Capítulo 5 — Viagem de compras

Saindo do banheiro, ela olhou para o chão timidamente, sentindo-se insegura agora que estava na frente de outras pessoas novamente.

"Você está bonita, até parece mais viva. Está se sentindo melhor?" Dagrim perguntou gentilmente.

A garota assentiu. Então, deu um sorriso fraco, "Eu quase poderia usar essa camisa como um vestido."

Dagrim acariciou sua cabeça, "É por isso que vamos sair para comprar algumas roupas para você."

"Está pronta para ir, coisinha?" Fenris perguntou enquanto estava na porta do quarto dela, parecendo extra descolado, na opinião dela. "Eu vou dirigir."

A garota assentiu, deslumbrada, enquanto percebia novamente que estava diante de uma pessoa super famosa. E alguém por quem ela já tinha uma queda de fantasia por causa dos filmes de vampiro que adorava.

Eles caminharam em silêncio enquanto Fenris e Dagrim a conduziam para fora da mansão e até a garagem, onde um carro esportivo super caro estava estacionado. Enquanto a garota olhava para o carro, notou algo estranho sobre ele.

"Mas só tem dois assentos e somos três," a garota apontou, confusa.

"Você é pequena; pode ir no porta-malas."

"Você sabe que temos um motorista, Fenris," Dagrim lembrou, gesticulando para uma limusine mais adiante na enorme garagem.

"Isso é uma limusine de verdade?" a garota perguntou, animada.

"Você sabe que eu não gosto de ser dirigido por outros," Fenris resmungou.

A garota correu até a limusine e entrou assim que Dagrim abriu a porta para ela. Lá dentro era tão grande que ela não tinha certeza de como tudo cabia. Um lado inteiro abrigava um bar, e o outro lado um longo banco de couro que se curvava em forma de L. Correndo para a curva, ela se acomodou de modo que pudesse olhar pela janela e colocar as pernas no assento. Dagrim e Fenris sentaram-se um pouco mais abaixo no braço longo do L. Quando começaram a sair, a garota teve sua primeira visão da mansão onde estava hospedada. Era enorme! O único outro prédio que ela tinha visto tão grande era sua escola ou um shopping. Mesmo à luz do luar, as paredes de gesso branco brilhavam e pareciam aconchegantes sob o telhado de telhas de terracota. Um sorriso se espalhou em seus lábios enquanto pensava em como era engraçado haver tantas janelas, grandes e abertas, na casa de vampiros. Depois de mais alguns momentos observando as palmeiras e a orla passarem rapidamente, ela se perguntou novamente onde estava.

"Posso perguntar onde estamos? Eu sinto o cheiro do oceano, e por mais estranho que pareça, sinto que é o Atlântico em vez do Pacífico. Eu estava indo para o norte, mas aqui não há neve, nem mesmo um friozinho."

"O santuário fica em uma ilha na costa do que atualmente é chamado de Geórgia," Fenris respondeu.

"Você nos contaria por que estava indo tão longe para o norte? Você é muito jovem para sobreviver a um frio desses."

A garota olhou pela janela por mais um momento antes de admitir, "Eu estava com medo. Esperava que ninguém me perseguisse além da fronteira. Policiais ou vampiros, então eu poderia apenas me esconder e ficar sozinha para não machucar mais ninguém."

"Você percebe que vampiros não são policiais e não têm fronteiras. Bem, não como os humanos. Tudo o que temos que fazer é pedir permissão ao governante do território e podemos ir aonde quisermos, desde que sigamos as regras do cara enquanto estivermos lá." Fenris apontou.

A garota mostrou a língua para Fenris, "Nyaa. Não, eu não sabia disso."

"Bem, não importa agora. Você está segura conosco. Qual nome você prefere; você nos deu Jade e Wolfie?"

A garota deu de ombros, "Jade é um primeiro nome, Wolfie é um apelido," disse a garota enquanto pensava, Eu só não quero mais meu nome humano. Será mais fácil me esconder se eu não usar meu nome verdadeiro.

