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Os olhos de Red abriram-se lentamente, seus cílios pesados.
Tudo era muito branco—cortinas brancas, tetos brancos, travesseiros brancos e fofos que definitivamente não pertenciam à sua vida quebrada.
Ela piscou novamente, os pedaços da noite passada juntando-se como vidro após uma queda ruim.
Mas que diabos...
Ela sentou-se tão rápido que o cobertor escorregou de seu ombro.
“Ah, meu Deus.”
Agora ela lembrava. Aquela festa. Aquele bilionário. Aquele idiota bêbado que a arrastou escada acima como se fosse um prêmio que ele ganhou na feira.
Ela o salvou—arruinou seu noivado—arruinou sua própria paz de espírito—e agora...
“O que diabos eu ainda estou fazendo aqui?” ela murmurou, procurando pela sala sua bolsa, sapatos, qualquer coisa.
Ela pulou da cama, meio correndo para o chão para juntar suas coisas.
Uma calcinha.
Um batom.
Um pacote de chicletes amassado.
Ela se abaixou para pegar seu sapato quando uma voz profunda cortou o ar silencioso como uma lâmina.
“Onde você pensa que está indo?”
Red congelou.
Lentamente e dolorosamente, ela se virou.
Lá estava ele.
Nico Bellami.
Sem camisa.
Tatuado.
Cabelo bagunçado como se tivesse acabado de acordar do inferno.
E pior?
Desperto.
Totalmente desperto.
Ela engoliu em seco, agarrando sua bolsa ao peito como se fosse uma armadura. “Eu... eu estou indo embora,” ela disse rapidamente. “Eu salvei seu rabo bilionário mimado ontem à noite. Você estava bêbado. Fim de história.”
Ele deu uma risada de desdém.
De desdém.
Como se ela fosse a culpada por arruinar sua vida.
“Você me salvou?” ele repetiu, caminhando em direção ao minibar, pegando uma garrafa de água, abrindo-a com aquela facilidade irritante de homem rico. “Você me salvou?”
“Sim!” ela sibilou. “Sua avó acha que somos um casal agora! Porque você não conseguiu segurar seus drinks e me arrastou escada acima na frente de metade da mídia mundial!”
Nico se virou, seus olhos afiados como lâminas, examinando-a de cima a baixo como se ela fosse um problema a ser resolvido.
“Você não vai a lugar nenhum,” ele disse friamente. “Não até resolvermos essa bagunça.”
Red piscou. “Com licença?”
“Você me ouviu. Você fica. Você sorri. Você finge tudo para a vovó. Porque ela já está planejando casamentos e acreditando na mentira de que você é minha namorada. Minha noiva ou sei lá o quê.”
A boca de Red se abriu em choque. “Você não está falando sério.”
“Estou falando sério,” ele disse, jogando a garrafa vazia no lixo como se fosse nada. “Você piorou tudo. Você entrou lá parecendo um anjo stripper e agora a cidade inteira acha que eu larguei a herdeira da Valentino por você.”
Red ofegou. “Você me arrastou—”
“Não importa,” ele a interrompeu. “Eles já escolheram lados. Os paparazzi adoram. Vovó está nas nuvens. Ela acha que você é meu para sempre. Então aqui está o que vamos fazer.”
O coração de Red disparou.
“Você fica longe de mim,” Nico continuou friamente, “Você age. Você sorri. Você finge ser a boa garota que me fez deixar a herdeira no altar.”
“E em troca?” ela perguntou entre dentes cerrados.
“Em troca,” ele se encostou à parede, braços cruzados, voz venenosa, “você mantém o que resta da sua reputação. A menos que queira viralizar como a vadia que seduziu um bilionário na festa de noivado dele.”
O maxilar de Red se contraiu.
Ela queria jogar sua bolsa na cabeça dele. Ou socá-lo na cara de menino rico.
Mas não podia.
Porque a imprensa estava lá fora.
E ela ainda estava de calcinha.
Então ela se endireitou, ergueu a cabeça e murmurou baixinho—
“Isso vai ser um inferno.”
Red o encarou, ainda tentando recuperar o fôlego e a dignidade. Nico, por outro lado, parecia uma tempestade envolta em um metro e oitenta de músculos e dinheiro.
Seu maxilar se contraiu mais a cada segundo que ela ficou na frente dele como um gato confuso.
Ele se virou lentamente, caminhou até a cômoda, abriu uma gaveta e puxou um cartão de crédito preto. Não qualquer cartão—um daqueles que poderiam comprar metade da cidade.
