Capítulo 3

Nos quatro meses em que Minerva estava grávida, ela nunca tinha ficado tão surpresa como agora. Seu coração nunca tinha batido tão rápido como hoje. E seu grito interno nunca tinha sido tão alto como neste momento.

Ser caixa a fazia encontrar pessoas aleatórias e reencontrar antigos colegas. Mas o fato de um homem rico e bonito como aquele estar na sua frente era totalmente inesperado.

O homem também a olhou nos olhos. Ela estava completamente tremendo por dentro. E Minerva, cujos olhos pareciam ter vida própria, encarou de volta o homem bonito.

"Cento e cinquenta reais."

O homem apenas entregou duzentos reais e pegou as compras. Ele então se afastou sem nem olhar para trás. Minerva estava prestes a chamá-lo quando o próximo cliente exigiu ser atendido, pois estava com pressa. Minerva apenas guardou o troco e continuou com seu trabalho de caixa pelo resto do dia.


Seu trabalho era extremamente cansativo; talvez isso fosse apenas por causa da gravidez. Ela estava caminhando em direção ao banco quando seu coração de repente começou a bater rápido, como se estivesse muito nervosa.

Mas Minerva não estava nervosa ou ansiosa. Por que seu coração bateria rápido se ela não tinha feito nada de errado?

A menos que...

"Desculpe, Dona Minerva."

A voz do contador jogou Minerva em um buraco de miséria; mergulhando-a em uma tristeza extrema.

A conta de Derrick, a conta conjunta deles, não tinha nada além de 100 reais—nem mais, nem menos.

No entanto, antes mesmo de Derrick falecer, ele se gabava para ela de que já tinham acumulado e economizado 100 mil reais. Para onde foi o resto do dinheiro? Não poderia ser possível que o dinheiro simplesmente desaparecesse no ar após a morte de Derrick, sendo que esta é a primeira vez que Minerva visita o banco depois de alguns meses...

"Posso ver os recibos dos saques de Derrick?"

"Claro, senhora. Espere um momento e eu trarei as cópias dos recibos dos saques de Derrick."

Ela observou o contador ir até o pequeno escritório e cuidar do seu pedido.

Minerva agora sabia por que seu coração estava batendo rápido. Na verdade, ele estava batendo ainda mais rápido agora que ela começava a ficar nervosa.

'Derrick não tinha amante. Onde ele gastaria seu dinheiro?'

Ela pensou enquanto vasculhava suas memórias, quando de repente se lembrou da vez em que viu Derrick em um dos cassinos enquanto acompanhava Mariella no hotel.

"Olha, Minerva! Não é o seu amorzinho?"

Minerva olhou para a pessoa que Mariella estava apontando. Era Derrick, jogando cartas com um monte de mulheres voluptuosas na mesa, cujas roupas estavam a um fio de ficarem nuas.

Sua atenção voltou ao presente quando o contador trouxe os recibos.

"Estes são todos os recibos que consegui até agora, senhora."

Minerva recebeu os recibos educadamente e os examinou com cuidado. Todos tinham um denominador comum—referiam-se a jogos de azar, cassinos, corridas de cavalos e muito mais.

Ela segurava as lágrimas para que não escorressem pelo rosto. Suas emoções estavam tumultuadas junto com os chutes de seu filho. Parecia que a vida em seu ventre estava tão desapontada quanto ela. Minerva era uma garota sensível, e chorar era algo comum para ela, mais do que para outras pessoas.

"Você está bem, senhora?" O contador perguntou enquanto ela começava a chorar silenciosamente. Apenas as lágrimas pareciam limpar a maquiagem de seu belo rosto.

Ela assentiu e pegou seu lenço escarlate. Como Derrick pôde esconder isso dela? Deles?

Minerva não conseguiu segurar—não conseguiu aguentar mais. Ela endireitou as costas e falou as palavras que eram o principal motivo de sua visita ao banco.

