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O homem estava pesado, todo o peso morto enquanto ela o ajudava a se manter em pé. Ele murmurou algo sob sua respiração, mas era apenas ruído.

“Ei,” ela disse, ofegante, “onde está seu carro? Ou onde você mora? Pode apontar?”

A cabeça dele tombou para o lado. “Meu carro...” ele balbuciou. “Ali... o preto brilhante...”

Red seguiu o dedo dele e piscou.

Um carro preto, elegante e caro, estava estacionado na calçada, o tipo que parecia poder pagar toda a sua dívida com um único pagamento. Um motorista estava ao lado, vestido todo de preto, segurando a porta aberta.

“Senhora,” o motorista assentiu. “Obrigado por tirá-lo de lá em segurança.”

Red suspirou, afastando o cabelo. “Posso deixá-lo com você agora.”

Mas o motorista parecia um pouco inquieto. “Ele fica... difícil quando está bêbado. Teimoso. Não entra a menos que alguém a quem ele está se agarrando ajude. Se não se importar...” ele gesticulou para o banco traseiro.

Red hesitou. Isso não era problema dela. Ela deveria dançar, ganhar seu pequeno dinheiro e ir embora. Mas de alguma forma, esta noite virou as regras de cabeça para baixo.

“Tudo bem,” ela murmurou, segurando o homem mais firme e ajudando-o a entrar no carro.

Ele desabou contra o banco de couro com um gemido, murmurando algo sobre champanhe e mentiras. Red começou a se afastar—

“Apenas vá conosco até chegarmos à casa,” o motorista disse gentilmente. “Depois eu a levo para onde quiser. Por favor. Ele confia em você... por algum motivo.”

Red olhou para o homem desmaiado ao seu lado. Seu terno cheirava a colônia e uísque, mas seu rosto estava pacífico agora.

“Tudo bem,” ela disse suavemente, deslizando para dentro ao lado dele. “Só desta vez.”

O motorista não pôde deixar de olhar em silêncio e descrença.

Seu chefe—Nico Bellami—estava deixando uma mulher tocá-lo. Encostar-se nele e guiá-lo.

Isso nunca acontecia.

Nico era intocável e proibido. O herdeiro do império Bellami e o solteiro mais cobiçado da cidade.

As mulheres não apenas o queriam—elas se destruíam tentando se aproximar. Algumas choraram, imploraram, obcecaram. Algumas até ameaçaram tirar suas vidas quando ele não retribuía o afeto.

Uma mulher realmente fez isso.

E aqui estava ele... deixando essa estranha curvilínea puxá-lo para perto sem piscar. Deixando-a liderar.

O motorista sabia que algo tinha que estar seriamente errado. Nico não estava apenas bêbado—ele estava tentando desaparecer de algo.

E ele sabia exatamente o quê.

Esta noite era a noite em que os pais de Nico haviam arranjado um jantar de noivado com a herdeira Valentino—uma mulher com quem ele mal havia falado duas palavras em sua vida. Não era sobre amor. Era sobre poder.

Nico odiava tudo isso.

Ele era alérgico a álcool, mas bebeu mesmo assim. Nove garrafas. Uma atrás da outra.

Como se estivesse tentando se anestesiar até desmaiar. E talvez estivesse.

Então o motorista não fez perguntas. Ele apenas olhou para a mulher que o ajudava e acenou com respeito silencioso.

O telefone de Nico começou a vibrar novamente. Pela décima vez em dois minutos.

A tela acendeu com "Mãe" piscando, seguida pelo toque familiar de mais uma mensagem chegando. Depois outra. E outra.

Red olhou para o telefone na mão dele—quase cem chamadas perdidas, todas do mesmo nome. Uma enxurrada de mensagens não lidas.

“Senhor,” ela murmurou sob sua respiração.

O motorista suspirou silenciosamente do banco da frente. “Ele me disse para não atender. De jeito nenhum.”

Red levantou uma sobrancelha. “Da própria mãe dele?”

“Ela é a razão pela qual ele bebeu até quase morrer esta noite,” o motorista disse, mantendo os olhos na estrada. “O chefe disse que se eu atender uma única chamada deles, estou demitido. Disse que preferia acordar em uma vala.”

