4. O segredo de Aneska

"Por que você tem isso? A empregada da Julie pegou algo que não devia, especialmente um equipamento como esse," disse David assim que Aneska terminou de enfaixar o ferimento de Edwin.

"Sou eu..." Aneska não sabia o que dizer ou como.

"Você não deveria ter trazido isso," David enfatizou.

Aneska olhou para o homem.

"Mas, sem isso, eu não conseguiria parar o sangramento do Jovem Mestre," disse Aneska.

"Quem é você?" David perguntou, parecia que o homem não conseguia confiar em Aneska. Seu olhar era frio, e sua expressão sempre a mesma, desconfiada e cheia de perguntas.

"Eu -"

Como Aneska poderia explicar? A garota ficou envergonhada e olhou para David e Edwin alternadamente, procurando coragem para explicar quem ela era.

"Eu -"

"Eu também quero saber," disse Edwin, ainda com uma voz fraca.

O olhar de Aneska estava completamente focado em Edwin. O que Aneska deveria explicar?

"Tá bom, vou ser honesta com vocês. No entanto, tenho uma condição, não tirem meu equipamento médico. Se algo assim acontecer de novo, eu posso usá-lo livremente sem precisar pedir -"

"Me diga logo quem você é!" David exclamou impacientemente.

Aneska ficou chocada ao ouvir a exclamação de David.

"Ah, tá bom," disse Aneska, mas desta vez a garota ousou olhar para David com firmeza. "Eu sou uma cirurgiã. Satisfeito?" Aneska revirou os olhos para David e enfatizou sua resposta.

"Cirurgiã? Como? Não recebemos nenhum relatório de que era uma médica que viria. O que sabemos é que a garota ainda está na escola," disse David.

A boca de Aneska se abriu ao ouvir a explicação de David, que se tornava cada vez mais descrente e até encurralava Aneska.

Ela suspirou profundamente. A maneira de falar do homem, seu olhar afiado e atitude deixaram Aneska irritada também.

"Devo explicar minha razão para estar aqui a um segurança que deveria apenas fazer seu trabalho, em vez de saber quem eu sou?" Aneska respondeu com firmeza.

David não se intimidou, ainda olhando para a garota com firmeza.

"Tsk!" Aneska riu irritada com o olhar do homem.

Os gemidos abafados de Edwin atraíram a atenção de David para longe de Aneska. O homem deu dois passos mais perto de seu jovem mestre. Mas Edwin levantou a mão, parando David. Aneska puxou os cantos dos lábios em um sorriso zombeteiro.

"Chega. Eu quero descansar. Você pode ir, David. Vou falar sobre isso amanhã," disse Edwin, ofegante.

"Mas, Jovem Mestre -"

"Chega. Parece impossível que essa garota fuja. Você, vigie este lugar caso ela tente escapar. Eu falarei com ela amanhã," explicou Edwin.

David ficou em silêncio.

"E não conte a ninguém," continuou Edwin.

Incapaz de recusar as ordens do jovem mestre, David finalmente obedeceu Edwin e se curvou por um momento. Aneska mostrou a língua um pouco, zombando ainda mais do homem. Mas desta vez David não respondeu e escolheu sair dali depois que Edwin lhe disse para ir.

Aneska suspirou de alívio assim que David deixou o local de trabalho de Edwin. O equipamento médico que Aneska mantinha atrás da capa do livro estava seguro, mas parecia que poderia ser levado a qualquer momento.

"Eu não vou deixar!" Em seu coração, Aneska jurou que defenderia seu amado equipamento médico.

A garota virou a cabeça quando Edwin se moveu lentamente.

"Você, pode se afastar?" disse o homem em um tom frio.

Aneska obedeceu, levantou-se de onde estava sentada, deu um passo para trás e deixou Edwin colocar os pés fora do sofá.

"Você precisa de ajuda?" Aneska ofereceu.

No entanto, Edwin olhou para Aneska com firmeza.

"Isso não significa que você pode fazer o que quiser. Você também pode ir. Me deixe sozinho," o homem disse com firmeza.

Aneska, é claro, ficou ofendida. Ela o ajudou, mas ele a expulsou em vez de agradecer. Mas a garota não disse mais nada, apenas fez o que o homem disse e pegou todo o equipamento, até limpando a mesa que tinha vestígios de sangue do homem.

Edwin, por sua vez, encostou as costas e a cabeça no sofá. Uma mão estava no estômago, a outra ao lado do corpo. Seus olhos estavam fechados.

