Capítulo 3: Mais do mesmo
Joella
Eu ofeguei quando fui puxada para uma sala de aula escura e vazia e empurrada contra a parede. A dor irradiou pelas minhas costas devido à força, e lágrimas queimaram os cantos dos meus olhos enquanto eu encarava aqueles familiares olhos verdes.
“Você está me evitando?” A voz de Haden era áspera, baixa e carregada de irritação.
Eu não respondi. Claro que eu estava evitando ele. Haden tinha sido um pesadelo desde a sexta série. Antes disso, ele era apenas o garoto popular um ano acima de mim, aquele que todas as garotas — incluindo eu — tinham uma queda. Mas esses sentimentos já tinham desaparecido há muito tempo. Agora, eu só queria estar livre dele.
Mas Haden não permitia coisas assim.
Meu silêncio deve tê-lo irritado, porque sua mão subiu pelo meu pescoço, apertando-o de forma ameaçadora. Eu me encolhi, o pânico inundando meus sentidos. “Não,” eu soltei, a palavra mal audível.
Sua mão permaneceu, os dedos pressionando minha pele enquanto ele se aproximava. Eu virei a cabeça, tentando evitar a proximidade sufocante, mas ele se inclinou, roçando seu rosto no meu pescoço. Sua respiração era quente e constante, um contraste perturbador ao frio do medo que corria por mim. “Você sempre tem um cheiro tão bom,” ele murmurou, sua voz uma mistura de ameaça e algo perturbadoramente íntimo.
O sinal tocou, um som agudo que me sacudiu.
“Eu-eu preciso ir para a aula,” eu sussurrei, colocando minhas mãos em seus ombros, na esperança de empurrá-lo. Ele não se mexeu.
Sua expressão ficou sombria enquanto sua mão apertava meu pescoço novamente, me jogando contra a parede. Seu corpo pressionou contra o meu, me prendendo. “Você vai sair quando eu disser que pode,” ele rosnou. Sua outra mão se enroscou no meu cabelo, puxando com força suficiente para me fazer ofegar. “Você realmente achou que só porque nossos pais vão se casar, alguma coisa mudaria para você?”
As palavras doeram, cada uma torcendo a faca no meu peito. Eu tinha esperança, desesperadamente, que as coisas melhorassem. Mas eu não podia deixar que ele visse isso. Meu silêncio deve tê-lo enfurecido, porque ele puxou meu cabelo com mais força, me forçando a encontrar seu olhar. Lágrimas escorreram, deslizando silenciosamente pelas minhas bochechas.
“Isso não muda nada,” ele sibilou. “A única diferença é que agora eu vou poder ter você sozinha com mais frequência.” Seus lábios se torceram em um sorriso cruel. “Sua mãe me adora. Ela não vai suspeitar de nada, e você vai manter a boca fechada.”
Eu mordi meu lábio para impedir o soluço que ameaçava escapar, meu corpo tremendo. Eu não conseguia entender por que ele me odiava tanto. O que eu tinha feito para merecer isso?
“Olhe para mim, Ella,” ele exigiu, seu tom afiado.
Eu abri os olhos, relutante mas incapaz de resistir. Seu aperto suavizou ligeiramente, deslizando até meu queixo. “Você vai contar para sua mãe?” Sua voz caiu, mas a ameaça permaneceu.
Eu balancei a cabeça, segurando mais lágrimas. Isso pareceu satisfazê-lo. Ele deu um passo para trás, finalmente me soltando.
“Boa garota,” ele disse antes de sair da sala como se nada tivesse acontecido.
Eu fiquei lá por um momento, tentando estabilizar minha respiração e enxugar as lágrimas. Minhas pernas pareciam que iam ceder, mas eu consegui me recompor e seguir para o refeitório.
"Ella, onde você estava na primeira aula?" Ashley perguntou enquanto eu me sentava ao lado dela, tentando ignorar o tremor nas minhas mãos.
"Haden," murmurei, a única palavra carregada de significado.
Minhas melhores amigas—Ashley, Morgan e Tanya—trocaram olhares preocupados. Das três, o olhar de Morgan demorou mais em mim. Ela sabia melhor que ninguém como as coisas estavam ruins com ele, embora nem ela soubesse de tudo.
"Eu não entendo por que ele não admite logo e para de agir como uma criança de cinco anos com uma paixão," Tanya disse, balançando a cabeça.
"O quê?" perguntei, franzindo a testa.
Tanya revirou os olhos. "Ele tem te assediado desde o baile de inverno na sexta série. Depois que você dançou com Brandon."
Eu congelei. Não podia ser isso. Haden não gostava de mim. Ele passou anos deixando isso perfeitamente claro—me chamando de feia, gorda, zombando dos meus quadris, das minhas curvas. Eu não era o tipo dele. Ele gostava de garotas pequenas com cabelo loiro e olhos azuis brilhantes, não alguém como eu, com cachos crespos, pele caramelada e olhos castanhos.
"Brandon," Tanya suspirou sonhadoramente, apoiando o queixo na palma da mão.
Ashley revirou os olhos. "Não começa."
"O quê? Ele era lindo. Aposto que está ainda mais bonito agora," Tanya disse com um sorriso.
Todos nós rimos, até eu. Era fácil me perder na lembrança do sorriso fácil de Brandon e sua pele morena e quente.
"Fiquei tão chateada quando ele se mudou," comentei com um biquinho.
Minha risada morreu quando a voz de Haden cortou o barulho. "Ficou mesmo?"
Eu me enrijeci. Ele deslizou para o assento ao meu lado, pegando uma batata frita da minha bandeja como se pertencesse ali. Seus amigos o seguiram, ocupando lugares na nossa mesa. O olhar de Morgan poderia derreter aço.
"O que você quer, Haden?" ela disparou, sua voz afiada.
Ele a ignorou, sua mão pousando no meu joelho sob a mesa. Meu coração disparou quando seus dedos se apertaram—um aviso silencioso. "Queria compartilhar uma boa notícia," ele disse, sorrindo. "A mãe da Ella e meu pai vão se casar. Vamos nos mudar juntos neste fim de semana."
A mesa ficou em silêncio, choque se espalhando entre minhas amigas. A expressão de Morgan mudou de irritada para profundamente preocupada. Ela sabia. Ela sempre sabia.
Haden se inclinou mais perto, apertando mais forte minha perna. "Não é verdade, Ella?" ele perguntou, seu tom casual, mas seus olhos me desafiando a desmenti-lo.
"É," sussurrei, quase inaudível. "Neste fim de semana."
"Bem," Ashley disse depois de um momento, tentando quebrar a tensão. "Acho que vamos ver muito mais você, Haden."
"Sorte de vocês," ele disse, levantando-se. Ele piscou para mim antes de sair com seu grupo, deixando um silêncio gelado em seu rastro.
Tanya se virou para mim, preocupação estampada no rosto. "Ella, ele te machucou?"
"O quê?" perguntei, assustada. "Não, claro que não."
A expressão de Morgan ficou mais séria, mas ela não insistiu. Ela sabia que eu não contaria a verdade, não aqui. Não agora.
Fiquei quieta, tentando fazer o tremor nas minhas mãos parar. Mais um ano, eu disse a mim mesma. Mais um ano, e ele vai embora.
Mas, lá no fundo, eu sabia que as coisas não iriam melhorar até eu encontrar uma forma de enfrentá-lo—ou escapar.













































































































