de adolescentes.

"Eu sou o Drake," ele diz.

Addam e eu trocamos um olhar.

"Ah," eu consigo dizer.

"Podem me chamar de Drake fora da sala de aula," ele acrescenta rapidamente. "Só não durante a aula. Não quero que os alunos pensem que isso é normal."

"Há quanto tempo vocês estão se beijando?" eu pergunto.

A boca de Drake se contrai com diversão enquanto ele olha para Thelma. "Desde o verão passado."

Eu pisco lentamente. "Você vai na nossa viagem de carro?"

"Mais do que provável," Thelma responde alegremente.

O universo, que odeia a paz, escolhe aquele momento para jogar Anderson na biblioteca.

"Parece que eu teria perdido dinheiro se apostasse contra você aparecer," eu murmuro.

"Vamos acabar logo com essa entrevista de merda," ele rosna.

Eu levanto uma sobrancelha. "Primeiro, você não vai rosnar para mim."

Ele me encara.

"Segundo," eu continuo, "a Sra. Morgan disse que eu posso entrevistar o Addam em vez disso. Você pode entrevistar a Meghan."

O rosto dele realmente faz aquela expressão de tela de erro confusa.

"Você está de brincadeira comigo?"

Eu dou de ombros. "Reclame com o universo."

Então eu me viro para longe dele como se o ego dele não estivesse faminto por atenção e volto para os adultos divertidos.

"Com as notícias recentes," eu digo, "estive pensando. E se comprássemos um ônibus velho e o convertêssemos em um motorhome boho?"

Thelma se ilumina como se eu tivesse acabado de lhe entregar um bilhete de loteria premiado.

"Essa é uma ideia incrível. Devemos convencer Berik e Freyja a virem também."

"Eu estava pensando exatamente a mesma coisa."

Ela realmente salta nos pés.

"Esse vai ser um verão incrível."

Eu aceno. "Agora que planejamos nosso caos inevitável... devemos fazer nossa entrevista."

"Certo, querido," Thelma diz com um sorriso. "Divirtam-se."

Addam e eu nos acomodamos em um computador com o questionário.

"Eu nasci em Portland," eu digo, "sexta-feira, 13 de maio."

"Phoenix," ele responde. "Terça-feira, 15 de novembro."

"Então você é cerca de seis meses mais velho."

"Parece que sim." Ele pausa. "Se você tem apenas dezessete, como é sênior?"

"Eu pulei a quarta série," eu digo. "Estou programada para ser a oradora da turma."

As sobrancelhas dele se levantam.

"Ok, isso é impressionante."

Eu finjo que não fiquei satisfeita. "Próxima pergunta. Tempo livre?"

"Futebol em casa. Aqui, ainda estou descobrindo." Ele dá de ombros. "Jogo no meu PC e PS4."

"Legal. Nik e eu jogamos Diablo, COD, Back4Blood."

Ele sorri. "Mesmo. Além de The Sims 4."

Eu realmente me ilumino. "Eu também jogo The Sims."

"Então somos nerds."

"Correto."

Ele escaneia a próxima pergunta.

"Objetivos de vida?"

"Assistente jurídico."

"Isso combina com você," ele diz, como se já tivesse decidido quem eu sou. "Quero ser detetive criminal."

"Isso é admirável."

Ele ri. "Eu gosto mais de como os filmes fazem os detetives parecerem legais."

"Honestidade. Nós amamos isso." Eu viro para a próxima. "Típica noite de sexta?"

Ele hesita.

"Ultimamente? Em casa. Jogos. Filmes. Sozinho."

A solidão na voz dele é quieta, mas afiada.

Eu coloco uma mão no ombro dele. "Se quiser, pode ficar com a gente. Eu, Nik, Freyja, Cherie. Às vezes Berik também está em casa."

Ele pisca, depois franze a testa.

"Eu pensei que sua mãe tinha falecido?"

"Oh." Eu exalo. "Deveria ter sido mais clara. Meus pais biológicos morreram quando eu tinha sete anos. Berik era minha babá. Ela me adotou depois."

A expressão dele suaviza.

"Desculpe."

"Obrigada." Eu olho para o questionário. "E, por favor, não coloque isso no seu discurso."

"Não vou," ele promete imediatamente.

Terminamos as perguntas com uma conversa mais leve, e quando o sinal final toca, a biblioteca parece menos um prédio e mais uma zona neutra.

