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"Eu não achei que ia ficar tão ruim assim," disse Jumaine. "Duas doses. Esse era o plano, até a Marina comprar a próxima rodada."
"E então, deixa eu adivinhar, o Slade disse para ela deixar a garrafa." Balancei a cabeça em desgosto. "Então me conta mais sobre o plano fabuloso do Slade. Porque claramente, ele é um homem que você quer ouvir." Slade escolheu aquele momento para vomitar pelo menos uma dose e meia de Tequila na pia.
Com os olhos turvos, ele se virou para mim. "Bem, veja—"
"Saia," eu o cortei. "Não quero ter essa conversa aqui."
"Eu gosto," as últimas palavras de Jumaine me fizeram olhar para ele confuso. "Não... disso." Ele gesticulou em direção ao desastre que era nosso amigo. "Do plano dele, quero dizer. É inteligente."
"Lá fora," exigi, girando a maçaneta da porta.
"Primeiro, me explica como você conseguiu isso," Jumaine afirmou, apontando para meus nós dos dedos machucados.
Respirei fundo, lembrando dos momentos doces quando meus punhos acertaram os rostos daqueles dois idiotas.
"Keeler e Portis," comecei, enquanto nós dois chegávamos à mesa em frente à entrada do banheiro masculino. "Eles decidiram roubar o Rusty Bucket."
"Idiotas," Jumaine murmurou. "A Margo estava no bar?"
Grunhi, assentindo. Nenhum de nós a conhecia bem, mas tínhamos olhos. Seria difícil não notar. "Ela realmente puxou uma espingarda para eles."
"Sério?" Jumaine sorriu. "Eu gostaria de ter visto isso."
Sim, foi uma cena e tanto. "Eu cuidei deles para ela."
"Ai." Jumaine fez uma careta. "Deve ter doído. Neles, quero dizer."
"Doeu," confirmei com um aceno. "Se eu os vir de novo perto do Rusty Bucket, eles estão mortos. Me avise se você os vir, ok?"
"Pode deixar," Jumaine assentiu em concordância, Slade se juntando alguns segundos depois. Ele praticamente caiu na cabine de canto que escolhemos. Com outro gemido, ele apoiou os cotovelos na mesa pegajosa e cobriu o rosto com as mãos.
"Caramba..." ele resmungou. "Essa ressaca está me matando. Jumaine, conta o plano para ele."
"Rocello está certo," Jumaine disse com uma voz irritada, lançando um olhar de lado para ele. "Eu deveria ter te parado antes de você ficar bêbado desse jeito."
"Ah, merda..." Slade murmurou, os olhos fechados enquanto os dedos passavam pelo cabelo espetado. "Só conta para ele."
"Tanto faz," Jumaine falou, mudando o foco para mim. "Tudo bem, lá vai. Rocello, você se lembra de North Haven, certo?"
Assenti. "Subúrbio rico—demora um pouco para chegar lá. Por quê?"
"Slade estava observando o lugar há um tempo," Jumaine continuou. "Tem uma delegacia lá, mas está com falta de pessoal. Tem tipo dois policiais de plantão, vinte e quatro horas por dia. Os moradores não confiam muito na polícia de qualquer forma. Eles têm dinheiro para contratar empresas de segurança."
"Ainda estou esperando ouvir o que vamos fazer lá." Seria bom se ele fosse direto ao ponto. "Delegacias estão com falta de pessoal praticamente em todo lugar fora da cidade. Você não vê pessoas se matando na rua, no entanto."
"Sem tiros," Jumaine garantiu, acenando a mão na frente do rosto. "Pelo menos, espero que não tenhamos que atirar em ninguém. Todos nós estamos procurando uma maneira de sair da organização, Rocello. Isso pode ser a nossa chance."
As palavras me atingiram com força. Não eram o tipo de coisa que caras como nós deveriam sequer pensar, quanto mais dizer. E não diríamos, anos atrás, quando trabalhávamos para Emilio Roscano, ele era o chefe da família. Ele era um bom homem. Ok, havia um monte de policiais, juízes e funcionários da cidade que provavelmente não pensavam assim, mas Emilio vivia por um código.
Mas ele estava morto, e seu filho tinha assumido. Nicolo Roscano. Nick era o tipo de cara que colocava traficantes de drogas do lado de fora de uma escola de ensino fundamental para viciar as crianças cedo. Eles serão nossos clientes para a vida toda, ele dizia.
