Capítulo 2
POV da Alina
Eu tropecei pelas luzes pulsantes da boate, minha visão turva pelos shots de tequila que eu já havia perdido a conta há horas. O ritmo da música pulsava nas minhas veias, sincronizando com meu batimento cardíaco errático. Eu me sentia invencível, livre das amarras da realidade, flutuando em uma nuvem de euforia embriagada.
Não lembro como acabei naquele canto isolado da boate, mas lá estava ele—olhos escuros perfurando a luz tênue, um sorriso enigmático que parecia prometer uma fuga de tudo que era mundano. Não trocamos nomes, apenas um olhar que durou um segundo a mais. Sua mão encontrou a minha, um entendimento mútuo de que palavras eram desnecessárias.
Nos movemos pelo labirinto de corpos suados e luzes neon, chegando aos quartos privados no andar de cima. O quarto em que entramos era um mundo à parte—iluminado, com um sofá de veludo que nos chamava para mais perto. A porta se fechou atrás de nós, um sinal de que estávamos agora isolados do resto do mundo.
Ele me pressionou contra a parede, seus lábios encontrando os meus com uma fome que igualava a minha. O beijo era eletrizante, um calor se espalhando pelo meu corpo. Meus dedos se enroscaram em seu cabelo, puxando-o para mais perto, desesperada para apagar as barreiras entre nós. Suas mãos percorriam meu corpo, cada toque enviando arrepios pela minha espinha. Eu me sentia em chamas, cada beijo e carícia alimentando ainda mais o fogo.
“Deus, você é linda,” ele murmurou contra meu pescoço, sua respiração quente na minha pele.
Respondi com um gemido suave, palavras parecendo inadequadas para expressar a intensidade do momento. Nossas roupas pareciam desaparecer com uma urgência, cada peça descartada no chão. Ele me levantou, e eu enrolei minhas pernas ao redor de sua cintura, sua força um âncora reconfortante no caos giratório do nosso desejo.
Caímos no sofá, um emaranhado de membros e suspiros ofegantes. Seu toque estava em toda parte, explorando, provocando, e eu o acompanhava com igual fervor. O mundo lá fora deixou de existir; havia apenas nós dois, perdidos nessa embriaguez inebriante. Seus lábios traçaram um caminho pelo meu pescoço, suas mãos explorando as curvas do meu corpo como se as mapeassem pela primeira vez.
“Você quer isso?” ele sussurrou, sua voz rouca de necessidade.
“Sim,” eu sussurrei, minha voz tremendo de antecipação.
Ele me penetrou então, uma sensação tão intensa que roubou meu fôlego. Nos movíamos juntos em perfeita sintonia, uma dança de paixão e desespero. Cada investida nos levava mais perto do limite, nossos gemidos se misturando com os batimentos abafados da música da boate. O ar estava denso com o cheiro de suor e desejo, cada toque e som amplificados por nossos sentidos aguçados.
“Olhe para mim,” ele disse, sua voz comandando, mas gentil.
Nossos olhos se encontraram, e por um momento, senti uma conexão não dita, um reconhecimento que transcendeu o anonimato do nosso encontro. Mas o álcool borrava as bordas dos meus pensamentos, e rapidamente me perdi novamente nas sensações avassaladoras.
O crescendo se construiu rapidamente, uma onda de prazer nos envolvendo. Gritei seu nome—ou pelo menos o nome que meu cérebro embriagado conjurou no calor do momento—enquanto meu corpo convulsionava em êxtase. Ele me seguiu logo depois, seu aperto se intensificando ao meu redor enquanto ele tremia com a liberação.
Por um momento, ficamos ali, nossas respirações pesadas e se misturando no espaço confinado. O pós-prazer era um casulo quente, um breve alívio da realidade que inevitavelmente nos atingiria.
Ele afastou uma mecha de cabelo do meu rosto, seu toque surpreendentemente terno. “Isso foi...” ele parou, um sorriso satisfeito brincando em seus lábios.
“É,” eu concordei, incapaz de encontrar palavras para encapsular a experiência. Senti uma pontada de arrependimento ao perceber que ainda não sabia seu nome, nem ele o meu. Éramos estranhos unidos por uma noite de paixão embriagada, destinados a retornar às nossas vidas separadas sem nunca realmente nos conhecermos.
A luz da manhã filtrava pelas cortinas finas, lançando um brilho suave sobre o quarto desconhecido. Pisquei, meus olhos se ajustando ao brilho. À medida que meus sentidos gradualmente retornavam, me tornei consciente do calor ao meu lado. Virei a cabeça lentamente e congelei.
