Capítulo 4 - Megan bêbada.

Três semanas atrás.

Doze de abril. 22:08, sábado

Megan e Roman estavam rindo quando ela desabou no chão do bar. Roman correu para o lado dela, levantando-a apressadamente. A fumaça se espalhava e rodopiava ao redor dela, e pela sala escura ecoavam canções de bêbados. Ela mal conseguia ouvir o som da própria respiração.

Sua garganta estava seca e arranhada. Não havia muito que ela conseguia lembrar. Exceto pelo fato de que tinha se divertido bebendo com Roman. E, na maioria das vezes, ele tentava impedi-la de beber. Ele parecia estar bem mais sóbrio do que ela, já que estava mais organizado e conseguia levantá-la sem esforço quando ela mal conseguia se equilibrar em seus próprios pés.

Ele fez algumas perguntas e ela, meio grogue, deu seu endereço e entregou a bolsa para ele. Poucos minutos depois, ele pagou a conta e a tirou do bar. Ela era uma bebedora leve, se perguntava por que não mencionou isso, mas já tinha bebido demais...

E se sentia mal por sobrecarregar o estranho que conheceu há apenas uma hora com a tarefa de levá-la para casa.

Ela se sentia estranhamente estúpida.

E muito irresponsável.

Megan estava bem dócil enquanto eles dirigiam até a casa dela, e felizmente seus vizinhos curiosos não estavam em casa, então ela não precisaria se preocupar com eles vendo que estava completamente bêbada.

Ele saiu do carro e a carregou até o apartamento; conseguiu encontrar as chaves da casa em um dos muitos bolsos do casaco dela e destrancou a porta. Eles subiram desajeitadamente as escadas e entraram no quarto de Megan. Sem pensar, Megan desabou na cama com um suspiro exausto e começou a cochilar.

"Megan, espera, pelo menos tire os sapatos e o casaco primeiro."

Ele disse, sentando-se ao lado dela e desabotoando o casaco. Ela gemeu relutantemente e se forçou a sentar,

"Se você quisesse me ver nua, era só pedir."

Ela falou inesperadamente clara e coerente, e com a voz mais rouca do que o normal.

"Confie em mim, eu não quero."

Roman respondeu calmamente.

Uma mentira óbvia.

Megan lhe deu um de seus sorrisos característicos que Nick costumava adorar e se aproximou dele,

"Você cheira tão bem," ela parou para sentir o perfume dele.

"Muito bem."

Roman estava tentando muito não se distrair com a proximidade deles, mas não conseguia evitar.

Megan Andrews era uma mulher bonita, mas ele não se aproveitaria dela, ele estava pelo menos um pouco sóbrio e ela estava completamente bêbada.

Ele tinha tentado impedi-la de tomar tantos martínis, mas era quase como se ela estivesse determinada a ficar bêbada.

"Você está bêbada."

Ele disse, descartando a declaração dela enquanto se abaixava e desamarrava suas botas. Ela sorriu e se inclinou novamente, cheirando o pescoço dele.

"E você é tão quente," ela descansou a testa no ombro dele e sentiu os braços dele se enrolarem ao redor de seu corpo.

Ela suspirou profundamente, seus ombros relaxando enquanto ela se acomodava contra ele.

"Você é tão gostoso."

Megan disse, fazendo Roman estremecer com a suavidade da voz dela contra ele. Ele mordeu o lábio inferior suavemente e tirou os braços dela de volta.

"Megan, deite-se, você precisa dormir."

Ele insistiu. O sorriso dela desapareceu, sua expressão ficou séria. Seus olhos encararam Roman intensamente, examinando-o. Seus olhos desceram até os lábios dele; lentamente, Roman estendeu a mão e afastou algumas mechas soltas do cabelo dela.

Ela mordeu os lábios devagar, adorando a sensação dos dedos dele roçando seu rosto.

"Eu tenho que ir."

Roman sussurrou e Megan saiu de seu devaneio.

Ela o observou levantar-se lentamente e começar a caminhar em direção à porta. Ela olhou ao redor do quarto vazio e começou a se lembrar dos eventos que aconteceram à tarde.

Ela começou a chorar e Roman se virou instintivamente.

"Por favor, não vá."

Ela sussurrou e isso foi tudo o que ele precisava ouvir.

Dias Atuais.

"Você está livre para ir."

O médico disse e os olhos de Megan se arregalaram de choque.

"Mas... Eu ainda não lembro de nada. Não posso sair agora..."

"Sim... Mas está tudo bem com você. O inchaço na sua cabeça vai diminuir e logo você vai se lembrar do que aconteceu."

"Quão logo?"

Megan perguntou e o médico suspirou, irritado.

"Bem... Depende. Na maioria dos casos pode ser em alguns dias. Para alguns, talvez algumas semanas ou alguns meses."

"O quê?! Não pode me dar algo para me ajudar a lembrar ou o quê?"

Ela gemeu e o médico balançou a cabeça.

"Não posso te ajudar com isso. Mas sua concussão não parece tão séria. Você deve conseguir se lembrar em alguns dias."

O médico a tranquilizou e Megan se sentiu um pouco mais calma. Sua memória poderia voltar em alguns dias, tinha que voltar.

"Enquanto isso, vou prescrever alguns remédios para você. E também vou te encaminhar para outro médico no setor de Ginecologia e Obstetrícia."

"Você só precisa assinar alguns papéis e está livre para ir."

O médico disse enquanto entregava a ela uma prancheta com uma caneta.

Ela assinou e o médico sorriu para ela e saiu.

