Capítulo 1
POV ALISSON COOPER
Ao sair da cama, meus olhos fixaram-se no temido relógio. Com uma mão sonolenta, silenciei o alarme e me arrastei em direção ao banheiro, ainda em um estado de torpor. Após completar minha rotina de higiene matinal e suportar um banho gelado que me despertou, voltei ao meu quarto para vestir o uniforme. Fiquei diante do espelho, garantindo que cada detalhe estivesse no lugar para mais um dia de trabalho.
Saindo do quarto com uma antecipação crescente, um aroma delicioso pairava no ar - o cheiro de café recém-passado, preparado com carinho por Bonnie, minha preciosa salvadora que não só me ofereceu abrigo, mas também estabilidade e emprego, sustentando nossas vidas sem preocupações.
"Bom dia, Dona Bonnie," cumprimentei-a calorosamente enquanto me aproximava, plantando um beijo gentil em sua bochecha.
Sem a benevolência dela, que nos guiou da miséria para a segurança, estaríamos vagando pelas ruas implacáveis, desprovidos até mesmo de necessidades básicas como abrigo ou renda estável.
"Bom dia, olhos verdes! Como você dormiu?" ela perguntou afetuosamente.
"Muito bem." Meus movimentos pela cozinha eram intencionais, como se preparar o café tivesse algum significado ritualístico sagrado.
"Você acha que a Debbie vai nos visitar hoje?"
"Receio que não. Vou pegar o transporte público para o trabalho."
"Ah, que pena... mas deixe-me avisar, querida Alisson: esta noite não estarei em casa."
"Não que me diga respeito diretamente, mas para onde você vai?"
"Bem, naturalmente isso diz respeito ao seu bem-estar, Alisson, pois considero você como uma família, uma filha que merece transparência."
"E da mesma forma, Dona Bonnie, você é mais do que alguém que cuidou das necessidades básicas de sobrevivência; você se tornou uma figura materna cuja presença é profundamente valorizada."
"Vou passar a noite na casa de uma amiga. Planejamos embarcar amanhã para um emocionante cruzeiro!"
"Um cruzeiro? Isso parece incrível!"
"Sim, de fato, uma oportunidade para relaxar nos espera."
"Ah, então tenha um tempo maravilhoso," respondi com genuíno entusiasmo.
No entanto, por trás dos olhos dela havia um toque de preocupação. Bonnie se aproximou de mim, segurando minhas mãos gentilmente nas dela.
"Eu não queria deixar você sozinha em casa."
"Mas eu não estarei sozinha, terei a companhia dos meus livros."
"Você poderia vir junto se quisesse..."
"Você sabe que isso não é possível, tenho compromissos de trabalho."
"Então passe a noite na casa de um amigo?"
"Depois de todos esses anos juntas, você já deveria saber que passar a noite em qualquer lugar que não seja aqui não é algo que me inclino a fazer."
"Parece que estou lidando com uma dama à moda antiga!"
"Eu simplesmente encontro conforto na solidão, uma companheira leal dos dias passados; nada se compara ao seu abraço."
Desviei rapidamente nossa conversa de volta à realidade quando meu olhar se voltou para o relógio e a realização me atingiu abruptamente. Com passos apressados, bolsa firmemente segurada na mão, fiz meu caminho em direção à porta, preparando-me mentalmente para mais um dia em movimento.
"E quando eu voltar mais tarde esta noite... você também não estará aqui, certo?" Uma pergunta pairou antes da partida.
"Isso mesmo! Você está convidada a trazer seu namorado, caso exista!" ela brincou de forma divertida.
"Meu trabalho serve como parceiro e provedor," respondi sem hesitar.
Um sorriso surgiu nos lábios de Bonnie momentaneamente,
"Muito bem dito, ele certamente vai te apoiar!"
"Precisamente," foi tudo o que escapou dos meus lábios.
Com passos determinados pelas ruas movimentadas da manhã, Bonnie desapareceu no ruído de fundo. Cheguei pontualmente ao ponto de ônibus, onde mais uma vez, o relógio de pulso se tornou o ponto focal. Pela terceira vez nesta semana, o atraso marcaria minha chegada. O local de trabalho aguardava impacientemente, um chefe desaprovador pronto para liberar sua ira ao me ver. Meu caminho me levou pelo corredor até a área dos funcionários, uma rota de fuga que me chamava urgentemente. Sem perder mais tempo, guardei meus pertences, amarrei o avental firmemente na cintura, coloquei as luvas nas mãos e me preparei para enfrentar o dia.
