2

Eu estava sendo puxada escada acima de forma brusca por Angelo. O aperto que ele tinha no meu braço era mortal, o suficiente para me fazer gritar de dor constantemente.

Ele empurrou uma porta de ébano, revelando um grande escritório, "Vai sentar na mesa," ele me empurrou para frente, fazendo-me tropeçar. Assim que recuperei o equilíbrio, me endireitei apenas para sentar atrás da mesa segundos depois. "Você tem uma conta bancária, Chloe?"

Eu assenti, temendo que se eu abrisse a boca para falar, nada além de fraqueza sairia. Todos na minha família, até meu irmão e irmã de treze anos, tinham contas bancárias.

Angelo se aproximou de mim, ficando atrás de mim em segundos, "Bem, Chloe," ele se aproximou muito e sussurrou no meu ouvido. Eu podia sentir seu hálito quente e mentolado, o que me causou arrepios, "Estou com um pouco de problema com...alguém...e preciso que você me tire dessa."

Eu apenas olhei para frente, ainda com muito medo de dizer qualquer coisa.

"Peça para seu pai te mandar dinheiro," Angelo disse antes de se afastar de mim para pegar um telefone. Parecia um celular pré-pago barato, daqueles que ele poderia quebrar e se livrar rapidamente.

"Quanto?" Finalmente falei. "Você vai me deixar ir então?"

Ele se sentou na cadeira do escritório na minha frente, inclinando-se um pouco para o lado, "Acho que não. Você é...divertida, amore mia. A única fonte de entretenimento que tive em um bom tempo. Peça para ele te mandar 500 mil."

"Quinhentos mil?!" Eu questionei, "É muito dinheiro para eu pedir e ele sabe disso. Eu precisaria de uma desculpa muito boa e-"

"Fale sobre o vício em drogas da sua irmã," ele me interrompeu, "Ele vai esquecer completamente que você está pedindo tanto dinheiro e vai direto para Sienna."

O fato de ele saber qualquer coisa sobre minha família ainda me assustava e do que ele estava falando? Sienna não estava usando drogas. Por outro lado, eu aprendi que ela definitivamente não é a mesma irmã que eu conhecia três meses atrás.

"O que você quer dizer? Como você sabe que ela está usando drogas? Quais? Você já conheceu minha irmã?"

"Ligue para seu pai. Diga a ele o que eu te disse, e depois falaremos sobre o que eu sei sobre sua irmã."

"Ele não vai me dar tanto dinheiro!" Eu gritei, ganhando um olhar desaprovador do Sr. Sequestrador ali. "Eu nunca pedi dinheiro na minha vida. E se ele achar que eu sou a viciada?"

"Estou cansado de esperar, amore mia. Ligue para seu maldito pai já!" Ele bateu a mão na mesa de madeira dura. Eu pulei na cadeira antes de pegar o telefone apressadamente e discar o número do celular do meu pai.

Ele atendeu no terceiro toque, "Alô?" Ele parecia curioso. E foi aí que percebi que não estava usando meu telefone, então não apareceria que era eu ligando.

"Oi pai, é a Chloe," eu disse baixinho, ainda assustada com o cara zangado sentado a poucos centímetros de mim. Cara, se olhares pudessem matar, eu já estaria a caminho de seis palmos abaixo da terra agora.

"Chloe? O que houve? O que você precisa?" A voz dele era um conforto, especialmente porque eu pensei que nunca mais veria ou ouviria minha família novamente.

"Nada de errado," eu olhei para Angelo, "Eu só queria falar com você."

"Bem, na verdade estou me preparando para pegar um avião. Não posso falar por muito tempo, Clo."

"Ah, bem nesse caso, eu tenho uma pergunta," eu pausei, "Você poderia talvez colocar, sei lá, quinhentos mil na minha conta bancária?"

O silêncio foi assustador. "Por que você precisa de tanto dinheiro?"

Eu não queria jogar Sienna debaixo do ônibus sem nem saber se ela estava usando drogas. E se ela não estivesse, mas eu dissesse ao meu pai que estava e ela fosse deserdada? Nem consigo imaginar o problema em que eu me meteria então. "Uh...uh...eu queria doar para o evento de caridade hoje."

"Eu só vou adicionar esse dinheiro ao cheque que a família está enviando para eles então. Como foi hoje?"

