Noite de núpcias de Adeline

Uma onda de náusea subiu do fundo do meu estômago, quente e inesperada, agarrando minhas entranhas com uma ferocidade que me deixou momentaneamente sem fôlego. O salão de baile cintilante girava suavemente ao meu redor, as risadas e conversas sussurradas se transformando em algo afiado e cruel. Cada sussurro parecia uma adaga, cada olhar de soslaio cortando o frágil véu de compostura que eu vestia. Eu podia sentir a curiosidade deles pressionando sobre mim, suave, investigativa, sufocante. Como se o peso da sala soubesse que ameaçava me esmagar, o rei se voltou para mim com uma graça serena. Seus olhos, calorosos e imponentes, fixaram-se nos meus, e ele estendeu a mão.

"Minha filha, me concede esta dança?"

A sinceridade em sua voz me pegou de surpresa. Havia uma ternura nela, algo quase paternal. Envolveu-me como um xale, protegendo-me, mesmo que apenas por um momento, da incerteza turbulenta dentro de mim.

Minha voz mal se elevou acima de um sussurro enquanto eu fazia uma reverência e colocava minha mão na dele. “Seria uma honra, Vossa Majestade.”

Deslizamos para a pista de dança. Eu estava consciente de todos os olhos em nós. A música tocava suavemente, um zumbido distante sob o rugido dos meus pensamentos. A presença do rei era constante, mas eu me sentia tão exposta. Ele me posicionou com a facilidade da experiência, mas por dentro, eu estava desmoronando.

"Sinto muito pelo meu filho," ele murmurou, sua voz baixa, quase perdida na música.

As palavras me atingiram como um golpe no peito. Eu vacilei ligeiramente no passo, minha respiração travando. Por que ele pediria desculpas por Alexander? Seu olhar estava fixo logo além do meu ombro, pensativo.

"O comportamento dele é inaceitável, e eu vou falar com ele."

Eu me agarrei às palavras, incerta do que significavam, mas desesperada para acreditar que elas continham uma resposta. O ar ao nosso redor se apertou.

"Eu ofendi ele de alguma forma?" Perguntei, as palavras saindo de mim desprotegidas, frágeis de pânico. "O que quer que eu tenha feito, peço desculpas."

A expressão do rei suavizou. Ele me olhou não com pena, mas talvez com arrependimento.

"Não é você, minha querida. Não se preocupe com isso; eu cuidarei de tudo."

Como eu poderia não me preocupar? Sua gentileza apenas aprofundou minha vergonha. Eu sorri levemente, mecanicamente, mas por dentro, meus pensamentos espiralavam como fumaça em um quarto fechado. Por que Alexander não voltou? Por que ele me abandonou no meio da pista, me deixou ali sozinha enquanto estranhos me observavam com olhos estreitos e sussurros velados? A dança terminou rápido demais. Eu fiz uma reverência com uma graça que eu já não sentia. Quando me levantei, algo frio roçou contra mim, um olhar. Meu olhar se ergueu, e eu a vi. Ela estava do outro lado do salão como um espectro na sombra: uma mulher em um vestido preto opulento, seu decote enfeitado com joias que brilhavam como estrelas envenenadas. Seus olhos penetraram nos meus, escuros, avaliativos e gelados. Um sorriso lento, quase zombeteiro, curvou seus lábios. Um arrepio percorreu minha espinha.

"Aquela é Cecelia, uma amiga de Alexander. Não dê importância a ela," disse o rei, sua voz neutra mas firme.

Como eu poderia? Havia algo nela que me deixava profundamente inquieta, como se ela soubesse coisas sobre meu marido que eu ainda não ousara imaginar. O relógio bateu meia-noite. Um por um, os convidados começaram a se retirar, trocando gentilezas com o rei. Alguns sorriram para mim, outros ofereceram felicitações fugazes, mas sob a superfície, eu sentia o peso de sua pena. Eles sabiam. Ou talvez simplesmente adivinhavam. De qualquer forma, eu podia sentir isso, a sensação de que já havia sido humilhada, já havia falhado em corresponder à imagem esperada de uma noiva. A sala esvaziou. As luzes diminuíram. Os servos se moviam como fantasmas, restaurando a ordem ao brilho arruinado da noite. Eu fiquei sozinha na porta, olhando para o silêncio deixado para trás. Esta deveria ser uma noite mágica, de sonhos realizados e votos sussurrados em segredo. Em vez disso, eu me sentia como uma garota perdida em uma história que deu errado. Nunca tinha ficado sozinha com um homem antes, não assim. Certamente não com aquele que o destino havia escolhido para mim. O que ele esperava de mim? O que ele queria? E se eu falhasse em ser o suficiente? E se eu não fosse bonita o bastante, ousada o bastante, experiente o bastante? E se ele se arrependesse de ter se casado comigo? Eu mordi o interior da bochecha até sentir o gosto de sangue.

