Pesadelo parte 1

No caminho de volta para casa, meu pai e eu não trocamos uma única palavra e confesso que eu nem estava interessada em ouvir a voz dele naquele momento. Fechei os olhos enquanto colocava uma música e sorri ao lembrar do que tinha acontecido momentos atrás quando conheci Jordan.

Ao chegar em casa, corri para o meu quarto sem dar a John a chance de explicar. Eu não queria pensar em mais nada além dele, o garoto com olhos verdes cristalinos. Tirei a roupa e fui para o chuveiro tentar relaxar um pouco e, mesmo assim, meus pensamentos eram constantes. Eu tinha me confessado para ele, e agora estava confusa, me sentindo tão estúpida por ter me mostrado assim para ele. E eu nem o conhecia direito. Não sabia se no momento em que virei as costas, ele teria rido de mim e pensado que eu era boba por agir assim. Mas ao mesmo tempo, quando ele tocou meu rosto e encostou nossas testas, parecia que ele ia me beijar, e parecia tão certo me entregar. Será que fiz certo? Não fui precipitada em me declarar assim? Minha cabeça estava dando sinais de que iria doer se eu continuasse pensando nisso, porque só saberia a verdade quando o visse novamente, e eu nem acreditava que isso aconteceria. Tudo o que peço é que seja a vontade de Deus. Peguei meu celular para olhar a foto que eu tinha da minha mãe, pelo menos ele não tirou o celular de mim. Olhei para a foto dela e sorri, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas e meu peito apertar. Se mamãe ainda estivesse viva, tudo seria diferente? Papai seria um bom pai? Essas são perguntas sem resposta, perguntas que nunca saberei se são reais.

Eu estava quase dormindo quando Sophie começou a me ligar.

Chamada de Voz Ativa:

"Sophie, você está bem?" perguntei.

"Oi Ju, como você está?" diz minha amiga.

"Um pouco confusa, triste porque meu pai me deu um tapa na cara e amiga, eu nunca imaginei que ele faria isso." disse, e eu podia sentir meus olhos ardendo, eu ia chorar mais uma vez.

"Eu sei amiga, eu também fiquei surpresa." diz Sophie.

"Você viu?" perguntei, confusa porque ela não estava conosco.

"Sim, eu ia te procurar, pois o Jordan disse que foi pegar uma bebida e deixou no jardim esperando por ele, então eu meio que vi tudo." ela confessa.

"Dói muito, sabe... É tudo tão estranho," eu disse a ela.

"Ei, não fica assim. Você sabe que eu sempre estarei aqui para te ajudar, Julie." Ela sorriu ao ouvir suas palavras.

"Obrigada por tudo, Sophie, você é a irmã que eu nunca tive." confesso a ela mais uma vez.

"Eu sei, sua boba... Mesmo já tendo irmãos super chatos, eu te amo muito mais." ela diz, rindo.

"Nem um pouco convencida!" digo a ela, e ela fica em silêncio por alguns segundos.

"Olha, eu tenho novidades!" ela disse animada.

"O quê?" eu disse sem muito ânimo.

"Uau, que empolgação, hein!" ela diz, e eu reviro os olhos "Então nem vou dizer a mensagem que me enviaram..." ela disse, querendo me chantagear e conseguindo.

"Não Sophie! Me conta o que é, pelo amor de Deus!" eu disse enquanto saía da cama.

"Ele quer te ver." meu sorriso cresceu, pois eu sabia exatamente de quem ela estava falando.

"O quê?" meu coração começou a bater rápido.

"Jordan quer te ver, Julie!" diz minha amiga, e eu rio.

"Meu Deus, mas eu não posso sair de casa." falo sentindo aquele aperto, que entristece a alma.

"Eu vou dar um jeito, vou te ajudar." Eu amo tanto essa garota.

"Sophie, eu te amo, de verdade, eu te amo muito!" agradeci a ela.

"Eu sei," ela diz.

"Papai disse que quando ele chegar amanhã de manhã, ele vai conversar comigo." contei a ela.

"Então é o seguinte. Quando você tiver essa conversa, me liga e me conta o que aconteceu, se ele te proibiu de sair comigo por um tempo. Tente sondar a área e descobrir algo nessa conversa. Só assim será mais fácil para eu te ajudar," ela diz.

"Tá bom, então eu vou dormir. Te ligo amanhã e te conto tudo." eu disse.

"Tá bom, amiga, fica com Deus e olha, sonha comigo, ou melhor ainda, com o Jordan." Nós rimos e encerramos nossa ligação.

Desliguei meu celular e fui dormir, e como Sophie disse, sonhei com Jordan. No meu sonho, vi que ele e eu estávamos juntos e felizes, mas de repente meu pai apareceu. Não sei de onde ele veio, mas com sua presença ao nosso redor, notei que Jordan começou a se afastar de mim. Seu rosto estava sombrio, suas feições duras. Ele estava machucado, com um olhar triste e enquanto isso eu gritava, chorava, chamava por ele, mas nada dele voltar para mim. Aqueles olhos cristalinos se afastavam cada vez mais de mim, enquanto ele andava para trás, meu pai me levava para frente, me afastava. Juro que tentei escapar, mas papai tinha uma força enorme nas mãos e foi tudo em vão. Quando procurei os olhos de Jordan mais uma vez, não os encontrei, só vi a sombra do seu corpo longe de mim. Foi tão angustiante que comecei a me desesperar. Gritei por ajuda e ninguém me ajudou. Aquela sensação estava me destruindo.

"Julie! Julie! Acorda, criança, o que aconteceu?" Olhei para cima e vi Claire me olhando preocupada.

"Tive um pesadelo horrível!" disse, secando as lágrimas.

"Criança, não fica assim, foi só um pesadelo." Ela disse, me abraçando.

"Eu sei, mas parecia tão real, sabe, eu me senti perdida..." Eu confiava em Claire, mas não podia contar para ela. Sei que ela era como uma segunda mãe para mim, mas também sei que ela contaria. Para meu pai na primeira oportunidade.

"Bem, não precisa contar. Entendo se você se sentir mais segura guardando isso. Só vim te pedir para ir tomar seu café, e avisar que seu pai está te esperando no escritório." ela diz muito seriamente.

"Tá bom, vou só tomar um banho, escovar os dentes, e já desço." eu disse e tirei a coberta do corpo e fui para o banheiro dentro do meu quarto.

"Sim, pequena, não demora." Ela colocou um beijo no meu rosto e saiu logo depois.

Entrei no banheiro e fiz minha higiene matinal. Tomei um banho rápido e depois peguei algumas roupas confortáveis, me vesti e desci direto. Claire fez meu smoothie favorito. Ela também fez waffles cobertos de chocolate.

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