2. Dono do sangue
Aneska se virou e olhou para os empregados atrás dela, que pareciam normais. O coração de Aneska ainda batia rápido, o som era como um déjà vu para ela.
"O que foi aquele tiro?" Aneska perguntou, com a voz tensa.
"Ah, foi o som do quintal, senhorita. Os guardas costumam praticar tiro. A senhorita não precisa se preocupar," respondeu a empregada.
Os olhos de Aneska piscaram, a respiração que ela havia prendido agora começava a voltar ao normal, embora o déjà vu não tivesse desaparecido completamente. Aneska pensou que estava acostumada com o som, mas não estava.
"Esta é a mala da senhorita," disse a empregada, interrompendo os pensamentos ruins de Aneska sobre o passado.
Os empregados ficaram em silêncio.
"Obrigada," disse Aneska.
"Seremos seus empregados. No entanto, não ficaremos aqui até o Jovem Mestre voltar," disse a empregada que estava perto de Aneska.
"Ah, tudo bem."
"Eu sou Julie, serei sua empregada. Então, se precisar de algo, por favor, me avise," disse a empregada, se apresentando.
"Obrigada."
"E, desculpe, mas vou pegar seu celular," disse a empregada Julie.
Dessa vez, Aneska ficou surpresa. O que isso significa?
"Por quê?" Aneska perguntou, sem entender.
"Por segurança, senhorita. Essa é a regra ordenada pelo Grande Mestre. Fomos informados pelo Sr. Zeelar que haveria convidados, mas também foi pedido que trouxessem celulares e outros dispositivos de comunicação. Então, vamos verificar seus pertences," explicou a empregada.
Mesmo antes de Aneska pedir para verificarem os pertences da garota, a empregada sob as ordens de Julie já havia começado a se mover. Enquanto isso, Julie segurava o celular de Aneska, observando seus funcionários trabalharem para revistar a mala que a garota segurava.
O corpo de Aneska estava tenso, havia algo que a garota estava mantendo em segredo. No entanto, se ela agisse para impedir que verificassem todos os seus pertences, isso seria suspeito, então Aneska apenas ficou quieta, observando, esperando em seu coração que seu segredo não fosse revelado.
Os celulares, cosméticos e itens de higiene pessoal que Aneska trouxe foram levados pela empregada, o que deixou Aneska confusa.
"Vamos retirar todos esses itens e substituí-los por similares," disse a empregada Julie.
"Mas, isso—" Aneska queria protestar porque levaram todos os itens pessoais que ela costumava usar.
"Desculpe, qualquer que seja o motivo, ainda vamos levar," disse a empregada, Julie. "E este, a senhorita pode usar este celular para se comunicar com a família, mas é só isso. Se precisar de algo, por favor, entre em contato conosco pelo telefone fixo fornecido, há anotações para certas chamadas," explicou a empregada Julie, que não parecia nada amigável.
Aneska não tinha escolha. Pela forma como a empregada falou firmemente, era impossível para Aneska negar.
"E, a senhorita pode usar qualquer quarto, exceto os dois quartos no andar de cima."
A atenção de Aneska seguiu o movimento da mão da empregada Julie, que apontava para o andar de cima. De onde Aneska estava, na sala de estar, era possível ver o topo das portas. Havia três portas lá.
"A porta do meio é o quarto do Jovem Mestre, e a porta da direita é o escritório dele. Enquanto isso, a porta da esquerda está vazia. Você pode usá-la, mas sugiro que use o quarto no andar de baixo, para sua segurança também," explicou a empregada Julie.
Aneska olhou para a empregada.
"E, a senhorita está proibida de perambular. Não toque em muitas coisas e nunca abra as duas portas que mencionei."
Ouvindo isso, Aneska ficou ainda mais calada. Como seus movimentos são restritos? Isso é o mesmo que ir para a prisão, certo?
Ah, poderia ser...
"Então, vamos nos retirar. A senhorita pode avisar os seguranças que estão de plantão lá fora se algo acontecer." A empregada Julie se despediu depois de dizer isso.
Até a porta principal se fechar, Aneska permaneceu onde estava, em silêncio.
Foi apenas um momento atrás que a garota tomou uma decisão. No entanto, por que sua vida parece miserável? Vir para uma família completamente desconhecida fez Aneska pensar, é esse o seu destino, apenas ser uma prisioneira? Ah, vamos lá. Aneska não pode manter a liberdade que conquistou aos dezessete anos, mesmo que no fundo de seu coração a dor do passado esteja sempre presente?
Puxando a mala, ela foi mais para dentro da casa. Aneska primeiro precisava descobrir qual quarto poderia usar.
A casa não é tão complicada quanto a casa principal. Da área central, Aneska podia ver o segundo andar, onde havia uma grade de ferro com padrão preto, além de grandes pilares que sustentavam o teto. Não havia muitas cores na casa, apenas azul-marinho, cinza e branco.
"Minhas duas cores favoritas," disse Aneska enquanto subia as escadas, deixando sua mala na parte de baixo.
As duas portas que estavam proibidas de serem abertas deixaram Aneska curiosa. A garota ficou ali por um momento, olhando para cada uma delas alternadamente, e então deu um passo em direção à porta da esquerda para verificá-la.
