4. BEIJO DE SANGUE

Seu olhar se fixa no meu, estranhamente, isso não me causa medo ou mesmo espanto. Pelo contrário, seu olhar possui uma beleza que eu não esperava encontrar neste lugar triste.

Ele é alto e imponente, com um corpo musculoso e bem definido que parece esculpido à perfeição. Seu peito largo e forte se destaca, enquanto seus longos braços e grandes mãos exibem uma força quase sobrenatural. Cada detalhe de sua aparência mistura perigo e sedução, criando uma fascinação impossível de ignorar.

Percebo que meu coração, apesar do medo persistente, bate irregularmente enquanto contemplo sua figura. É como se eu estivesse presa em um feitiço, mesmo diante de tudo que não entendo sobre este lugar, sobre ela. A beleza sombria dessa mulher é um enigma que só aprofunda meu desconforto.

Meus olhos não se desviam dos dele, nem mesmo quando sinto a brisa da porta se fechando passar pelas ondas soltas de cabelo que caem pelas minhas costas. Solto um suspiro na tentativa de acalmar meu coração inquieto, mas meus olhos piscam por um segundo. Quando encontro seu olhar novamente, ele está ao meu lado tão rapidamente que me assusto e grito.

"Como... como você chegou tão perto de mim tão rápido?" Minha mão vai instintivamente ao peito, tentando acalmar os batimentos rápidos que o susto provocou.

"Desculpe... não quis te assustar. Embora pareça que você escolheu ignorar algumas das instruções mais importantes que te foram dadas." Sua voz é rouca, e sua presença imponente faz com que ele se mova calmamente ao meu redor. Cada passo que ele dá parece calculado, e sua figura musculosa só aprofunda o mistério em torno desse homem.

"O que seria isso? Não olhar nos seus olhos?" Viro o rosto em sua direção, agora ao meu lado, estudando meu rosto como se estivesse escrutinando cada detalhe.

Um sorriso sutil brinca nos cantos de seus lábios, uma expressão que imediatamente captura toda a minha atenção.

"Exatamente isso, e você ignorou muito bem." Sua mão se eleva em direção ao meu cabelo, afastando uma pequena mecha do meu pescoço. "Posso ver sua veia pulsando enquanto seu coração dispara. Você está com medo?"

"Sim, estou com medo. E você? O que você quer de mim?" Um arrepio percorre minha espinha enquanto ele se aproxima, minha voz soa falha e trêmula, mostrando meu medo.

Seu corpo se aproxima ainda mais do meu, fazendo minha respiração falhar quando seu toque suave roça meu pescoço. São... seus lábios? A proximidade e a incerteza tornam o momento eletricamente carregado, e meu coração bate descontroladamente.

"Calma, eu só quero o seu sangue." Suas palavras pairam no ar entre nós, e a ponta de sua língua toca meu pescoço, me deixando perplexa e cada vez mais assustada enquanto processo suas palavras. O que ele quer dizer com isso? O sacrifício é dar meu sangue a ele?

"Estou aqui para o sacrifício, e você só quer meu sangue? Que tipo de lunático é você?" Me afasto dele, virando para encará-lo, meus olhos transmitindo uma mistura de confusão e medo.

Ele desabotoa alguns botões de sua camisa de cetim branco, o mesmo tecido do vestido que estou usando. Isso poderia ser mais do que uma coincidência? A conexão entre nós, antes obscura, começa a tomar um rumo diferente. Seu olhar percorre meu corpo, me deixando vulnerável, com um calor estranho percorrendo minha pele, assim como no banheiro.

"Posso sentir o calor irradiando do seu corpo; posso perceber o medo que você está sentindo." Suas palavras são ditas com uma voz rouca e profunda, e seus passos são lentos em minha direção enquanto me afasto, meu olhar fixo no dele.

"Acabe logo com isso, realize esse sacrifício." Minha voz sai desesperada porque já não sei mais o que fazer para acabar com essa angústia e a estranha sensação de sentir seu toque novamente. Meu corpo colide com uma grande mesa de marfim escuro, e coloco minhas mãos sobre ela. Estou sendo encurralada, sem chance de escapar de sua proximidade.

Ele desliza a língua lentamente sobre meus lábios, umedecendo seus contornos. Seu olhar se torna mais voraz, movendo-se em minha direção, e, em segundos, seus passos são tão rápidos que suas mãos estão ao lado das minhas na mesa.

"Você tem noção do que acabou de pedir, minha querida?" Nossos rostos estão a milímetros de distância, e sinto minhas pernas enfraquecerem enquanto uma estranha dormência percorre entre elas.

Inclino meu rosto, chegando ainda mais perto do dele, estudando seus traços impecáveis. Quantos anos ele poderia ter para me chamar de "jovem"?