Lá, deitado ao meu lado, estava um jovem com o cabelo desgrenhado e uma expressão pacífica. O pânico tomou conta de mim ao reconhecer suas feições familiares. Não era qualquer cara. Era o Ryan, o astro do campus, o cara por quem todas as garotas suspiravam. As memórias da noite passada voltaram em flashes—fragmentos de beijos ardentes, palavras sussurradas e desejo intoxicante. Meu coração disparou ao perceber a realidade da situação.
Meu Deus. Ryan. Eu dormi com o Ryan.
Sentei-me abruptamente, segurando o cobertor contra o peito. Meu movimento o fez se mexer um pouco, mas ele não acordou. Eu não podia deixá-lo me ver ali. Eu não podia deixar ninguém saber. A ideia dos boatos, dos olhares julgadores, dos sussurros cruéis—era demais para suportar. Eu tinha que sair dali antes que ele acordasse.
Deslizei para fora da cama o mais silenciosamente possível, recolhendo minhas roupas espalhadas pelo chão. Meu vestido da noite passada estava amassado, mas eu o vesti apressadamente, minhas mãos tremendo. Meus sapatos estavam debaixo da cama, e eu tive que me agachar para pegá-los, respirando de forma superficial.
Enquanto me endireitava, arrisquei um olhar para Ryan. Ele ainda estava dormindo, alheio ao meu turbilhão interno. Caminhei na ponta dos pés até a porta, meu coração batendo forte a cada passo. A maçaneta estava fria na minha mão, e por um momento, hesitei. Parte de mim queria ficar, enfrentar o que quer que isso significasse, mas o medo venceu.
Abri a porta apenas o suficiente para passar e a fechei atrás de mim com um clique suave. O corredor estava vazio, e eu desci as escadas apressadamente, minha mente a mil. Como eu deixei isso acontecer? A noite passada deveria ser apenas mais uma noite selvagem, uma fuga do estresse dos exames e trabalhos. Agora, tinha se transformado em algo muito mais complicado.
Saí para o ar fresco da manhã, a luz do sol forte contra minha ressaca. Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. A boate, agora silenciosa e quase deserta, parecia um lugar completamente diferente. Peguei meu celular para chamar um táxi, rezando para não encontrar ninguém conhecido.
“Alina,” murmurei para mim mesma enquanto esperava, “o que você fez?”
O táxi chegou rapidamente, e eu entrei, dando meu endereço ao motorista. Enquanto nos afastávamos, não pude deixar de olhar para o prédio. Parte de mim esperava que Ryan saísse correndo, chamando meu nome, exigindo uma explicação. Mas a rua permaneceu vazia, e eu me afundei no assento, alívio e ansiedade se misturando no meu peito.
Quando finalmente cheguei ao meu apartamento, entrei correndo, trancando a porta atrás de mim. Encostei-me nela, olhos fechados, tentando me acalmar. Eu precisava pensar. Precisava descobrir o que fazer a seguir. Meu celular vibrou na minha mão, e eu olhei para ver uma mensagem da minha melhor amiga, Clara.
“Onde você se meteu ontem à noite? Estávamos preocupadas!”
Suspirei, digitando uma resposta rápida. “Cheguei em casa segura. Falo depois.”
Joguei o celular no sofá e fui para o banheiro. Um banho quente talvez ajudasse a clarear minha mente. Enquanto a água caía sobre mim, tentei juntar os eventos da noite passada. Como eu não reconheci o Ryan? Talvez fosse a iluminação fraca, o álcool, a improbabilidade de tudo.
Esfreguei minha pele, tentando lavar os resquícios de culpa e confusão. Quando saí, me senti um pouco mais composta. Enrolei-me em uma toalha e me olhei no espelho. Meu reflexo me encarava, olhos arregalados com o choque persistente.
Isso não podia acontecer de novo. Ninguém podia saber. Eu tinha que agir como se tudo estivesse normal, como se nada tivesse mudado. Mas, no fundo, eu sabia que não era tão simples. Eu teria que enfrentar Ryan em algum momento. O campus era pequeno demais para evitá-lo para sempre.
Vesti-me rapidamente, optando por roupas confortáveis. Meu estômago revirava com a ideia de encontrar Ryan, mas empurrei o medo para o lado. Eu não podia me dar ao luxo de desmoronar agora. Tinha que ser forte, fingir que a noite passada foi apenas um deslize, um erro que nunca se repetiria.
Com um suspiro profundo, saí do meu apartamento, pronta para enfrentar o dia. Mas, enquanto caminhava para minha primeira aula, não conseguia me livrar da sensação de que minha vida tinha acabado de tomar um rumo do qual não haveria retorno fácil.
































