Ao me aproximar do balcão, uma onda de clientes preenchia todos os espaços disponíveis dentro da movimentada cafeteria. Eram apenas 8 da manhã, mas este lugar já fervilhava de energia e atividade, um ponto de encontro para entusiastas do futebol e aficionados por cultura. Os homens pareciam particularmente atraídos pela atmosfera vibrante, uma observação que não me passou despercebida.
Este café se tornou meu refúgio, a única oportunidade de emprego que se apresentou quando as opções eram limitadas. Era aqui ou recorrer a ser empregada doméstica, o que não era exatamente meu forte. Dona Bonnie desempenhou um papel fundamental em garantir este emprego, e tudo o que possuo hoje pode ser atribuído exclusivamente a ela. Ela estendeu a mão logo após eu deixar o orfanato onde passei a maior parte da minha infância, escondido em algum lugar ao norte. Um estabelecimento humilde sustentado por doações caridosas de pessoas abastadas. Quando completei dezoito anos, os cuidadores me informaram que era hora de partir. Com os grandes portões se fechando atrás de mim, me vi sozinha em um mundo desconhecido, sem orientação e sem dinheiro para comprar comida, fiquei completamente sozinha.
Os primeiros dias foram desafiadores, pois ninguém desejava os serviços de uma garota suja com cabelo desgrenhado. A sorte sorriu para mim através de Dona Bonnie, em um encontro fatídico enquanto a ajudava nas compras domésticas. Seu coração compassivo ressoou instantaneamente. Sem que eu soubesse, ela ofereceu abrigo em sua casa. Instantaneamente, ela se transformou em uma figura angelical vestida com roupas simples. Uma viúva de meia-idade, sem filhos, vivendo uma existência solitária, parecia que o próprio Deus a enviou para me resgatar.
"Senhora, gostaria de fazer seu pedido?"
"Desculpe, você disse algo?" Minha atenção voltou à realidade quando uma adolescente exigiu serviço.
Após anotar rapidamente o pedido da jovem cliente, notei Debbie se aproximando. Talvez fosse hora do nosso jogo de cartas habitual:
"Como vai, Dona Bonnie?"
"Muito bem, e ela perguntou especificamente sobre sua presença hoje."
"Ela não consegue viver sem mim, talvez eu passe mais tarde para visitá-la."
"Você estará perdendo seu tempo, devo avisar."
"Ah, é? Por quê?"
"Ela não estará em casa, vai embarcar em uma aventura de cruzeiro!"
"Que interessante! Então, você está sozinha em casa?"
"Sim, mas não tenho intenções de aproveitar a solidão," retruquei firmemente.
"E por que não? Poderíamos convidar alguns rapazes e fazer uma noite de jogos."
"Simplesmente não estou no clima para esse tipo de festa. Pretendo aproveitar a ausência com meus livros e saborear a tranquilidade." Minha voz carregava um ar de desafio.
Com a conversa concluída, voltei ao trabalho. Atender às demandas dos clientes se tornou uma prioridade. Alguns eram agradáveis e educados, outros exibiam grosseria acompanhada de olhares maliciosos. Entre eles, havia aqueles que me viam como um mero objeto, um pedaço de carne. Suas investidas eram recebidas com indiferença; nunca dei atenção ao assédio.
Assim que o dia de trabalho chegou ao fim, entrei no carro de Debbie. Trocamos despedidas e subi as escadas. Eram 18h, a hora em que tudo o que eu desejava era um banho revigorante seguido de um sono profundo.









































































































































