"Eu gostaria de solicitar um empréstimo."

Para sua surpresa, a expressão do contador mudou.

"Desculpe, senhora, mas é política do banco que você deve ter pago pelo menos metade de suas dívidas anteriores antes de adquirir um novo empréstimo."

"Dívidas? Que dívidas?" Minerva ficou ainda mais perplexa.

O contador mostrou a ela o que queria dizer. Ela esqueceu que estava grávida, até esqueceu de respirar. O valor das dívidas deles—das dívidas de Derrick—era quase o dobro do valor de uma Ferrari. Dois milhões de dólares é muito dinheiro para se perder em jogos de azar na vida de uma cidadã comum como ela.

'Onde diabos Derrick estava jogando?' Essa foi a primeira pergunta que sua mente fez. Ela não conseguia discernir se deveria ficar com raiva, envergonhada, triste ou desesperançosa. Provavelmente todas essas emoções, e cada sentimento negativo que ela conseguia pensar.

"Você poderia me dar licença?"

Antes que pudesse ouvir a resposta do contador, ela já havia corrido em direção ao banheiro mais próximo e começou a chorar.

Ela chorou como se seus olhos não tivessem chorado há muito tempo. Chorou como se estivesse liberando todas as emoções que há muito estavam presas em seu peito, em seu coração. Ela chorou porque... porque Derrick não tinha sido sempre sincero com ela e com seu bebê, com eles.

Antes que pudesse se recompor, uma voz masculina a assustou e a fez parar de desabafar. Ele bateu na porta do banheiro uma vez, duas vezes.

"Você está bem?"

O silêncio foi a única resposta que o homem ouviu.

'Quem é?' Minerva pensou. A voz era rouca e masculina. Parecia que ela nunca tinha ouvido aquela voz antes. Parecia pertencer a um profissional, a um homem bem-sucedido.

"Olá? Você está bem?" O homem reiterou.

Minerva pegou seu lenço escarlate e enxugou suas lágrimas e todos os líquidos que bagunçaram seu rosto.

Ela abriu a porta, fazendo o homem ficar boquiaberto. No entanto, ela também ficou boquiaberta.

Era o homem bonito do restaurante novamente.

Mas desta vez, ele estava vestindo uma camiseta branca sem mangas, provavelmente sua roupa de baixo que estava por baixo de seu terno cinza que ele segurava com a mão direita.

"Desculpe..." Foi tudo o que o homem bonito disse. Sua barba parecia formar um sorriso como forma de desculpas e para esconder seu constrangimento. Ele se virou, de costas para Minerva, enquanto vestia o terno.

Minerva olhou para si mesma e percebeu que esqueceu de abotoar a blusa. Seu peito e decote estavam à mostra, fazendo-a franzir a testa e se sentir envergonhada.

"Desculpe," Minerva apenas reiterou o pedido de desculpas dele.

De repente, a contadora de antes entrou no banheiro. Entrou exatamente no momento em que o homem estava vestindo o terno e Minerva estava abotoando a blusa e se arrumando, dando à contadora a impressão de que os dois de alguma forma tinham feito "aquilo" dentro do banheiro.

"Uhmm..." A contadora quebrou o silêncio com os dois ainda olhando para ela, ambos congelados no momento em que ela entrou no banheiro.

"Você está bem?" Ela virou a cabeça para Minerva, cuja roupa estava amassada e um pouco desarrumada. Seu cabelo e rosto também estavam bagunçados, fazendo a contadora supor que os dois de alguma forma tinham se envolvido no meio daquele banheiro estreito e pequeno.

Minerva apenas sorriu e assentiu. Sem dizer nada, ela saiu da cena, fazendo a contadora apenas olhar para o homem bonito, cujo cabelo também estava um pouco bagunçado.

"Vocês dois—"

"Não."

Ela apenas assentiu enquanto olhava para a porta por onde Minerva Miller acabara de sair.

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