Red não conhecia esse homem, mas ao vê-lo desabar em silêncio, com a cabeça encostada na janela como se estivesse tentando desaparecer do mundo, ela entendeu uma coisa:

O que quer que estivesse acontecendo entre ele e sua família—era profundo.

Eles pararam diante de uma mansão tão imensa que fez a garganta de Red secar. Pilares mais altos do que qualquer coisa que ela já tinha visto alinhavam a frente, e uma fila de carros de luxo brilhava sob luzes douradas suaves. Mas o que realmente chamou sua atenção foi a grande placa iluminada no portão:

Bem-vindos à Família Bellami

Festa de Noivado de Nico & Briel

Seu coração disparou.

Noivado?

Ela se virou para olhar o homem ao seu lado—ainda desmoronado, ainda completamente bêbado.

Por que um homem beberia tanto na noite em que deveria estar comemorando o amor?

Red abraçou sua mochila com mais força.

Este lugar parece saído de um filme. Tudo cheira a dinheiro. A poder. E aqui estou eu, recém-saída de um pole dance e no meio de um conto de fadas de bilionário que deu errado.

Ela mordeu o lábio.

Eu realmente não deveria estar aqui.

O carro nem tinha parado direito antes que o motorista se virasse para ela, a voz baixa e cautelosa.

“Você não deveria entrar. Sério. Eu cuido dele daqui.”

Red assentiu, já abrindo a porta. Ela não queria problemas. Mas assim que tentou sair, uma mão forte segurou seu pulso.

Nico.

Seu aperto não era forte, mas firme o suficiente para congelá-la no lugar.

“Não... vá,” ele balbuciou, olhos vidrados, hálito pesado de uísque. “Você vem comigo.”

“Senhor, ela realmente não deveria—” o motorista tentou novamente.

“Eu disse para se afastar!” Nico gritou, alto o suficiente para chamar a atenção perto da entrada. O estômago de Red revirou. Ela não gostava de atenção.

Mas ela não teve chance de argumentar. Nico já estava puxando-a em direção à mansão.

Seus sapatos faziam um som suave contra o mármore enquanto eles entravam no grande corredor—lustres luxuosos, um quarteto ao vivo tocando algo suave, e muitas pessoas bem vestidas bebendo champanhe. O cheiro de perfume caro pairava no ar.

O coração de Red acelerou.

O que estou fazendo aqui?

Cabeças estavam se virando. As pessoas estavam olhando. E lá estava ela—caminhando ao lado do noivo, a camisa dele desabotoada, cinto solto, lábios manchados de álcool. Ele se apoiava nela como se ela pertencesse a ele.

Eu não pertenço a este lugar, ela entrou em pânico, apertando a mochila com mais força, de repente ciente de como estava deslocada. Eu sou apenas a garota do clube...

Um silêncio caiu sobre a sala enquanto Nico subia os pequenos degraus que levavam ao centro do salão de baile.

Sua mãe ofegou do outro lado da sala. Seu pai enrijeceu. Briel, a mulher no vestido prateado, piscou rapidamente como se estivesse vendo um fantasma.

Então, Nico levantou uma mão trêmula e apontou para Red.

“Esta... esta é minha esposa,” ele balbuciou, as palavras saindo como pedras. “Eu não vou ficar noivo. Eu já sou casado.”

Ofegos. Ofegos altos e surpresos encheram o ar.

Red congelou.

Esposa?

Que diabos está acontecendo? O coração de Red batia contra suas costelas como se quisesse escapar.

Eu só o ajudei... Eu só o tirei de encrenca! E agora ele está me chamando de esposa? Na frente de todo mundo? Em uma maldita mansão cheia de pessoas usando diamantes e segurando taças de champanhe como se tivessem nascido com elas?

Ela sentiu a garganta apertar enquanto todos se viravam para olhar. Julgando. Sussurrando. Provavelmente se perguntando quem diabos ela era e de onde vieram suas roupas.

Este homem é um sinal vermelho ambulante em sapatos de grife.

Ela olhou para Nico—camisa meio aberta, sorrindo como um tolo bêbado, a mão ainda em sua cintura.

Nico se virou para ela com um sorriso sonolento e torto.

“Diga a eles, querida.”

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