Capítulo 4 Seu marido

Sarah POV

"Quem diabos é você?" perguntou o homem barbudo.

"O marido dela." A voz de Michael carregava uma autoridade fria que fez algo profundo no meu peito responder instintivamente.

O homem barbudo soltou uma risada áspera. "Marido? Olha esse bonitão achando que pode nos dizer o que fazer." Ele gesticulou para seus amigos com a mão livre. "Você vê quatro de nós aqui, certo? Talvez você devesse ir embora e deixar os adultos cuidarem disso."

"Solte. Ela. Agora." Cada palavra caía como um golpe de martelo.

Eu nunca tinha ouvido Michael falar assim antes. O homem gentil, quase hesitante de nossos breves encontros, tinha desaparecido. Essa versão dele estava ali com uma autoridade inconsciente que parecia em desacordo com sua alegação de ser um gerente de negócios de nível médio.

"Ou o quê?" O aperto do homem no meu pulso ficou doloroso, me fazendo estremecer. "Você vai nos obrigar?"

Foi quando vi algo passar pelo rosto de Michael—algo escuro e perigoso que fez meu coração falhar uma batida.

"Estou pedindo educadamente," Michael disse, dando um passo à frente. "Esta é sua última chance de fazer isso do jeito fácil."

Um dos outros homens, aparentemente mais corajoso com a coragem líquida, levantou-se e empurrou Michael com força no peito. "Cai fora, idiota!"

Michael mal se moveu. Ele absorveu o empurrão como se fosse nada mais que um empurrãozinho. O bêbado que o empurrou de repente parecia incerto.

"Isso foi um erro," Michael disse calmamente.

O que aconteceu a seguir foi tão rápido que quase perdi. A mão de Michael disparou e agarrou o pulso do homem que empurrou, torcendo-o de uma maneira que fez o cara gritar e cair de joelhos. Ao mesmo tempo, sua outra mão se moveu para o antebraço do homem barbudo—o que me segurava—aplicando pressão em algum ponto que o fez soltar meu pulso com um palavrão.

"Jesus Cristo!" ele tropeçou para trás, sacudindo a mão. "Que diabos?"

Michael se posicionou diretamente entre mim e eles. Havia algo quase militar na maneira como ele se movia, como se tivesse sido treinado para situações exatamente como essa.

"Agora você me irritou," rosnou o homem barbudo, puxando uma pequena faca do bolso.

Foi quando a porta da cozinha se abriu com força.

Tony saiu correndo, brandindo uma espingarda, o cano apontado diretamente para o grupo de homens. "Chega! Todo mundo para trás AGORA!"

O restaurante ficou em silêncio absoluto.

"Vou chamar a polícia," Tony anunciou, alcançando o telefone.

A visão da espingarda parecia cortar a bravata alimentada pelo álcool.

"Isso não acabou," murmurou o homem barbudo, mas ele já estava recuando em direção à porta.

"Peçam desculpas à senhora," Michael disse, sua voz ainda carregando aquele tom de autoridade absoluta. "Agora."

Sob a pressão combinada da espingarda de Tony e da presença intimidadora que Michael estava projetando, eles murmuraram desculpas relutantes antes de tropeçarem para fora na noite.

Assim que a porta se fechou atrás deles, meus joelhos cederam. A adrenalina que me mantinha de pé de repente se esvaiu, me deixando trêmula e sobrecarregada.

"Você está machucada?" Michael estava ao meu lado instantaneamente, suas mãos pairando perto dos meus ombros, mas sem me tocar.

"Estou bem," consegui dizer. "Obrigada. A ambos."

Tony colocou a espingarda de lado e enxugou o suor da testa. "Obrigado por proteger a Sarah," ele disse a Michael, estendendo a mão. "Sou o Tony."

"Michael Johnson," Michael respondeu, apertando firmemente a mão de Tony. "Eu que devo agradecer por proteger minha esposa."

"O marido da Sarah, é?" Tony ergueu uma sobrancelha. "Ela nunca mencionou que era casada. Quando isso aconteceu?"

