Capítulo 7 Cada um nutre intenções fantasmagóricas
O rosto de Nathaniel estava gelado enquanto ele praticamente empurrava Victoria para dentro do carro e depois pulava para dentro também.
"Vai!" Nathaniel latiu para Sam sem nem olhar para Victoria, então se virou para atirar nos perseguidores.
O carro arrancou com um guincho, deixando para trás o som de tiros e xingamentos.
Victoria notou o braço ferido de Nathaniel, se estabilizou e rasgou a manga dele com os dentes.
Depois de uma luta, conseguiu arrancar um pedaço de pano. Suas mãos continuaram a se mover. "Aguenta firme, Sr. Cross, vou cuidar de você."
Nathaniel parecia não se importar com a dor, dando-lhe um sorriso que não alcançou os olhos. "Por que as lágrimas?"
Victoria tocou a bochecha, percebendo que as lágrimas escorriam pelo rosto.
Quando ela começou a chorar?
Não conseguia identificar o momento.
Talvez fosse o tiroteio intenso que a abalou, testemunhando tanta violência.
Talvez fosse a culpa por Nathaniel se machucar enquanto a protegia.
"Por que você está chorando?" Nathaniel perguntou mais uma vez.
Ele estendeu a mão, sua mão áspera limpando gentilmente as lágrimas de Victoria.
"Sr. Cross, você está com dor?"
Victoria, acostumada a uma vida de luxo, tinha pessoas sendo gentis com ela, mas ninguém jamais havia levado um tiro por ela.
Ela olhou para o braço ensanguentado de Nathaniel, seu coração batendo descontroladamente.
"Está doendo," Nathaniel afirmou calmamente.
Sam, do banco do motorista, deu uma espiada no retrovisor. Ele estava surpreso que Nathaniel, que nem piscava quando era esfaqueado, agora admitia sentir dor de um arranhão de bala.
"O que fazemos? Eu não trouxe nenhum remédio para dor." As lágrimas de Victoria fluíam mais livremente, um senso de impotência a dominando.
"Essas lágrimas são porque você realmente se importa comigo?" Nathaniel perguntou, sua mão agora na bochecha de Victoria, perigosamente perto de seus lábios.
Ele se viu cativado pelos lábios vermelhos dela, incapaz de resistir a passar os dedos sobre eles.
"Sr. Cross, você—" A voz de Victoria estava cheia de raiva.
Eles tinham acabado de escapar da morte por pouco, e tudo em que ele conseguia pensar era em algo inapropriado?
"Não fique brava." O dedo de Nathaniel começou a traçar os lábios dela. "Apenas colabore."
"O quê... o quê?" Victoria murmurou com o dedo dele em sua boca.
Nathaniel guiou a mão dela para a parte rasgada da manga, depois lentamente a moveu para sua virilha.
"Você começou isso."
Victoria corou instantaneamente, tentando explicar rapidamente, "Eu... eu rasguei sua roupa para ajudar a fazer um curativo."
"Eu sei."
Enquanto o dedo dele se movia mais assertivamente em sua boca, saliva escorria incontrolavelmente do canto da boca de Victoria.
"Eu te disse, você precisa de mais prática!" Nathaniel observou suas bochechas levemente coradas, sua voz ficando mais rouca. "Você sabe o que fazer."
"Mas..."
Victoria olhou para Sam, ainda focado na direção, percebendo que ele estava pedindo um favor sexual no carro.
Mesmo estando em uma situação comprometedora, ela ainda tinha sua dignidade!
Com os olhos cheios de lágrimas, Victoria balançou a cabeça vigorosamente. "Sr. Cross... não aqui."
Um frio passou pelos olhos de Nathaniel, enviando um arrepio pela espinha de Victoria.
Ela se manteve firme, continuando a implorar, "Eu farei qualquer outra coisa que você quiser... Sr. Cross, não aqui."
Se Nathaniel insistisse em humilhá-la assim, ela pularia do carro! Victoria prometeu em silêncio.
Seus olhos se encontraram em um confronto tenso.
Victoria não percebeu que estava inconscientemente cerrando os dentes enquanto falava, causando uma leve dor nos dedos de Nathaniel.
