Capítulo 6: A mãe deles
Gemidos baixos ecoavam pela sala escura e gelada, o cheiro pungente de sangue impregnando o ar. Haden entrou com passos despreocupados, seu olhar afiado travando nos olhos vazios e sem vida de seu primo.
Aldo e Christian foram massacrados na noite em que resgataram Ella, mas Haden fez uma escolha deliberada de manter Matt vivo.
Durante a última semana, ele submeteu Matt a torturas implacáveis, arrancando os nomes de todos os envolvidos. Não haveria perdão. Nem misericórdia. Cada pessoa que havia contribuído para o sofrimento de Ella estava marcada para morrer. E Matt? Ele testemunharia cada execução, assistindo impotente enquanto seus aliados eram arrastados, um por um, e brutalmente assassinados diante de seus olhos.
Ele entregou cada nome.
Agora, Matt estava desmoronado na cadeira, despojado de sua dignidade—seus braços direito e esquerdo reduzidos a tocos decepados, a carne cauterizada de forma grosseira para evitar que ele sangrasse até a morte. Cortes profundos marcavam seu corpo, alguns finos como lâminas, outros irregulares e abertos. Sua pele brilhava de suor, seu cabelo grudado na testa, e sua respiração vinha em arfadas rasas e irregulares.
Seu olho direito estava inchado, seu lábio rachado e coberto de sangue seco. Mas mesmo em seu estado arruinado, ele mantinha seu olhar fixo em Haden, uma tempestade de raiva e medo cintilando dentro dele.
Haden girava um pedaço de aço entre os dedos, um sorriso lento e calculado se estendendo em seus lábios.
"Sabe," ele refletiu, sua voz carregada de diversão, "tenho que admitir—estou impressionado com sua vontade de viver."
Matt soltou uma risada rouca e amarga antes de cuspir sangue no chão. "Vai se ferrar!" ele rosnou.
O sorriso de Haden se alargou enquanto ele diminuía a distância entre eles.
"Ora, ora," ele repreendeu, inclinando a cabeça. "É assim que você fala com seu querido primo? Eu te fiz um favor, afinal. Você nunca mais poderá colocar essas mãos imundas em ninguém." Seu tom era quase brincalhão, mas seus olhos brilhavam com malícia.
Matt cerrou os dentes. "Chega de conversa," ele cuspiu. "Você vai nos matar de qualquer jeito. Apenas faça isso logo."
As sobrancelhas de Haden se ergueram ligeiramente. "Nós?" ele ecoou, fingindo curiosidade.
O maxilar de Matt se apertou. "Eu e meus irmãos," ele sibilou. "Acabe logo com isso."
Silêncio.
Então, Haden soltou uma risada baixa antes de olhar para Luca, que observava com um sorriso conhecedor.
"Ah," Haden refletiu. "Ninguém contou a ele?"
Luca balançou a cabeça, seu sorriso se aprofundando. "Achei que ele soubesse."
Os olhos injetados de sangue de Matt oscilavam entre eles, ardendo de ódio puro.
Haden se inclinou, sua voz baixando para um sussurro zombeteiramente simpático.
"Odeio ser o portador das más notícias, Matt, mas... Aldo e Christian morreram há uma semana."
Ele se afastou, sua expressão mudando de falsa simpatia para algo frio e impiedoso.
"Sinto muito pela sua perda," ele acrescentou friamente.
Então, ele se endireitou, seu rosto desprovido de emoção, como se Matt fosse apenas mais um nome em uma lista esperando para ser riscado.
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Joella
Suspirei ao parar em frente à propriedade dos Russo, meus nervos tão tensos que parecia que eu poderia quebrar. Minha perna balançava ansiosamente, uma reação inconsciente à tempestade que fervia dentro de mim. Uma mão quente se assentou em minha coxa, me acalmando.
"Relaxa, tesoro," Haden murmurou, sua voz um contraste reconfortante ao caos em minha mente.
Mas eu não conseguia relaxar. Não quando sabia por que seu avô nos havia convocado. Não quando eu não estava pronta para enfrentar o que nos aguardava lá dentro. Eles haviam prometido me manter segura uma vez antes, e nós dois sabíamos como isso havia terminado. Haden apertou minha mão de forma reconfortante antes de sair do carro. Observei enquanto ele contornava o veículo com passos suaves e confiantes, sua presença sempre inabalável. Ele abriu minha porta, sua outra mão se estendendo em minha direção. Inspirei profundamente, forçando ar em meus pulmões, e deslizei minha mão na dele, deixando-o me ajudar a sair.
