CAPÍTULO 4
Assim que todos terminaram a refeição, Williams esperou pacientemente. Ele conhecia o protocolo—ninguém comia até que os Petersons estivessem satisfeitos. A Sra. Gina sinalizou sua aprovação, e só então Williams se sentou à mesa.
Com um suspiro de alívio, ele começou seu próprio café da manhã, o tilintar dos talheres servindo de pano de fundo para os rituais matinais. Apesar dos desafios, Williams mantinha uma fachada estoica, determinado a cumprir suas obrigações com diligência.
Quando o café da manhã terminou, Julian se levantou, pronta para enfrentar o dia. Williams, antecipando suas necessidades, aproximou-se dela com um sorriso caloroso. "Julian, sua pasta está pronta. Deixe-me levá-la até o carro para você."
Julian, reconhecendo o gesto, entregou-lhe a pasta. "Só não vá bater com ela."
Com passos cuidadosos, Williams carregou a pasta em direção ao carro que aguardava. Ele abriu a porta traseira e a colocou dentro, garantindo que tudo estivesse em ordem. Julian o seguiu rapidamente, seu olhar fixo nas tarefas do dia.
Enquanto Williams colocava a pasta de Julian cuidadosamente no banco de trás do carro, ele não conseguia afastar a sensação de dever que permeava cada um de seus movimentos. O sol da manhã projetava longas sombras enquanto ele reentrava na casa, pronto para enfrentar as tarefas restantes.
Dentro da casa, a atividade era intensa. Outros trabalhadores domésticos se juntaram a Williams no esforço de manter a aparência impecável esperada pela família Peterson. O aspirador de pó zumbia, e o cheiro de produtos de limpeza pairava no ar enquanto trabalhavam diligentemente.
A Sra. Gina Peterson, ocupada com uma ligação telefônica na sala de estar, acenava com aprovação para o caos organizado que se desenrolava ao seu redor. Enquanto Williams se movia de cômodo em cômodo, ele captava trechos da conversa dela.
"Sim, certifique-se de que o buffet esteja organizado para o evento da próxima semana," instruía a Sra. Gina, sua voz carregando um ar de autoridade. "E lembre o Andrew de finalizar os detalhes para o gala de caridade. Não podemos nos dar ao luxo de cometer erros."
Quando Williams terminou de arrumar os quartos, Lady G, a mãe de Julian, o chamou da sala de estar. "Williams, venha aqui. Tenho algo importante para você fazer."
Ele se aproximou de Lady G, respeitoso e atento. Ela lhe entregou um envelope marrom, grande. "Leve isso para o escritório de Julian imediatamente. Ela esqueceu, e é crucial para o dia dela. Certifique-se de que ela receba."
Williams assentiu, aceitando a responsabilidade. "Sim, senhora. Vou levar para ela agora mesmo."
Quando ele se virou para sair, Lady G acrescentou, "E certifique-se de que ela não esqueça suas responsabilidades. Não podemos ter mais lapsos."
Com o envelope na mão, Williams correu para a porta da frente. Sua manhã tinha sido uma correria de tarefas, e ele não teve a chance de se arrumar. Sem pensar duas vezes, ele chamou um táxi que passava, pronto para navegar pelas ruas movimentadas de Cape City.
No táxi, Williams podia sentir o tempo passando. Ele olhou para o relógio no celular, percebendo a urgência da situação. O escritório de Julian ficava do outro lado da cidade, e cada minuto que passava aumentava a pressão.
Chegando ao local de trabalho de Julian, Williams pagou a corrida do táxi e correu em direção à entrada. Suas roupas casuais e a falta de tempo para uma rotina matinal adequada eram preocupações secundárias enquanto o dever o impulsionava para frente.
A recepcionista o cumprimentou com um aceno, reconhecendo Williams como uma figura familiar. "A Sra. Peterson está no escritório?" ele perguntou, tentando esconder a urgência em sua voz.
A recepcionista apontou para o elevador. "Sim, você pode subir. O escritório dela é no décimo andar."
Williams entrou no elevador, o espaço fechado amplificando o tique-taque do relógio em sua mente. Quando as portas se abriram no décimo andar, ele navegou pelo labirinto de corredores até chegar ao escritório de Julian.
Ele bateu suavemente na porta, anunciando sua presença. "Entre," respondeu a voz de Julian.
Ao entrar, Williams encontrou Julian absorta em seu trabalho, uma pilha de papéis espalhados pela mesa. Ela olhou para cima, surpresa ao vê-lo.
"Williams, o que você está fazendo aqui?" Julian perguntou, momentaneamente distraída de suas tarefas.
As instruções de Lady G ecoaram na mente de Williams enquanto ele entregava o envelope. "Sua mãe pediu para eu trazer isso para você. Ela disse que você esqueceu."
A expressão de Julian mudou ao perceber a importância do envelope. "Ah, obrigada, Williams. Deixe na mesa."
Williams assentiu, reconhecendo a gratidão dela. "Há mais alguma coisa que você precise, Sra. Peterson?"
Julian olhou para o relógio. "No momento, não. Tenho uma reunião em vinte minutos. Você pode ir agora."
Ao sair do escritório dela, Williams sentiu um momento de alívio. A tarefa urgente cumprida, ele respirou fundo. No entanto, a realidade das responsabilidades do dia ainda pairava. Ele sabia que precisava voltar para casa e retomar suas obrigações.
O sol se pôs no horizonte, projetando longas sombras nas ruas movimentadas enquanto Williams deixava o prédio do escritório de Julian. O dia tinha sido um ciclo implacável de deveres, e o cansaço o envolvia como um manto pesado. A paisagem urbana, geralmente um pano de fundo para sua rotina, parecia um pouco diferente enquanto ele pisava na calçada.
Enquanto caminhava em direção ao portão principal da empresa, pensamentos sobre as tarefas que o aguardavam em casa pairavam em sua mente. O zumbido da cidade o cercava, um coro de conversas distantes e buzinas. Williams, perdido em seus pensamentos, mal registrou o SUV que se aproximava rapidamente.
Sem aviso, uma torrente de água suja e lamacenta o atingiu, encharcando seu rosto e roupas. O motorista não mostrou remorso, deixando Williams parado ali, um espetáculo lamacento na calçada. O SUV continuou em direção ao estacionamento da empresa, desaparecendo de vista.
A raiva surgiu dentro de Williams. Ele limpou a lama do rosto, suas roupas grudando desconfortavelmente em seu corpo. A injustiça da situação alimentou o fogo dentro dele. Sem pensar duas vezes, ele entrou nas dependências da empresa, determinado a confrontar o motorista.
No estacionamento, o SUV parou. Um homem alto, moreno e bonito, na casa dos trinta anos, saiu, absorto em uma ligação telefônica. O homem, chamado Mike, parecia alheio ao caos que havia causado.
Williams, movido pela frustração, aproximou-se dele com urgência. "Ei, você! Acha que é aceitável jogar lama nas pessoas e simplesmente ir embora?" ele questionou, sua voz carregada de irritação.
