ENGANADO

(POV da Scarlett)

As garotas imediatamente empalideceram, e os sorrisos em seus lábios foram substituídos por terror. Camilla, que havia iniciado o bullying mais cedo, engoliu em seco, sua bravura desaparecendo sob o olhar de Alexander.

‘Nós não queríamos—’ uma das garotas começou a dizer, mas Alexander a interrompeu.

“Não quero suas desculpas,” ele rosnou, seus olhos brilhando perigosamente. “Se eu descobrir que vocês estão incomodando ela ou qualquer outra pessoa, terão que se ver comigo. Entenderam?”

Elas assentiram rapidamente, seus rostos tão brancos quanto papel, obviamente assustadas.

“Vão agora,” Alexander ordenou, seu tom gelado como o vento de inverno. “Antes que eu faça vocês se arrependerem.”

Ele se moveu em minha direção e estendeu a mão para tocar a minha; eu não me afastei dele, e havia um brilho em seus olhos que me fez sentir atraída por ele. Quando nossos dedos se tocaram, houve um choque, uma corrente elétrica passou por mim e eu me senti como se tivesse sido atingida por um raio.

Alexander me ajudou a levantar e segurou minha mão por um tempo um pouco longo demais. Olhei em seus olhos e por um momento vi algo ali, gentil, protetor? Mas tão rapidamente quanto veio, aquele olhar desapareceu, e ele voltou ao seu eu sem emoção.

“Você está bem, Petal?” ele me perguntou, me chamando pelo apelido que ele me deu, o que sempre me fazia sentir especial.

Alexander colocou seu casaco em mim, o que me deu não só o calor do casaco, mas também o calor do seu cuidado. Ele olhou profundamente nos meus olhos como se pudesse ver através de mim. Eu tinha essa sensação de que estava sendo atraída por ele de uma maneira que não conseguia entender no momento.

“Por favor, saiam,” ele disse com uma voz muito irritada. As bullies tiveram que fugir assim que me viram.

“Deixe-me te ajudar.” Ele se aproximou e me pegou como se eu fosse uma noiva.

Quando estava em seus braços, havia uma felicidade estranha em mim. Sempre o quis de longe, mas agora, parecia que ele realmente estava me notando, talvez ele também tivesse sentimentos semelhantes.

“Não chore por pouca coisa, eu vou te proteger.” Alexander me colocou delicadamente no chão perto do banheiro, afastando a mecha de cabelo do meu rosto. Seu toque era tão suave que meu estômago dava voltas como se houvesse pequenos choques passando pelo meu corpo.

Eu vi o mundo desacelerar por um segundo.

“Vá lavar seu rostinho bonito,” ele sussurrou.

Meu coração começou a bater forte e me vi querendo beijá-lo, mas olhei para o lado imediatamente. Tinha medo de me envergonhar e corri rapidamente para o banheiro, ofegante.

Ainda estava em frente ao espelho, sentindo o toque de Alexander no meu rosto, quando a porta do banheiro se abriu e Sienna entrou com uma expressão preocupada.

“Scarlett, você está bem?” ela perguntou baixinho.

Eu assenti rapidamente. "Ah sim, estou bem," disse, embora minha voz tenha falhado.

Sienna encostou-se na pia, seus olhos encontrando os meus. "Você não precisa mentir para mim, sabe, eu vi como o Alexander olha para você e como seus olhos o seguem."

Eu ofeguei de surpresa. Era tão óbvio assim? Tentei minimizar, achando que não era grande coisa. "Ele é apenas... um cara legal, bonito, gentil... mas, você sabe, não é nada sério." As palavras soaram como uma traição aos meus verdadeiros sentimentos, mas eu não estava pronta para admiti-los – ainda não.

Sienna soltou um suspiro e cruzou os braços sobre o peito. "Scarlett, escute. Alexander... ele não é alguém em quem você pode confiar seu coração. Ele é um galinha. Troca de namorada como troca de roupa. Acredite, é melhor você ficar longe dele."

Ela estava certa, ou pelo menos suas palavras me fizeram sentir que havia uma pequena parte de mim que ficaria feliz em deixá-lo para trás. Assenti com a cabeça enquanto minha mente se enchia de sentimentos confusos. "Sim, eu sei. Você está certa. Vou ficar longe." Mas conforme as palavras saíam da minha boca, um medo frio começou a crescer no meu peito.

Sienna me deu um olhar simpático, seu telefone vibrando de repente. Ela olhou para a tela e depois para mim. "Tenho que atender. Só... cuide-se, tá?" Ela saiu do banheiro depois de me dar um aperto gentil no braço.

Assim que a porta se fechou, eu me encostei na pia, olhando meu reflexo. O aviso dela se repetia na minha mente, mas no fundo, eu não conseguia afastar a sensação de que precisava contar a ele como me sentia. Se não fizesse isso agora, talvez nunca soubesse o que poderia ter sido. A ideia de sempre me perguntar "e se" me assustava mais do que a possibilidade de rejeição.

Reunindo toda a minha coragem, saí do banheiro, meu coração batendo forte. Era isso – eu ia confessar. Mas assim que virei a esquina, meu fôlego ficou preso na garganta e meu mundo desabou.

Alexander estava lá, a poucos passos de distância, com as mãos na cintura de Sienna. Eles estavam se beijando.

Por um momento, fiquei paralisada, incapaz de acreditar no que estava vendo. Minha irmã... e Alexander? O mesmo Alexander que tinha sido tão gentil comigo momentos atrás? O peso da traição me atingiu como um soco no estômago.

Lágrimas encheram meus olhos, mas não esperei para deixá-las cair. Virei-me e corri, a imagem deles juntos gravada na minha mente. Meu coração parecia que estava se despedaçando em milhões de pedaços.

Com as mãos trêmulas, tirei o telefone do bolso e liguei para minha mãe. Minha voz falhou enquanto eu tentava me controlar. "Você pode me buscar?" perguntei, engolindo o nó na garganta. "Eu... eu quero ir embora. Para sempre."

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