SECRETO

Olhei rapidamente para trás e vi a expressão maliciosa em seus rostos.

Achei que eles estavam brigando. Agora eu sou o alvo deles.

Corri para dentro de casa e tranquei a porta, ofegante. Meu coração parecia querer sair do peito.

Graças a Deus os dias que passei correndo no campo não foram em vão. Comecei a respirar pesadamente, tentando recuperar o fôlego. Coloquei a mão no peito e olhei para minha mão.

"Ah não, meu celular sumiu!" exclamei.

Quando ele caiu? O primeiro celular que minha mãe comprou para mim quando fiz dezesseis anos se foi. O que vou dizer para a mamãe? Ah não, estou ferrado! Exclamei, passando a mão pelo cabelo. Caminhei até a janela e vi os lobisomens passando pela nossa casa.

Arregalei os olhos de surpresa e me afastei rapidamente da janela.

A casa está silenciosa. Acho que minha mãe está dormindo. Devo sair para procurar meu celular? Não, já vi mais do que o suficiente hoje. Meu cérebro não consegue processar tudo isso.

Corri para o meu quarto e fechei a porta.

Desabei na cama, olhando para o teto. As imagens do que eu tinha acabado de ver continuavam passando na minha cabeça.

Então os rumores eram verdadeiros: lobisomens existem. O que mais me fascina é como aqueles caras bonitos se transformam em lobos enormes.

Sentei na cama e tirei os sapatos, depois me deitei bem na cama e me cobri com o edredom. Me aconcheguei na cama, tentando parar de pensar no lobo. Amanhã é outro dia.

No dia seguinte.

Acordei bem cedo e fui dar uma caminhada matinal para procurar meu celular antes de me preparar para a escola. Mas não encontrei nada, então voltei para casa. Minha mãe estava arrumando os pratos na mesa quando lançou um olhar para mim.

"Você está pálido." Comentou, rondando ao meu redor.

"Aconteceu alguma coisa?" Perguntou preocupada.

"Não, mãe." Respondi e passei por ela.

Sentei à mesa de jantar e comecei a comer.

"Quando o Lucas vem?" Ela perguntou.

"Ele deve chegar a qualquer momento." Respondi, evitando seu olhar. Normalmente vamos para a escola juntos.

"Tá bom então." Ela murmurou e começou a comer.

Nós dois começamos a comer em total silêncio quando ouvimos o som da campainha.

"Ele chegou. Tenho que ir agora." Murmurei enquanto corria para o meu quarto para pegar minha mochila.

Peguei a mochila e saí correndo do quarto. Vi minha mãe conversando com Lucas. Eu não queria que minha mãe descobrisse que eu tinha perdido meu celular.

Corri até eles e peguei a mão de Lucas, levando-o para fora de casa.

"Tchau, tia." Ele sorriu, acenando para minha mãe.

"Tchau, filho." Minha mãe respondeu. Chegamos do lado de fora da casa e ele puxou a mão da minha.

"O que há de errado com você hoje? Por que está com tanta pressa para ir à escola?" Ele perguntou enquanto caminhávamos em direção ao carro dele.

"Eu te conto no carro." Murmurei enquanto o motorista dele abria a porta para nós dois. Entrei no carro e me acomodei, colocando a mochila no colo.

Lucas entrou no carro e sentou ao meu lado, me encarando com seus olhos cinzentos. Seus pais não são tão ricos; eles são de classe média. Eu moro com uma senhora idosa cujo filho eu nem sei se a alimenta. Muitas vezes sou chamada de filha da velha na escola, mas não ligo. Ela é minha mãe. Ela é quem me trouxe a este mundo. Eu não a trocaria por ninguém.

Lucas estalou os dedos na minha frente, me tirando do transe.

"O que você está pensando?" Ele perguntou, levantando as sobrancelhas.

"Nada, a razão pela qual eu estava com pressa é porque saí para uma caminhada noturna ontem e perdi meu celular." Murmurei.

"Como assim? O que aconteceu? Como você pode ser tão descuidada?" Ele perguntou, franzindo o nariz.

"Não é como se eu tivesse perdido de propósito. Eu vi um... Parei e olhei para o motorista, que nos observava pelo espelho retrovisor. Me inclinei mais perto de Lucas e sussurrei em seu ouvido,

"Eu vi um lobisomem." Ele arregalou os olhos de surpresa.

"Você está falando sério? Está brincando comigo?" Ele perguntou, cruzando os braços.

"Não, não estou." Assegurei.

"Eu não acredito em você." Ele murmurou e virou-se para a janela.

"Não é você que fica falando que lobisomens são reais? Agora que eu te disse que vi um, você não acredita em mim." Eu estava irritada.

Ele se virou para mim e sorriu amplamente.

"Então, como era o lobisomem? Era grande?" Ele perguntou, justo quando o motorista parou o carro.

"Chegamos." Ele declarou. Peguei minha mochila, saí do carro e comecei a caminhar em direção à escola, que tinha "Winterville College" escrito no topo.

Lucas me alcançou e colocou a mão no meu ombro.

"Eles estão vindo." Um estudante murmurou, assustado. Quem está vindo? Me perguntei ao ver muitos alunos correndo.

"Ei, você, pare!!" Ouvi alguém dizer atrás de mim.

Tentamos dar mais um passo.

"Eu disse para parar aí, garota!!" A pessoa exclamou em um tom áspero, e nós dois nos viramos para olhar para a pessoa.

Meu Deus, estou ferrada. Eram os lobisomens de ontem. Desta vez, estavam em forma humana.

Enquanto eles caminhavam majestosamente em minha direção com a cabeça erguida, eram extremamente altos. Olhei para cima para eles.

"Quem vocês pensam que são?" Perguntei com confiança.

"Ninguém neste bando tem o direito de nos ver em nossa forma de lobo, mas você nos viu. Você terá que enfrentar as consequências." Um deles declarou.

"Como é?" Murmurei, levantando a sobrancelha.

Num piscar de olhos, ele me pegou no colo e me carregou no ombro, segurando minhas pernas.

"Quem é você, me coloque no chão!" Protestei, batendo nas costas dele continuamente, mas ele não cedeu. Ele começou a caminhar em direção à entrada da escola.

Lucas correu na nossa frente, abrindo os braços.

"Onde você está levando minha amiga? Solte-a!!" Ele protestou, com as mãos na cintura.

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