Capítulo 1 - O plano
POV da Margot
Cara olhou freneticamente para o relógio de parede, antes de seus olhos voltarem para a bibliotecária, que nos observava como um falcão desde o momento em que nos sentamos...
"Temos apenas dez minutos para enviar o seu antes que ela nos expulse por hoje!" Cara suspira, tendo me convencido a participar de mais uma de suas ideias malucas, como sempre fazia.
Suspirando, eu concordo com a cabeça, observando-a clicar em "sim" para dar minha permissão a uma lista interminável de termos e condições que nenhuma de nós se deu ao trabalho de ler pela segunda vez hoje...
"O prazo é à meia-noite, então provavelmente estamos atrasadas para enviar isso! Sem dúvida eles já escolheram quem querem para isso, Cara - não imagino que o governo deixaria essas decisões para o último minuto, né?" Eu reclamo, sabendo que a ideia era ridícula desde o início.
Nos despachar para passar um tempo a sós com prisioneiros de segurança máxima como uma nova forma de reabilitação?
Claro que sim.
Mas por que eu concordaria com isso, você pergunta? Bem, porque obviamente não é de graça!
Tendo acabado de terminar a escola, lutando para encontrar empregos na nossa cidadezinha de merda cheia de nada além de fazendas, motéis e minas empoeiradas, Cara encontrou esse anúncio bizarro na semana passada enquanto navegávamos online - usando nossa uma hora de Wi-Fi grátis que conseguimos na biblioteca pública toda semana...
'Mulheres procuradas para acoplamento com prisioneiros - Recompensa de $25.000 ao completar'
Eu quase engasguei com minha própria saliva quando Cara disse que queria nos inscrever, acrescentando que o total para nós duas seria $50.000...
Mas ouso admitir que, com o passar dos dias, ela conseguiu me convencer da ideia - listando várias maneiras pelas quais o dinheiro mudaria nossas vidas!
Sem mais pais bêbados e tóxicos, sem mais ter que viver em um trailer úmido e sem mais viver sem um propósito...
"Ok, estou quase lá, temos cerca de quatro minutos antes de ela nos cortar!" Cara murmura, mexendo-se um pouco na cadeira do computador para se inclinar ainda mais perto da tela...
Ela empurrou um tufo de seu cabelo loiro espesso para trás do rosto, enquanto eu a observava prosseguir com o upload da foto digital que tiramos uma da outra com uma câmera velha que ela encontrou em uma caixa em casa e que, surpreendentemente, ainda funcionava.
As fotos não eram da melhor qualidade, mas ouso admitir que conseguimos nos arrumar bem o suficiente para parecerem apresentáveis...
Recostei-me da minha posição para olhar a bibliotecária, sua idade transparecendo na maneira como nos observava por cima dos óculos - uma carranca de desagrado tomando conta de seu rosto inteiro, como se estivesse enrugada e cheia de vincos.
Por que diabos ela nos odiava tanto assim?!
Tínhamos tentado ser educados com ela em inúmeras ocasiões, mas logo aprendemos que, a menos que fôssemos um cara jovem e atraente, ela não estava nem um pouco interessada!
Uma vez, lembro-me de um cara que veio usar a internet assim como nós, e quando o tempo acabou, ela só nos expulsou - dizendo que ele teria mais tempo porque o que ele estava fazendo 'parecia importante'.
Balançando a cabeça com a lembrança, e voltando minha atenção para a Cara, observei enquanto ela clicava no botão de confirmação final, e uma aba com a mensagem 'Enviado com Sucesso' aparecia em letras garrafais na tela, antes que a bibliotecária limpasse a garganta ruidosamente do outro lado da sala.
Claramente, já passamos do nosso tempo de bem-vindos.
De novo.
"Tá bom, tá bom, já terminamos, Jesus, você pensaria que é você quem paga as malditas contas de luz deste lugar!" Cara murmura baixinho, fechando o laptop com um pouco mais de força do que o necessário.
Exalo e esfrego as têmporas. "Cara, espera, isso é realmente insano. E se eles nos escolherem para isso?"
Cara sorri para mim, seus olhos brilhando com a ideia. "Então arrumamos nossas malas o mais rápido possível e damos adeus a este lugar!"
Reviro os olhos, mas não discuto com minhas próprias inseguranças. É mais fácil deixar ela ter suas fantasias, já que tudo isso parecia bom demais para ser verdade.
Quais são as chances de realmente sermos escolhidos para algo tão importante como isso? Uma nova ideia para reformar criminosos perigosos, e pensar que poderiam confiar em pessoas como nós para ajudar? Não havia como!
Ambos nos movemos para sair da biblioteca, sem nos preocupar em dizer adeus ao passar pelo balcão - sabendo que teríamos sorte de receber um grunhido em resposta nos melhores dias...
O ar de verão estava pesado com o cheiro de poeira e gasolina da rodovia próxima, enchendo nossos pulmões enquanto pisávamos no cascalho.
A realidade de nossa vida miserável aqui esmagava-me como sempre — o ciclo interminável de empregos sem futuro e a sufocante previsibilidade de tudo isso.
O que nos tornaríamos ficando aqui na cidade? Talvez um bêbado? Ou talvez grávida de algum cara sem ambições, levando a uma vida miserável de luta? As opções eram poucas, e todas horríveis.
Cara entrelaça o braço no meu enquanto começamos a caminhar de volta para o parque de trailers do outro lado da cidade. "Você vai me agradecer por isso quando estivermos nadando em dinheiro - confia em mim." Ela ri, enquanto balanço a cabeça para ela.
"Sim, se sairmos vivos de lá, você quer dizer? Além disso, como eu disse, provavelmente já é tarde demais para nos juntarmos!" Tento trazê-la de volta à realidade, ou pelo menos tento, enquanto Cara se joga à minha frente para me parar - meus pés quase tropeçando até parar abruptamente.
"Eles precisam de centenas de mulheres para este projeto - está acontecendo em todo o país, Margot! E também não imagino que muitas vão querer ficar com um criminoso perigoso, você acha? Então pare com essa atitude negativa e comece a acreditar que nossas vidas podem mudar a qualquer momento para melhor!" Cara diz seriamente, apontando um dedo acusador para o meu peito como aviso.
Soltando um suspiro pesado, seguido por um revirar dramático dos olhos, acabei cedendo a ela e acenei com a cabeça. "Tá bom, ok! Vou ter um pouco de fé! Mas não saberemos até a semana que vem se eles sequer responderam para nós - a menos que você queira viajar horas até a próxima cidade para ver se tem uma biblioteca oferecendo WiFi grátis lá?!" Dou risada, vendo o sorriso voltar ao rosto de Cara.
"Nem me fale! Aquela mulher lá é uma puta de uma vaca! E por quê? Ela deve saber que nós, jovens, claramente não temos nada melhor para fazer por aqui, então por que não nos deixar ficar lá um pouco mais? Não é como se o lugar estivesse lotado de gente precisando usar os computadores." Cara resmunga, enquanto retomamos nosso ritmo.
O sol do fim da tarde queimava baixo no céu enquanto continuávamos a reclamar, lançando um brilho dourado e duro em tudo ao nosso redor.
Nossos tênis faziam barulho no cascalho das estradas de terra enquanto caminhávamos, o calor pressionando nossas costas como um peso invisível.
A cidade parecia vazia, como sempre — apenas longos trechos de pavimento rachado, caminhonetes cobertas de poeira e placas desbotadas penduradas sobre lojas decadentes.
Passamos pelo posto de gasolina na esquina, onde um velho com uma camiseta manchada balançava para frente e para trás em uma cadeira de plástico do lado de fora, mastigando um palito de dente. Ele semicerrava os olhos para nós enquanto passávamos, mas nenhum de nós lhe deu atenção. As pessoas por aqui sempre tinham algo para olhar, algo para dizer, mas nunca nada que valesse a pena ouvir...
O parque de trailers ainda estava a cerca de quinze minutos de caminhada, e a cada passo, o peso do que acabávamos de fazer se instalava mais fundo no meu estômago.
"Será que isso não é o que estamos pensando?" perguntei, chutando uma pedra solta pela estrada.
Cara deu uma risada e me empurrou de brincadeira. "Você sempre pensa demais nas coisas. Você viu o anúncio por si mesma - é simples. Algumas semanas lá, talvez meses, ficando aconchegada com algum cara que provavelmente é mais latido do que mordida, e depois estamos livres para ir embora com cinquenta mil no bolso."
Eu franzi a testa, mas ela não estava errada em uma coisa - ninguém nesta cidade tinha uma chance como essa. Estávamos presos em um lugar que não oferecia nada, sobrevivendo com qualquer bico que conseguíamos encontrar, vivendo de lanches de posto de gasolina e WiFi emprestado.
Era uma merda.
Esse dinheiro realmente poderia mudar alguma coisa, apesar do que temos que fazer para consegui-lo...
Mas ainda assim, eu não conseguia me livrar da sensação de que tínhamos acabado de nos inscrever para algo muito maior do que entendíamos.
"Você não está nem um pouco nervosa de ser escolhida?" continuei, ajustando a alça da minha bolsa surrada sobre o ombro. "Quero dizer, esses são prisioneiros de verdade, Cara. Tipo, assassinos. Membros de gangues. Pessoas que não deveriam estar fora por um motivo... eles podem olhar para nós e acabar com tudo - nada de cinquenta mil para nós, só morte!"
Cara bufou. "Ou talvez eles sejam apenas caras mal julgados que cometeram erros. Você sabe como o sistema de justiça é ferrado. Alguns deles provavelmente são inofensivos. E além disso, não vamos morar com eles para sempre. Estaríamos lá apenas para oferecer um ombro para chorar, para ajudá-los a se ajustar à vida fora da prisão, certo?" Ela sorriu, me cutucando novamente. "Talvez você até encontre um amante bad boy reformado no processo."
Eu lancei um olhar fulminante para ela. "Isso não tem graça nenhuma."
Ela apenas riu, jogando o cabelo loiro suado para trás.
A verdade é que eu não sabia o que esperar. O anúncio não tinha dado muitos detalhes além do dinheiro, do 'programa de reabilitação inovador' e do acordo de confidencialidade que basicamente concordamos cegamente.
Mas se fosse legítimo - e se fôssemos escolhidas - então em algumas semanas, tudo poderia ser muito diferente.
Talvez até melhor?
Mas enquanto cruzávamos a estrada e entrávamos na trilha de terra que levava ao parque de trailers, eu não podia ignorar o pensamento que repousava no fundo da minha mente.
Não tínhamos ideia do que estávamos nos metendo.
Mas eu também acreditava que não poderia ser muito pior do que onde já estávamos presos - neste lugar infernal...




























































































































