Capítulo 10 Segredos da floresta
Ponto de vista de Valencia
A maneira como ele disse meu nome fez algo vibrar no meu peito—algo perigoso que imediatamente tentei esmagar. Não seja tola.
Ele ainda me observava com aqueles olhos cinzentos penetrantes. "De onde você é?"
Meu primeiro instinto foi dizer a verdade—que eu era da Alcateia de Moonfall Ridge em Aldermer. Mas Aldermer e Valdoria ainda estavam em guerra. Se o Alpha Logan soubesse que eu era do reino inimigo, ele poderia me matar imediatamente. Ou pior, me torturar para obter informações.
"Sou uma renegada, senhor." A mentira saiu firme. "Meus pais também eram renegados. Eles morreram durante um ataque."
Seus olhos se fixaram nos meus, e eu senti como se ele estivesse olhando diretamente através do meu crânio, para dentro dos meus pensamentos.
Ele sabe. Ele sabe que você está mentindo.
O pânico subiu pela minha garganta, mas me forcei a manter o olhar. Desviar o olhar agora confirmaria suas suspeitas.
"Onde você vagou?" A pergunta veio rapidamente, sem me dar tempo para preparar.
Minha mente lutava por uma resposta. Qualquer resposta. Luna Kestrel costumava reclamar sobre disputas territoriais—quais eram os nomes que ela mencionava?
"Thornwick Vale," eu disse, rezando para ter escolhido corretamente.
As sobrancelhas de Alpha Logan se ergueram ligeiramente. "Esse é o território de Elton."
Droga.
Claro que era. Claro que eu nomeei o território do Alpha que acabou de enviar homens para me interrogar.
Mas eu não podia voltar atrás agora. Assenti, mantendo minha expressão o mais neutra possível enquanto meu coração tentava sair do meu peito.
"Como você se tornou escrava de Marcus?"
Ele estava mais perto. Tive que inclinar a cabeça para trás para manter o contato visual, e o movimento fez meu pescoço doer onde Elijah me agarrou.
Eu estava ciente de como ele poderia me machucar facilmente se quisesse. A memória de sua espada cortando a garganta de Elijah passou pela minha mente.
Lembrei-me do meu pai me contando sobre a disposição do reino antes de tudo desmoronar—Alpha Rei Winston governava do centro, com seus três filhos e irmão (Marcus) controlando os territórios externos. Alpha Marcus controlava o oeste, Alpha Elton o leste, Alpha Logan o norte e Alpha Soren o sul.
"Alpha," comecei cuidadosamente, "eu estava vagando ao longo do rio, indo para o oeste. Desmaiei perto dos pântanos de fome e exaustão. Quando acordei, Alpha Marcus me havia capturado. Tornei-me escrava de Luna Kestrel para sobreviver."
Alpha Logan inclinou-se para frente. Agora ele estava a apenas centímetros de mim. Eu podia sentir o calor irradiando de seu corpo—algo selvagem e masculino que fez meu pulso acelerar de uma maneira que eu não entendia.
Ele estava muito perto. Muito poderoso. O cheiro dele—couro, aço e algo distintamente Alpha—preencheu minhas narinas e fez minha cabeça girar.
"Quanto tempo faz isso?" Sua voz havia baixado.
"Quinze anos," sussurrei.
Algo passou pelo rosto dele—surpresa, talvez, ou cálculo. "Você era uma criança."
"Eu tinha três anos quando meus pais morreram." A mentira veio mais fácil agora, construída sobre a base da primeira. "Sobrevivi sozinha por um tempo antes de Marcus me encontrar."
Ele me estudou por um longo momento. Simplesmente voltou para a bacia e enxaguou o pano ensanguentado.
"Descanse agora," disse ele. "Conversaremos mais pela manhã."
Ele se moveu para a cadeira perto da janela, acomodando-se nela com a espada no colo. A mensagem era clara—ele ficaria ali, vigiando-me durante a noite.
Eu deveria ter sentido medo. Deveria ter me preocupado com o que ele poderia fazer enquanto eu dormia. Mas o cansaço me puxava como uma maré, e de alguma forma, com ele de guarda, eu me sentia mais segura do que havia me sentido em anos.
Meus olhos se fecharam e eu caí em um sono inquieto.
Acordei na escuridão.
O fogo havia se reduzido a brasas, lançando luz suficiente apenas para enxergar. Meu corpo inteiro doía. Por um momento, não consegui lembrar onde estava.
Então tudo voltou de uma vez. O interrogatório. A surra. A fúria fria de Alpha Logan enquanto ele matava meus agressores.
Virei a cabeça lentamente, esperando vê-lo ainda sentado na cadeira perto da janela. Mas a cadeira estava vazia.
Um som estranho veio pela janela parcialmente aberta—algo entre um rosnado e um gemido. Dor? Raiva? Não consegui dizer.
Meu coração começou a bater forte. Algo estava errado. Eu podia sentir isso nos ossos.
Empurrei-me para cima com os cotovelos, ignorando os protestos das minhas costelas machucadas. Onde estava Alpha Logan? E o que estava fazendo aquele som?
Forcei-me a ficar de pé, segurando o poste da cama enquanto o quarto girava. Minha respiração vinha em arfadas curtas. Cada instinto gritava para eu ficar onde estava, voltar para a cama e fingir que não tinha ouvido nada.
Mas eu não podia.
O corredor lá fora estava estranhamente quieto. O som veio novamente—mais alto agora, mais desesperado. A cada passo mais perto da linha das árvores, a tensão se enrolava mais apertada no meu peito. Minha respiração ficou ofegante.
Entrei na floresta. Movi-me silenciosamente sobre o chão da floresta, seguindo o caminho de destruição. Galhos quebrados espalhavam-se pelo chão. Marcas profundas de garras riscaram a casca das árvores próximas. O que quer que estivesse fazendo aquele som esteve aqui, rasgando a floresta com propósito violento.
Então eu o vi.
Alpha Logan estava ajoelhado em uma pequena clareira, seu corpo inclinado para frente, mãos pressionadas contra a terra. Sua camisa estava rasgada, pendurada em farrapos dos ombros. Mesmo à luz do luar, eu podia ver seus músculos ondulando sob a pele.
"Não..." Sua voz era crua, desesperada. "Eu não vou... Não posso deixar você sair... ela está aqui..."
Minha respiração parou. Ele estava falando sobre mim?