"Se Jade é seu primeiro nome, qual é seu nome completo?"

A garota pensou por um momento, seria melhor usar o pseudônimo completo. Seria divertido, pelo menos, "Jade Marvel Riddle."

"Certo," Dagrim disse firmemente, "De agora em diante você será Jade Marvel Riddle."

Jade sorriu e continuou olhando pela janela.

Dagrim, os pensamentos de Fenris invadiram a mente do vampiro mais velho, duas perguntas para você. Uma, quando vamos contar a ela que podemos ouvir todos os pensamentos dela?

Quando for a hora certa, ela ainda está assustada e nervosa perto de nós. Dessa forma, podemos descobrir o que precisamos saber, como o fato de ela não querer usar seu nome verdadeiro caso sua família emita um alerta de desaparecimento. Muito inteligente, se você pensar bem; é um ponto muito válido. Mas não se preocupe, eu vou ensinar a ela tudo o que precisa saber quando achar que ela está pronta.

Certo, segunda pergunta, eu sei por que eu tenho um reflexo, Fenris começou enquanto apontava para o grande espelho no teto da limusine, eu sei por que você tem um, mas como é que ela tem um?

Dagrim olhou para cima, surpreso. Boa pergunta, não tenho uma resposta. Talvez por uma razão semelhante à nossa. Ela foi mordida por um antigo, e depois bebeu de você. Talvez ela desapareça em alguns dias.

Quando chegaram a um enorme shopping, Jade foi informada de que poderia começar onde quisesse. Olhando o mapa das lojas, ela encontrou uma loja de roupas íntimas e foi até lá, pedindo aos rapazes que ficassem do lado de fora. Com uma risada, eles concordaram. Depois de resolver suas coisas íntimas, ela deixou Dagrim entrar para pagar. Fenris tentou espiar na sacola dela só para provocá-la, e ela o acertou com a sacola várias vezes. Ele apenas riu enquanto iam para a próxima loja de roupas. Os homens pareciam pegar todas as peças de roupa que chamavam a atenção dela. Ela tentou repetidamente dizer que tudo o que precisava era de uma semana de camisetas e pelo menos três pares de jeans. Dagrim riu dela e disse que agora ela seria uma dama e precisava de roupas à altura. Até Fenris concordou que, se ela estivesse sob os cuidados deles, ninguém diria que não a vestiram adequadamente. Parecia que tinham comprado o shopping inteiro quando terminaram. Eles até foram à loja de roupas formais e pegaram para ela um vestido de noite em vinho tinto profundo e preto, coberto de bordados e rendas. Olhando no espelho, Jade sentiu que nunca tinha parecido tão bonita ou adulta. Dagrim encontrou um conjunto de colar de platina e rubi que combinava, com detalhes em diamante. Jade realmente tentou dizer não, mas a essa altura percebeu que seu protesto era inútil. Ela estava tão tocada por tudo o que eles fizeram.

"Você sabe o que ainda não compramos?" Dagrim perguntou enquanto saíam da loja de vestidos.

"O que é? Compramos todas as coisas que eu acho que uma garota poderia precisar; coisas para o cabelo, pijamas, roupa de cama e uma escova de dentes." Fenris respondeu.

"Ela ainda não escolheu nenhum sapato," Dagrim disse enquanto bagunçava o cabelo dela.

Jade corou ao admitir, "sapatos me deixam desajeitada."

Os homens riram e a arrastaram para a loja de sapatos. No caminho, passaram por uma loja de brinquedos que ela olhou com saudade, mas não disse nada. Com todas as roupas, joias e tudo mais, seria rude pedir mais.

Fenris cutucou Dagrim e apontou para os brinquedos. Dagrim assentiu e eles pararam lá primeiro.

"Eu sei que você disse que tinha vinte e um anos, embora ninguém acredite nisso, mas uma criança ainda é uma criança. Vá em frente; não nos importamos se você pegar uma boneca ou algo assim." Fenris disse quando ela olhou para eles curiosamente.

