Verdade aterrorizante
ELENA PETERS
Todo mundo estava se divertindo, conversando e bebendo, mas eu não tinha falado com ninguém nos últimos vinte minutos ou quarenta. Não sei. Não estava contando.
Eu estava totalmente perdida olhando para o homem mais incrível, como se tudo e todos ao meu redor não importassem mais.
Vince Walker. Vestido em um smoking branco, cabelo penteado e preso em um pequeno coque, óculos escuros clássicos, sapatos italianos brancos de verdade, um relógio que valia milhões no pulso e alguns anéis de ouro verdadeiro nos dedos.
Ele era uma mistura sexy de malandro e elegância e havia capturado minha atenção desde o momento em que apareceu na festa.
Ao lado dele estava a tia Vanessa, mãe do Trent, minha sogra. Sempre adorei ela, mas agora, não consigo explicar esse sentimento vil de ciúmes que surgiu dentro de mim ao vê-la agarrada a ele.
Eu sei que é loucura, e ela tem todo o direito de ficar ao lado dele. Ela é a parceira dele, caramba. Mas eu não consigo evitar.
Ver Vince me deixou muito nervosa e me fez lembrar da nossa conversa na noite passada. Sua raiva inexplicável. A ferocidade na voz dele. O que isso significava?
Do que ele estava com raiva? A pergunta me torturou a noite toda. Eu me sentiria muito melhor se pudesse perguntar a ele.
“Ei, amor. Estava te procurando por toda parte.” Trent interrompeu meus pensamentos de forma irritante. Ele acabou de chegar.
A festa começou há uma hora e ele acabou de chegar?
“Oi,” respondi de forma apática.
“Desculpe. Fiquei preso no trânsito,” ele disse apressado, beijando minha bochecha. Incrível como eu senti o perfume da Tracy nele.
Uau! Ele estava tentando ser óbvio sobre sua fidelidade ou estava ficando menos habilidoso em esconder isso?
“Tudo bem,” eu engasguei, segurando as lágrimas.
“Vamos, vamos cumprimentar o pai.” Ele colocou uma mão ao redor da minha cintura e eu recuei um pouco. Mas consegui me acalmar enquanto nos aproximávamos dos pais dele.
Vince olhou para cima, fixando os olhos nos meus como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Engoli em seco, enquanto meu coração batia mais forte contra o peito.
Ele tinha um sorriso fácil enquanto abraçava Trent.
“Oi, querida.” Tia Vanessa e eu nos abraçamos. “Você está tão bonita,”
“Obrigada, tia.” Tentei sorrir perfeitamente. Mas estava muito trêmula para conseguir isso.
“Oi, Elena.” A voz rouca de Vince fez minha respiração tremer. Ele estendeu a mão veemente para mim.
Devagar, coloquei a minha na dele e ele a beijou. Era para ser um gesto normal e inocente. Exceto que a sensação da boca dele na minha pele trouxe de volta as memórias profanas daquela noite, me fazendo estremecer.
Ele tinha um sorriso torto enquanto me soltava e continuava conversando com Trent. Eu estava hiperventilando e estava ficando difícil esconder isso.
Mas então Vince parecia relaxado. Descontraído e calmo. Era impossível imaginá-lo como o cara que perdeu a cabeça na ligação ontem. Ou o cara que se entregou sem remorso naquela noite.
Ele era falso? Tinha múltiplas personalidades? Ou eu estava enlouquecendo?
“Vamos, amor. Vamos para nossa mesa.” Trent disse, segurando minha mão enquanto caminhávamos pela multidão.
Olhei para Vince, e ele parecia ocupado conversando com alguns homens. Para alguém que parecia chateado quando sugeri que fingíssemos que o que tivemos nunca aconteceu, ele parecia fingir muito bem. Ele quase me enganava a acreditar que nunca aconteceu.
Como ele podia parecer tão relaxado?
“Você está bem, amor?” Trent beliscou meu rosto corado, distraindo meu olhar de Vince. Já estávamos sentados à nossa mesa.
“Sim. Estou bem.” Eu disse apressadamente, tomando um gole da taça de champanhe na mesa. Tinha um gosto divino. O pai deve ter gastado milhões para comprá-los.
Sorri, tomando outro gole. Mas literalmente engasguei quando Tracy apareceu do nada e sentou na cadeira vazia ao lado de Trent.
Coloquei a taça na mesa. Meu rosto se contorceu em uma raiva crescente.
“Oi, mana. Desculpe, não pude passar uma noite divertida com você ontem. Tive que estar em um lugar importante.”
Sim, em cima do meu parceiro!
“Está… está tudo bem.” Minhas mãos estavam cerradas sob a mesa na minha tentativa doentia de me conter para não explodir com ela.
“Obrigada.” Ela sorriu, jogando seu cabelo longo e liso para trás. Eu preferia o meu com cachos.