É, claro. Para suas vidas muito curtas. Lealdade era tudo no meu ramo, e eu tinha isso pelo Emilio. Eu teria dado minha vida por ele—todos nós teríamos. Mas o filho dele? O filho dele podia se ferrar. Nick era nosso chefe, mas não era como se pudéssemos simplesmente entregar um aviso prévio de duas semanas. Mas quanto mais trabalhávamos para aquele idiota, mais eu queria me afastar o máximo possível dele.
Exceto que tentar isso provavelmente terminaria com nós três a sete palmos do chão.
Jumaine ainda estava falando, e eu tinha perdido parte da conversa. "É o que fazemos depois que é o verdadeiro problema," ele continuou. "Ninguém vai contratar caras como nós, a menos que estejamos dispostos a trabalhar por salários de merda."
"Salários de merda são melhores do que estar morto," apontei. Embora, não fosse como se eu estivesse contente em trabalhar das nove às cinco. "Então North Haven é supostamente uma espécie de oportunidade de ouro para nós?"
"Sim, na verdade." Ele inclinou a cabeça para o lado. "Esqueça invadir uma daquelas mega-mansões lá. Como eu disse, há segurança privada vigiando o tempo todo. Estou falando de um banco. A filial do Palmer’s Savings and Loan é fácil de pegar. Fica a cerca de seis quilômetros da delegacia. Slade conhece um hacker, Eddie. Ele pode desativar o sistema de alarme remotamente. Os policiais nem vão saber que estamos lá."
"Então, esse é o plano? Roubamos um banco?" Meu tom estava carregado de sarcasmo, mas por dentro, minha mente já estava estrategizando. "Essas empresas de segurança privada que você mencionou não vão nos enfrentar diretamente, mas definitivamente vão alertar as autoridades se nos virem. Qual é o cronograma de patrulha deles? Quantas entradas e saídas há?"
"Um carro da Rockstead Security passa por aquele banco a cada hora," Jumaine respondeu rapidamente, como se já esperasse minhas perguntas. "Há três maneiras de entrar e sair. É isso que torna isso tão tentador, Rocello. Mesmo se o hacker errar e o alarme disparar, podemos escapar sem ser encurralados pela polícia. Estaremos longe quando o reforço chegar."
"Dinheiro fácil," Slade murmurou, embora sua voz carecesse de convicção e parecesse tingida de miséria.
Continuamos discutindo em tons baixos por mais um tempo. Eventualmente, suspirei. "Parece tentador. Mas não podemos ignorar o Roscano. O que ele vai fazer se descobrir que fizemos esse trabalho sem avisá-lo?" Essa não era a única preocupação. Se realmente usássemos o dinheiro para comprar nossa liberdade, haveria uma recompensa enorme por nossas cabeças.
"Ele vai ficar puto, sem dúvida," Jumaine riu com a ideia. "Mas quem se importa? Esperamos estar tomando coquetéis em alguma praia em Cuba até lá."
"Você acha que ele não pode nos alcançar lá?" Minha pergunta apagou o sorriso do rosto de Jumaine. Meus amigos sabiam que a organização podia localizar qualquer um que quisessem. "Foi o que pensei," continuei. "Vou te dizer uma coisa. Vamos até North Haven amanhã à noite. Quero ver com meus próprios olhos quão fácil seria roubar aquele banco. E Slade?" Olhei para meu amigo sofrendo. "Certifique-se de estar sóbrio, ou vou te chutar para fora do carro." Eu falava sério, mas ele era um dos meus dois amigos mais antigos. Eu me certificaria de parar o carro primeiro.
Acenando para Marina, saí. Apesar dos muitos detalhes a resolver, o plano de Slade me intrigava. Claro, os milhões faziam parte do apelo. Mas sair debaixo do controle de um idiota como Nick Roscano? Isso não tinha preço.
Poderia ser nosso bilhete para uma vida melhor. Uma vida onde não precisaríamos trabalhar para um idiota—e nunca mais teríamos que nos preocupar com dinheiro. Ainda assim, até eu ver o banco com meus próprios olhos, não poderia tomar uma decisão. Não importava o quanto eu confiasse nos meus amigos, eu não ia arriscar meu pescoço por algo que eu nem tinha visto.
































