Capítulo 2
Outro pássaro tinha penas que pareciam mergulhadas em ouro, com padrões intrincados que brilhavam conforme ele se movia. Seu bico era longo e curvado, perfeito para arrancar os cogumelos rosa brilhantes que pontilhavam o chão da floresta. Seus olhos eram de um tom impressionante de violeta, dando-lhe uma aparência quase mística.
Cada pássaro era magnífico, suas características peculiares aumentando o encanto da floresta. Era como se fossem joias vivas. Enquanto os observava, senti um senso de maravilha e admiração, percebendo o quão extraordinário Valtor realmente era.
"Este lugar é mágico," sussurrei, mais para mim mesma do que para Merilla.
"Valtor é uma terra de maravilhas," disse Merilla, sua voz cheia de orgulho. "É um lugar onde os elementos ganham vida, e a beleza que você vê é apenas um vislumbre do que este mundo guarda."
Continuamos pelo caminho de pedra; meus sentidos sobrecarregados pelas vistas e sons ao meu redor. O ar estava cheio do doce aroma das flores em flor, e uma brisa suave trazia o som distante de risadas. Tudo aqui parecia vivo, conectado de uma maneira que era ao mesmo tempo estranha e reconfortante.
Depois de caminhar por mais duas horas, chegamos a uma colossal parede de pedra. A parede se erguia acima de nós, sua superfície coberta pelos mesmos símbolos antigos que eu tinha visto na caverna. Portas de madeira maciça estavam no centro, guardadas por duas figuras em armaduras de couro completas. Espadas estavam presas aos seus lados, e seus olhos eram afiados e vigilantes.
Minha garganta apertou enquanto nos aproximávamos das portas. E se eles não me deixassem passar? E se essa jornada terminasse aqui, no limiar deste mundo mágico?
Merilla percebeu minha hesitação e me deu um olhar tranquilizador. "Não se preocupe, Meara. Você pertence a este lugar."
À medida que nos aproximávamos, Merilla inclinou a cabeça em respeito aos guardas. Os guardas responderam inclinando-se profundamente e se afastando. Sem uma palavra, eles empurraram as portas maciças, os símbolos antigos brilhando suavemente enquanto se moviam.
Segui Merilla através das portas, meu coração batendo forte no peito. No momento em que entramos, senti uma onda de energia, uma sensação de pertencimento que eu não conseguia explicar. O ar estava mais quente, a luz mais suave, e as cores mais vibrantes.
Caminhamos por outra floresta, esta ainda mais encantadora do que a anterior. Eu mal conseguia manter os olhos abertos, mas a beleza ao meu redor me mantinha em movimento.
"Quanto falta?" perguntei, minha voz mal passando de um sussurro.
"Não falta muito mais," respondeu Merilla. "Estamos quase na aldeia dos elementais da terra."
"Elementais da terra?" repeti, ansiosa para saber mais.
Merilla assentiu. "Existem quatro tipos principais de poderes elementais: Terra, Fogo, Água e Ar. Depois, há elementais muito raros, como Gelo e Relâmpago. O rei de Valtor possui um desses poderes raros. Cada elemental nasce com um animal espiritual que os representa em forma animal."
Eu ouvi atentamente enquanto caminhávamos, sem perceber que a aldeia se aproximava a cada passo. Quando finalmente chegamos, minhas narinas se abriram com os ricos aromas de especiarias e ervas que preenchiam o ar. Fiquei impressionada com a visão da aldeia. Apesar de sua aparência de outro mundo, tinha elementos do mundo humano, incluindo eletricidade.
Fiquei boquiaberta enquanto caminhávamos pela aldeia, absorvendo as belas casas construídas nas árvores. Cada estrutura parecia crescer organicamente da floresta, se misturando perfeitamente com o ambiente natural. As pessoas se moviam com propósito, suas roupas refletindo as cores e texturas do ambiente. Alguns usavam túnicas esvoaçantes, enquanto outros vestiam trajes práticos, mas todos carregavam um ar de graça e confiança.
"Este lugar é incrível," disse, lutando para encontrar palavras para descrever o que estava sentindo.
"É," concordou Merilla. "E é seu lar, Meara. Você é uma de nós, e tem um lugar aqui."
Olhei ao redor, tentando absorver tudo de uma vez. Apesar da beleza e magia avassaladoras, uma parte de mim ainda se sentia como uma forasteira. Eu tinha tantas perguntas, tantas incertezas sobre meu passado e meu futuro.
"Merilla, por que meus pais me deixaram no mundo humano?" perguntei, a pergunta que estava queimando em minha mente finalmente encontrando seu caminho para fora.
Merilla parou, sua expressão ficando séria. "Há muito que você e eu precisamos aprender sobre nosso passado, Meara. Seus pais tinham seus motivos, motivos que acredito que eles mesmos explicarão a você. Por enquanto, confie que tudo o que fizeram foi para te proteger."
Continuamos pelo caminho, e eu não pude deixar de sentir uma mistura de excitação e apreensão. Eu estava prestes a descobrir a verdade sobre minhas origens, sobre quem eu realmente era. A jornada à frente era incerta, mas com Merilla ao meu lado, eu me sentia pronta para enfrentar o que viesse.
Merilla me conduziu pela aldeia, e meus sentidos foram sobrecarregados pelos ricos aromas de especiarias e ervas que preenchiam o ar. A aldeia estava repleta de atividade, mas mantinha um ar de tranquilidade e harmonia com a natureza. Passamos por casas construídas nas árvores, cuja arquitetura se fundia perfeitamente com o ambiente natural. Meu cansaço foi momentaneamente esquecido enquanto eu me maravilhava com a beleza e a engenhosidade ao meu redor.
Enquanto continuávamos, um grande castelo de mármore branco surgiu à vista. Ele era adornado com detalhes dourados por toda parte, fazendo-o brilhar na luz suave. Senti uma onda de confusão.
Por que Merilla estaria me levando para o castelo?
"Por que estamos indo em direção a um castelo? Meus pais eram servos do rei ou algo assim?" perguntei, minha voz tingida de preocupação.
"Não que eu saiba," respondeu Merilla, com um toque de diversão na voz. "É onde meu companheiro vive, e também onde eu moro. Meu companheiro é o animal espiritual do rei de Valtor. É também onde fica a grande biblioteca, que guarda registros de elementais que deram à luz ao longo dos séculos. Podemos encontrar informações sobre seus pais lá."
Nos aproximamos de uma cerca de metal com um grande portão dourado. Dois guardas estavam de vigia na frente, e assim como antes, abriram o portão para nós sem fazer perguntas sobre quem eu era ou de onde vinha.
Segui Merilla por todo o caminho de pedra até o pátio frontal do castelo. A grandiosidade do lugar era impressionante, e meu cansaço começou a me alcançar novamente. O castelo se erguia alto e majestoso, seus detalhes dourados refletindo a luz em um deslumbrante espetáculo.
"Espere aqui," disse Merilla de repente. "Vou anunciar sua chegada." Ela subiu correndo as escadas, me deixando para trás.
Agora, parada, o cansaço de caminhar durante a noite e o dia inteiro me consumiu, fazendo meu corpo inteiro ficar dormente. Observei meus arredores e notei um banco ao lado de uma cachoeira no jardim. O som suave da água caindo da fonte era convidativo.
Caminhei até o banco e me sentei. O som suave e rítmico da água era tão relaxante e reconfortante que não percebi quando comecei a adormecer. O cansaço da jornada, combinado com a atmosfera pacífica do jardim, era demais para meu corpo cansado resistir.
Enquanto dormia, minha mente vagava por fragmentos de sonhos. Vi vislumbres do meu passado, o sorriso caloroso da minha mãe adotiva Monica e a misteriosa floresta que me trouxe até aqui. Meus pensamentos dançavam entre memórias e as possibilidades de descobrir minha verdadeira herança. Sentia uma mistura de antecipação e apreensão, imaginando o que me aguardava dentro do castelo de mármore.
(Kaden)
De pé na varanda do meu castelo, observava meu reino com um senso de orgulho e um medo profundo e doloroso. Deste ponto de vista, podia ver todos os quatro reinos elementais se unindo para formar Valtor. O Reino da Terra se estendia para o oeste, suas florestas exuberantes e colinas ondulantes testemunhando a força e resiliência de seu povo. Ao sul, o Reino do Fogo ardia com os vibrantes tons de vermelho e laranja, seus vulcões e fontes termais proporcionando tanto perigo quanto beleza. O Reino da Água ficava a leste, seus rios cintilantes e lagos serenos sendo uma fonte de vida e tranquilidade. Finalmente, ao norte, os picos elevados e céus infinitos do Reino do Ar simbolizavam liberdade e aspiração.
No coração de tudo isso estava meu castelo, o centro unificador que trazia esses diversos reinos juntos. Era uma visão que deveria me encher de orgulho, mas, em vez disso, um peso pesado pressionava sobre mim. Essa escuridão, uma força insidiosa que vinha crescendo dentro de mim, ameaçava consumir tudo o que eu prezava. Nos últimos meses, ela se tornara mais frequente e mais forte, tomando conta completamente e me deixando sem lembrança do que havia acontecido ou do que eu havia feito. Tudo o que sabia era que, quando a escuridão tomava conta, pessoas se machucavam—pessoas inocentes.
Temia por meu reino e por meu povo. Como seu rei, era minha responsabilidade manter a paz e a harmonia entre os elementais, um legado que meus antepassados trabalharam tanto para construir. Houve um tempo em que pensei que Cassandra, uma bruxa do Reino das Bruxas de Calenthe, havia me amaldiçoado. Anos atrás, recusei sua proposta de casamento, e ela não aceitou bem. Mas agora, duvidava que essa fosse a razão. Isso não explicava por que, com quase cem anos, eu ainda parecia ter trinta. Ninguém conseguia explicar por que eu não envelhecia como os outros elementais.





























































