Capítulo 5 A intuição feminina
Sarah POV
"Eu simplesmente não entendo... Mamãe parecia bem esta manhã." No caminho para o hospital, minhas mãos tremiam levemente.
Michael tirou uma mão do volante e apertou a minha suavemente. "Ei, tente não se preocupar muito. Vamos saber mais quando chegarmos lá."
"Mas e se for algo pior? E se..."
"Seja o que for, vamos lidar com isso juntos. Ela vai ficar bem." A confiança calma dele ajudou a acalmar um pouco meus pensamentos acelerados.
"Mãe!" Chamei enquanto corria para o quarto do hospital, encontrando-a recostada nos travesseiros, pálida, mas alerta. "Como você está se sentindo? Está machucada em algum lugar?"
"Sarah, eu..." A voz dela foi diminuindo quando o jovem médico do pronto-socorro entrou. "A Sra. Linda apenas desmaiou devido às flutuações na pressão arterial causadas por ansiedade. Nada sério. Mas ela insistiu que fizéssemos testes adicionais."
Mamãe lutou para se sentar mais ereta. "Isso não pode ser. Doutor, e quanto ao Alzheimer?"
Meu coração afundou. Alzheimer? Esta foi a primeira vez que ouvi minha mãe mencionar tal diagnóstico.
O médico olhou para o prontuário dela. "Os resultados dos testes não mostram nenhum sinal disso."
"Mas isso não pode estar certo," insistiu minha mãe. "Por favor, verifique os resultados novamente."
Michael se aproximou de mim silenciosamente. "Vou confirmar com o médico. Você fica aqui com sua mãe."
Assenti, grata pela presença dele.
Depois de trinta minutos, o médico voltou com Michael. "Senhora, posso confirmar definitivamente que a senhora não tem doença de Alzheimer."
Mamãe olhou para ele em descrença. "Mas depois do meu acidente de carro, os médicos me disseram que eu tinha sintomas dessa doença."
"Os sintomas podem ser muito semelhantes," explicou o médico. "Parece que a senhora foi diagnosticada incorretamente. O estresse pós-traumático pode imitar os sintomas do Alzheimer."
Mamãe cobriu o rosto, os ombros tremendo. "Então todos esses anos... Eu estava me assustando à toa?" Ela olhou para mim, culpa nos olhos. "Sarah, me desculpe."
Agarrei as mãos dela. "Mãe, não há pelo que se desculpar."
"Não!" Mamãe ficou agitada. "Eu estava com tanto medo de perder minha mente antes de vê-la casada... Continuei te pressionando, te forçando a namorar, arranjando todos aqueles encontros às cegas..."
Mamãe se virou para mim com um olhar determinado. "Talvez... você devesse se divorciar agora? Já faz dias e eu nem conheci seu marido..."
Comecei a tossir violentamente, apontando freneticamente para a porta. "Eh... Mãe, meu marido está bem ali."
Mamãe seguiu meu gesto e viu Michael. O rosto dela ficou instantaneamente vermelho, a boca ligeiramente aberta, claramente despreparada para essa revelação.
Michael se aproximou calorosamente, estendendo a mão com um aceno gentil. "Olá, senhora. Eu sou Michael Johnson, marido da Sarah. Peço desculpas por conhecê-la nessas circunstâncias."
Mamãe nervosamente apertou a mão dele, forçando um sorriso. "Oh... olá. Eu... o que eu disse agora foi..."
"Por favor, não se preocupe com isso. Sua preocupação com a Sarah é completamente natural. Eu deveria ter visitado a senhora antes—isso foi uma falha minha."
Mamãe estudou Michael por um momento, então disse formalmente, "Bem, Sr. Johnson, já que você está aqui..."
"Por favor, me chame apenas de Michael," ele interrompeu gentilmente.
Mamãe assentiu. "Michael, então. Já que você e Sarah estão casados, espero que entenda que ela é tudo que eu tenho neste mundo. Eu a criei sozinha, e só quero vê-la feliz e estabilizada. Espero que vocês dois possam construir uma boa vida juntos e realmente cuidem um do outro."
"Eu entendo completamente, senhora. Sarah significa tudo para mim, e farei tudo ao meu alcance para garantir que ela esteja feliz e segura."
Observei a troca, sentindo uma mistura de constrangimento e calor ao ver como Michael lidou naturalmente com a situação.
Mais tarde, voltamos juntos para meu pequeno apartamento.
Assim que abri a porta, percebi de repente o quão exposta nossa situação de vida seria: a sala dobrava como quarto com uma cama de casal e um sofá simples, a pequena mesa de jantar segurava vários livros de design de moda, e esboços desenhados à mão estavam presos às paredes.
"Por favor, sente-se," eu disse, um pouco envergonhada. "É meio apertado, mas fique à vontade."
Michael caminhou até meus esboços na parede, estudando-os cuidadosamente. "Você desenhou todos esses?"
Eu assenti, meio sem jeito. "Sim, são apenas esboços de hobby. Às vezes eu pego projetos freelancers."
"Esses designs mostram uma criatividade real," Michael elogiou sinceramente. "Por que não procura trabalho com design de moda?"
Minha expressão escureceu. "Eu larguei a faculdade—não tenho diploma. Grandes empresas não me consideram. Só oficinas pequenas me contratam ocasionalmente para projetos, mas a renda é instável."
"Você definitivamente poderia encontrar oportunidades melhores do que o restaurante," Michael disse pensativo. "Na verdade, isso me lembra—comprei um novo apartamento em Skyline Heights, dois quartos com uma vista ótima. Gostaria de convidar vocês dois para se mudarem comigo."
Eu fiquei atônita. "Skyline Heights? É tão longe do restaurante. Eu não acho..."
"Eu te arranjo um carro," Michael disse simplesmente. "E depois do que aconteceu hoje à noite no restaurante, talvez seja hora de considerar outras opções. Você não deveria desperdiçar seu talento nesse ambiente."
Mamãe interrompeu. "Agradeço a oferta, Michael, mas eu não vou me mudar. Conheço todos os vizinhos e, francamente, na minha idade, já estou acostumada com minhas coisas. Mas a Sarah deveria definitivamente ir com você."
"Mãe, eu não posso te deixar aqui sozinha..."
"Bobagem," Mamãe acenou com a mão, dispensando. "Você está casada agora. Precisa começar sua nova vida. Além disso, depois das boas notícias de hoje sobre o erro de diagnóstico, sinto como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Eu consigo me cuidar muito bem."
Olhei entre eles, me sentindo dividida, mas também... esperançosa. "Ok," eu disse finalmente. "Eu vou me mudar."
Michael sorriu. "Então está decidido—te busco amanhã para a mudança. Dez da manhã está bom para você?"
Mamãe respondeu por mim antes que eu pudesse hesitar. "Dez da manhã está ótimo. Ela estará pronta."
Conversamos por mais um tempo—Mamãe perguntando sobre o trabalho de Michael, ele perguntando sobre a saúde dela e o emprego no hospital, e eu podia ver Mamãe se aquecendo para ele. Quando Michael notou que já era tarde, levantou-se para ir embora.
"Eu deveria deixar vocês descansarem." Ele se dirigiu à porta, virando-se para mim. "Nos vemos amanhã. Descanse bem."
"Obrigada por esta noite..."
"Não precisa me agradecer. Isso é o que eu deveria fazer." Michael olhou para mim ternamente. "Sou seu marido."
Depois de fechar a porta, me virei e encontrei Mamãe me observando com uma expressão conhecedora.
"O que foi?" perguntei.
O rosto de Mamãe mostrava uma aprovação satisfeita. "Oh meu Deus, eu estava sendo uma tola mais cedo, quase estragando as coisas para vocês dois. Ele é confiável. Me sinto segura com você seguindo ele."
"Mãe, você acabou de conhecê-lo..."
"Intuição feminina. Além disso, morar juntos é perfeito—talvez eu tenha netos mais cedo!"
"Mãe!" protestei, corando. "Por que você sempre pensa nessas coisas!"
Mamãe riu ainda mais. "O que há de embaraçoso nisso?"
Nesse momento, Mamãe de repente se levantou e apontou para o topo de um armário perto da mesa de jantar, notando que Michael havia deixado suas chaves para trás. Peguei as chaves e abri a porta, apenas para encontrar Michael parado bem do lado de fora, com um sorriso divertido.
"Suas chaves." Eu as entreguei, meu coração inexplicavelmente acelerado.
"Obrigado." Michael pegou as chaves. "Sobre o que vocês estavam conversando sobre mim?"
"Nada. Dirija com cuidado," eu disse de forma desajeitada, fechando a porta rapidamente antes que ele pudesse investigar mais. Ele não ouviu a conversa de Mamãe sobre netos, ouviu?
