Capítulo 9

POV da Alina

Ryan, que percebeu a direção do meu olhar, seguiu meu olhar e viu o garotinho. Ele sorriu levemente, provavelmente tentando encontrar uma maneira de aliviar a atmosfera pesada entre nós.

"Você quer sorvete?" ele perguntou de repente, sua voz suave, mas alegre.

Saí dos meus pensamentos e olhei para ele, um pouco surpresa com sua oferta repentina. "O quê?" perguntei, ainda não processando totalmente sua pergunta.

Ryan acenou com a cabeça em direção ao garotinho. "Sorvete. Você parece estar levando isso muito a sério. Talvez isso nos ajude a nos sentir um pouco melhor."

Eu ri, me sentindo desconfortável, mas ao mesmo tempo divertida com sua ideia simples. "Sorvete, hein? Talvez não seja uma má ideia," disse finalmente, sorrindo um pouco.

"Vejo que você é meio maluca." Ele disse em um tom descontraído.

Quase ri com essa frase, "Talvez, depois de falhar como líder de torcida, minha sanidade tenha erodido um pouco." Brinquei.

Ryan sorriu mais amplamente. "Vamos lá, vamos procurar o vendedor de sorvete mais próximo," disse ele enquanto ligava o motor do carro novamente.

Saímos do parque e vagamos procurando um vendedor de sorvete. Não demorou muito até encontrarmos uma pequena barraca vendendo vários tipos de sorvete. Ryan estacionou o carro e nós dois saímos, caminhando em direção ao quiosque.

"O que você quer?" ele perguntou quando chegamos na frente do quiosque.

Olhei para as opções de sorvete disponíveis, "Vou escolher o sabor chocolate." disse finalmente.

Ryan acenou com a cabeça e pediu dois sorvetes de chocolate. Depois de pagar, ele me entregou um dos cones de sorvete. Voltamos para o carro e nos sentamos dentro, aproveitando nosso sorvete em um silêncio mais confortável.

Senti a frescura do doce sorvete derreter na minha boca, e pela primeira vez em dias, me senti um pouco mais leve. "Obrigada, Ryan." disse baixinho, olhando para o meu sorvete.

Ryan acenou com a cabeça, sorrindo para mim. "Às vezes, pequenas coisas como sorvete podem nos fazer sentir um pouco melhor."

Acenei com a cabeça em concordância, sentindo que, embora nossa situação fosse muito complicada, pelo menos havia momentos simples como esse que podiam nos ajudar a passar o dia. Sentamos ali, aproveitando nosso sorvete e conversando sobre coisas leves, esquecendo por um momento o grande problema que acabávamos de decidir.

"A propósito, qual é a história de você estar no bar naquela hora? Você não parece ser uma garota má," perguntou Ryan enquanto aproveitava seu sorvete.

Essa pergunta de repente me deixou sem palavras. A história e meus sentimentos naquela época são realmente difíceis de explicar com palavras. Não é difícil, mas não vale a pena expressar a dor no meu coração.

"É uma longa história, talvez seja meio boba para você," respondi baixinho, tentando evitar seu olhar.

Ryan balançou a cabeça, "Não acho ridículo. Só quero entender o que aconteceu."

Respirei fundo, reunindo coragem para falar. "Ok, vou tentar explicar," disse finalmente, decidindo me abrir. "Tudo começou com uma audição para líder de torcida na escola. Eu estava treinando muito, quase todos os dias. Eu realmente queria me qualificar e fazer parte daquele time."

Ryan acenou com a cabeça, indicando que estava ouvindo seriamente. Continuei, "Mas no dia da audição, eu estava muito nervosa. Cometi vários pequenos erros, mas o pior foi quando caí no meio de uma rotina. Todos olharam, e eu podia ouvi-los rindo. As outras garotas que estavam fazendo a audição começaram a zombar de mim, dizendo coisas cruéis."

Senti os olhos de Ryan me olhando atentamente. "Elas disseram que eu não pertencia ali, que eu nunca seria uma boa líder de torcida. Me senti tão humilhada e devastada. Eu me esforcei tanto, mas parecia que tudo foi em vão. Depois da audição, fiquei muito triste e frustrada. Não sabia o que fazer ou para onde ir. Decidi ir a um bar para tentar esquecer tudo. Sei que não é uma boa ideia, mas só queria escapar da dor." Expliquei lentamente com uma voz pequena.

Ryan ficou em silêncio, contemplando minhas palavras. "Eu não sabia que era isso. Sinto muito, Alina. Elas não deveriam te tratar assim."

Assenti, sentindo-me um pouco aliviada depois de dizer tudo. "Foi uma das piores noites da minha vida. Me senti tão sozinha e sem valor."

Ryan me olhou com empatia. "Você não está sozinha e não é sem valor. As pessoas podem ser muito cruéis, mas isso não define quem você é."

Sorri levemente, sentindo-me um pouco melhor. "Obrigada, Ryan. Eu sei disso agora, mas na época, era tão difícil ver."

Ele acenou com a cabeça e segurou minha mão gentilmente. "Fico feliz que você tenha me contado. Você é mais forte do que pensa, Alina."

Senti o calor de seu aperto e a honestidade em suas palavras. Talvez, só talvez, haja esperança para nós dois através de tudo isso. Pelo menos, por agora, podemos compartilhar a dor e tentar curá-la juntos. Depois de terminarmos de aproveitar o sorvete, Ryan me levou para dar uma volta pela área do parque, que estava cheia de vendedores ambulantes. Me senti um pouco desconfortável com a ideia, especialmente depois da conversa séria que acabamos de ter.

"Você quer experimentar comida de rua?" Ryan perguntou, sua voz leve, mas firme.

Me senti um pouco relutante. "Não estou com tanta fome, Ryan. Talvez na próxima vez?"

Ryan sorriu, mas havia um tom de insistência em sua voz. "Vamos lá, só um pouco. Podemos comer juntos e conversar mais."

Finalmente, cedi. "Ok," disse, tentando sorrir.

Nos aproximamos de um vendedor de salsichas grelhadas e Ryan pediu alguns espetinhos. O aroma saboroso fez meu estômago roncar um pouco, lembrando-me que não tinha comido muito o dia todo. Enquanto esperávamos as salsichas cozinharem, Ryan pediu vários outros petiscos—batatas fritas, almôndegas grelhadas e takoyaki.

Sentamos em um banco do parque, aproveitando a comida enquanto observávamos as pessoas passarem. Conversas leves sobre nossos alimentos favoritos aliviaram um pouco a atmosfera tensa. No entanto, ainda sentia que havia um peso entre nós, algo que não podia ser apagado apenas com comida.

Depois de terminar de comer, Ryan me levou para casa. Me senti um pouco melhor, mas ainda desconfortável com a situação que acabávamos de vivenciar. Quando o carro de Ryan parou em frente à minha casa, vi alguém parado na porta. Meu coração disparou quando percebi que era o Mark.

Ryan desligou o motor e saímos do carro. Mark nos viu chegando e parecia confuso. "Alina, por que você está voltando para casa com o Ryan?" ele perguntou com uma voz cheia de preocupação.

Tentei explicar calmamente. "Mark, não é o que você está pensando. Nós só precisávamos resolver algumas coisas."

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo