Capítulo 1 - O começo.
Pequenos pontos de luz dançavam diante de seus olhos.
Era um sonho ou uma memória?
"Eu não sei!" disse uma voz muito tensa.
"Eu não vi acontecer!"
O sonho ou memória, ou seja lá o que fosse, se dissolveu e desapareceu como um reflexo na água, e em vez disso, fragmentos de pensamentos começaram a flutuar em sua cabeça, como se ela estivesse acordando de um sono longo e profundo, tarde de um domingo de manhã.
Foi então que ela notou a dor na cabeça pela primeira vez. Doía de um lado, muito, como se alguém tivesse lhe dado uma boa pancada com um taco de beisebol.
Seus pensamentos ficaram mais nítidos. O que era essa dor na cabeça? Ninguém a havia avisado sobre dor na cabeça.
Por que ela estava sentindo dor na cabeça?
"Megan? Você pode me ouvir?"
O cheiro de menta ficou mais forte novamente. Lembrava seu primo Bart, ele estava sempre mascando balas de menta. Por que ela estava sentindo cheiro de menta?
"As pálpebras dela estão tremendo. Como se ela estivesse sonhando."
Ela não conseguia se sentir confortável. O colchão parecia concreto frio. Bobagem, ela sabia que sua cama era confortável, exceto que estava dormindo no sofá de Nick. Esse era o único lugar que ela odiava dormir, era tão desconfortável, às vezes parecia que Nick colocava pedras nele.
Onde estava Nick? E por que ela estava dormindo no sofá? Eles tiveram outra briga?
"Não tente se mexer, Megan. Apenas fique quieta e abra os olhos, querida."
Ela virou a cabeça para um lado.
"Ai!"
Ela abriu os olhos.
Havia um borrão de cores e formas irreconhecíveis. Ela não conseguia distinguir o que eram.
Onde diabos ela estava?
Ela se perguntou enquanto apertava os olhos. Sua mãe a olhava com uma expressão muito preocupada.
E havia dois outros homens na sala, um estava de jaleco, então ela presumiu que fosse o médico.
O outro, ela não tinha nenhuma lembrança.
Quem diabos eram essas pessoas?
Ela se perguntou enquanto apertava os olhos.
"Mãe."
Ela chamou lentamente, tentando muito não se concentrar na dor na cabeça. Oh, doía tanto.
"Sim, querida."
"O que diabos estou fazendo aqui?"
Ela perguntou enquanto seus olhos começavam a se acostumar com o ambiente.
Sua mãe olhou para o médico que a encarava.
"Megan, você se lembra do que aconteceu?"
Ela ficou confusa por um momento. O que aconteceu? A última coisa que lembrava era estar na casa do namorado. Ele ia fazer espaguete com almôndegas e ela estava pedindo pizza porque sabia que a comida dele era terrível.
"Eu lembro de estar com Nick. Onde ele está?"
Ela perguntou enquanto tentava se sentar.
A dor percorreu seu corpo e ela se sentiu dolorida por toda parte.
"Ai! Por que dói tanto?"
Ela gritou e sua mãe tentou acalmá-la.
"Querida, apenas fique quieta."
"Megan, você se lembra que dia da semana é hoje?"
Que tipo de médico idiota é esse? Ela se perguntou enquanto franzia a testa para ele. Todos na sala pareciam estar esperando ansiosamente por sua resposta.
"Dia da semana? É sexta-feira!"
O médico assentiu e anotou em seu bloco de notas enquanto sua mãe parecia desanimada.
"Você se lembra quantos anos você tem?"
"Oh meu Deus! Isso é ridículo! Eu tenho vinte e oito."
Ela gritou alto e então a dor aguda voltou novamente.
"Apenas deite, Megan. Deixe o médico fazer o trabalho dele."
O outro homem disse e Megan franziu a testa.
"Quem é você?"
Ela perguntou e o homem pareceu surpreso.
Ele riu nervosamente.
"Sou eu, Anthony. Lembra?"
Megan estava confusa. Ela não conhecia nenhum Anthony. Muito menos algum Anthony bonito.
"Não, desculpe. Eu não conheço nenhum Anthony."
O queixo de sua mãe caiu.
"Mas querida! Ele foi quem te trouxe aqui, lembra?"
"Me trouxe aqui? Eu nem sei por que estou no hospital!!"
"Ok. Vamos todos nos acalmar. Vou te fazer uma última pergunta, Megan, depois vou te deixar descansar."
O médico disse e Megan assentiu com a cabeça.
"Você se lembra que data é hoje?"
Ele perguntou e Megan assentiu.
"Claro. Isso é fácil, é dez de abril."
Todos na sala, exceto sua mãe, pareciam extremamente desapontados com sua resposta.
Ela realmente não conseguia entender por quê. E não conseguia se lembrar de nada. Nada mesmo.
Nada além de vagas memórias dela no sofá de Nick pedindo pizza enquanto ele dizia que estava fazendo espaguete.
"Megan... Hoje não é dez de abril."
Sua mãe disse antes que o médico pedisse a ela e ao estranho chamado Anthony para saírem.
O que sua mãe queria dizer? O que estava acontecendo?
Ela se perguntou enquanto o médico se aproximava dela com uma lanterna fina e pedia para ela seguir seus dedos para frente e para trás. Ele fez mais perguntas e anotou em sua prancheta o tempo todo.
Uma enfermeira com uniforme verde entrou alguns minutos depois e lhe deu dois comprimidos, dizendo que eram para a dor.
"Posso ligar para o meu namorado, por favor?"
Ela perguntou ao médico, que levantou os olhos do livro com uma expressão confusa.
"Claro que pode. Só tenho mais algumas perguntas para fazer."
"Você já me fez tantas outras perguntas!"
Ela reclamou, mas o médico a ignorou.
"Desculpe. Só mais uma pergunta."
"Você se lembra de algo do seu acidente?"
"Que acidente?"
Megan retrucou e o médico suspirou.
"Aquele que te trouxe aqui, para o hospital. É por isso que você tem todos esses hematomas."
Hematomas?
Megan perguntou enquanto verificava os braços e descobriu que havia alguns hematomas feios neles.
"Eu não sei como consegui esses!"
"Bem, você só precisa relaxar e tentar não se preocupar por enquanto."
"Primeiro vamos fazer uma tomografia para ver se você sofreu algo sério, mas acho que logo as coisas começarão a fazer sentido."
Megan assentiu lentamente, ainda muito confusa.
"O que aconteceu comigo, doutor?"
Ela perguntou e o médico deu de ombros.
"Aparentemente, no caminho para cá, você foi atropelada por um carro e bateu a cabeça forte no asfalto. Anthony foi gentil o suficiente para te trazer, parece que vocês estavam juntos."
"Mas... Mas... Eu não me lembro dele."
O médico deu de ombros.
"Logo descobriremos por que você não se lembra. Apenas relaxe."
O médico saiu da sala e por alguns minutos Megan ficou sozinha em seus pensamentos.
Poucos minutos depois, uma enfermeira veio ao quarto para levá-la à tomografia. Sua mãe e o estranho chamado Anthony ainda esperavam do lado de fora do corredor. Ela acenou nervosamente para sua mãe enquanto a levavam para a tomografia.
Ela ainda não conseguia entender o que estava acontecendo.
Aparentemente, a tomografia de Megan foi "sem alterações significativas", o que a fez se sentir envergonhada por sua mediocridade.
"Estamos preocupados com sua perda de memória, então vamos mantê-la aqui durante a noite para observação," disse o médico com os óculos de plástico vermelho.
"Oh, ok, obrigada."
Megan alisou o cabelo, imaginando uma fila de médicos e enfermeiras com pranchetas sentados ao lado de sua cama, observando-a dormir.
Quando o médico saiu, sua mãe entrou pouco depois com um sorriso esperançoso.
"Tem alguém aqui para te ver, Megan."
"É o Nick?" Ela perguntou esperançosa e sua mãe franziu a testa.
"Não, não é. É um amigo seu. Você o convidou."
"Eu convidei?"
Megan perguntou desanimada e sua mãe assentiu.
"Sim, você convidou. Ele ligou várias vezes."
Sua mãe respondeu enquanto levantava o telefone.
"Entre." Sua mãe chamou o estranho para entrar.
Um homem alto entrou. Sua aparência era sedutora. As feições rústicas do homem eram atraentes. Ele estava vestindo um terno preto carvão sob medida, o que o fazia parecer um pouco mais elegante do que o resto deles. Seu cabelo preto como corvo estava penteado para trás e seu rosto cuidadosamente estruturado. Suas sobrancelhas escuras eram graciosas, mas atualmente franzidas.
Como se Deus o tivesse moldado apenas para estragar seus olhos. Os olhos azuis frios do homem estavam cheios de intensidade. Ele tinha um nariz reto e mandíbulas afiadas. E um par de lábios sexy que estavam em forma de carranca.
"Quem é ele?"
Ela perguntou à mãe e o queixo do homem pareceu cair de incredulidade.
"Eu te disse que ela não se lembra de nada. Eu esperava que ela pudesse se lembrar de você, no entanto."
Sua mãe disse e Megan olhou para o homem, esperando lembrar de algo.
Nada.
Ela não conseguia se lembrar de nada.
"Quem é você?"
Ela perguntou novamente, um pouco irritada.
"Roman Harrington."
"Ugh! Eu não tenho tempo para isso! Por que ele está aqui?"
"E onde diabos está o Nick!"
Ela perguntou, de repente se sentindo irritada por estar no hospital há horas e ele nem sequer a visitou. Isso não era nada típico dele.
"Nick?"
O homem chamado Roman cuspiu com irritação.
"A única razão pela qual estou aqui é por causa das três mensagens de texto e cinco chamadas perdidas que você me deixou depois de entrar em pânico por estar grávida."
"Grávida!"
Megan quase gritou e sua mãe olhou furiosa para Roman.
"Eu ainda não tive a chance de contar isso a ela. Que parte de 'ela não se lembra de nada' você não entendeu?"
"Espera? Quem está grávida?"
Megan perguntou em choque enquanto tocava levemente sua barriga, olhando para sua mãe e Roman.
Roman bufou.
"Acho que a pergunta que você deveria fazer é quem é o pai?"




