"Bem recentemente," Michael confirmou com um leve sorriso.

"Bom, é melhor eu voltar para a cozinha," disse Tony, ainda curioso, mas educado o suficiente para não insistir.

Depois que Tony desapareceu na cozinha, um silêncio constrangedor se instalou entre Michael e eu. Finalmente estávamos sozinhos, e eu percebi que não fazia ideia do que dizer a esse homem que aparentemente era meu marido.

"Então," comecei. "Obrigada. De novo. Você não precisava..."

"Sim, eu precisava. Você é minha esposa."

A maneira como ele disse isso provocou um estranho frio na minha barriga. Havia uma possessividade naquelas palavras que deveria ter me incomodado, mas de alguma forma não incomodou.

"Posso te perguntar uma coisa?" Me peguei estudando o rosto dele, procurando pistas sobre o homem que eu acabara de conhecer. "Onde você aprendeu a fazer aquilo? Aquilo com os pulsos deles?"

Michael se mexeu desconfortavelmente. "Negócios podem ser... desafiadores às vezes. Tive que fazer algumas aulas de autodefesa."

Parecia uma verdade parcial. "Que tipo de desenvolvimento de negócios requer esse nível de treinamento?"

"Do tipo em que às vezes você tem que negociar com pessoas difíceis em lugares difíceis," ele disse. "Nem todo mundo faz negócios em salas de reunião."

Inclinei a cabeça, intrigada. "Isso parece perigoso."

"Na maioria das vezes são apenas reuniões e papelada," Michael disse, então pareceu se corrigir. "E você? Me fale sobre o Tony. Vocês parecem próximos."

Senti-me relaxar com a mudança de assunto. "Ele tem sido como um irmão mais velho protetor desde que comecei a trabalhar aqui. A esposa dele, Maria, está no hospital há meses—ela tem uma condição autoimune rara que requer tratamento experimental. O seguro mal cobre qualquer coisa."

"Isso deve ser incrivelmente estressante para ele."

"É. Ele trabalha aqui durante o dia e passa as noites no hospital. Minha mãe na verdade ajudou ele a conseguir esse emprego. Ela trabalha como faxineira no Hospital Central da Star City, aqui ao lado, e conheceu a Maria quando ela foi internada pela primeira vez. Minha mãe tem essa coisa de ajudar pessoas que estão passando por dificuldades, então pediu para eu falar com o dono daqui. Assim, o Tony pode economizar dinheiro para as contas médicas e ficar perto o suficiente para visitar a Maria durante os intervalos."

"Sua mãe parece uma mulher notável."

"Ela é. Passou por muita coisa, mas nunca perde esse instinto de cuidar dos outros."

"Na verdade, foi por isso que vim hoje à noite," disse Michael, encontrando meus olhos. "Queria te ver e estava esperando conhecer sua mãe também."

Senti uma surpresa. "Sério? Mas pensei que seu trabalho estava te mantendo ocupado."

"Já coloquei tudo em dia," ele disse simplesmente.

A maneira como ele disse isso fez um calor se espalhar pelo meu peito. "Ela sai do trabalho às nove. Podemos ir vê-la depois que meu turno acabar, se você quiser."

"Gostaria disso," Michael disse, então olhou ao redor do restaurante. "Se importa se eu esperar aqui? Poderia pedir um jantar."

"Claro. O Tony faz uma massa excelente."

Michael pediu o especial italiano e sentou-se no balcão onde eu estava trabalhando. A cada poucos segundos, eu o pegava me observando, e cada vez que nossos olhos se encontravam, ele me dava um pequeno sorriso. Tê-lo ali parecia estranhamente natural, como se ele pertencesse àquele espaço.

Mas essa leveza não durou muito.

Tony saiu correndo da cozinha, o telefone agarrado em sua mão trêmula, seu rosto pálido.

"Sarah!" Sua voz falhou com pânico. "A Maria acabou de ligar. Sua mãe desmaiou no hospital!"

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