Capítulo 4 — Segredo

POV da Emily

Acordei sobressaltada, com o despertador berrando os números vermelhos ao meu lado.

8:30 da manhã.

Meus olhos se arregalaram.

Eu estava atrasada para o treino! Pulei da cama e caí no chão com um gemido.

"Droga!" murmurei irritada.

Meu corpo parecia que um caminhão tinha passado por cima. Estava dolorido em todos os lugares, e meus seios estavam sensíveis e inchados.

Franzi as sobrancelhas, confusa, tentando lembrar o que havia acontecido na noite passada.

Caminhei lentamente em direção ao banheiro, sentindo a sensibilidade entre minhas pernas.

Será que eu... fiz isso?

Afastei os pensamentos tão rápido quanto vieram. Eu não podia ter—será que eu tive?

"Nossa!" exclamei, assustada, ao ver meu reflexo no espelho.

Minha nuca estava coberta de hematomas de todas as cores e tamanhos, descendo pelos seios e estômago.

Chupões! Que diabos! Quem fez isso comigo, e por quê?

Suspirei, frustrada. Não havia como eu ir para o treino parecendo assim.

Passei a mão pelo rosto, balançando a cabeça em descrença.

"Como cheguei de volta ao meu quarto?" sussurrei para mim mesma. "Eu não estava presa na cabana sob a neve espessa?"

Virei-me com cuidado e fui abrir a torneira do chuveiro, esperando que isso ajudasse a trazer de volta minhas memórias da noite passada.

Meu olhar pousou no vestidinho preto que a Mila escolheu para mim naquela noite.

"Quem me deu uma troca de roupa?" Tudo estava um pouco confuso.

Estendi a mão e peguei o vestido, notando um cheiro familiar e suave no tecido.

Memórias da noite passada inundaram minha mente, e eu gritei, surpresa, jogando o vestido para o lado como se ele tivesse acabado de me queimar.

Alex tirou minha inocência e me deu meu primeiro beijo.

"Alex é meu par," sussurrei para mim mesma.

Meu coração batia forte no peito, e meu estômago parecia que alguém o tinha virado.

"Alex é meu companheiro destinado?"

Eu sabia que não era uma pergunta, mas até essa ideia parecia surreal aos meus próprios ouvidos.

Peguei o vestido, joguei-o no cesto de roupa suja e entrei no chuveiro.

Gemi e gemi a cada movimento que fazia, lavando meu corpo sensível e dolorido.

Quando finalmente terminei, voltei para o meu quarto para me vestir. Eu sabia que estava encrencada porque estava atrasada para o treino, e agora estava pensando em simplesmente faltar.

"Finalmente!" A voz irritada de Mila ecoou nos meus ouvidos, e eu gritei, surpresa ao encontrar Mila sentada na minha cama.

"Onde raios você esteve ontem à noite?" Ela esbravejou, furiosa. "Jax e eu procuramos você por toda parte! Estávamos preocupados! Por que seu bloqueio estava ativado? Como você chegou em casa, e que diabos são essas marcas na sua nuca?"

Quando Mila finalmente terminou de gritar comigo, sua raiva havia diminuído.

"É uma longa história," eu disse. "Uma que não posso contar agora. Já estou atrasada para o treino."

Mila bufou, revirando os olhos para mim, e em resposta, franzi as sobrancelhas para ela, confusa.

"O treino foi cancelado esta manhã," ela disse. "Se você tivesse seu link aberto, saberia que o Alpha Cole deu folga para todos hoje."

"Ele cancelou o treino?" perguntei, surpresa. Meu olhar pousou no despertador ao lado da minha cama. Eu tinha certeza de que o havia programado para as 6 da manhã, mas ele tocou às 8:30 da manhã.

Será que Alex mudou a hora do despertador? Ele sabia que eu estaria exausta depois da noite passada?

"Sim," Mila continuou, de repente irritada novamente. "Nevou ontem à noite."

Meu coração saltou do peito. Não foi um sonho; realmente aconteceu.

