Capítulo 10
POV ALISSON COOPER
Eu estava em um estado letárgico, caminhava pela rua encostada na parede, controlando minha respiração. Eu estava com raiva, frustrada e nervosa. Ele teve o que mereceu, e meu desejo ainda era voltar e acabar com a vida dele, mas me controlei, limpei o rosto e apertei minha bolsa enquanto voltava. Parei perto de um mercado e comprei algumas coisas para casa e comida para o Lupy, além de potes para colocar água e comida dele.
Depois de comprar, saí do mercado e comecei a caminhar pelas calçadas em direção ao ponto de ônibus. Antes de me aproximar, um carro parou ao meu lado, apertei sutilmente as sacolas nas minhas mãos, olhei para o vidro e não consegui ver ninguém. Assustada por um momento, pensei que fosse aquele desgraçado. Acelerei meus passos para chegar à esquina, no entanto, o carro parou abruptamente e eu vi aquele homem sair do carro. Kevin me encarou com um sorriso provocador nos lábios, suspirei aliviada por ser ele, e não aquele... Homem.
"Sozinha nas ruas?" ele levantou o pulso e olhou para o relógio. "Você deveria estar em casa."
Observei ele colocar as mãos nos bolsos, estava parado na minha frente, me avaliando e observando meus movimentos. Encarei aqueles olhos azuis intensos e assustadores, não consigo descrever a sensação que agora percorre meu corpo, mas algo me diz para ficar longe dele.
"Você está me seguindo?"
"Não... Mas o que você está fazendo a essa hora andando pelas ruas?"
"Eu tive que passar no mercado."
Naquele momento, me repreendi por dar satisfação da minha vida para ele, ele não é nada meu.
"Isso não é da sua conta, senhor."
Tentei continuar meu caminho, mas suas mãos fortes e grossas agarraram meu braço e me puxaram contra seu corpo, as sacolas escorregaram das minhas mãos, e Kevin me pressionou contra uma parede, fazendo-me olhar diretamente para ele. Seu rosto estava próximo ao meu, minha respiração ficou ofegante, encarei seus lábios convidativos e por um momento não o beijei, controlei o desejo inevitável, observei ele umedecer os lábios, e sem perceber, prendi a respiração. Voltei ao estado racional e tentei me afastar, mas ele me apertou ainda mais.
"É da minha conta, mais do que você imagina."
Meus olhos piscaram várias vezes, eu estava tentando entender a atitude desse homem, não entendia essa persistência louca de querer me controlar. De repente, Kevin soltou meus braços e virou as costas para mim, pegou as sacolas do chão e se aproximou do veículo.
"Vamos, eu te dou uma carona."
"Não precisa, obrigada."
Acabei abraçando meu corpo enquanto um vento frio soprava pela minha pele, suspirei e acabei entrando no carro. Logo ele fechou a porta e entramos no trânsito. Enquanto olhava pela janela, senti os olhos dele em mim, permaneci em silêncio até o fim da viagem. Depois que saí do carro e peguei as sacolas, encarei-o uma última vez, agradeci pela gentileza de me trazer para casa e subi as escadas, entrando pela porta.
"Você demorou para chegar, aconteceu alguma coisa?"
Dona Bonnie perguntou assim que me virei, ela estava sentada no sofá com Lupy em cima de uma almofada. Sorri para ela e fui até a cozinha, depositando as sacolas de compras no balcão.
"O que aconteceu, Alisson?" ela me perguntou novamente, preocupada.
Fui até ela, sentei ao seu lado e levantei Lupy da almofada antes de descansar a cabeça dele no meu colo.
"Fui demitida."
Ficamos em silêncio por alguns minutos, ela provavelmente estava absorvendo a informação inesperada.
"E por que isso?"
"Bem... Meu chefe tentou me tocar."
Com essas palavras, Dona Bonnie se levantou do sofá, me olhou com os olhos arregalados e seu pulso acelerou, por um momento pensei que ela fosse ter um ataque cardíaco.
"Eu não acredito, como você pode dizer isso tão calmamente?!" ela disse com a voz aflita. "O que esse verme tem na cabeça?"
"Não se preocupe, eu bati nele."
"Muito ou pouco?"
"Muito."
"Então foi pouco, para esse tipo de coisa foi muito pouco para ele pagar pelo que tentou fazer."
De repente, Dona Bonnie correu para o quarto e voltou com um taco de beisebol nas mãos, eu rapidamente me levantei do sofá, assustada.
"Para que você pegou isso?"
"Pega sua bolsa, vamos dar uma surra nesse desgraçado!"
Ela se lançou em direção à porta da frente, mas eu rapidamente me coloquei no meio para que ela não fizesse nenhuma loucura.
"Tente se acalmar..." tento segurá-la. "Não podemos matá-lo."
"E por que não?"
"Vamos ser presas."
"Eu vou para a cadeia feliz."
"Se controle, por favor."
Ela desistiu de lutar e largou o taco, me puxou para um abraço forte e acolhedor.
"Amanhã vá às autoridades e denuncie ele!"
"Eu vou, não se preocupe."
Dona Bonnie se afastou e depositou um pequeno sorriso nos lábios, minutos depois ela foi para o quarto e se trancou. Ouvi um miado fino e baixo, olhei para os meus pés e vi Lupy me olhando, ele devia estar com fome. Peguei-o nos braços e fui para a cozinha, separei o pote e a ração dele, e coloquei no chão, observando-o devorar a comida. Enquanto isso, fui para o meu quarto, entrei no banheiro, tirei minhas roupas, tomei um banho rápido, coloquei um moletom e fui para a cozinha preparar algo para comer.
Sentada em frente à TV, meu celular tocou, desliguei a TV e atendi a chamada.
"Oi, amor."
"Amor é o caralho."
"Mas você não tem."
"Mas eu poderia ter..."
"Como foi o trabalho hoje?"
"Ruim, fui demitida."
"O quê?" ela perguntou incrédula. "Mas por quê?"
"Seu chefe ainda tentou me tocar."
"Que filho da puta!"
"Pois é..."
"Amanhã eu quebro o braço dele!"
"Não faça nada estúpido, eu vou denunciá-lo amanhã."
"Quer que eu vá com você?"
"Seria bom."
"Então pode contar comigo."
Depois que conversamos, a ligação terminou e eu me levantei do sofá e fui para o meu quarto me deitar na cama. Prestes a pegar no sono, ouvi Lupy miando ao lado da cama.
"Você vai dormir ali!" Apontei para o tapete macio.
Me cobri da cabeça aos pés ouvindo ele ainda miar, estiquei a mão até o chão e o peguei, colocando-o em cima de mim, ouvindo seu ronronar então.
"Não se acostume!"
Na manhã seguinte...
Tomei meu café da manhã na mesa, Dona Bonnie tinha saído cedo para visitar uma amiga. Eu estava esperando Debbie para ir à delegacia, olhei para o relógio, eram 8h, sabia que estava um pouco atrasada, mas agora que estou desempregada não preciso me preocupar em acordar cedo, por enquanto. Nesse momento, alguém bate na porta, me aproximo e abro a madeira, deixando-a passar.
"Desculpe o atraso, mas aconteceu uma coisa."
"O que aconteceu?"
"Seu ex-chefe foi encontrado morto no apartamento."
"Uau..." disse surpresa. "Ele nem esperou pela denúncia."
"Tudo indica que ele se matou."
"Eu não sabia que ele estava deprimido."
"Talvez ele tenha se matado pelo que fez com você."
"Duvido muito disso."
"Seja como for, ele mereceu o fim que teve."









































































































































