Nik nos encontra na mesa da bibliotecária alguns minutos depois.

“Oi, Falencia. Quais são seus planos para o aniversário?”

“Não planejei nada,” admito. “Mas Berik e Freyja adoram surpresas, então tenho certeza que algo está vindo.”

Addam parece genuinamente confuso.

“Você não faz nada de aniversário?”

“Normalmente não.” Dou de ombros. “Não sou boa com multidões. Ansiedade social pesada.”

“Isso faz sentido,” ele diz gentilmente.

Freyja e Cherie chegam na hora certa.

“Vou ao banheiro,” digo a elas. “Encontro vocês no carro.”

No meio do corredor, meu telefone toca.

Sarah - Conselheira

“Oi, Sarah.”

“Oi, garota. Podemos remarcar sua consulta? Surgiu um imprevisto.”

Eu sorrio tão rápido que parece suspeito.

“Claro, sem problema.”

“Te ligo mais tarde hoje ou amanhã com um novo horário.”

Desligamos, e termino no banheiro sentindo como se o universo tivesse me dado um pequeno cupom de aniversário.

Ainda estou aproveitando essa rara euforia quando me dirijo ao estacionamento.

Aquela sensação volta.

Olhos em mim.

Ignoro.

Má escolha.

Assim que saio, Anderson e dois de seus amigos me cercam.

Suspiro. “Este é seu grande momento de intimidação?”

“Eu te disse que seus cães de guarda não estariam sempre por perto,” diz Anderson.

“Eu te disse que não preciso de ninguém para lutar minhas batalhas.” Endireito os ombros. “Especialmente contra você, seu patético desculpa de ser humano.”

Seu punho balança.

Eu desvio.

Agarro seu braço e torço, forçando-o a ficar abaixo da minha altura.

“Eu te avisei,” digo, baixo e mortal. “Não mexa comigo.”

Um de seus amigos avança como se estivesse fazendo audição para um papel que exige zero dignidade.

Solto Anderson e dou um passo para trás.

O garoto tenta agarrar meu cabelo.

Eu abaixo e dou um chute limpo em seu quadril, fazendo-o cambalear.

“Você trouxe reforços para lutar contra uma garota sozinha e desarmada,” digo. “Dois de vocês ainda não conseguem acertar um golpe.”

Eles se aproximam mais.

Não vejo Lance até seu braço se prender ao redor do meu pescoço por trás.

Meus pulmões apertam.

Reajo por instinto.

Passo, abaixo, giro.

Eu o viro por cima do meu ombro no pavimento, e ele cai no chão com um gemido.

Anderson congela, recalculando.

Então a voz de Nik corta o ar.

“Você deveria deixá-la em paz.”

Anderson sorri de lado.

“E se eu não deixar?”

“Não hesitarei em te lembrar o que aconteceu no verão passado,” digo friamente.

“Você me pegou desprevenido.”

“Isso é hilário.” Endireito. “Eu estava sozinha naquela vez também. Você e esses mesmos idiotas. Você esqueceu aquela lição?”

Algo muda em seus olhos.

Um brilho escuro que não parece crueldade adolescente normal.

“Vou te bater tão forte que você vai implorar para eu parar.”

Sorrio sem calor.

“Pare de falar como um vilão de desenho animado e ataque.”

Seus punhos se fecham.

Então, como o clássico covarde que é, ele estala, “Espere até eu contar para meu pai sobre isso!”

E marcha em direção ao seu carro esportivo.

Elevo minha voz enquanto ele se afasta.

“EsPeRe AtÉ Eu CoNtAr PaRa MeU pAi!”

Justin aparece ao lado de Freyja, braços envolvendo sua cintura.

“O que diabos aconteceu?”

“Anderson,” Freyja, Nik e eu dizemos em uníssono.

“Ainda?”

Dou de ombros. “Acho que ele se convenceu de que isso é romântico ou algo assim, porque alguns pais ensinam os meninos que atormentar as meninas é uma forma de flerte ou alguma besteira.”

Freyja exala.

“Devemos te levar para sua consulta.”

“Oh!” Sorrio. “Sarah remarcou. Estou livre.”

Sua expressão se ilumina.

“E agora, aniversariante?”

“Estava pensando que você me leve para casa,” digo, o cansaço da adrenalina finalmente me alcançando. “Estou precisando de uma soneca.”

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