A paisagem passando do lado de fora da janela do carro continuava a se desfocar. De repente, a postura fria de Nathaniel suavizou, e ele ofereceu um leve sorriso.
"Não esperava que você fosse uma gatinha tão feroz," comentou Nathaniel enquanto tirava o dedo da boca de Victoria.
Victoria soltou um suspiro de alívio, pensando que havia evitado por pouco um desastre.
"Então, deixe-me te segurar um pouco."
"O quê?"
Victoria sentiu um braço forte envolver sua cintura, puxando-a para perto até que estivesse sentada no colo de Nathaniel, sentindo sua excitação pressionando contra ela.
"Sr. Cross!"
Confusa e chocada, Victoria não sabia o que ele estava planejando.
Nathaniel abaixou a cabeça, aninhando-se no peito de Victoria. Sua respiração quente contra a pele dela parecia um calor ardente através do tecido.
"Shh, não vou fazer nada," Nathaniel a tranquilizou.
Inicialmente tensa, Victoria eventualmente relaxou no colo de Nathaniel, tomando cuidado para evitar o braço ferido dele e se encostando no outro ombro.
Ela sentiu uma mão deslizar por baixo de sua camisa, a palma áspera acariciando suavemente suas costas.
A excitação dele não mostrava sinais de diminuir, deixando Victoria a se perguntar se ele realmente conseguiria se controlar.
Felizmente, Nathaniel manteve sua palavra e se absteve de quaisquer avanços enquanto a segurava.
Ao chegarem na Villa Cross, um médico particular estava pronto para atender os ferimentos de Nathaniel.
Assistir o médico limpar a ferida ensanguentada fez Victoria estremecer, mas Nathaniel permaneceu impassível.
"Sr. Cross, basta trocar os curativos diariamente de agora em diante," aconselhou o médico antes de partir.
O tiroteio na lanchonete de café da manhã se repetia na mente de Victoria. Foi seu primeiro encontro com a morte.
Ela percebeu que estar ao redor de Nathaniel era como caminhar na corda bamba, arriscando sua vida a cada passo.
Ela precisava garantir algum dinheiro dele, quitar as dívidas da família e então se libertar desse homem perigoso o mais rápido possível.
A porta se abriu abruptamente.
"Tio Nathaniel!" A voz de Emma ecoou enquanto ela corria para a beira da cama, perguntando, "Quem fez isso com você?"
"Um traidor," respondeu Nathaniel friamente.
Seguindo Emma estava Adrian, perguntando ansiosamente, "Quem é o traidor? Ele está morto?"
Victoria percebeu a tensão na voz de Adrian. Como esperado, Nathaniel levantou o olhar com uma agenda oculta, fixando os olhos em Adrian. "Morto."
"Ótimo! Eu teria despedaçado ele se não! Vou vingar você, Tio Nathaniel!" O tom de Adrian amoleceu involuntariamente.
Nathaniel deu um sorriso sarcástico, "Como você é diligente."
Ele fechou os olhos levemente, indicando a Sam, que estava cuidando dele, que o ajudasse a deitar.
O quarto caiu em um silêncio tenso, todos perdidos em seus próprios pensamentos.
Victoria sentiu uma onda de inquietação, ansiosa para escapar daquele ambiente perturbado.
"O Sr. Cross jogou a noite toda e precisa descansar agora."
Foi uma maneira sutil de sugerir que ela deveria sair.
Enquanto ela se dirigia à porta, Victoria sentiu um alívio, o ar do lado de fora parecia muito mais fresco.
"Ouvi dizer que o Tio Nathaniel foi baleado enquanto tentava te salvar?"
O coração de Victoria subiu à garganta mais uma vez.
Era Adrian falando. Ele estava ali, refinado e elegante, exalando uma aura extraordinária.
No entanto, o jeito como ele a olhava a fazia se sentir muito desconfortável.
"Eu... eu..." Victoria gaguejou, segurando suas roupas, temendo que estivesse prestes a enfrentar um interrogatório da família Cross.
Os olhos de Adrian percorreram Victoria, avaliando-a com um olhar frio e calculista. Parecia que ela era um objeto sob escrutínio, não uma pessoa.
Victoria estremeceu, instintivamente dando um passo para trás.
"Você vai me matar para descontar a raiva?"