A cada passo em direção à grande propriedade, meu coração batia mais forte.
Os guardas na entrada se endireitaram quando nos aproximamos, inclinando a cabeça em respeito a Haden antes de me dar um breve aceno. Mal os reconheci, consumida pela minha própria apreensão. A mão de Haden permaneceu firme enquanto ele me conduzia pelos grandiosos corredores, passando por pisos de mármore e lustres intricados, até chegarmos a uma enorme porta de carvalho. Ele bateu uma vez antes de empurrá-la sem esperar por uma resposta.
No momento em que entramos, seu corpo inteiro ficou tenso.
Sua mão apertou a minha, seus dedos pressionando minha pele com uma fúria mal contida. Meu olhar subiu para ele, e eu parei ao ver a tempestade em seus olhos—pura, filtrada raiva.
Segui seu olhar, meu estômago revirando quando a vi.
Uma mulher estava sentada no sofá no canto do escritório, sua postura rígida, sua presença perturbadora. Ela tinha uma semelhança impressionante com a mãe de Haden—o mesmo cabelo dourado, embora o dela caísse em mechas lisas e retas em vez dos cachos característicos de Carolyn.
Mas não era sua aparência que me fez prender a respiração. Era a maneira como ela me olhava.
Seu olhar queimava com uma raiva mal disfarçada, afiada o suficiente para cortar.
Por que ela estava com raiva de mim?
Então, tão rapidamente quanto veio, sua atenção se voltou para Haden, e ela imediatamente abaixou os olhos para o chão, seus ombros se encolhendo ligeiramente. Mal tive tempo de processar antes que Haden me puxasse para uma cadeira em frente à mesa de seu avô. Ele não se sentou. Permaneceu em pé atrás de mim, uma presença formidável às minhas costas.
"Por que ela está aqui?" Sua voz era afiada, cortante, fria o suficiente para me causar um arrepio na espinha.
Hesitei, então olhei para ele, e a expressão em seu rosto fez meu sangue gelar. Eu só tinha visto aquela expressão uma vez antes—quando Matt tinha uma arma apontada para minha cabeça. Um calafrio percorreu meu corpo com a lembrança, meu pulso acelerando. Imediatamente, o olhar de Haden se voltou para mim, sua fúria derretendo num instante. Seus dedos tocaram suavemente meus ombros, seu toque cuidadoso, protetor.
"Você está bem, tesoro?" ele perguntou, sua voz se tornando mais suave, mais íntima.
Engoli em seco, assenti, e me deixei afundar na cadeira, exalando enquanto a tensão em meu corpo lentamente se desfazia.
Mas mesmo enquanto tentava me acalmar, ainda podia sentir o peso do olhar da mulher sobre mim, como uma ameaça silenciosa prestes a se desenrolar.
"Ela está aqui para mostrar que estamos solidários com você como Capo." O avô de Haden finalmente falou, sua voz calma mas firme.
Haden bufou, o som afiado de desdém.
"A aprovação dela nunca foi necessária," ele disse friamente.
O olhar do avô de Haden escureceu ligeiramente. "Cuidado," ele advertiu. "Ela ainda é sua tia."
Voltei minha atenção para a mulher, minha mente juntando as peças. Ela era a mãe de Matt, Chris e Al. O sangue deles corria em suas veias, mas quando nossos olhos se encontraram novamente, percebi algo que não havia notado antes.
Não era raiva em seu olhar—era desespero. Medo.
Meu peito apertou.
Passei tanto tempo odiando seus filhos, desprezando-os pelo que haviam feito comigo, com Haden. Mas enquanto olhava para ela agora, senti algo inesperado—piedade.
Ela havia perdido tudo. Seu marido. Seus filhos. Tudo de uma vez.
Nenhuma mãe deveria ter que suportar esse tipo de dor.
Haden revirou os olhos, descartando o momento com um olhar para mim.
"A única aprovação que importa é a de Ella," ele afirmou firmemente.
Seu avô assentiu, batendo levemente os dedos contra a mesa antes de desviar o olhar para mim.
"Você está certo," ele disse, sua voz medida. "Joella."
Engoli em seco com a maneira como ele me chamou, dando-lhe toda a minha atenção.
