7. Pai e filho

Edwin estava de costas para a porta do quarto de Aneska. Aneska abriu a porta e ficou em silêncio. A garota pensou que a pessoa batendo na porta do seu quarto era David, o guarda habitual de antes.

"O que é isso?" Aneska perguntou sem abrir a porta do quarto completamente.

O homem se virou, mas não disse nada além de mover o dedo indicador para que Aneska se aproximasse. Mesmo estando irritada com a maneira como Edwin a tratava, Aneska fez o que o homem ordenou e ficou a dois passos de Edwin, que a observava secretamente.

Parecia que o homem estava avaliando a aparência de Aneska à sua frente.

Aneska ficou confusa com o comportamento estranho de Edwin e automaticamente prestou atenção à sua aparência. Aneska achou que não havia nada de errado. Mas por que Edwin a olhava por tanto tempo dos pés à cabeça?

"Tem algo errado?" Aneska perguntou, desconfortável por ser observada por tanto tempo pelo homem de olhar penetrante.

"Não tem nada. Vamos." Edwin se virou depois de dizer isso.

Os olhos de Aneska se arregalaram com a atitude indiferente do homem.

"Sério?" suspirou Aneska irritada.

Mesmo assim, Aneska ainda seguiu Edwin atrás do homem que caminhava tão casualmente como um jovem mestre. É verdade que Edwin é um jovem mestre, mas Aneska não esperava isso. A garota resmungou atrás de Edwin, que caminhava em direção à saída da casa.

"Para onde você está me levando?" Aneska perguntou novamente.

O homem não respondeu, apenas abriu a porta principal e saiu.

Aneska olhou para a direita assim que ficou na varanda, lá estava David com o olhar fixo à frente, uma expressão facial neutra e uma postura alta e robusta.

David não respondeu quando Aneska o encarou por um longo tempo, observando-o em silêncio até ser deixada para trás pelos passos de Edwin.

"O que você está fazendo agora? Rápido!" gritou Edwin de onde estava esperando por Aneska.

"Sim," disse Aneska e imediatamente voltou sua atenção para a frente, onde Edwin ainda esperava friamente.

Assim que Aneska ficou atrás de Edwin, o homem imediatamente deu outro passo, continuando seu caminho em direção à casa principal.

Aneska não disse nada, mas se sentiu inquieta assim que seus pés passaram pela grande porta da casa. Lembrou-se de como o pai de Edwin se comportou ontem, que era autoritário apesar de sua expressão fria, mas foi o suficiente para deixar Aneska nervosa. O homem parecia capaz de ler os pensamentos de Aneska, mesmo que fossem apenas pensamentos da garota.

A casa principal era grande e tinha uma aura assustadora, aumentando ainda mais a ansiedade de Aneska até que a mão da garota reflexivamente alcançou a parte de trás da camisa que Edwin estava vestindo.

O que a garota fez fez Edwin parar, e olhando para trás, Aneska o encarou com os lábios trêmulos. Mas Edwin não respondeu, deixando a garota segurar a parte de trás de sua camisa.

O cômodo era muito espaçoso, e os corredores na casa principal eram tão largos que Aneska ficou confusa sobre para onde ir. Mas a garota não perguntou porque sua garganta de repente ficou apertada, a sensação de nervosismo ficando mais forte no corpo de Aneska.

Depois de virar várias vezes por vários cômodos, Edwin finalmente parou na sala de estar da casa principal, e havia um homem sentado relaxado no sofá com um tablet na mão.

"Você me chamou?" Edwin perguntou friamente.

O homem sentado no sofá levantou os olhos do tablet, ficou em silêncio por um momento, depois olhou para Aneska que estava atrás de Edwin.

"Boa tarde, Aneska. Como foi sua noite e manhã?" perguntou o homem casualmente.

Mesmo parecendo amigável, Aneska ainda estava nervosa porque o olhar penetrante do homem fazia seu corpo enrijecer.

"S-sim, tudo bem," respondeu Aneska hesitante.

Inesperadamente, o homem que era o rei da casa principal e pai de Edwin sorriu levemente. Alendra Zeelar colocou seu tablet na mesa e voltou seu olhar para o filho.

"Por que estão de pé? Sentem-se," disse o homem em tom autoritário.

Aneska apenas seguiria Edwin, como fez ontem, seguindo um servo que a levou para os fundos da casa onde Edwin morava.

A aura emitida pelo pai e pelo filho era tão fria e assustadora. No entanto, Edwin obedeceu e sentou-se no sofá em frente ao pai. Aneska sentou-se ao lado de Edwin, a alguns centímetros de distância, pelo menos não muito perto do homem.

Depois de um longo silêncio, ninguém falou nada, mas foi diferente para Aneska, cujo corpo enrijeceu porque o olhar ligeiramente intimidante de Alendra fez a garota não se mover de onde estava.

Percebendo isso, Edwin começou a fazer barulho e atraiu a atenção do pai.

"Então, o que você queria dizer, pai?" Edwin perguntou sem um tom amigável.

A atenção de Alendra se voltou para Edwin e ele o encarou por um momento.

"Nada. Eu só quero convidar Aneska para almoçar conosco. Tudo bem, Aneska?"

A atitude amigável de Alendra era um pouco estranha para Aneska, que respondeu com um aceno de cabeça.

"Então, o que você quer dizer ao colocá-la na minha casa?" Edwin perguntou enquanto virava ligeiramente o rosto para Aneska sem desviar o olhar de Alendra.

Alendra ficou em silêncio por um momento, a expressão em seu rosto fez Aneska olhar para o homem de forma estranha.

Alendra não é muito velho nem muito jovem. No entanto, o homem parecia em forma e saudável, embora sua cabeça estivesse começando a ficar grisalha.

"Vou explicar quando sua mãe voltar," Alendra respondeu brevemente.

Edwin ficou em silêncio novamente. A atitude dos dois homens não parecia amigável, a julgar pela frieza, parecia que a relação entre pai e filho não era boa.

"Quando a mamãe vai voltar?" Edwin perguntou novamente.

"Amanhã. Quero apresentar Aneska à sua mãe. Mas, parece que haverá um pequeno problema," disse Alendra.

As sobrancelhas de Edwin se ergueram, um pouco curioso sobre o assunto.

"Você descobrirá mais tarde. Quero saber qual será sua atitude," admitiu Alendra com um sorriso rígido no rosto. Talvez seja seu melhor sorriso.

Aneska apenas ficou em silêncio, tentando digerir a conversa que não conseguia entender.

O olhar de Alendra se voltou para Aneska, que ainda estava calada.

"Notei que você não tocou na água, Aneska. Não está com sede?"

Parece que Alendra está tentando ser gentil com Aneska, diferente de sua atitude fria com Edwin.

"Ah, estou bem," respondeu Aneska.

Mais uma vez, Alendra sorriu, mas desta vez seu pequeno sorriso parecia normal para Aneska.

Secretamente, a garota respirou fundo.

Por um tempo, ninguém falou entre o filho e o pai. Alendra voltou a olhar para a tela do tablet.

Aneska olhou para Edwin discretamente com os olhos, e o homem apenas permaneceu em silêncio com a perna direita cruzada sobre a esquerda, as costas apoiadas no sofá e os braços cruzados, mostrando a atitude de chefe de Edwin. Mas não é surpreendente que esse homem seja chamado de jovem mestre. Aneska se perguntou se eles eram os únicos na casa grande, além do caseiro, dos servos e dos guardas. Será que só existem Edwin e Alendra? Aneska sabia que a mãe de Edwin não estava lá. O que Aneska quer dizer é, Edwin não tem irmãos ou algo assim?

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