CAPÍTULO 2
Os ecos das maldições de Lady G preenchiam a sala enquanto Williams varria diligentemente, com os olhos voltados para baixo. Ele ponderava sobre a ironia de ser tratado dessa maneira dentro da família na qual havia se casado. Dona Bimbo, ainda divertida com o espetáculo, não conseguia compreender a gravidade da situação. "Sua filha deve se arrepender desse casamento," comentou, com um tom condescendente.
Gina, inflexível em sua raiva, assentiu veementemente. "Arrependimento nem começa a descrever. Ele é uma mancha no nome da nossa família."
Williams, mexendo nervosamente na vassoura, sentia uma mistura de raiva e tristeza. Ele não conseguia entender como havia se tornado o alvo de tanto desprezo. À medida que varria mais perto de Gina, suas maldições se intensificavam, e as palavras o cortavam como uma faca.
Dona Bimbo, curiosa sobre a dinâmica, perguntou, "Por que ela se casou com ele? O que aconteceu com seus planos de ela se casar com uma família rica e influente?"
Gina, com uma risada amarga, explicou, "Foi tudo contra a minha vontade. Ela se apaixonou por ele, um ninguém. Agora temos que suportar essa vergonha."
O desprezo na voz de Gina ressoava, e enquanto Williams continuava sua tarefa, ele ouvia a conversa, cada palavra intensificando a dor. Dona Bimbo, embora divertida, não conseguia entender a profundidade da disfunção da família.
Quando Williams se dirigiu à cozinha para buscar um novo prato, Dona Bimbo, ainda se deliciando com o espetáculo, disse, "Isso é inacreditável. Eu esperava mais da sua família, Gina. Estou realmente desapontada."
Gina, que não evitava expor suas queixas, respondeu, "Acredite, Bimbo, eu estou igualmente desapontada. Tinha grandes esperanças para Julian, mas veja o que ela trouxe para nossas vidas."
Williams, agora na cozinha, enfrentava o desafio assustador de preparar uma nova refeição no prazo absurdo estabelecido por Lady G. Os ecos das palavras desdenhosas permaneciam, mas ele não podia se dar ao luxo de pensar nelas. O relógio estava correndo, e a cada segundo que passava, a pressão aumentava.
Enquanto Williams trabalhava apressadamente na cozinha, ele não conseguia se livrar do peso dos insultos. Os tapas, maldições e risadas reverberavam em sua mente. Ele se perguntava como poderia suportar esse tratamento dia após dia. O sonho de uma vida familiar feliz havia se transformado em um pesadelo, e ele não conseguia ver uma saída.
Enquanto isso, na sala de estar, a conversa entre Gina e Dona Bimbo tomava um novo rumo. Gina, agora servindo-se de uma taça de vinho, continuava a desabafar suas frustrações. "Não consigo acreditar que minha filha escolheu ele em vez dos pretendentes elegíveis que apresentei a ela. É uma desgraça."
Dona Bimbo, tomando um gole de sua bebida, acrescentou, "Sempre disse que casar-se com uma boa família é crucial. Parece que Julian não recebeu esse recado."
O desprezo em suas vozes pintava um quadro sombrio para Williams. Ele sentia a dor não apenas dos golpes físicos, mas também das feridas em seu orgulho e dignidade. A cozinha, geralmente um lugar de calor e sustento, havia se transformado em um campo de batalha onde Williams lutava contra o tempo e a humilhação.
Enquanto Williams colocava o novo prato, o aroma preenchia a cozinha. Ele esperava que pelo menos o sabor proporcionasse algum alívio da tempestade na sala de estar. O relógio mostrava que os dois minutos estavam quase acabando, e Williams, com o coração pesado, carregou a refeição recém-preparada para a sala de estar.
Lady G, expectante e ainda fervendo de raiva, olhou para ele com desdém. "Finalmente! Vamos ver se isso pelo menos é comestível."
Williams, mantendo a compostura, serviu o prato com um sorriso forçado. "Espero que goste, senhora."
Gina, dando uma mordida, fez uma careta. "É mal passável. Você deveria estar grato por eu estar comendo isso."
Dona Bimbo, já não mais divertida, observava a cena com uma sobrancelha levantada. A tensão na sala era palpável, e o peso nos ombros de Williams permanecia inalterado.
A noite, que havia começado com promessas e celebração, havia se transformado em uma provação dolorosa para Williams. Enquanto ele se retirava para a cozinha, as vozes de Lady G e Dona Bimbo continuavam sua conversa, intensificando ainda mais a tempestade que rugia dentro da casa dos Peterson.
Na quietude solitária da cozinha, Williams contemplava seus próximos passos. As cicatrizes dos eventos da noite estavam profundamente marcadas, e a realidade de sua situação pairava ameaçadora. Enquanto ponderava se poderia suportar essa vida por mais tempo, a cozinha, antes um lugar de conforto, agora parecia um refúgio do tumulto fora de suas paredes.
Quando o sol se punha no céu da noite, Williams se encontrava no jardim, cuidando das flores. Ele tinha um regador na mão, borrifando água nas flores vibrantes. O som rítmico das gotas atingindo o solo oferecia um breve escape dos problemas que haviam se desenrolado mais cedo na casa.
Julian, sua esposa, chegou em casa após um longo dia de trabalho. Ela parecia cansada, e seus passos em direção à casa eram pesados. Williams, segurando o regador, correu para encontrá-la, esperando aliviar seu fardo carregando sua mala. No entanto, Julian não lhe deu atenção e passou por ele sem dizer uma palavra, deixando-o parado com a mala na mão.
Indiferente, Williams a seguiu para dentro da casa, tentando iniciar uma conversa. "Como foi seu dia, Julian?" ele perguntou, genuinamente preocupado.
Julian, ainda parecendo distante, respondeu friamente, "Apenas cansada, Williams. Não preciso das suas perguntas agora."
Seu esforço de comunicação frustrado, Williams prosseguiu carregando a mala dela para o quarto. O quarto, antes um lugar de sonhos compartilhados, agora parecia um campo de batalha cheio de ressentimentos não ditos.
Na cozinha, Williams, dividido entre seu dever e o orgulho ferido, começou a preparar uma refeição para Julian. O barulho das panelas e frigideiras ecoava na casa silenciosa, cada som um lembrete da harmonia fraturada que um dia existiu.
Enquanto ele montava o prato, Williams não conseguia afastar a sensação de peso no peito. A refeição, meticulosamente preparada, representava uma oferta—um gesto de reconciliação. Com o prato montado na mão, ele hesitou na porta do quarto, respirando fundo antes de entrar.
"Julian," ele começou, hesitante, "preparei o jantar para você. Espero que coma."
Julian, sentada na cama com um olhar distante, mal reconheceu sua presença. Williams, colocando o prato na mesa de cabeceira, deixou o quarto com o peso das expectativas não atendidas e os ecos persistentes de mais uma rejeição.