Ela olhou para ele com raiva e disse, "Eu não sou uma criança. Só sou mais jovem que vocês."

"Vamos lá, quantos anos você tem realmente? Você não parece ter mais de onze ou doze." Dagrim disse gentilmente.

Havia algo em Dagrim que a fazia se sentir culpada por mentir para ele. Olhando para os pés, ela murmurou, "Quinze."

"Sério?" Fenris perguntou surpreso.

"Sim, sério," Jade retrucou. "Eu sei que não pareço tão velha, mas sou!"

"Eu acredito em você; você só parece muito jovem." Dagrim disse calmamente. "Quinze é uma idade melhor. Em anos passados, você já seria adulta nessa idade."

"Eu sou adulta há mais tempo do que isso, na verdade. Eu sei que você tem que ter um emprego, pagar contas, cuidar dos seus filhos e ser um bom membro da sociedade. As outras pessoas que moram na minha antiga casa são mais crianças do que eu, então eu tive que crescer. Eu ajudei a criar meus irmãos mais novos, o que é difícil quando você é apenas dois a cinco anos mais velho que eles."

"Bem, veja, isso pode ser para os humanos, mas nós realmente não temos empregos, nem pagamos contas. Então, você pode ter pensado que era adulta como humana, criança, mas agora você é apenas uma criança de novo." Fenris provocou.

Jade olhou para ele confusa, mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Dagrim deu um tapinha na cabeça dela. "Essas são coisas que vamos conversar mais tarde. Escolha os brinquedos que quiser por enquanto."

Jade sorriu e começou a olhar ao redor. Esta era uma loja de brinquedos que tinha bonecas e figuras dos seus filmes infantis favoritos sobre contos de fadas e animais falantes. Ela não esperava encontrar o que queria, mas quando virou por uma fileira de prateleiras, lá estava ele. Ele estava marcado como uma edição limitada do leão de pelúcia que ela amava quando ele era um filhote, mas quando ela tinha conseguido seu leãozinho anos atrás, ele era o único do seu tipo. Ela o pegou e o abraçou. Não era o seu leão, seu leão tinha sido arruinado pelos colegas de casa meses atrás, mas a forma e a cor eram familiares. Lembrava-lhe de sua família e de tempos felizes e de se sentir segura. O leãozinho tinha sido seu companheiro invisível quando criança e a protegia enquanto dormia. Ele a ajudava a construir zoológicos e desenhar galerias de arte em seu quarto. Ele ia em safáris com ela e a ajudava a acampar em longas campanhas de comércio de peles. Eles faziam programas de entrevistas juntos e encenavam peças e musicais; até mesmo os episódios mais mundanos de brincar de casinha e organizar festas de chá. Tantas memórias vieram à tona como se fossem de outra pessoa. Acariciando o boneco, ela debateu se deveria levá-lo ou não agora. Será que ele a lembraria demais de casa? O apartamento onde moravam atualmente era horrível, mas sua família a amava o melhor que podia. Seus pais provavelmente estavam de coração partido e chorando, e tudo era culpa dela. Ela fugiu, machucou as únicas pessoas que amava. No entanto, ela não podia voltar. Ela era uma vampira agora. E se ela enlouquecesse e machucasse seus irmãos mais novos? Sua família seria a primeira a notar que ela parou de envelhecer. Ela queria cair no chão, abraçando o leão de pelúcia, e chorar até seus pulmões doerem, mas primeiro, ela estava em público. Em segundo lugar, Fenris e Dagrim estavam sendo tão gentis com ela que isso arruinaria toda a noite. Limpando os olhos e respirando fundo para se acalmar, ela voltou dos brinquedos com o leãozinho apertado nos braços.

"Esse é o único que você quer?" Dagrim perguntou gentilmente.

Jade assentiu. Ela tinha medo de que, se falasse agora, só choraria.