Capítulo 7
Ethan
Naquela noite, encontrei James no seu lugar habitual no bar de jazz Blue Note.
O bar de jazz Blue Note pulsava com energia, a elite de Manhattan balançando ao som das melodias suaves do saxofone. Através das janelas do chão ao teto, o horizonte cintilante criava o cenário perfeito para o que eu considerava um tabuleiro de xadrez de poder e influência. Esse lugar era onde o dinheiro de Wall Street se misturava com o prestígio social, onde acordos eram feitos e segredos trocados sobre garrafas de champanhe de 500 dólares.
Recostei-me no couro macio do sofá da seção VIP, girando o Macallan de dezoito anos no meu copo. Deste ponto de vista, eu podia observar todo o salão enquanto permanecia parcialmente obscurecido pela iluminação estratégica. Perfeito para um homem que preferia assistir a ser assistido.
"Seu investimento neste lugar continua a valer a pena," disse a James, que estava sentado à minha frente. "O bar mais movimentado de Manhattan."
James Hayes, o dono do Blue Note, apenas deu de ombros. "Mecanismo de sobrevivência. As pessoas precisam de um lugar para fingir que estão felizes."
Sua resposta curta era típica. James sabia quem eu realmente era—um dos poucos que sabia—e nossas conversas sempre tinham um significado oculto. Michael Davis, meu assistente pessoal, também era um dos poucos. Ele estava sentado silenciosamente ao meu lado, casualmente examinando o ambiente com uma facilidade treinada.
"Então, Sr. Black," James se inclinou para frente, abaixando a voz. "Como vai o casamento por contrato? Ou devo dizer, como vai sua investigação?"
Tomei um gole medido do meu uísque. "Três meses para descobrir a verdade, depois divórcio. Limpo e simples."
Os olhos de James brilharam de curiosidade. "Como ela é? Estou bastante intrigado."
Uma imagem inesperada de Amelia passou pela minha mente—seus traços delicados, aqueles olhos verdes marcantes que pareciam ver através das mentiras, os lábios cheios que raramente sorriam na minha presença, e a cintura esguia que notei quando ela estendeu a mão para pegar algo na cozinha na noite passada.
"Ela é..." hesitei, sem saber por que estava relutante em falar sobre ela. "Ela é apenas parte da operação."
"Presumo que sua 'investigação' esteja indo bem?" James perguntou com um olhar conhecedor. Lancei-lhe um olhar de aviso—mesmo aqui, em seu próprio estabelecimento, algumas palavras eram perigosas.
Esvaziei meu copo e o coloquei na mesa com mais força do que o necessário. "Está na hora. Preciso daquele 'fofoca' que discutimos arranjada para esta noite."
As sobrancelhas de James se ergueram. "Isso é... direto. Pode compartilhar o objetivo final? E a Ashley, não vai ficar com ciúmes?" Ele sempre mencionava minha ex, sabendo que isso me irritava.
"Pare de perder tempo e faça isso acontecer," disse friamente.
Michael se inclinou, a voz mal audível. "Não perca o foco, Ethan. O caso de lavagem de dinheiro do Grupo Viktor é nossa prioridade."
"Eu sei exatamente o que estou fazendo," respondi. O Grupo Viktor vinha lavando dinheiro através de várias empresas de fachada há anos. A mãe de Amelia tinha sido a contadora deles antes do seu "acidente" suspeito. A dúvida permanecia: Amelia era inocente ou estava envolvida? Esse casamento me dava acesso, mas eu precisava garantir que o Grupo Viktor acreditasse que eu não era mais do que um financista playboy sem interesse nas operações deles.
Dez minutos depois, o gerente do bar se aproximou com uma mulher alta e loira, vestindo um vestido que provavelmente custava mais do que o aluguel mensal de muitas pessoas. Seu sorriso ensaiado me disse tudo o que eu precisava saber—ela era uma das "companheiras profissionais" de James.
"Ela é nossa melhor garota," o gerente disse discretamente. "Muito exclusiva."
James sorriu. "Os serviços dela geralmente custam dezenas de milhares por noite. Só alguns poucos selecionados podem pagar."
Quando a mulher se sentou ao meu lado, James se inclinou. "Suficientemente chamativo para a mídia? Vai conseguir a atenção que você quer?"
Eu assenti levemente. O plano estava em andamento.
Na suíte privada no andar de cima, guiei a loira pela porta com meu braço em volta de sua cintura, certificando-me de que passássemos diretamente em frente à câmera escondida no corredor. Uma vez lá dentro, imediatamente a soltei e dei um passo para trás.
"Não se preocupe," eu disse, notando sua expressão nervosa. "Isto é apenas uma encenação. Eu não vou te tocar."
O alívio tomou conta de seu rosto. Fui até a mesa e escrevi um cheque, adicionando um zero a mais além do valor sugerido por James.
"Este é seu cachê pela performance," expliquei, entregando o cheque a ela. "Só peço sua total discrição sobre o arranjo desta noite."
Ela olhou para o cheque, os olhos se arregalando ligeiramente. "Claro, Sr. Black."
Chequei meu telefone, confirmando que a câmera do corredor havia capturado exatamente o que eu precisava—Ethan Black, prodígio financeiro e recém-casado, trazendo uma acompanhante de luxo para um quarto privado. Os tabloides iriam se divertir.
Liguei para o número de James. "Coloque os tópicos em alta. Hoje à noite. Posição de destaque."
"Você está brincando com fogo, Ethan," sua voz crepitou pelo alto-falante. "E sua nova esposa? O que ela vai pensar?"
"Isso não é da conta dela. Temos um contrato." Mas ao dizer essas palavras, senti um inesperado aperto de... algo. Culpa? Impossível. Isso era trabalho, não pessoal.
Depois de encerrar a ligação, enviei uma mensagem para Michael: [Certifique-se de que alguém do Grupo Viktor veja essa notícia.]
A loira sentou-se desajeitadamente na beirada da cama. "Devo... ficar aqui por um tempo? Para as aparências?"
"Duas horas," respondi, indo em direção à porta. "Peça o que quiser do serviço de quarto. Tenho trabalho a fazer."
No início da manhã, eu estava de volta à sede do Grupo Black, revisando os arquivos.
Michael entrou com café e tablets exibindo vários sites de notícias. #EthanBlackMulherMisteriosa estava em primeiro lugar nos trending topics, com #PlayboyDeWallStreet logo atrás.
"O boato está se espalhando rápido," Michael relatou. "Quer que o PR contenha isso?"
Balancei a cabeça, olhando para as imagens de mim com a loira. "Deixe correr. Este é exatamente o tipo de barulho que eu preciso para que eles me subestimem."
Michael assentiu, embora sua expressão sugerisse desaprovação.
Minha mente vagou até Amelia. O que ela pensaria quando visse essas manchetes? Será que ela se importaria? Não deveria—nosso arranjo era puramente transacional. No entanto, me peguei pensando sobre sua reação.
Virei-me para o horizonte de Manhattan, observando a luz da manhã refletir nas torres de vidro. Este era um movimento necessário em um jogo complexo—meus sentimentos pessoais não tinham lugar nele. Ainda assim, não conseguia tirar da cabeça a imagem do rosto de Amelia e a pergunta inesperada que continuava surgindo:
O que ela pensaria de mim agora?
