Capítulo 2
Ella
“É ele,” minha loba, Ema, sibilou dentro da minha cabeça. “Nosso companheiro.”
“Não pode ser,” respondi. “Esse estranho? Você deve estar errada.”
E ainda assim, enquanto eu olhava para o homem, seus olhos penetrantes perfuravam os meus com uma intensidade que eu nunca havia experimentado. Ele era incrivelmente bonito.
“Minha loba sente que você deve ser minha companheira,” ele murmurou, a voz um sussurro rouco.
Então minha loba estava certa. A loba dele também sentia isso.
Por um momento, tudo ao nosso redor desapareceu. Nossos lábios se encontraram, e o mundo parecia pegar fogo.
Esse não era um beijo comum – era alimentado pela bênção do vínculo de companheiros, uma conexão única na vida no mundo superpovoado dos lobisomens de hoje.
Meus pais, sendo companheiros predestinados, sempre me falaram sobre a atração avassaladora do vínculo. Eu nunca tinha realmente acreditado até agora.
Enquanto nossos lábios se uniam, uma eletricidade passava entre nós. Cada toque acendia um fogo que ameaçava nos consumir.
Não era apenas uma fusão de bocas. Era uma colisão de duas almas se reconhecendo através das vidas.
A sensação era esmagadora, intoxicante. O calor de seus lábios, a leve pausa na respiração e o suave puxão do desejo me deixaram tonta. Cada fibra do meu ser se concentrava naquela única conexão, o vínculo se selando com um fervor que sussurrava promessas de eternidade.
Ao mesmo tempo, senti uma conexão súbita entre nós.
Era a voz dele, suas emoções, inundando em mim.
“Minha companheira,” ouvi sua voz aveludada ecoar nos meus ouvidos. “Que bom finalmente te conhecer.”
Eu já tinha ouvido antes que o primeiro beijo com um companheiro predestinado estabelecia um Vínculo Mental, uma maneira dos companheiros se comunicarem e se sentirem sem precisar dizer uma única palavra. Era uma sensação estranha, estar de repente conectada assim. Mas ao mesmo tempo, parecia eufórico.
Afastando-se, sem fôlego, eu tirei um momento para realmente olhá-lo. Ele me olhou com um par de olhos azuis frios, como o oceano em um dia claro. Ele tinha um cabelo preto como o carvão, que contrastava fortemente com aquele azul.
Mas a maneira como ele estava vestido era igualmente intrigante.
Seu terno impecável gritava luxo, distinto dos outros ao redor dele vestidos de preto. O brilho de um relógio caro chamou minha atenção, algo que meu olhar havia sido bem treinado para reconhecer, tendo crescido com riqueza geracional.
Mas o que mais me intrigava eram os homens ao nosso redor, vestidos uniformemente.
Cada um deles fingia não nos ver, mas a própria presença deles levantava muitas perguntas. Quem era esse homem, e por que ele tinha tantos guarda-costas?
“Por que você está sozinha tão tarde?” Sua voz baixa, quase rouca, me puxou de volta dos meus pensamentos.
“Hora extra,” respondi, minha voz um pouco trêmula do efeito do nosso beijo.
“Nova na cidade?” ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
“Como adivinhou?” Sorri, mas havia uma curiosidade genuína no meu tom.
“Nenhum morador em sã consciência estaria sozinho a essa hora,” ele disse, uma sombra cruzando seu rosto. “Deixe-me te levar para casa. Podemos nos conhecer um pouco mais no caminho.”
Apesar da estranheza de entrar em um carro com um homem que eu tinha acabado de conhecer, algo me dizia para confiar nele, mesmo que apenas para a carona até em casa. Ele era meu companheiro predestinado, afinal.
Enquanto nos acomodávamos nos assentos de couro luxuosos, ele olhou para mim. “Você é uma Ômega ou uma Beta?” ele perguntou abruptamente.
Franzi a testa, surpresa. “Por que Alfa não é uma opção?”
Ele apontou para o rasgo na minha manga, para a simplicidade da minha roupa. “Mesmo que você fosse, eu poderia dizer o que você realmente é.”
“E o que seria isso?” perguntei, inclinando a cabeça para o lado.
Ele zombou. “Uma plebeia, claramente.”
Sua presunção me irritou. “Quem é você para julgar?” retruquei.
De repente, ele se inclinou em minha direção. Ele segurou meu queixo, não de forma rude, mas ainda assim me forçando a olhar para ele.
“Apart dos meus pais, ninguém fala comigo dessa maneira,” ele disse friamente. “Agora responda. Ômega ou Beta?”
Afastei a mão dele, o calor da raiva substituindo o calor anterior. “Por que isso importa?”
Seus olhos escureceram. “Se você for uma Ômega, é pior do que eu pensava.”
“Pior?” Minha voz tremia de indignação. “Todos, independentemente de sua posição, têm valor. Você está sugerindo o contrário?”