"Não neva há mais de vinte e cinco anos," Mila disse, pensativa. "O Alpha Cole disse para não nos preocuparmos. Ele parecia meio... feliz com isso."

"Ah," a única palavra escapou dos meus lábios.

"Sim," disse Mila, franzindo a testa, confusa. "Ele disse que deveríamos comemorar e aproveitar a neve e não nos preocupar com isso. Mudanças estão no horizonte."

Eu assenti, compreendendo, e fui para meu closet.

Precisava encontrar algumas roupas que escondessem todas as evidências da noite passada.

Acabei optando por uma blusa de gola alta marrom chocolate e um par confortável de jeans brancos.

Vesti-me rapidamente dentro do closet, tentando esconder o resto das evidências de Mila. Ela me bombardearia com perguntas se suspeitasse que eu havia encontrado meu par. E se ela soubesse que é o Alex, eu nunca mais ouviria o fim disso.

Peguei um par de tênis brancos ao sair e sentei na minha cama.

Mila estava sentada quieta no canto do meu quarto, folheando uma revista antiga.

"Você já terminou de ignorar minhas perguntas?" Mila perguntou, abaixando a revista.

Parei o que estava fazendo e deixei os ombros caírem. Eu sabia que Mila só estava cuidando de mim, mas o que eu deveria dizer a ela? A verdade? Eu não estava pronta, e nem sabia o que havia acontecido na noite passada.

"Não há nada para contar," eu disse, ignorando a verdade. "Eu não estava me sentindo bem e fui lá fora tomar um pouco de ar fresco. Acho que perdi a noção do tempo e fui para casa."

Mila revirou os olhos para mim, não acreditando em uma palavra do que eu disse.

"Então como você explica os chupões no seu pescoço?" ela perguntou.

"Picadas de pernilongo," respondi sem pensar.

Mila jogou a cabeça para trás e riu alto.

"Tenta de novo," ela disse, enxugando as lágrimas de tanto rir. "Talvez então eu acredite em você."

"Tá bom," eu disse. "É uma alergia. Eu tropecei em hera venenosa."

Isso fez Mila se dobrar de tanto rir, balançando a cabeça.

"Talvez você devesse deixar o treino de guerreira e virar humorista," ela disse, rindo alto.

Bufei, irritada, e me senti envergonhada. Mila conseguia ver através de mim. Mentir para ela não ajudava. Ela eventualmente descobriria a verdade.

Cruzei os braços ao redor da cintura, esperando ela parar de rir.

"Não tem graça," eu disse finalmente, quando ela se acalmou o suficiente.

"Tem sim!" Mila argumentou. "Ninguém acreditaria na m*rda que você acabou de dizer. Nevou na noite passada; nenhum mosquito ousaria sair, e não temos hera venenosa no território da matilha."

Fiquei em silêncio, pensando no que deveria dizer a seguir.

"Tá bom," eu disse, cedendo. "São chupões. Não é que eu não queira te contar; é só que eu não sei o que te dizer."

"Então comece do começo!" Mila disse, largando a revista na mesinha de cabeceira.

Como eu poderia contar à minha melhor amiga que sou a futura companheira do Alpha?

Fechei os olhos, rezando. Esse não era o momento certo.

"Não posso," eu disse finalmente. "As coisas estão um pouco complicadas no momento. Prometo que te contarei tudo quando chegar a hora."

Mila queria dizer algo, mas eu a interrompi.

"Eu nem sei o que aconteceu na noite passada," eu disse, mas esperava descobrir em breve.

O rosto de Mila caiu, e ela de repente parecia triste por eu estar escondendo isso dela.

Fechei a distância entre nós, agachando ao lado da cadeira em que ela estava sentada.

"Mila," eu disse. "Você é minha melhor amiga, e será a primeira a saber. Apenas confie em mim quando digo que não posso te contar agora. Preciso resolver as coisas para mim mesma primeiro antes de compartilhar meu segredo com você."

Mila assentiu e me deu um sorriso fraco.

Eu não gostava de guardar segredos dela, mas nunca em meus sonhos mais loucos suspeitei que meu segredo não duraria muito.


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