Capítulo 3
POV do Ryan
Acordei com a luz da manhã atravessando as cortinas e me puxando das profundezas do sono. Minha cabeça latejava, uma lembrança dolorosa da bebedeira excessiva da noite passada. Pisquei, tentando juntar as memórias fragmentadas, mas elas estavam nebulosas, como um sonho fora de alcance.
Virei para o lado, esperando vê-la ali, a garota da noite passada. Em vez disso, encontrei um espaço vazio, os lençóis frios onde ela deveria estar. A confusão tomou conta de mim. Quem era ela? Esforcei-me para lembrar seu rosto, seu nome—qualquer coisa que pudesse ancorá-la na minha memória.
Tudo o que eu conseguia lembrar eram flashes: a sensação da pele dela, o gosto dos seus lábios, o cheiro intoxicante que parecia me envolver como um cobertor quente. Sentei-me, o quarto girando enquanto eu fazia isso. O cheiro persistente ainda estava lá, fraco, mas inconfundível. Era uma mistura de baunilha e algo floral, uma combinação que me arrepiava.
Passei a mão pelo cabelo, tentando afastar os resquícios do sono.
“Quem é você?” sussurrei para o quarto vazio, o silêncio zombando de mim. Olhei ao redor, esperando encontrar alguma pista, algo que me levasse até ela. Mas não havia nada. Nenhum bilhete, nenhuma peça de joia esquecida—nada além do cheiro que parecia se agarrar ao ar.
Meus sentidos eram mais aguçados do que a maioria, um presente da minha herança de lobisomem. Fechei os olhos e me concentrei, inalando. O cheiro dela estava lá, sutil, mas distinto, e eu deixei que ele me guiasse através da névoa dos meus pensamentos. Eu quase podia vê-la—cabelos escuros caindo sobre os ombros, olhos que brilhavam com uma mistura de travessura e desejo. Mas os detalhes eram elusivos.
Levantei-me, sentindo uma onda de determinação. Eu precisava encontrá-la. Não apenas por causa da noite que compartilhamos, mas porque havia algo nela que parecia...importante. Vesti-me, meus movimentos automáticos enquanto minha mente fervilhava com as possibilidades. Quem era ela? E por que eu sentia uma atração tão poderosa por ela?
Saí do quarto; o cheiro me guiando como um farol. Ele me levou pelo clube, agora quieto após o caos da noite passada. A pista de dança, antes pulsante, agora estava deserta, o único som era o zumbido distante do tráfego matinal lá fora.
Quando cheguei à entrada principal, parei. O que eu esperava encontrar? Uma parte de mim sabia que era inútil, que ela já tinha ido embora há muito tempo, mas outra parte de mim se agarrava à esperança de que eu pudesse vê-la novamente, que eu pudesse desvendar o mistério de sua identidade.
Cheguei ao campus com um sentimento de inquietação. Os eventos da noite anterior ainda pairavam na minha mente. Os rostos ao redor se misturavam em um mar de familiaridade enquanto eu navegava pelo pátio movimentado. Meus amigos, como sempre, estavam esperando perto da fonte, rindo e conversando sobre as últimas fofocas.
“E aí, Ryan,” Jake chamou, me lançando um sorriso. “Você parece que viu um fantasma.”
“Noite difícil,” respondi, passando a mão pelo cabelo. “Não dormi bem.”
“É, nós ouvimos,” Mark acrescentou com uma risada, me cutucando de brincadeira. “Ouvi dizer que você foi o rei da festa ontem à noite.”
Forcei uma risada, mas minha mente estava em outro lugar. Enquanto conversávamos, meus olhos vasculhavam a multidão, procurando qualquer sinal da garota da noite passada. Parecia inútil, mas eu não conseguia me livrar da sensação de que ela estava mais perto do que eu imaginava.
E então eu a vi. Alina. Ela estava atravessando o pátio, com a cabeça baixa, movendo-se com propósito. Algo nela parecia estranho. Ela parecia tensa, como se estivesse tentando evitar alguém. Tentando evitar...eu?
“Ei, não é a Alina?” Jake perguntou, seguindo meu olhar.