Ele se inclinou. "Você deve saber que sou um Alfa. Se você fosse uma Beta, seria uma coisa, mas não o fim do mundo. Mas um Alfa como eu, se escolher uma Ômega como parceira, é... complicado."
"Mas por quê?" Minha mente estava a mil. "Todo mundo sonha em encontrar seu par destinado, independentemente do rank, a menos que já tenha se ligado a alguém. Você já está noivo?"
Ele riu amargamente. "Não," disse ele, sua voz pingando condescendência, "mas eu sei com quem vou me casar. Ela é uma Alfa, nova aqui, como você."
Fiquei boquiaberta. "E ela vai simplesmente cair nos seus braços?"
Ele me lançou um sorriso confiante. "Eu sempre consigo o que quero."
Que audácia! Minha atração inicial por esse homem rapidamente se transformou em repulsa. Desviei o olhar, encarando a janela, as luzes de néon da cidade passando borradas.
O silêncio no carro era palpável, um denso nevoeiro de tensão que parecia engrossar à medida que passávamos pelos postes de luz e placas de néon. O suave ronco do motor e a ocasional buzina distante eram as únicas coisas que preenchiam o silêncio.
Eu podia sentir o olhar pesado desse homem sobre mim de vez em quando, mas mantive meus olhos fixos na janela. Eu tinha acabado de conhecê-lo, e ele era meu par destinado, mas eu já não gostava dele.
Era possível rejeitar um par destinado. Eu poderia rejeitá-lo, e isso quebraria nosso vínculo, me deixando livre para encontrar outra pessoa. Quem quer que eu encontrasse não seria meu par destinado, mas seria melhor do que... seja lá o que isso fosse. Na verdade, eu preferiria ficar sozinha do que estar com um idiota arrogante.
"A propósito," ele disse, quebrando tanto o silêncio quanto minha linha de pensamento. "Qual é o seu nome?"
Bufei e cruzei os braços sobre o peito. "Não vou te contar. Já que é aparentemente tão importante e esmagador que eu sou apenas uma Ômega, então meu nome não deve importar, deve?"
"Ah, vamos lá..." Ele se inclinou mais perto de mim, seu cheiro preenchendo minha mente mais uma vez. Era intoxicante, vertiginoso. "Não seja assim."
Bufei novamente e me inclinei para longe, mantendo meu olhar fixo na janela.
"Está bem." O homem soltou um rosnado baixo e se recostou no assento. "Faça do seu jeito."
O resto da viagem foi silencioso.
Quando o carro parou, eu estava em frente ao meu prédio de apartamentos. Era um prédio pequeno a uma curta distância do escritório de advocacia, e eu o escolhi precisamente por essa razão.
Não havia nada de especial nele, era apenas um prédio de tijolos, de alguns andares, com um portão de ferro na porta da frente. Quando meus pais o viram pela primeira vez, pensei que meu pai teria um ataque cardíaco.
Moana, no entanto, apenas riu e me levou para comprar suprimentos de proteção: uma grande lanterna que também poderia ser usada como um taco para facilmente quebrar o crânio de alguém (além de fornecer luz), um spray de pimenta e um mecanismo especial que poderia ser colocado na minha porta entre a parede e a fechadura para que ninguém pudesse abri-la por fora, mesmo que tivesse uma chave.
Sempre apreciei sua abertura para minha liberdade de experimentar a cidade por conta própria, e valorizava esses itens que ela comprou para mim, caso realmente fossem úteis algum dia.
"Bem... Aqui estamos, eu acho." O homem se inclinou para frente, olhando pela janela com uma expressão óbvia de desgosto no rosto. "Este é o lugar certo, certo?"
Assenti, abrindo a porta. "Sim. Obrigada."
Sem dizer mais nada, saí do carro, desesperada para colocar distância entre nós. Mas uma mão no meu braço me deteve.
"Espere."
Sua voz chamou minha atenção. Eu congelei, sem me virar ainda, mas curiosa para ouvir o que ele tinha a dizer.
"Eu reconheço que você é meu par destinado, e não há como negar isso. Não posso simplesmente deixar você ir embora, então deixe-me fazer uma oferta que você não pode recusar."
Eu me virei, pronta para responder, mas suas próximas palavras me pegaram de surpresa.
"Eu te darei um milhão de dólares por ano. Para ficar comigo. Em particular."
Eu o encarei em choque. A audácia! Ele acabou de propor...? "Você está me oferecendo para ser sua amante?"
Ele hesitou, então assentiu. Seus olhos azuis frios lentamente subiram para o meu prédio de apartamentos, que ele olhou com uma expressão óbvia de desgosto no rosto.
"Com esse tipo de dinheiro, você poderia mudar sua vida de plebeia."
Meu sangue instantaneamente começou a ferver.
