Capítulo 5

Rosalind

"Importa? Você já deu a eles cinco anos. O que é um pouco de medula óssea entre família?"

"Pare com isso."

"Por quê? Alguém precisa te dizer a verdade. Seu primo te enganou completamente, seu noivo te tratou como um móvel e seus pais só tentaram te vender por partes. E durante tudo isso, você sorriu e fez aulas de dobradura de guardanapo."

"Eu disse para parar—"

"Você tinha sonhos de verdade—desenhar prédios, fazer algo que realmente importava. E jogou tudo fora para aprender sobre arrumação de mesa. Para quê? Um cara que nem sequer te tocava?"

Eu me lancei sobre a mesa em direção a ele. O mundo girou—whisky demais, verdade demais—e eu teria caído se ele não tivesse me segurado. Por um momento, ficamos congelados assim, eu meio estirada sobre a mesa, ele segurando meus pulsos.

"Se sente melhor?" ele perguntou suavemente.

"Sinto que vou vomitar."

"Provavelmente." Ele me ajudou a voltar ao meu assento. "Mas não por causa do álcool."

Eu desabei no banco, de repente exausta. "Por que você é tão cruel?"

"Porque você teve cinco anos de mentiras disfarçadas de bondade. Como isso está funcionando para você?"

Eu desabei no banco, de repente exausta. "Acho que devo ir para casa," eu disse baixinho. "Encarar o que quer que esteja me esperando lá."

"Eu te levo," ele disse simplesmente.

Eu olhei para ele através da minha névoa de embriaguez, algo me incomodando.

"Beckett... por quê?"

"Por quê o quê?"

"Tudo isso." Eu gesticulei vagamente para o bar, para ele, para tudo. "Temos um contrato. Nada mais. Então por que o resgate? Por que as bebidas?"

Ele ficou quieto por um longo momento, girando o líquido âmbar no copo. Quando finalmente falou, sua voz estava pensativa. "Sabe o que eu aprendi no Mediterrâneo?"

"Que azeite é uma mina de ouro?"

Um canto de sua boca se contraiu. "Que pessoas se afogando vão arrastar qualquer um que tentar salvá-las. Não é maldade. É instinto. Pura sobrevivência."

"E eu estou me afogando?" As palavras saíram mais amargas do que eu pretendia.

"Não." Ele encontrou meus olhos diretamente. "Você está aprendendo a nadar. Há uma diferença."

"Isso não responde à minha pergunta."

"Não responde?" Ele sinalizou para a conta. "Talvez eu só não goste de ver pessoas se afogarem. É ruim para os negócios."

"Tudo é negócio para você, não é?"

"Falando em negócios..." Ele se recostou, aquele sorriso perigoso brincando em seus lábios novamente. "Você provavelmente deveria parar de me olhar assim."

"Assim como?"

"Como se você estivesse tentando me decifrar. Como se houvesse algo que valesse a pena descobrir." Sua voz ficou mais baixa, quase preguiçosa. "Lembre-se da regra três, Rosalind. Ela existe por um motivo."

"Você é um idiota," eu disse.


Eu estava olhando para o teto há horas, sem conseguir dormir, quando o toque estridente do meu telefone cortou o silêncio. O nome de Paige apareceu na tela—perfeito para minha noite inquieta.

"Rosalind!" A voz de Paige estava carregada de fúria. "Aquele pedaço de merda do Calloway e aquela sua prima traidora, Hannah! Acabei de ouvir da minha mãe que ouviu de... não importa! Eles são nojentos!"

"Eu sei, Paige," respondi, minha voz plana e cansada. "Eu sei de tudo."

"O que você quer dizer com você sabe? Rosalind, estão dizendo que ele—"

"Ele queria minha medula óssea para a Hannah como preço para se casar comigo," interrompi. "E quando eu disse não, meus pais... eles disseram que era um acordo justo."

"O quê?" Paige ficou momentaneamente em silêncio de choque. "Seus pais disseram O QUÊ?"

Eu contei tudo a ela—o ultimato de Calloway, a traição dos meus pais e, finalmente, meu casamento apressado.

"Casada?!" Paige explodiu. "Você fez O QUÊ?! Com QUEM? Espera... ele é um dos amigos do Calloway? Ah, por favor, me diga que você se casou com um dos inimigos dele! Isso seria épico!"

"Você tem assistido muitos programas de vingança, Paige," eu disse, com um leve sorriso nos lábios. "Ele é só um cara que eu conheci. Trabalhava em navios ou algo assim, antes de acabar em uma das empresas deles, aparentemente. Um ninguém, na verdade."

"Um ninguém? Trabalha para eles?" Paige parecia desapontada, depois preocupada. "Rosalind, você tem certeza que isso é inteligente? Calloway pode destruir a vida dele, e a sua também!"

"Sr. Montgomery... ele provavelmente não deixaria chegar a esse ponto," eu disse com cuidado, pensando no patriarca da família. "E Calloway provavelmente vai me esquecer agora. Espero."

"Falando da família Montgomery," a voz de Paige suavizou. "O Sr. Everett sabe? Ah, Rosalind, ele vai ficar devastado. Ele te ama demais."

Uma nova onda de culpa me invadiu. Everett Montgomery sempre foi gentil comigo—mais gentil do que seu neto jamais foi. Ele apoiou nosso noivado, até discutiu com Calloway em meu nome várias vezes.

"Eu sei," admiti. "Tenho que contar a ele. Em breve. Melhor que ele ouça de mim do que por fofocas."

"Quer que eu vá com você?" Paige ofereceu.

"Não. Isso é algo que eu preciso resolver sozinha."

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