"Eu sei que confiar em nós não é fácil," ele continuou. "Não depois do que aconteceu. Mas eu te dou minha palavra—isso não vai se repetir. Nunca esperávamos que a família fosse nos trair."
Um suspiro agudo veio da mulher atrás de mim, mas ninguém se virou para reconhecê-la.
"Família ou não," Russo disse friamente, "a traição sempre é punida com a morte."
Assenti, mas as palavras me faltaram. O que eu poderia dizer?
O peso do luto da mulher pressionava sobre mim, silencioso mas sufocante. Era o tipo de tristeza que permeava o ar, exigindo ser sentida. Minha garganta apertou enquanto piscava para afastar as lágrimas que ameaçavam se formar.
Eu não tinha direito de chorar. Não agora.
"Você está segura, Ella," Russo me assegurou. "Todos que tiveram um papel no que aconteceu com você foram tratados."
Seu olhar segurou o meu por um longo momento antes de ele se virar para Haden.
"Algo que você gostaria de acrescentar?"
Haden balançou a cabeça, mas apertou meus ombros de forma reconfortante.
Um pensamento amargo cruzou minha mente, e antes que eu pudesse me impedir, falei.
"E os seus inimigos?" perguntei. "Se Haden se tornar Capo dei Capi, isso me torna o alvo número um."
Russo sorriu, o brilho afiado em seus olhos mostrando diversão em vez de preocupação. Ele se virou para Haden.
"Você tem treinado ela?"
"Claro," Haden respondeu sem hesitação.
Seu aperto em mim se intensificou ligeiramente—reassurance silenciosa.
"Ella, nós conhecemos nossos inimigos. Estamos sempre preparados para um ataque," afirmou firmemente o Vovô Russo. "Todos sabem que sua segurança vem em primeiro lugar."
Assenti, mas não consegui expressar acordo. Eu não estava apenas preocupada com minha própria segurança—eu estava preocupada com Haden. Nenhuma quantidade de promessas poderia mudar a verdade. Se ele se tornasse Capo, ele estaria sempre em perigo. E isso era algo que ninguém poderia me garantir que não aconteceria.
"Estamos todos de acordo em Haden ser o próximo Capo."
A voz era suave, mas firme, e veio da única pessoa que havia permanecido em silêncio até agora. Todos os olhos se voltaram para ela enquanto ela se levantava lentamente de sua cadeira e caminhava em direção à cadeira vazia ao meu lado. Ela era linda, assim como a mãe de Haden—o mesmo cabelo dourado, os mesmos traços elegantes. Mas onde Carolyn irradiava calor, essa mulher carregava um peso tão pesado que parecia pressionar sua própria alma. A tristeza a envolvia como uma sombra, e eu sabia que era por causa de tudo o que ela havia perdido.
"Posso?" ela perguntou gentilmente.
Assenti, e ela se sentou, seu olhar nunca desviando do meu.
"Me deram detalhes sobre o que meus filhos fizeram com você," ela começou, sua voz tremendo um pouco. "Sinto muito que eles te causaram tanta dor." Uma rachadura em sua voz. Uma brecha na armadura. Meu peito apertou com a emoção crua em suas palavras.
"Eles foram contra a família," ela continuou, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas. "Eles sabiam as repercussões se fossem pegos. Assim como meu marido. Mas ele—" ela exalou tremulamente "—ele os encorajou a lutar pelo que acreditava ser deles por direito. Ele os levou por esse caminho. Eu queria ter sabido antes o que eles estavam planejando. Talvez... talvez eu pudesse tê-los parado. Talvez as coisas não tivessem terminado assim."
Uma única lágrima escorreu por sua bochecha. Ela a enxugou rapidamente, como se envergonhada de mostrar fraqueza.
"Sinto muito," ela disse, sua voz mais forte desta vez. "Para vocês dois."
Ela olhou primeiro para mim, depois para Haden, que estava atrás de mim como uma tempestade silenciosa. Seu rosto era inescrutável, frio e distante. Engoli em seco, meu coração doendo ao ver sua dor. Olhei para Haden, esperando encontrar alguma brecha em seu exterior gelado, mas sua expressão permaneceu inalterada. Balançando a cabeça, voltei a olhar para ela e, sem pensar, estendi a mão para segurar a dela.
"Eu não te culpo," disse suavemente. "Foram seus filhos que me machucaram, não você."
Ela prendeu a respiração. Desta vez, quando as lágrimas escorreram por suas bochechas, ela não se preocupou em enxugá-las.
"Você é uma menina tão doce," ela sussurrou, apertando minha mão. "Eu entendo por que Haden te ama tanto."
Retribuí o gesto, meu aperto era gentil, mas firme. "No fim das contas, eu vejo que você também está sofrendo. Você perdeu sua família, e eu sinto muito por isso."
Seus choros silenciosos se transformaram em soluços completos e quebrados. Vovô Russo, que havia permanecido imóvel até então, levantou-se e caminhou ao redor de sua mesa. Ele colocou uma mão gentil em seu ombro.
"Rosalyn, querida," murmurou, sua voz cheia de uma ternura rara, "por que você não vai descansar um pouco?"
Ela assentiu fracamente, enxugando o rosto enquanto se levantava lentamente.
Sem dizer mais nada, ela saiu da sala, seu pai seguindo logo atrás.
E assim, a sala ficou mais pesada.
Mais silenciosa.
Mais sufocante do que antes.
As mãos de Haden encontraram meus ombros novamente, mas desta vez, ele não disse nada.
Porque nós dois sabíamos—não havia palavras que pudessem consertar o que já estava quebrado.
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Haden
Ella era gentil demais para seu próprio bem. Sempre perdoando, sempre encontrando o melhor nas pessoas—mesmo quando elas não mereciam. Isso me irritava profundamente. Mas, ao mesmo tempo, era uma das razões pelas quais eu a amava tanto.
Quando minha tia e meu avô desapareceram pela porta, Ella se virou para mim, suas sobrancelhas franzidas de frustração, uma carranca firmemente fixada em seu rosto.
"O quê?" perguntei, espelhando sua expressão.
"Por que você foi tão frio?" ela exigiu, cruzando os braços sobre o peito. "Você não vê que ela está sofrendo?"
Cerrei o maxilar.
"Você quer que eu sinta pena por matar as pessoas que te machucaram?" perguntei, minha voz plana, mas minha irritação crescendo.
"Não," ela retrucou, "mas você poderia pelo menos mostrar alguma compaixão pela sua tia."
Soltei uma risada amarga, balançando a cabeça.
"Eu já fiz isso quando não coloquei uma bala na cabeça dela," rebati.
Ella se encolheu, seu corpo se enrijecendo antes de se virar para longe de mim.
Droga.
Exalei bruscamente, passando a mão pelo rosto antes de me mover ao redor da cadeira dela. Sem dizer uma palavra, puxei-a para meu colo enquanto me acomodava na cadeira ao lado da dela. Ela deixou, seu corpo flexível, embora eu ainda pudesse sentir a tensão em seus ombros.
"Desculpa," murmurei, pressionando meus lábios contra sua têmpora. "Mas toda vez que a vejo, eu vejo eles. E isso me irrita novamente." Soltei uma respiração lenta. "Eu não deveria ter levantado a voz para você."
Ela suspirou, derretendo-se contra meu peito, sua cabeça repousando contra meu ombro.
"Haden," ela disse suavemente, "você quer ser o Capo?"
A verdade?
Sim. Eu queria.
No começo, eu não tinha certeza. Mas agora? Eu sabia que era muito bom no que fazia. A Cooper Inc. estava prosperando. O clube estava funcionando bem. E eu estava pronto para assumir mais. Além disso, Luca estaria bem ali comigo. Ainda assim, nada disso importava se ela não quisesse essa vida.
"Eu quero," admiti. "Mas se você realmente não quiser, eu não vou." Eu realmente queria dizer isso. Eu largaria tudo—sem hesitação. Ella era a única coisa que eu nunca poderia arriscar perder. Eu não achava que ela sequer percebia o tipo de poder que tinha sobre mim.
Ela suspirou, seus dedos traçando círculos distraídos contra meu peito enquanto pensava. Finalmente, ela levantou a cabeça, travando os olhos nos meus.
"Tá bom," ela sussurrou. "Só fique seguro. E sempre volte para casa para mim."
Um sorriso lento surgiu em meus lábios enquanto eu a puxava, roçando os meus contra os dela em um beijo suave e prolongado.
"Eu prometo," murmurei.
E eu realmente queria dizer isso também.













































































