"Jovem. Você é algo como um cavalheiro preso no corpo de um homem de 30 anos?" Uma risada forçada escapa dos meus lábios. A pergunta é um desafio sutil, enquanto tento entender mais sobre esse homem enigmático que tem o poder de me intrigar e aterrorizar ao mesmo tempo.

"Tenho 301 anos, senhorita," sua resposta ecoa nos meus ouvidos, me deixando atônita. 301 anos? Isso é mesmo possível? Um turbilhão de perguntas invade minha mente enquanto tento compreender sua idade.

"O que você quer dizer com 301 anos? Você deve estar brincando comigo." Uma risada nervosa escapa dos meus lábios enquanto seus olhos se fixam nos meus.

"Por que eu brincaria sobre minha idade? Você tem mais alguma coisa para perguntar, além disso?" Seus dedos seguram meu queixo, e ele me examina tão perto dos meus lábios que meu coração parece pular uma batida. Sinto-me hipnotizada por seus olhos e sua proximidade, embora o medo ainda persista.

"Eu só quero que você faça o que tem que fazer." Meus olhos se enchem de lágrimas, mas elas não se dissipam; simplesmente permanecem presas, assim como meu olhar fixo nos seus olhos cor de mel.

"Sabe, é a primeira vez em séculos que alguém não pergunta sobre mim, muito menos sobre o sacrifício." Seus dedos deslizam sobre minhas coxas, apertando-as firmemente, me fazendo sentar na mesa.

"Você não está interessada em saber?" Ele traça um caminho lento ao redor da minha cintura, seus dedos percorrendo cada curva até chegarem ao meu pescoço.

Meus movimentos se tornam restritos enquanto seus dedos passam pelo meu cabelo, fazendo-me inclinar o pescoço para que seus lábios possam explorar seu comprimento.

Engulo minha saliva com alguma dificuldade; meu corpo está ficando quente enquanto me entrego à sensação que seus lábios provocam abaixo do meu abdômen.

"Não, eu não quero saber por que vou morrer. Muito menos saber mais sobre você." Essas mentiras vazias escapam dos meus lábios junto com um gemido contido enquanto sinto ele sugando meu pescoço suavemente.

"Não minta para mim, ou será pior. Senhorita." Minha mente parece sair de um transe quando ouço sua ameaça. Bem, já que vou morrer de qualquer maneira, por que preciso segurar minhas palavras?

Abro os lábios para dizer o que estou pensando, e isso chama sua atenção, fazendo-o deixar meu pescoço e olhar para mim intensamente. Seus olhos parecem ter mudado de cor, tornando-se um vermelho rubi intenso, me deixando perplexa enquanto as palavras saem dos meus lábios.

"Você é um vampiro? E por que quer tanto me sacrificar?" Antes de responder às minhas perguntas, suas mãos seguram firmemente minha cintura, me deitando na mesa. Seu corpo está rapidamente sobre o meu, sem colocar o peso de seus músculos em mim.

"Sim... Existem muitas maneiras de se sacrificar. Tudo o que você precisa fazer é dizer sim."

Deslizando os dedos sobre minha coxa, ele abaixa o vestido até minha cintura. Meu coração dispara de antecipação, e o medo dá lugar ao desejo, um novo desejo, justo quando estou prestes a morrer.

"Olhe bem nos meus olhos; pode ser a última vez que os veja, senhorita." Ele me olha de forma diferente, e consigo discernir o tom de seus olhos ainda mais, mudando de rubi para vermelho sangue. Minhas mãos tocam instintivamente seu peito esculpido, tentando empurrá-lo, mas esse esforço é em vão. Ele não move um músculo ao meu toque.

"Diga... diga sim." Seu polegar segura meu queixo, fazendo-me olhar para seus lábios e depois encontrar seus olhos novamente. Nesse ponto, meus lábios só pronunciam o que ele tão desesperadamente quer ouvir. Seu toque me deixa tão vulnerável.

"Sim," respiro, e um sorriso malicioso se espalha por seus lábios. Um de seus dedos ainda segura meu queixo enquanto nossos lábios colidem em um desejo devastador. Ele alcança minha língua, tornando o beijo mais intenso. Minhas unhas cravam em seu peito, fazendo-o soltar um gemido entre nossos beijos. Ele suga meu lábio e o morde com força.

Sinto a ardência da mordida, uma dor prazerosa se misturando aos nossos lábios. Posso sentir o gosto do meu sangue enquanto o beijo toma um rumo desconhecido. O calor sobe pelas minhas pernas, alcançando meu centro, e enviando arrepios por todo o meu corpo. Fecho os olhos e me entrego ao êxtase de seu beijo.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo