Pesadelo parte II

Depois de devorar tudo, caminhei lentamente até o escritório. Eu precisava saber o que meu pai queria. Bati na porta, e ele demorou um pouco para responder. Tentei mais uma vez e, na segunda vez que bati, ouvi um “entre” meio rabugento e entrei imediatamente.

“Sente-se, Julie,” ele disse, sem nem olhar para o meu rosto, e agora, eu estava com medo.

“O que aconteceu desta vez?” perguntei suavemente.

“Julie, eu sei que te incomodei ontem e quero te pedir desculpas. Eu entendo que passei dos limites,” ele diz, e eu sinto vontade de rir, não é a primeira vez que ele faz isso. “Mas primeiro eu queria te dizer que vou viajar, e você não poderá sair enquanto eu estiver fora, entendeu?” ele diz, olhando para mim seriamente.

“Eu realmente não saio mais. Quem dirá agora que você vai viajar... Espera, você vai viajar?” Ouvir isso me interessou.

“Sim, vou ficar fora por um mês. Tenho alguns assuntos importantes para resolver.” Apertei os lábios para evitar sorrir.

“E para onde você vai?” perguntei.

“O Brasil tem alguns contatos meus que eu preciso visitar,” ele diz, e sinto que seja lá o que ele vai fazer, não será bom.

“Tudo bem.” ele disse friamente, tentando mostrar que não se importava com isso. Mas ele percebeu algo: meu pai não era tão burro assim.

“Filha? Desculpe por ontem, eu sei que você ainda está chateada comigo, mas tente se colocar no meu lugar! Você estava com um criminoso e ainda me desafiando,” ele diz, olhando firmemente para mim.

“Você sabe que estava totalmente errado, isso não era necessário. Eu estava me divertindo, tudo estava bem, e você estragou tudo, quando na verdade tudo o que eu queria era um momento de liberdade. O Jordan só queria ser meu amigo e nada mais do que isso. O problema é entre você e o pai dele. Nós dois, Jordan e eu, não temos nada a ver com a riqueza estúpida de dois adultos. Você pode entender e se colocar no meu lugar?” Eu disse ao papai, já querendo chorar. Mas todo mundo tem orgulho, e eu tinha que ter o meu.

“Julie, me perdoe mais uma vez. Eu prometo que quando voltar do Brasil, vou resolver isso. Conversamos sobre você poder sair mais vezes, ou até mesmo frequentar a faculdade. Mas a única coisa que eu não quero é ver você com aquele garoto. Você deveria se aproximar do Joe, ele é um ótimo rapaz, e está comigo há muito tempo.” Senti repulsa quando ele mencionou o Joe. Será que meu pai não tinha ideia do que estava falando ou querendo?

“Pai, eu até concordo. Mas não o Joe, nem morta. Eu não consigo nem gostar dele, ele me assusta.” evolui para ele.

“Vamos falar sobre isso quando eu voltar da minha viagem. Até lá, como eu disse, longe daquele criminoso!” ele disse em um tom autoritário.

“Faça o que quiser, estou cansada de discutir com você. Posso sair agora?” perguntei.

“Pode, e mais uma coisa, você só pode ficar no jardim em frente à casa e dentro da casa, e nada mais. Se quiser sair, me ligue,” ele diz e balança a cabeça.

“E a Sophie, posso vê-la ou ligar para ela?” perguntei novamente.

“Claro que pode, ela não é sua amiga?” Dei um sorriso amarelo e saí do escritório dele, voltando para o meu quarto. Eu precisava ligar para a Sophie o mais rápido possível. Sorri ao lembrar do que papai tinha dito, sobre ficar fora por um mês. Afinal, essa seria minha chance, e eu estava feliz.

Peguei meu celular e me joguei na cama, ligando para a Sophie. Então, ela chamou duas vezes e na terceira atendeu.

Chamada de Voz Ativa:

“Oi Julie, como foi?” ela perguntou assim que atendeu a ligação.

“Bom dia para você também!” eu disse ironicamente.

“Já começou?” ela disse.

“Estou brincando, sua idiota!” falei para ela.

“Eu sei, e estou te provocando.” ela riu “Enfim, me conta como foi a conversa com seu pai?” perguntou.

“Acabei de sair do escritório dele e papai me proibiu de ver o Jordan de qualquer forma. Ele disse que queria que eu ficasse longe dele, e que nunca confiaria em mim, mas no Joe! Você ouviu? Ele quer que eu me interesse pelo Joe, o cara que tem idade para ser meu pai. Eu disse que não queria nada com o braço direito dele, e que com o Jordan seria amizade, mas foi tudo em vão.” revelei para minha melhor amiga.

“Escuta, Julie, você não pode ter nada e nem se aproximar do Joe. Ele não vale nada, ele é mau, entendeu? Fique o mais longe possível dele!” ela disse, um pouco assustada, me deixando confusa.

“Como assim? Você sabe de algo que eu não sei? Não estou entendendo.” perguntei, um pouco confusa.

“Vou te contar o seguinte, vou até a sua casa e conversamos, tá bom, Julie?” ela disse.

“Tá bom, vou te esperar, beijos.” eu disse.

“Beijos, amiga, até logo.” ela se despediu e eu encerrei a chamada. Olhei para a tela do celular e fiquei pensando um pouco no que ela quis dizer com aquilo. Revirei os olhos e pensei no que ela me disse, sorri boba ao lembrar do Jordan e de como eu estava loucamente encantada por ele, e nem conseguia disfarçar.

Até a Sophie chegar, pensei em tudo o que aconteceu ontem. Como as coisas acontecem rápido quando você não espera, como é louco se apaixonar do nada, mesmo sem conhecer a pessoa. O Jordan me causava borboletas no estômago, e mariposas agitadas que me faziam suspirar, rir de mim mesma, dos meus pensamentos ao saber onde me meti, e mesmo sabendo que tudo poderia dar errado, eu continuava esperando que tudo também pudesse dar certo.

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