“É,” murmurei, minha curiosidade despertada. Por que ela estava agindo de forma tão estranha? Decidi descobrir.
“Já volto,” disse aos caras, deixando-os para trás enquanto me dirigia a ela. Quando me aproximei, notei que seus passos aceleraram, seus ombros se tensionando ao perceber que eu estava indo em sua direção.
“Alina!” chamei, diminuindo a distância entre nós. Ela não parou, nem sequer olhou para trás. Era como se estivesse tentando fingir que não me ouviu. Mas eu não ia deixá-la escapar tão facilmente.
“Alina, espera!” Estendi a mão e segurei gentilmente seu braço, parando-a. Ela se virou para me encarar, seus olhos arregalados com algo que parecia medo. Ou talvez fosse apenas choque. De qualquer forma, isso me deu um calafrio.
“Ryan,” ela disse, a voz mal passando de um sussurro. “O que você quer?”
“Por que você está me evitando?” perguntei, minha voz mais exigente do que eu pretendia. “Aconteceu alguma coisa?”
Ela olhou ao redor, claramente desconfortável. “Eu... eu não sei do que você está falando.”
“Vamos, Alina,” disse, tentando manter meu tom firme. “Eu sei que algo está acontecendo. Você pode me contar.”
“Eu realmente preciso ir,” ela disse, puxando o braço e dando um passo para trás. “Estou atrasada para a aula.”
“Alina,” chamei, mas ela já estava se afastando, mais rápido desta vez. A frustração borbulhou dentro de mim. Por que ela estava agindo assim?
Enquanto eu estava ali, Mark e Jake me alcançaram, suas expressões curiosas. “O que está acontecendo?” Mark perguntou, olhando entre Alina e eu.
“Ela está escondendo algo,” disse, com o maxilar tenso. “E eu pretendo descobrir o que é.”
Nos dias seguintes, mantive um olho atento em Alina. Ela estava sempre tentando me evitar, entrando em salas de aula ou desaparecendo na biblioteca sempre que eu estava por perto. Era irritante, e minha frustração só aumentava. Eu não estava acostumado a ser ignorado ou evitado, especialmente por alguém como Alina.
Uma tarde, vi-a sentada sozinha debaixo de uma árvore, lendo um livro. Ela parecia tão tranquila, tão diferente da garota que vinha me evitando a semana toda. Respirei fundo e caminhei até ela, determinado a obter algumas respostas.
“Alina,” disse, parando na frente dela. Ela olhou para cima, assustada, seus olhos arregalados.
“Ryan, o que você quer?” ela perguntou, a voz tremendo ligeiramente.
“Quero saber o que está acontecendo,” respondi, mantendo minha voz baixa. “Por que você está me evitando?”
Ela olhou ao redor, como se esperasse que alguém a salvasse. Mas estávamos sozinhos. “Eu... eu não sei do que você está falando.”
“Não minta para mim,” disse, minha paciência se esgotando. “Algo aconteceu, e eu quero saber o que é.”
Lágrimas brotaram em seus olhos, e ela desviou o olhar. “Por favor, só me deixe em paz,” sussurrou.
“Não até você me contar a verdade,” insisti, dando um passo mais perto. “Do que você tem tanto medo?”
“Ryan, afasta,” Mark disse, aparecendo de repente ao meu lado. “Você está assustando ela.”
Olhei para Alina, realmente olhei para ela, e vi o medo em seus olhos. Dei um passo para trás, minha raiva se esvaindo.
Mas ela já estava juntando suas coisas, correndo antes que eu pudesse terminar. Fiquei observando-a ir embora, meu coração pesado com arrependimento e confusão. O que eu tinha feito para deixá-la tão assustada comigo? E como isso estava conectado à garota da noite passada?
Enquanto eu estava ali, vendo-a desaparecer na multidão, percebi que descobrir a verdade seria mais difícil do que eu pensava. Mas eu não ia desistir. Ainda não.
































