Depois de limpar tudo, Aneska olhou para Edwin e decidiu limpar o sangue restante no chão antes de sair do quarto. Além disso, Edwin não disse que outras pessoas não saberiam sobre o ferimento? Então, Aneska apenas tomou a iniciativa de limpar porque a condição de Edwin não permitia.

"Espero que esteja tudo bem," murmurou a garota depois que tudo estava terminado, e estava prestes a deixar Edwin, que ainda não se movia de onde estava.

Respirando fundo, Aneska fechou a porta do quarto e desceu as escadas para jogar o lixo fora.

Caminhando em direção à cozinha, Aneska olhou para a mesa de jantar onde ainda havia comida. Agora que ela viu o líquido vermelho, o sangue de Edwin fez a garota perder o interesse em comer. Mais uma vez, a garota suspirou e escolheu limpar a mesa de jantar e jogar o resto fora.

"Mas, eu não tenho apetite agora, depois de ver o que aconteceu," disse Aneska enquanto jogava a comida no lixo.

Na cozinha, há uma lixeira especial. Comida usada, plástico, garrafas, lixo orgânico, e assim por diante. Aneska lavou os pratos usados e lavou as mãos que ainda tinham o sangue de Edwin.

"Tsk! Que droga. Eu o tratei, mas ele não sabe agradecer," disse a garota, falando consigo mesma. "Mas, ele está bem? Um ferimento tão grande causaria efeitos colaterais e febre. Eu deveria dar analgésicos para ele, certo?" Aneska pensou enquanto desligava a torneira e secava as mãos.

Depois de garantir que a cozinha não estava bagunçada e estava arrumada como antes, Aneska decidiu ir para o seu quarto, tentando não se preocupar com a condição de Edwin. Afinal, o próprio homem a havia expulsado, então Aneska não tinha o direito de se preocupar, certo?

"Argh!" A garota soltou um grito abafado ao se virar. Apenas reflexivamente colocou a mão no peito e recuou até bater na pia.

A figura estava na escuridão, com olhos afiados e uma expressão fria.

"Você me assustou, senhor," disse Aneska sarcasticamente.

Mas David não se importou nem um pouco e caminhou em direção à lixeira. Aneska observou o que o homem estava fazendo, e a testa da garota se franziu de surpresa ao ver David pegando o lixo que Aneska havia jogado fora.

"Por que você pegou isso?" Aneska perguntou curiosa.

"Não é da sua conta," David respondeu brevemente, depois apenas desviou o olhar.

Ela não aceitou a atitude de David em relação a ela. Aneska seguiu os passos do homem até a porta dos fundos e chegou ao quintal. David jogou o lixo em uma lixeira que tinha fogo dentro. O homem o incendiou.

"Por que você queimou isso?" Aneska não entendia.

Mas David não disse nada e apenas observou o fogo queimando indiferentemente.

O vento noturno soprava devagar, mas ainda assim sentia-se frio através das roupas que Aneska estava vestindo. A garota olhou para o céu estrelado sem lua.

"Lindo," disse a garota baixinho com um leve sorriso nos lábios.

O olhar da garota estava tão fixo como se fosse a primeira vez que ela via as estrelas espalhadas no céu noturno silencioso. Aneska não sabia onde estava, mas David observava em silêncio. O olhar do homem era difícil de decifrar.

A garota veio ao lugar por ordens. Aneska é realmente uma médica e estudou medicina, mas não é muito habilidosa porque tudo o que a garota aprendeu sobre saúde foi mantido em segredo de sua família adotiva. Aneska não sabe por que eles a proibiram de estudar medicina e a forçaram a estudar negócios. Mas, felizmente, Aneska não ficou sem ideias. Do ensino médio ao segundo ano da faculdade, a garota estudou medicina em segredo. Há também vantagens em ir para outro país com uma bolsa de estudos e viver longe dos pais adotivos.

Agora que a garota voltou após concluir seus estudos, infelizmente, Aneska tem que enfrentar algo inesperado. A realidade não será a mesma que as expectativas, certo? É aqui que Aneska está, em um lugar estranho para se casar com um jovem mestre porque foi usada como garantia. Qual será o destino futuro da vida de Aneska?

Bruk!

Um som suave, mas claro, fez a garota se virar para David, que também percebeu. Ambos correram para dentro da casa para descobrir o que era o som.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo