Capítulo 5 - Saindo

Perspectiva da Margot

O terminal de ônibus estava estranhamente silencioso quando chegamos...

Para um lugar que servia como um portal entre aqui e qualquer outro lugar, eu esperava mais caos — mais barulho, mais movimento. Mas, em vez disso, a área de espera estava quase deserta, os únicos sons sendo o ocasional arrastar de passos contra o piso de azulejo e o murmúrio baixo de um rádio crepitando na recepção.

Grandes ônibus de viagem alinhavam as baias do lado de fora, suas portas fechadas, suas janelas tão escuras que era impossível dizer se havia alguém dentro. Cada um era um bilhete para sair daqui, mas nenhum deles era o nosso — pelo menos ainda não...

Ajustei meu moletom mais apertado ao redor de mim enquanto seguia a Cara em direção à recepção, onde um homem mais velho, com aparência cansada, estava sentado atrás de uma janela de vidro grosso. Seu uniforme estava um pouco amassado, e seu cabelo ralo estava penteado para trás, dando a impressão de que ele trabalhava nesse emprego há muito mais tempo do que gostaria.

Cara, como sempre, foi rápida em avançar, sua postura inteira mudando enquanto ela colocava o sorriso mais doce e inocente que conseguia.

Eu conhecia bem esse olhar dela.

Era o mesmo que ela usava para escapar de detenções, para ganhar café grátis do barista na lanchonete do Joe, para convencer o caixa do supermercado a nos dar descontos em lanches.

Ela se inclinou contra o balcão, olhos arregalados e suplicantes.

"Oi, senhor," ela começou, sua voz carregada de uma polidez açucarada. "Nós realmente esperávamos que o senhor pudesse nos ajudar."

O homem mal levantou os olhos do jornal. "O horário está na parede."

O sorriso de Cara não vacilou. "Ah, não estamos procurando o horário. Na verdade, precisamos ir para Meadowbank — tipo, muito em breve. Acho que o próximo ônibus sai em vinte minutos?"

A isso, o homem suspirou profundamente, largando seu jornal com um movimento preguiçoso do pulso. Ele nos deu uma olhada de cima a baixo, seu olhar demorando um pouco mais nas nossas roupas gastas antes de grunhir.

"Ônibus 109. Sai às duas. Trinta dólares por passagem."

Cara soltou um suspiro, inclinando a cabeça de um jeito que a fazia parecer desamparada. "Veja, esse é o problema," ela disse, mordendo o lábio. "Nós não temos exatamente o dinheiro para as passagens, mas é realmente, realmente importante que a gente pegue esse ônibus."

O homem levantou uma sobrancelha cética. "Importante como?"

Cara hesitou por apenas um segundo antes de iniciar a performance de sua vida.

"Nossa avó," ela disse, a voz falhando no momento certo, "está morrendo. Ela está em Meadowbank, e recebemos a ligação esta manhã. É muito grave. Não sabemos quanto tempo ela tem, e nós só — bem, precisamos chegar lá antes que seja tarde demais."

O cara piscou. Então, após uma longa pausa, soltou uma risada seca.

"Uma avó morrendo? Esse é o melhor que vocês têm?" Ele balançou a cabeça, pegando o jornal novamente. "Vamos lá, crianças, pelo menos tentem ser originais."

O rosto de Cara caiu, seu lábio inferior tremendo para um efeito adicional. "Mas é verdade—"

"Não é verdade," o homem zombou. "Vocês são o terceiro par de crianças esta semana a vir aqui com alguma história triste. Ontem foi um 'incêndio na casa'. Semana passada, um cara me disse que o cachorro dele precisava de cirurgia de emergência." Ele revirou os olhos. "Olha, eu não faço as regras. Sem passagem, sem viagem. É simples assim."

A expressão de Cara caiu, e eu soube naquele momento que ela tinha perdido essa.

Ela suspirou, afastando-se do balcão. "Tudo bem," murmurou, virando-se para mim. "Vamos, Margot."

Segui-a em silêncio enquanto nos movíamos para um canto mais tranquilo do terminal. As luzes fluorescentes acima zumbiam suavemente, piscando de vez em quando, como se todo o prédio estivesse funcionando no limite.

Cara se encostou na parede, braços cruzados. "Ok. Isso foi uma merda."

Assenti, soltando um suspiro. "Não sei por que você achou que isso ia funcionar."

Ela me lançou um olhar. "Já funcionou antes, por isso."

"Sim, com donuts grátis. Não com uma passagem de ônibus que custa sessenta dólares." Repeti os preços ridículos.

Ela gemeu, passando a mão pelo rosto. "Ok, e agora o que fazemos? Temos que chegar a Meadowbank até amanhã, e esse ônibus é literalmente nossa única chance de chegar a tempo."

Engoli em seco, minha mente correndo em busca de qualquer solução possível. Considerei entrar sorrateiramente na cabine do motorista, convencer alguém a comprar nossas passagens, talvez até fazer um bico rápido do lado de fora para conseguir dinheiro. Mas cada ideia parecia tão inútil quanto a anterior.

Então, quando olhei para cima, vi.

Ônibus 109, entrando no terminal.

Era enorme, seu longo corpo prateado brilhando sob a iluminação fraca enquanto parava lentamente no estacionamento. As portas se abriram com um chiado, e um pequeno grupo de viajantes desceu, esticando as pernas e ajustando suas bolsas.

Então, logo abaixo do ônibus, a porta do compartimento de bagagens se abriu, revelando um espaço escuro e cavernoso cheio de malas e sacolas.

Meu coração acelerou, quando uma ideia repentina e imprudente surgiu em minha mente...

Uma ideia tão louca, tão repentina, que quase me chocou por tê-la pensado.

Virei-me para Cara, segurando seu braço. "Vamos pegar aquele ônibus."

Ela franziu a testa. "Você não ouviu o que aquele cara disse?"

"Desculpe, não vamos pegar o ônibus," corrigi, meu coração disparado. "Vamos embaixo dele."

As sobrancelhas dela se juntaram em confusão, mas então ela seguiu meu olhar para o compartimento aberto. Levou dois segundos para ela juntar as peças, e quando o fez, seus lábios se entreabriram.

"Oh meu Deus."

Assenti.

"Não," ela disse imediatamente.

"Sim."

"Margot, isso é insano."

"É nossa única opção agora!" defendi enquanto ela observava a cena por um momento.

Ela passou a mão pelo cabelo bagunçado, olhando de mim para o ônibus e depois para o compartimento de bagagens, sua respiração acelerando. "Isso é, tipo, ridiculamente perigoso. Podemos ser pegas. Podemos sufocar. Podemos—"

"—chegar a Meadowbank a tempo." Interrompi, levantando uma sobrancelha.

Ela fechou a boca, fazendo um som que sugeria que estava pensando mais...

Dei um passo mais perto, abaixando a voz. "Cara, não temos tempo para outro plano. Esse ônibus sai em quinze minutos. Podemos nos esconder lá, ou podemos ficar aqui e perder nossa única chance de sair desta cidade horrível."

Sua mandíbula se tensionou, sabendo que eu estava certa.

Eu podia ver a batalha dentro dela — a parte impulsiva e imprudente querendo concordar, enquanto a parte lógica gritava para ela correr na outra direção.

Então, finalmente, ela exalou.

"Ok, vamos," murmurou. "Mas se morrermos, vou assombrar você."

"Eu vou estar morta também, sua idiota!" Ri, enquanto um sorriso surgia em meus lábios.

"Sim, bem, ainda vou te assombrar na vida após a morte, vadia!" Ela continuou, e eu não pude deixar de rir.

"Combinado." Assenti, segurando sua mão na minha.

Com isso, nos movemos.

Rápidas. Silenciosas. Despercebidas.

E enquanto nos aproximávamos do ônibus, com os corações batendo forte no peito, uma coisa ficou inegavelmente clara.

Nós íamos chegar a Meadowbank a tempo - custasse o que custasse!

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