"Uh, você não deveria estar com seus amigos ali?" Trent perguntou nervosamente, mesmo tentando sorrir.
"Não. Quero ficar aqui com vocês dois." Tracy ousou colocar uma mão estilosa sobre a dele. Ele pigarreou, retirando a mão.
O flerte descarado de Tracy na minha frente estava cutucando todos os meus nervos. Neste momento, eu estava imaginando dar um soco para tirar o Botox do rosto dela.
"Tudo bem, eu deixo vocês dois sozinhos." Ela se levantou, jogou o cabelo para trás e saiu rebolando.
"Ela... ela é um problema." Trent riu nervosamente. Eu estava engasgada com lágrimas para falar. Deusa, me dê forças para não fazer uma cena aqui.
"Vou... uh... cumprimentar seu pai." Trent empurrou a cadeira para trás e saiu. Minha cabeça estava baixa enquanto eu ainda tentava conter minhas lágrimas.
Quando finalmente controlei minhas emoções e olhei para cima, primeiro verifiquei onde estava meu pai.
Ele estava com minha mãe e alguns convidados. Trent não estava com ele. Nem Tracy.
Eu só espero... Não, eles não ousariam. Tracy não desrespeitaria a festa do meu pai assim.
Mas eu não podia ficar sentada me consolando. Eu tinha que garantir que eles não estivessem em nenhum dos quartos fazendo coisas imundas um com o outro.
Levantei-me e olhei para o lugar onde Vince estava. Ele não estava mais lá também. Mas a tia Vanessa estava. Ela parecia imersa em uma conversa com suas amigas.
Indo para dentro da mansão, pensei no primeiro lugar para procurar. E o quarto da Tracy veio à mente.
Subi rapidamente as escadas, sentindo a tensão no meu tornozelo. Com um pouco de dificuldade, tirei meus saltos de quinze centímetros e subi o restante das escadas.
Cheguei à porta dela e os gemidos eram exatamente o que eu precisava ouvir. Altos e eroticamente perturbadores. Os grunhidos de Trent indicavam o quanto ele estava se divertindo.
Lágrimas embaçaram minha visão enquanto eu tentava alcançar a maçaneta. Mas minha mão estava tão trêmula que eu não conseguia.
Se eu entrar lá, o que acontece? Eu fico brava? Grito? Ou peço para ele escolher entre mim e minha irmã?
E se ele escolher ela? O que aconteceria comigo? E... e se meu pai os vir, ele poderia ter um ataque cardíaco.
Eu deveria estar mais preocupada com isso. Preciso garantir que ele não venha aqui. Nem minha mãe. Nem nenhum dos convidados.
Com meu coração despedaçado, desci as escadas. Minha maquiagem estava arruinada pelas lágrimas e eu fui ao banheiro para me recompor.
Minutos depois, saí parecendo um pouco elegante novamente. Eu estava com meus sapatos. Eu tinha um sorriso. Mas, Deus, meu coração estava sangrando.
Eu deveria voltar para a festa. Deveria ficar com meu pai. Para que ele não venha aqui.
Mal cheguei à porta principal, ouvi uma voz atrás de mim.
"Com licença, senhora."
Eu me virei. Era um dos garçons. Ele tinha um telefone na bandeja e estava estendendo para mim.
"De quem é?"
"Alfa Vince, senhora."
Vince? Peguei rapidamente o telefone. Ele fez uma reverência e estava prestes a sair.
"Espere. Onde você encontrou?"
"No terceiro andar, senhora. Vi ele caído em um canto. Acho que ele deve ter deixado cair por engano."
O terceiro andar? É onde fica o quarto da Tracy. O que Vince estava fazendo naquele andar?
Agradeci ao garçom e ele saiu. Olhando para o telefone, percebi que tinha que devolvê-lo a ele. Mas onde ele está? Talvez ele tenha voltado para a festa.
Com esse pensamento, dei mais um passo. Mas congelei quando o telefone apitou.
A luz acendeu, indicando que ele acabou de receber uma mensagem.
Eu não queria bisbilhotar. Eu nem cliquei. Mas as fotos apareceram sozinhas, drenando cada gota de sangue do meu rosto.
Aquelas fotos... eram... fotos de Trent e Tracy. Juntos. No quarto dela. Por que... por que Vince também estava recebendo essas fotos?
Exceto... elas não foram enviadas anonimamente. Então, como ele... espera.
Empalideci quando uma realização aterrorizante me atingiu. As palavras dele naquela noite. As que eu pensei ter imaginado. Ele disse... "Foi a única maneira de me atrair para os braços dele."
Era isso? Vince estava por trás da saga anônima?
"Por que você parece que viu um fantasma, Elena?" A voz familiar, profunda e assustadora me assustou. Eu olhei para cima.
Era Vince. Não o Vince caloroso e descontraído. Mas o Vince sombrio e tenso cujos olhos estavam encobertos por emoções inexplicáveis.