Mas quando a mão da garota tocou a maçaneta, Aneska sentiu algo estranho. Era como se algo estivesse segurando sua mão para não abrir a porta. A testa de Aneska se franziu de surpresa. No entanto, após um momento de silêncio, a garota decidiu usar o quarto no andar de baixo. Por algum motivo, o segundo andar fazia seu estômago revirar. Havia algo estranho no segundo andar.
Depois de escolher um quarto não muito longe das escadas, Aneska deitou-se no colchão macio e ficou em silêncio. Não só seu corpo estava cansado após desembarcar em sua terra natal, mas ela também recebeu uma surpresa ao chegar em casa. Eles nem deram a Aneska um copo d'água, mas em vez disso comunicaram a decisão de vendê-la para alguém. Depois disso, Aneska teve que partir novamente, deixando a casa onde cresceu.
Cansada e confusa, Aneska finalmente adormeceu sem saber o que estava acontecendo lá fora. A natureza lentamente levantava a cortina da escuridão, junto com nuvens nubladas. Aneska não se importava com as condições naturais anteriores porque sua mente estava tão confusa após ouvir a conversa chocante com seus pais adotivos.
Não sei a que horas Aneska acordou. Dentro da grande casa, estava tudo quieto. Depois de alguns momentos de silêncio para reunir sua consciência, a garota saiu da cama e deixou o quarto porque seu estômago estava com fome.
A casa magnífica estava envolta em escuridão e silêncio, apenas algumas luzes estavam acesas, e o resto dependia da luz da lua entrando pelas janelas de vidro gigantes.
Aneska passou pelas escadas perto do quarto de Edwin no segundo andar. Nada de incomum. A garota continuou a caminhar em direção à cozinha, esperando que houvesse comida lá. Aneska olhou para o relógio, onze horas da noite. Mas, felizmente, já havia comida na mesa de jantar, então Aneska não precisou chamar a empregada.
Depois de lavar as mãos em uma pia não muito longe, Aneska comeu com vontade. No entanto, no meio de suas atividades, Aneska ouviu passos. A garota virou a cabeça, e um flash de sombra passou. O corpo da garota de repente ficou rígido.
"Quem está aí?" perguntou a garota.
Nenhuma resposta.
Pegou o copo e bebeu até esvaziá-lo. Aneska levantou-se de seu assento e pegou o garfo que usava como arma. Seus pés avançaram em direção à sombra.
"O homem está em casa?" Aneska pensou.
Mas na escuridão, os olhos de Aneska viram uma sombra andando apressadamente, Aneska seguiu com curiosidade e medo. Nenhum estranho tem permissão para entrar, esta casa tem segurança rigorosa. No entanto, se alguém conseguiu entrar assim, então não era uma pessoa comum.
A garota olhou ao redor. Não havia ninguém ali.
Aneska parou, seus pés descalços sentiram uma sensação úmida e pegajosa. A garota olhou para baixo para se certificar e então gritou. Era sangue! Aneska se agachou, cobrindo a boca. Seus olhos vagaram para onde a trilha de sangue levava.
O coração da garota batia rápido. Como pode haver sangue? De quem é aquela sombra? Aneska limpou os pés e começou a se levantar lentamente. A garota olhou ao redor novamente procurando ajuda.
Nada, vazio. Só havia aquela garota ali.
Com o corpo tremendo e sentindo-se perturbada, Aneska arrastou seus passos seguindo a trilha de sangue que ficava cada vez mais larga em direção ao andar de cima. A garota subiu as escadas lentamente com as mãos segurando firmemente um garfo que poderia ser usado como arma.
Segundo andar, grande sala com porta preta.
"Oh, não, o escritório de Edwin! A porta está aberta." Aneska exclamou para si mesma.
A garota se aproximou da porta e entrou cautelosamente na sala, brandindo o garfo, alerta. Havia vestígios de sangue na frente da sala.
"Quem é você?" a garota gritou. "O que você está procurando aqui?"
Silêncio.
Aneska virou o corpo para ver toda a sala, mas a imagem desapareceu.
Com o garfo ainda levantado no ar, Aneska lentamente se encostou na parede e ligou o interruptor de luz. A luz brilhante que de repente cegou seus olhos fez a garota apertar os olhos.
Agora, Aneska podia ver as marcas de sangue mais claramente.
No entanto, os olhos da garota se arregalaram completamente quando alguém cobriu sua boca por trás. Não só isso, o cheiro forte de ferrugem pairava bem debaixo do nariz de Aneska. Pegajoso e úmido, assim como o sangue que Aneska pisou antes.
"Q-quem é você?" A voz sussurrou pesadamente no ouvido de Aneska, cujo corpo estava tenso.
O homem era o dono do sangue, e quem era aquela pessoa? Como entrou? Aneska não conseguia se mover, ela até prendeu a respiração porque o cheiro de sangue era tão forte.
Não pode ser que aquele cara...






















