Sem olhar para ela, ele jogou o cartão na cama como se estivesse contaminado.
"Aqui," ele disse rispidamente. "Compre roupas decentes. De grife. Caras. Não me importa. Só certifique-se de não aparecer de novo parecendo um escândalo ambulante."
Red piscou. "Você está falando sério agora?"
Ele não respondeu. Apenas pegou o celular, enfiou no bolso e foi em direção ao banheiro como se não suportasse o ar entre eles.
Mas antes de entrar, ele se virou para ela—olhos frios, voz cortante.
"Esta é sua última advertência. Não estrague tudo. Faça seu papel, fique longe de mim, e quando isso acabar, voltamos a ser estranhos."
Então ele bateu a porta.
O silêncio que seguiu foi ensurdecedor.
Red encarou a porta do banheiro.
O que. Acabou. De acontecer?
Ela olhou para o cartão de crédito na cama e bufou.
Era para ela se sentir grata? Como um brinquedo descartado?
Atrás daquela porta, Nico se inclinou sobre a pia, segurando as bordas com os nós dos dedos brancos, respirando como se tivesse acabado de lutar uma guerra.
"Merda," ele murmurou para seu reflexo. "O que eu fiz?"
A mídia, o escândalo, a avó... Ela.
Ele jogou água fria no rosto.
De todas as mulheres. De todas as noites. Ele poderia ter tido uma acompanhante discreta, uma amiga falsa, uma profissional de relações públicas—
Em vez disso, ele tinha ela.
Uma stripper.
Uma mulher sem filtro, boca quente, envolta em caos, com uma calcinha que provavelmente custava R$10 e um rosto que o assombrava mesmo quando ele não queria.
Eu. Casado. Com uma maldita stripper?
Ele pegou uma toalha e a jogou no balcão.
Red acabava de sair do pesado roupão do hotel, muito preguiçosa para procurar algo decente para vestir. Ela estava ali, com suas calcinhas desbotadas e uma camiseta velha e folgada, cabelo como uma bola de feno e rosto ainda meio adormecido. Ela acabara de pegar o maldito cartão de crédito de Nico do criado-mudo, planejando jogá-lo na cara dele quando—
TOC. TOC. TOC.
Antes que ela pudesse dizer "quem é?", a porta se abriu, e entrou a última pessoa que ela queria ver.
"Bom dia, pombinhos!" A vovó cantarolou, voz doce como mel com um toque de travessura.
Red congelou. Olhos arregalados. Sua mão ainda no ar segurando o cartão preto. Suas coxas nuas à mostra para o mundo.
A vovó piscou uma vez. Depois duas. E então os cantos de sua boca se curvaram em um sorriso astuto e conhecedor.
"Oh querida..." A vovó disse, colocando uma mão dramaticamente no peito. "Agora, isso definitivamente não é o tipo de 'obrigada' que eu esperava ver na minha futura neta."
Red quase engasgou com o ar.
"O quê?! Não! Não é o que parece—eu não—" ela se atrapalhou para pegar o roupão, tropeçando nos próprios pés.
A vovó sorriu ainda mais e se inclinou, voz baixando para um ronronar provocante.
"Então... me diga, querida," ela disse com um brilho nos olhos, "ele foi gentil ontem à noite... ou seguiu o exemplo do avô e quase quebrou a cama, hein?"
"O QUÊ?!" Red guinchou, praticamente mergulhando atrás da cama como se fosse um escudo.
E então—
click.
A porta do banheiro se abriu, e Nico saiu, toalha baixa na cintura, água ainda escorrendo pelos abdominais, cabelo uma bagunça.
"Quem diabos está falando tão alto—"
Ele parou.
Viu Red meio nua atrás da cama.
Viu a vovó sorrindo como um demônio em pérolas.
Ele suspirou como se tivesse envelhecido cinco anos.
A vovó se virou para ele, rosto inocente mas voz cortante.
"Bom dia, Nico. Vejo que você ainda está... hidratado."
Nico fechou os olhos, massageando as têmporas.
"Vovó. Por favor. Vá. Para. Casa."
A vovó deu de ombros. "Eu só queria ver como foi a primeira noite de vocês como marido e mulher."
"Não somos—" Red começou.
Mas a vovó levantou um dedo. "Não na frente do seu marido, querida. Agora, apresse-se e vista-se apropriadamente. Vocês têm um brunch com a família em uma hora."