E agora?

Ela se perguntou enquanto olhava ao redor.

Agora ela estava sozinha e desamparada. Sem Nick, sem emprego e com um bebê a caminho.

Ela decidiu, enquanto caminhava para o banheiro para se refrescar, que a primeira pessoa que iria ver seria Nick.

Ela precisava saber exatamente por que eles terminaram. Já que parecia que ninguém iria ajudá-la a responder isso.

E também precisava saber por que foi demitida. Será que fez algo errado?

O primeiro lugar que Megan decidiu parar assim que saiu do hospital foi o local onde trabalhava, The Ink Co. Ela originalmente queria ir para a casa de Nick, mas ainda estava com raiva por ele não ter entrado em contato.

Talvez vê-lo primeiro não fosse uma boa ideia.

"Por que não posso entrar?"

Ela perguntou enquanto estava em frente à recepção com uma expressão de desagrado.

Martha, a recepcionista, parecia zangada com ela.

"Porque você não tem permissão para entrar aqui, é por isso! Ordens do chefe!"

"Martha... Mas sou eu... Eu trabalho aqui, lembra? Só preciso ver o Greg por um minuto."

Megan disse, desolada. Por que Martha estava tentando impedi-la? Ela sabia que tinha sido demitida, mas isso não significava que não podia dar uma passada.

Martha suspirou.

"E estou te dizendo, você não pode vê-lo."

"Depois do que você fez... Deveria estar feliz que ele não fez mais do que te demitir."

"O que eu fiz?"

Ela perguntou inocentemente e Martha revirou os olhos.

"A audácia de me fazer essa pergunta."

Ela murmurou baixinho e continuou digitando no computador.

"Martha..."

Megan implorou, mas ela nem sequer olhou para ela.

"Megan! O que diabos você está fazendo aqui?"

Sarah, sua colega de trabalho, sussurrou enquanto a arrastava para fora do saguão e para o corredor. Sarah parecia horrorizada ao vê-la.

"Se o Gregory te vir aqui... Ele pode chamar a polícia. Você tem que ir embora."

"Ir embora? Eu preciso da sua ajuda, Sarah, por favor."

Megan implorou e Sarah olhou ao redor nervosamente antes de finalmente ceder.

"Venha comigo."

Ela murmurou baixinho.

No banheiro feminino, Megan conseguiu narrar o que havia acontecido com ela nas últimas semanas. Ela deixou de fora a parte da gravidez.

"Espera... Você não consegue lembrar de nada?"

"Sim. Três semanas da minha memória se foram."

Sarah riu.

"Acho que é para o melhor. Quero dizer... Tenho certeza de que se você lembrasse, ficaria horrorizada."

"Mas eu vim aqui para pelo menos descobrir o que fiz. Talvez o Gregory possa me dar meu emprego de volta. Porque eu realmente preciso dele agora."

Sarah balançou a cabeça.

"É... Não acho que isso vá acontecer. Mas posso te contar o que aconteceu."

"Ok, por favor, me conte."

Megan disse ansiosamente e Sarah assentiu.

"Ok, prepare-se. Algumas das coisas que vou te contar parecem mais com sua sósia malvada, mas confie em mim, era você."

"Ok. Estou ouvindo."

Megan disse, se preparando para o pior.

"Bem... Foi numa quinta-feira, você chegou ao trabalho atrasada e bêbada."

Sarah suspirou.

"O problema é que a namorada do Gregory estava por aqui esperando por ele e você sabe como a Sapphire pode ser. Não sei o que ela disse para te irritar, mas vocês duas entraram numa discussão acalorada e ela jogou café em você e você a esbofeteou. Gregory entrou nesse momento."

O queixo de Megan caiu.

Todos no escritório conheciam Sapphire, a namorada mimada e narcisista de Gregory. Por algum motivo, ela gostava de vir ao escritório e, por um motivo ainda mais estranho, gostava de atormentar a vida de Megan.

O que quer que tenha acontecido entre elas, Megan tinha certeza absoluta de que Sapphire começou. Mas, claro, Gregory estava cego de amor para ver isso.

"Bem... Como você pode imaginar, Sapphire começou a chorar, ameaçando processar e tudo mais, dizendo que você a ameaçou e você meio que piorou tudo quando começou a gritar com Gregory."

"Todos estávamos torcendo por você... Mas o chefe ficou tão bravo que disse que você estava demitida. Depois disso, todos fomos avisados de que você nunca deveria ser deixada entrar no escritório novamente."

Megan balançou a cabeça, exausta.

Ela estava em um grande problema.

"Você sabe o que aconteceu depois disso?"

Sarah deu de ombros.

"Não sei. Você estava muito irritada, nem levou nada. Você simplesmente saiu do escritório."

"Tivemos que enviar suas coisas de volta para sua casa com seu cheque de rescisão."

"O que está acontecendo com você, Megan? Isso tem a ver com o Nick?"

Ela perguntou e Megan deu de ombros.

"Eu nem sei. Eu te contei o que aconteceu?"

Sarah balançou a cabeça.

"Não, você não contou."

"Obrigada, Sarah."

Megan murmurou.

Bem, depois de descobrir que ela era a única razão pela qual perdeu o emprego, ela estava muito preocupada com seu comportamento. Ela não era alcoólatra, Megan não bebia tanto quanto as pessoas normais. Mas, por algum motivo, tudo o que todos ao seu redor conseguiram lhe contar sobre as últimas três semanas que ela não conseguia lembrar era que ela estava bêbada e errática.

Ela precisava falar com Nick.