Amarrado

POV de Aria

Meus olhos se abriram de repente, mas tudo ainda estava escuro. Fechei-os novamente, o pânico se espalhando no meu coração.

"Onde estou?"

Abri os olhos e pisquei... Ainda estava escuro.

Meu corpo tremia... Isso não era bom.

Tentei olhar ao redor... tentar enxergar através da escuridão, mas ainda estava tudo escuro.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

Eu podia sentir o chão frio e duro logo abaixo de mim, minhas mãos estavam abraçando meus joelhos... E estavam amarradas.

Elas estavam amarradas juntas atrás dos meus joelhos.

"Caralho." Murmurei tentando me levantar, respirando fundo pelo nariz.

Mas isso era difícil de fazer.

Quanto mais eu respirava, mais me sentia sufocada.

Essa escuridão... não estava no lugar inteiro, estava apenas no meu rosto.

Algo, um saco, foi colocado no meu rosto.

Meu corpo tremia de medo, e meus lábios tremiam.

Tentei me mover, tentei me levantar... apenas para cambalear e cair de volta no chão. "Ahh!" Um grito agudo rasgou meus pulmões enquanto eu caía de volta no chão.

Um soluço escapou dos meus lábios.

Aos poucos, fragmentos das minhas memórias... Memórias do que aconteceu ontem voltaram para mim.

Eu estava me casando.

Era uma aliança de negócios. Eu nunca tinha conhecido o homem antes, mas concordei em me casar com ele por causa do meu pai.

Estávamos no altar, prestes a dizer nossos votos quando...

"Ela finalmente acordou." Uma voz fria disse de repente. Senti um calafrio percorrer minha espinha.

Eu ainda não conseguia ver nada. Não precisava dos meus olhos para saber que era o mesmo homem que arruinou o casamento.

Congelei ao som da sua voz.

Eu me lembrava de tudo agora.

Estava quieto no começo, depois se aproximou. Seus passos eram calmos... calmos demais.

"Você me drogou," eu sussurrei, minha garganta arranhando. "Você drogou uma completa estranha?!"

Ele não respondeu imediatamente. Eu podia ouvi-lo se movendo. Talvez arrastando uma cadeira? O som dela raspou no chão.

Ou talvez não fosse ele quem estava arrastando.

Eu podia ouvir os sons de passos, dois padrões diferentes.

"Estranha? Sim." ele finalmente disse, seu tom baixo e sem remorso. "Essa foi a única maneira de chegar até você."

Chegar até mim?

Meu peito subia e descia em uma mistura de medo e raiva.

Eu... eu ainda não estava morta, o que significava que o homem não queria me matar.

O que era ótimo.

Mas... Por que eu?

Houve silêncio. Um longo silêncio. Eu podia ouvir minha própria respiração. Ainda lutando.

Então ouvi outra voz... A mesma frieza presente no seu tom.

Eu estava familiarizada com esse tipo de tom.

Era o mesmo que meu pai tinha.

'Ah, droga' Foi quando percebi.

Esses homens não estavam atrás de mim, estavam atrás do meu pai.

"Devemos tirar o saco agora?"

"Sim," a voz fria respondeu.

Fiquei imóvel, tentando respirar pelo nariz quando de repente senti mãos em mim. Meu corpo ficou tenso e eu me afastei. Mas elas agarraram meus braços com força, me mantendo parada enquanto o saco era retirado da minha cabeça.

Pisquei rapidamente. "Droga." A luz era fraca, mas doía.

Olhei ao redor, coração disparado. Eu estava em um porão, ou pelo menos algo parecido. As paredes eram de cimento, o ar cheirava a metal e poeira. Não havia janelas.

Meus olhos se fixaram nele... o homem do casamento.

Ele estava a alguns metros de distância, me observando. Os óculos escuros tinham sumido.

Agora eu podia ver seu rosto completamente.

Eu estava certa.

Ele era bonito.

O homem parecia um deus com traços faciais perfeitamente esculpidos... A única coisa que estragava era a carranca em seu rosto.

'Aria, o que há de errado com você?' Minha mente me repreendeu. 'Por que diabos você está pensando no rosto dele? Ele te sequestrou!'

“Quero respostas”, disse, me forçando a não chorar de novo. “Por que diabos você me levou?”

Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele se levantou e deu um passo na minha direção.

Eu me encolhi em um canto... Arrepios percorrendo minha pele.

Oh, eu estava apavorada com esse homem, mas me recusei a desviar o olhar dele.

"Você não sabe quem eu sou?" ele perguntou.

Eu franzi a testa. "Eu deveria saber quem você é?"

O homem sorriu de lado, balançando a cabeça. Então ele se virou para o outro homem na sala e deu um aceno. O cara saiu, fechando a pesada porta de metal atrás dele.

Agora éramos só nós dois.

"Aria Bellani." Ele chamou e eu travei a mandíbula. "A única filha de Diego Bellani, o chefe que controla o grupo Sivung e outras áreas ao redor."

Eu não tinha certeza antes... Mas depois do que esse homem acabou de dizer, eu tinha certeza.

Isso estava mesmo ligado ao meu pai.

"Se você tem alguma rixa com meu pai, resolva com ele." Eu disse, forçando minha voz a permanecer calma. "Por que você tem que me arrastar para isso?"

"Te arrastar?" O homem riu. Mas então sua expressão se transformou em uma de raiva, seu olhar sobre mim trouxe outro arrepio pela minha espinha. "Você foi arrastada para isso no segundo em que seu pai passou dos limites e cruzou o caminho dos Morretti."

Morretti?

Meus olhos se arregalaram.

Eu olhei para o homem em choque. "Você... Você é um Morretti?"

"Luca Morretti." Veio sua resposta curta.

Minha boca se abriu.

Sim.

Eu nunca tinha visto esse homem antes.

Eu nem sabia quem ele era.

Mas o nome Morretti?

Eu conhecia.

Eu conhecia mais do que gostaria de lembrar. Mas não estava ligado ao meu pai.

"Jared." Eu murmurei sob minha respiração. Não muito alto para que ele não ouvisse.

Eu não podia acreditar nos meus ouvidos.

Fazia anos desde que ouvi aquele nome, Morretti.

Mas meu pai não tinha nada a ver com isso.

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