"Adeline, acredito que você deveria se retirar para seus aposentos; Alexander vai encontrá-la lá."

As palavras do rei me tiraram do meu espiral descendente. Consegui fazer uma reverência e me virei para ir, rezando para que a noite de alguma forma se consertasse. Meus aposentos estavam iluminados por velas quando entrei. O piscar das chamas dançava contra as paredes de pedra, projetando sombras que pareciam se mover por conta própria. Charity, minha fiel dama de companhia, levantou o olhar do seu canto com um sorriso gentil.

"Como foi sua noite, minha senhora?"

Fiquei parada, imóvel. A dor atrás dos meus olhos ficou mais pesada.

"Alexander foi embora depois da nossa primeira dança," sussurrei. "Ele simplesmente foi embora. Sem explicação. Sem adeus."

A expressão de Charity vacilou. Ela não sabia o que dizer. Nenhuma palavra poderia suavizar o que já estava gravado em mim. Ela simplesmente acenou com a cabeça e se aproximou de mim.

"Posso ajudá-la a tirar esse vestido, senhora?"

Assenti sem dizer nada. Suas mãos eram gentis, experientes. O vestido caiu em camadas, e eu entrei no banho quente que ela havia preparado. O calor envolveu minha pele, lavando os restos de perfume, suor e tristeza. Não podia tocar a dor interior. Depois de banhada, ela me ajudou a vestir uma camisola de cetim, a renda preta se agarrando à minha pele como tinta. Ela sorriu levemente.

"Ele vai adorar, senhora."

Ela não acreditava nisso. Nem eu. Com um quieto boa noite, ela desapareceu no corredor, me deixando sozinha. Sentei na beirada da cama, olhando para a porta como uma tola esperando por um fantasma. Minutos se passaram. Depois uma hora. Depois duas. Meu coração afundava a cada tique do relógio. Ele não estava vindo. O cetim se agarrava a mim como vergonha. Tirei-o e vesti algo mais simples, algo que não sussurrava promessas que eu não podia cumprir. Quando puxei as cobertas, uma única lágrima escorreu pela minha bochecha. Não a enxuguei. Deixei-a cair. Eu ainda nem sabia o que estava lamentando, talvez minha dignidade. Ou a ilusão de que eu poderia ser amada. Eventualmente, o cansaço me dominou. A luz da manhã entrou lentamente, espalhando ouro sobre os lençóis de seda. Os passos suaves de Charity me acordaram, e ela parou quando me viu—viu as manchas de lágrimas que haviam secado nas minhas bochechas.

"O que aconteceu, senhora?"

Minha voz se quebrou. "Ele nunca apareceu."

Sua expressão se desfez em uma simpatia silenciosa. "Sinto muito, senhora."

"Você acha que há algo de errado comigo?"

Ela balançou a cabeça firmemente. "Não, senhora. Isso não é sua culpa."

Respirei fundo, me acalmando. "Por favor, ajude-me a me vestir para o café da manhã. Não quero causar uma má impressão no meu primeiro dia nesta família."

Charity trabalhou rapidamente, me vestindo com delicada precisão. Tentei me manter ereta, empurrar para baixo o vazio roedor dentro de mim. Ele me seguiu como uma sombra pelo corredor. O grande salão de café da manhã já estava agitado. O rei estava sentado à cabeceira da mesa e fez um gesto para que eu me juntasse a ele.

Fiz uma reverência. "Bom dia, Sua Majestade."

"Por favor, levante-se."

Obedeci, dobrando-me na cadeira ao lado dele, o cheiro de pão fresco e chá com especiarias não fazendo nada para acalmar minha inquietação.

"Espero que tenha tido uma noite agradável?"

Hesitei. "Foi tranquila. Obrigada, Sua Majestade."

Ele me estudou, um brilho de suspeita cintilando em seus olhos. "Meu filho não está se sentindo bem?"

Minha boca ficou seca. "Não sei do que o senhor está falando, Sua Majestade."

Suas sobrancelhas se juntaram. "Ele não estava com você esta manhã?"

O sangue drenou do meu rosto. Minha voz era pequena e trêmula. "Receio não ter visto Alexander desde que ele saiu da recepção ontem."

O silêncio caiu como uma guilhotina. O rosto do rei escureceu, seu maxilar se apertando.

"Sinto muito, minha querida," ele rosnou. "Vou falar com meu filho." Ele se levantou abruptamente. "Por favor, me desculpe."

Assim, fui deixada novamente, sozinha à mesa, cercada pelo silêncio, uma dor quieta brotando em meu peito.

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