"Papai, você não entende," eu suspirei, um pouco frustrada com minhas horríveis técnicas de persuasão, "Eu preciso desse dinheiro...tipo agora. Quero que seja enviado em meu nome, não da família."

Eu não podia ver pessoalmente, mas sabia que estava recebendo o pior olhar possível do meu pai, "Tudo bem, Chloe, vou mandar alguém te enviar," ele parecia extremamente irritado. "Tenho que ir agora."

Angelo estendeu a mão e arrancou o telefone da minha mão antes que eu pudesse sequer dizer adeus. Ele apertou um botão antes de esmagá-lo com o pé, "O que ele disse?"

"Acho que você sabe o que ele disse. Não acho que você teria pegado o telefone antes de saber que ele concordou em enviar o que você queria. Agora me diga o que você sabe sobre a Sienna."

"Exigente, não é, pequena Chloe?" Ele não fez uma pausa longa, mas foi o suficiente para me deixar na ponta da cadeira. Como ele sabia algo sobre SiSi que eu não sabia? "Ela está namorando meu irmãozinho viciado, punk, Lorenzo. Vem aqui muito com ele. Ele a influenciou...negativamente. É uma pena, ela tinha potencial."

"Ela ainda tem," eu defendi. Sienna poderia superar isso com a ajuda de uma reabilitação. Angelo e eu concordávamos em algo, eu tinha a sensação de que seria a única coisa também; nós dois não gostávamos muito desse Lorenzo.

"Não sei, amore mia. Você realmente não a viu, não como eu vi," ele provocou. "Ela se foi, passou do ponto sem retorno. Não há como ajudá-la, assim como não há como ajudar Lorenzo."

"Você é tão negativo," murmurei.

A única coisa boa neste quarto era a enorme cama confortável. Eu nunca tinha estado em uma cama tão macia e eu vivia no luxo. Era difícil aproveitar, no entanto, porque eu estava amarrada, tornando qualquer movimento quase totalmente impossível.

Eu sabia que estava cansada, mas não conseguia dormir. Tenho insônia há muito tempo. A única maneira de conseguir dormir era tomando meus remédios, mas adivinhe? Eu não os tinha agora.

Eu nunca iria conseguir dormir sozinha, especialmente não com essas pessoas ao meu redor. Eu não sabia onde eles estavam no momento, mas acho que realmente não me importava.

Algo estava acontecendo lá embaixo, algo como uma festa. Música alta, pessoas gritando, coisas batendo nas paredes. Quem eram essas pessoas? Pelo que eu sabia sobre Angelo até agora, sabia que ele só poderia ter amigos criminosos e eles provavelmente estavam todos lá embaixo.

Neste ponto, eu estava totalmente 100% certa de que nunca iria para casa. Sinto que não estaria amarrada agora e jogada de lado como lixo, se eu realmente fosse alguém de valor.

A maçaneta da porta se mexeu lentamente do lado de fora. Meu coração acelerou, mas a pessoa do lado de fora parecia ter desistido de tentar. "Vamos para outro lugar," eu mal podia ouvir a voz feminina mais familiar arrastando-se do lado de fora da porta. Soava como Sienna, tanto quanto eu esperava que não fosse. O fato de que ela poderia estar aqui era na verdade quase um conforto.

"Mas este é meu quarto," um cara disse, soando bastante irritado. Bem, isso certamente se encaixaria no estilo de vida rude de Lorenzo, não é?

"Não é como se não houvesse um milhão de outros quartos nesta casa, Lorenzo!" Agora eu tinha certeza de que era Sienna do outro lado da porta. Ela sequer percebeu que eu estava desaparecida? O que ela realmente faria se soubesse?

Minha vida estava desmoronando em um milhão de pedaços num piscar de olhos.

"Vou chamar meu irmão e dizer para ele destrancar essa maldita porta antes que eu esmague o rosto dele no cimento," Lorenzo gritou antes de bater na porta mais uma vez.

Eu não tinha certeza sobre isso. Se ele estava se referindo a Angelo, e tenho quase certeza de que estava, então eu apostaria milhões que Angelo venceria qualquer briga que Lorenzo começasse. Angelo era maior de uma forma mais musculosa, mais alto também. Ele também parecia ter alguns anos a mais que seu irmãozinho, o que quase sempre dá algum tipo de vantagem.

E, uh...pessoas com armas geralmente vencem lutas de socos.